Antes que batesse a porta o chamei.

 

- Sasuke-kun!


- O que foi?


Ele sabia que quando o chamava desta forma era para pedir alguma coisa que não estaria de acordo.

 

- Por favor, fale com o Kiba...


Corei um pouco por esta pedindo isso, apesar de Sasuke ser meu melhor amigo ainda sim era constrangedor.



- Sakura, eu já disse que não vou me meter neste rolo de vocês dois, agora me deixe ir.



- Tudo bem.



Fiz bico, queria que ele me ajudasse, tinha discutido com Kiba e não nos falávamos há dois dias. Levantei do sofá onde antes estava escorada e fui até a porta me despedir dignamente de Sasuke, afinal ele era praticamente como um irmão para mim.


 

- Diga a Tia Mikoto que a torta estava uma delícia.

 

- Que seja agora tenho que ir.

 

- Espera!

 

O abracei antes que ele se desviasse, ele odiava quando fazia isso, mesmo sendo íntimos Sasuke ainda sim era frio, mas eu sei que não fundo ele não se importava, acho até que na verdade ele gostasse.

-Não gosto quando faz isso, é gay.

 

-Para de falar besteira, eu sou uma garota.

- Tanto faz, estou indo.

 

- Tchau!


 

Eu já acenava para ele da porta de casa esperando o mesmo entrar em seu carro. Como hoje é domingo pedi para que Sasuke viesse aqui em casa revisar as matérias comigo, acho que não mencionei o quão inteligente aquele garoto era... Mas enfim estou falando demais em Sasuke!

Sou Haruno Sakura, tenho 17 anos e estudo em um colégio chamado Konoha em Tokyo desde que me tenho por gente, aliás, foi lá onde conheci Sasuke, era e ainda é um garoto muito birrento, mas acabei me afeiçoando a ele.

Já passava das dezenove horas e ainda não tinha feito nada para janta, logo meus pais chegariam do trabalho.

Fui até a cozinha e abri a geladeira, peguei alguns legumes para fazer uma sopa, era a única coisa me deu tempo de pensar em fazer.

Passei tanto tempo estudando que nem vi as horas passarem, Sasuke não parava de falar sobre logaritmo que acabei até gostando daquele maldito assunto, não que eu seja uma garota irresponsável que não goste de estudar, na verdade até sou um pouco viciada em ler, mas minha leitura só se resume aos livros de biologia e alguns outros relacionados a ela, quando ser trata de cálculo, por exemplo, tenho certa dificuldade em estudar, mas me esforço muito para passar, quero ser médica um dia e tenho consciência de que preciso me dar bem em todas as matérias.

Um cheiro gostoso invadiu o ambiente, a sopa já estava quase no ponto. Ouvi a campainha tocar.

- Na hora certa.

Abri a porta e lá estavam os dois, meu Pais trabalham juntos no mesmo hospital, não era todo dia que tinha a presença dos dois em casa, sempre algum deles tinha que fazer plantão.

                                                                   ~

Todos estavam à mesa, jantavam em silêncio. Sakura sabia que isso significava que algo ruim.

- O que houve? Algum paciente morreu?

Pode ouvir o trincar dos talheres dos dois pararem e olharem para ela. Sua Mãe parecia triste.

- Não é isso querida.

- Então me digam o que está acontecendo...

- Bom... Vamos ter que ir para o sul do país.

- O que disse?!

- Seu Pai foi transferido para Kyushu.

- Mas...

- Sakura não discuta.

Seu pronunciou-se de forma autoritário o que fez a rosada se calar e baixar a cabeça, ela sabia ser rígido quando queria. Mas agora ela queria gritar e dizer como uma criança mimada que não queria sair de Tokyo e afastar-se de seus amigos... Do colégio... De tudo que havia construído ali.

- Em Kyushu começaremos uma nova vida e eu ganharei mais, não precisará depender daquela bolsa de estudos que tem aqui. Sua mãe já pediu para ser transferida para lá, só estamos esperando a autorização para depois nos mudarmos.

Seus olhos já ardiam e em pouco tempo começaria a chorar se não controlar-se as lágrimas, ao ouvir o Pai falar da bolsa teve ainda mais vontade de cair no choro, foi tão difícil consegui-la, seus pais não tinha mais condições de ficar pagando a mensalidade de Konoha que aumentava a cada ano que passava, mas a Diretora Tsunade fora bem generosa e ofereceu a bolsa de estudos alegando que eu teria que andar na linha sem ficar com uma nota vermelha no boletim.

- Perdi a fome.

Arrastei a cadeira agressivamente e fui para meu quarto, agora só queria chorar... Ainda pode ouvir o que a mãe falou.

- Mebuki, não deveria ter falo desta forma com ela.

Deitou em sua cama abraçando seu travesseiro, tinha consciência de que seu Pai estava certo, nunca o vira tão sério antes, sinal de que ele precisava mesmo dessa transferência, mas também tinha que admitir que seria muito duro desperdice te tudo que tinha construído ali, sempre vivera ali, era seu lar e de uma hora para outro tudo estava se desmanchando...

                                                                    ~

Já havia duas horas que Sakura se trancará no quarto, ela não era de fazer isso e já estava começando a si preocupar.

- Mebuki.

- Kizashi, sabe que não temos escolha, se não formos para Kyushu seremos despejados.

- Mas isso está sendo muito difícil para Sakura-chan, ela só irá aceitar para te agradar... Se você pelos menos dissesse o real motivo para nos mudarmos...

- Não acho que seja o certo, só a deixará mais triste. Ela é jovem, depois de alguns meses irá se acostumar, você vai ver.

Realmente acreditava que Sakura aceitasse, não queria contar-lhe o real motivo da mudança, sentia-se humilhado por estar naquela situação deprimente e achava que como Pai deveria passar exemplo a filha, por isso preferiu dizer que se mudariam por seu aumento de salário, já tinha dado tantos desgostos a ela com a falta de dinheiro, a começar pela bolsa no colégio. Pelo menos agora tudo seria diferente, uma nova porta se abriria para todos.

- Mebuki-kun, ela não saiu do quarto até agora, estou começando a ficar preocupada.

- Vou falar com ela.

Terminou seu jantar e retirou até o quarto da filha.

                                                                            ~

Depois de estudar na casa de Sakura passei em Naruto, fomos ver uma nova boate que tinha inaugurado na cidade, não sei quanto tempo passei ali, mas foi o suficiente para ter mais uma discussão com meu Pai.

- Sasuke! Volte aqui! Estou falando com você!

Tinha acabado de estacionar o carro na garagem quando me deparei com a presença dele na porta da casa, agora já subia as escadas ignorando seus sermões, estava cansado de ser comparado ao Itachi e o ouvir dizer o quanto seu filho mais velho era perfeito, ele vinha logo atrás de mim aumentando o tom de voz tentando me amedrontar, mas isso já não funcionava mais, eu não era mais aquele garotinho.

- Me deixe em paz!

Fechei a porta na cara dele, estava sem paciência para ouvi-lo reclamar mais uma vez das minhas atitudes, a bebida já fazia efeito em meu organismo e estava começando a ficar enjoado, ter que agüenta-lo falar no estado que me encontrava não era nenhum pouco legal, tinha marcas de batom por todo meu corpo o cheiro de perfume feminino em minha roupa era evidente. Algo comum... Vivia nas noitadas sempre que podia.

Retirei aquele trapo que nem podia mais ser chamado de camisa e fui até a suíte, retirei o resto de roupa que me atrapalhava no banho e cair embaixo da água gelada, esperava que isso melhorasse um pouco meu estado, amanhã era dia de aula e não queria ter que ouvir mais reclamações de seu Pai, além das que ouviria sobre hoje...

Saiu do banheiro e vestiu a primeira calça que viu em seu guarda-roupa, depois foi para cama e ver se ao menos o sono chegava. Ouviu o som da vibração do celular no criado mudo, Sakura tinha mandado uma mensagem.

                                                                        ~

- Sakura?

- Meu bem sei que você está ai...

- Sakura...

Era a terceira vez que a chamava sem resposta alguma do outro lado do quarto, resolveu abrir a porta.

 Não encontrou nada que se assemelhasse a ela em seu quarto, mas percebeu que sua janela estava aberta.

- Kizashi!!

                                                                      ~

“Está em casa?”

Estranhou a pergunta, mas apenas enviou a resposta. Ouviu a capainha soar. Agora entenderá o que disse.

Desceu até o primeiro andar e atendeu a porta.

- Sakura?

A amiga soluçava muito e parecia estar chorando há bastante tempo, seu nariz e seus olhos encontravam inchados e vermelhos.

- Sasuke!

O abraçou antes que o mesmo disse qualquer outra coisa.