–Gale! Gale! - Tento acordá-lo, mas isso parece impossível, mesmo gritando com toda a minha força, o que no momento não é tanta, minha voz não passa de um sussurro. Paro por um instante e respiro reunindo a pouca energia que me aguenta em pé.
–Gale!
Grito tão alto que ele acorda em um sobresalto. Sua expressão passa de susto a alívio e então a confusão.
–O que houve? O que aconteceu pra me acordar assim?
–Gale... - digo entredentes - Levanta esse traseiro da cama e me leva no hospital agora!
Seus olhos percorrem meu rosto e então minha barriga, onde minhas mãos estão pousadas tentando alivar a dor. Seus olhos se arralam e sua boca se entreabre, ele fica paralisado e eu começo a perder a paciência.
–Gale! Levanta! Acorda! - Ele desperta novamente, mas dessa vez se levanta da cama.
Ele corre para o guarda-roupa e coloca uma camiseta. Volta, me pega no colo e corre em direção à saída de casa. Ele corre comigo ao hospital enquanto eu contenho meus gritos de dor. Chegando no hospital, Gale grita para alguém e logo chegam duas pessoas para me ajudar. Tenho sorte de não estar em um estado tão crítico quanto Katniss estava quando estava grávida, ao menos deu tempo de chegar no hospital. Eles em levam para outro lugar, como uma sala. Dizem para eu ficar calma que tudo vai melhorar. Eles aplicam algo em minha veia e eu apago.

POV Gale

Levam Johanna para uma outra sala onde eu não posso entrar, e eu me sento em uma das cadeiras disponibilizadas. Percebo que em todo esse tempo, desde que abriram o hospital aqui, nunca tinha vindo nem mesmo tinha o visto por dentro. Nunca pensei que o Distrito 12 teria um hospital assim. Nem em todos os meus devaneios sobre uma rebelião antes de tudo isso começar, nunca tinha passado pela minha cabeça. Talvez por Paylor ter trabalhado no hospital do Distrito 8, ela se preocupe mais com hospitais. Corro meus olhos pelo lugar e encontro um telefone, me levanto e vou até ele. Ligo para a casa de Katniss e Peeta e para Annie, felizmente lembro dos número de telefone. Mando todos virem, mas dispenso detalhes e logo eles desligam dizendo que estão a caminho.

POV Peeta

–Peeta! Me ajuda aqui!
–Estou indo.
–Rápido!
–Tudo bem, estou chegando.
Saio correndo para ajudar minha esposa no que quer que a deixe tão desesperada. Subo as escadas já criando possíveis teorias mirabolantes em minha mente.
–Kat, cadê você?
–Aqui no quarto da Eve.
Entro no quarto e a vejo tentando troca sua fralda. Não contenho um sorriso
–Do que você está rindo: Me ajuda.
–Eu estou rindo de que já se fazem três meses e você ainda não sabe trocar uma fralda - digo enquanto seguro Evellyn e a troco em um segundo.
–Eu não fui criada para fazer isso - ela diz com um ar de autoridade
–Ah, não? Quer revindicar? - pergunto colocando Evellyn no berço.
–Que pergunta! - Ela enlaça meu pescoço e eu seguro sua cintura. Nos beijamos por um tempo até que Eve começa a chorar
–Ah, minha garotinha, vem cá, com o pai - pego minha filha em meu braços e a embalo até a mesma dormir.
Pouco tempo depois o telefone toca. Katniss desce para atender enquanto eu continuo no andar de cima. Após alguns minutos, ela volta pálida e preocupada.
–O que foi?
–Vamos. Hospital. Gale. Johanna. Agora
–O que houve?
–Só vamos, Gale não disse. Ligue para Greasy Sae. Vou arrumar Eve. Desço correndo e ligo para ela, que está na discagem rápida.
–Alô?
–Greasy Sae, aqui é o Peeta. Precisamos que cuide da Eve hoje Emergência.
–Tudo bem, eu já vou.
Katniss desce pronta.
–Eve está dormindo. Não vai acordar até Greasy Sae
Saímos em direção ao hospital que percebo que eu nunca estive.
Chegamos rápido e logo entramos apressados. Assim que entro me surpreendo com o lugar inesperadamente morderno e tecnológico. Vamos em direção à mulher da recepção que me diz que Gale está no corredor. Andamos apressados até lá e encontramos Gale sentado em um banco com a cabeça apoiada entre as mãos. Eles olha para nós e se levanta.
–Gale, o que houve? Cadê Johanna? - Katniss se pronuncia antes de mim.
–Johanna está em trabalho de parto - logo meu peito de alivia e solto uma pequena risada pela preocupação de Gale por algo normal e nem tão sério. Ele olha para mim incrédulo e eu cesso a risada imediatamente.
–Gale, está tudo bem. Não é nada de grave - digo.
–Não me deixaram entrar - ele respondo com a voz manhosa.
–Tudo bem, ela vai ficar bem e daqui a pouco você vai poder ver seu filho - Katniss se senta no banco puxando-o junto. Ele se senta e eu me sento ao seu lado.
Logo em seguida chega Annie descabelada e Finn com o rosto amassado, aposto que estavam dormindo, afinal já é noite. Explicamos a situação para Annie e ela suspira de puro alívio, o que deixa Gale ainda mais irritado.
–Mas que eu posso fazer agora? - ele pergunta.
–Esperar. Só esperar. - Ela responde
E esperamos. Esperamos. Continuamos esperando. Esperamos mais. Se passa algumas horas. E esperamos. Quando eu mesmo estava a ponto de perder a paciência e Gale roía as unhas de preocupação, um médico sai da sala. Gale se levanta rapidamente sendo seguido por Katniss e eu.
–Eai, doutor? Ela está bem, não está? - ele pergunta
–Ela está, não está? - Katniss repete lentamente.
–Ela está ótima! Não se preocupem. E o bebê é um garoto muito saudável.
Gale se ilumina como uma árvore de Natal.
–É um garoto? Ele está bem? Quando posso vê-la? Quando ela tem alta? Quando ele poderá ir para cas? Por que demorou tanto? Por que-
–Senhor Hawthorne, se acalme. - o médico diz rindo - Ela está bem, todos estão bem. Logo eles poderão ir para casa.
–Tudo bem. Eu posso vê-la agora? - ele pergunta animado.
–Claro que sim.
–E nós também? - Kat pergunta.
–Sim, sim, podem. Agora, se me dão licença, preciso ir.
Ele vai embora e nós ficamos sozinhos. Gale se apressa e vai em direção à porta e entra rapidamente indo em direção a uma Johanna pálida deitada segurando um bebê minúsculo. Entro junto à Katniss e Annie e vamos juntos em direção à ela.
–Gale... - Johanna sussurra.
–Jô... você está bem?
–Estou sim. - Ela olha para o bebê em seus braços e olha de volta para Gale.
–Ele é lindo... - Gale diz. O bebê tem cabelos castanhos escuros ralos e olhos negros como a noite, as bochecas gordinhas marcados por covinhas rasas.
–É verdade - Katniss concorda.
–Ele é uma graça - Annie completa
–Puxou o pai - Johanna diz.
–Não, puxou a mãe, se puxasse o pai, não seria assim. - digo brincando.
–É, se tivesse puxado a mim, seria mais bonito. - ele responde entrando na brincadeira. Todos riem.
–Ja sabem o nome? - Katniss pergunta.
–Sim. Jess.