Lua Sangrenta escrita por Heathcliff


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

"A noite sem estrelas, o céu sem cor
A luz da lua que não se encontra
Orientai-me, livrai-me da dor
Das lágrimas, dos longos dias
Da noite sem estrelas, céu sem cor
Do imenso teto de nuvens tristes
Do sofrimento, angústia e rancor
Que invade e corrói esta alma
Na noite sem estrelas e céu sem cor
Que esconde a frágil existência
Do mais novo último sonhador
Que clama aos sussurros pelo fim
Da noite sem estrelas de céu sem cor."
—Unknown Knight

http://www.youtube.com/watch?v=uLi6pMbWpgE

bom capítulo xD



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Enquanto caminhávamos lentamente naquela noite em direção à minha casa, meus pensamentos entravam em conflito. Logo após revelar o nome do último executor, um silêncio tomou conta daquela caverna, e alguns minutos depois Nancy e Jaden retornaram sem qualquer notícia animadora. Imediatamente Stephanie se levantou e saiu do local. Pedi a Nancy que ficasse de olho em Yan e Alex enquanto, na verdade, queria dizer para que tomasse cuidado com Jaden. Tenho certeza que ela me entendeu. Então saí e fui atrás de Stephanie, que parecia estar me esperando e fez-me um convite para irmos até minha casa. E assim começamos a andar sem trocar nenhuma palavra, ambos olhando apenas para o chão.

- Começo a pensar que não deveria ter dito aquilo a você... – Stephanie quebrou o silêncio.

- Tudo faz sentido agora... A ausência, a expressão séria, os atrasos... Claro que não poderia se preocupar com a família, estava muito ocupado “mantendo o equilíbrio no mundo”. Não é como se ele fosse um herói... Pelo menos não para mim. – desabafei.

- Eu sinto muito...

- Não sinta.

- Ele parecia ser uma boa pessoa...

- Ele não era!

- Sr. Thompson, você precisa entender que...

- Eu já entendi tudo!

- Gostaria que você soubesse que eu...

- Aquela é a minha casa, não pretendo demorar muito. – disse apontando para a pequena casa no fim da rua deserta.

- Sim... Claro.

Podia ver minha casa exatamente como estava da última vez que a deixei, exceto pelas marcas de pneus de carro, várias pegadas marcadas ao redor do chão próximo a janela, provando que houvera grande movimentação nos últimos dias. Me apressei um pouco em direção a porta, levando a mão até a maçaneta. Apenas queria que aquele momento acabasse rápido. Estava frustrado e impaciente. Naquele instante veio a mim um súbito sentimento de esperança, uma certeza de que Tony estava vivo, eu precisava me apegar àquele sentimento, eu precisava, mais do nunca, rever o grande Tony, o amigo que saberia como me orientar... Trancada.

- Acho que vai precisar das chaves. Eu as tirei do seu casaco naquela noite e tenho guardado desde então. – disse Stephanie me entregando as chaves da casa. – Eu tomei a liberdade de tirar as manchas de... você sabe.

- Obrigado.

Sentir as chaves novamente em minha mão foi algo que me marcou. Não as sentia frias e pareciam tão frágeis quanto um papel. Do molho de quatro chaves, separei cuidadosamente a chave da porta, coloquei-a na fechadura e girei uma vez até ouvir o som de destrave. Poderia ser a última vez que estava fazendo aquilo. Olhei para Stephanie que parecia apreensiva olhando para minhas mãos, ela me devolveu o olhar e um breve sorriso. Então encarei novamente a maçaneta, tirei a chave da fechadura e devolvi a mulher, que fez uma expressão de incompreensão, mas pegou-as de volta. Com a mão esquerda girei a maçaneta lentamente até ouvi-la abrir, empurrei um pouco a porta e logo me veio o cheiro da minha casa que por um milésimo de segundo fez-me pensar que tudo aquilo não passava de um sonho... Um sonho do qual eu queria despertar o mais rápido possível.

- Estarei aguardando aqui.

- Stephanie... Eu gostaria que você entrasse para conhecer minha casa... Eu apenas... Por favor, não me deixe sozinho agora...

- Entendo... Tudo bem. – respondeu ela um pouco preocupada.

Ao terminar de abrir a porta foi revelada a sala da casa, exatamente como sempre foi nos nove anos que morei ali. Um cômodo pequeno de cinco metros quadrados, a minha frente a porta que levava para a cozinha e na mesma parede uma velha estante de madeira onde guardava meus livros, jornais velhos, recordações e tudo que coubesse ali. Na parede esquerda havia um piano, um enfeite para mim, mas um instrumento magnifico nas mãos habilidosas do meu avô. Uma pequena mesa retangular onde descansava meu velho rádio e uma poltrona estofada no centro da sala completavam a mobília daquele cômodo todo forrado por um carpete verde.

- Seja bem vinda ao meu antigo lar, Stephanie.

- É um lugar aconchegante para se viver. – disse ela.

- Muito... Vamos, entre.

Estive fora daquela casa por mais de um mês e não havia sinais de sujeira na casa e isso me deu certeza de que Srta. Appelboom continuava cuidando da limpeza do local, o que me fez abrir um sorriso.

- Venha ver a cozinha. – disse para Stephanie.

- Estou indo.

A cozinha tinha o mesmo tamanho da sala. Na parede a minha frente ficava a pia com um gabinete branco. Na da esquerda a geladeira, na parede da direita o fogão e na outra estava um pequeno armário, todos brancos, assim como todas as paredes da casa. E no centro da cozinha, cercada por quatro cadeiras ficava uma mesa redonda coberta com uma toalha e... Um pedaço de papel?

Aproximei-me da mesa e ali estava um bilhete escrito a tinta borrado com algumas marcas que pareciam ser lágrimas.

- “Will, sei que você estar em algum lugar e que um dia voltar aqui. TENHO ESPERANÇA. Eu manter vindo aqui organizar a casa toda como sempre duas vezes em semana menino você me deve 13 dias de pagamento. VOLTE LOGO. Onde quer que esteja fica bem, não deixe medo te fazer desistir. Ass: Srta. Appelboom. PS: Torta de maçã estar na geladeira.”

- Sr. Thompson, está tudo bem? – perguntou Stephanie, que havia lido o bilhete comigo.

- Sim... Aceita um pedaço de torta?

- Não.

- Tem certeza? ... Porque a torta da Srta. Appelboom é a melhor do mundo... – disse enquanto deixava o papel exatamente onde estava e caminhava em direção a geladeira.

- Sr. Thompson, não acho que seja uma boa ideia...

- E por que não seria? – perguntei após colocar a torta na mesa, pegar uma colher e colocar um grande pedaço na boca... – Aargh! O que está havendo?

- Seu organismo está totalmente diferente e rejeita qualquer alimento que não seja sang... bem, acho que você entendeu... da pior maneira. – respondeu ela entre as risadas que tentava esconder com as mãos.

- Creio que tenha sido a pior coisa que você já tenha me dito. – respondi com sorrisos tentando camuflar meu aborrecimento.

- Deixe as coisas exatamente como estavam, é melhor não deixar qualquer sinal de que esteve aqui.

Fiz o que Stephanie falou, sabia que era difícil deixar Srta. Appelboom preocupada mas parecia o certo a fazer naquele momento. Então voltamos a sala, onde na parede em frente ao piano ficava a porta que dava acesso ao meu quarto, que também era um cômodo simples ainda menor que os outros. Logo na porta a esquerda fica uma porta que levava para o banheiro, na parede da frente uma singela cama de madeira, que escondia embaixo dela meus “sapatos-prediletos-de-usar-em-casa” que usei por anos, coberta com uma colcha num tom azul escuro e na parede da direita ficava meu guarda roupas.

- Stephanie, pode me dar licença um instante?

- Claro.

Após a mulher sair vesti algo mais confortável, um colete branco sem os bordados que eu detestava, feito nas minhas medidas pela Srta. Appelboom assim como a calça num tom verde bem escuro, pois eu também não gostava dos calções apertados que a elite dos nobres usavam, meus sapatos pretos e claro o meu casaco longo favorito, da mesma cor da calça, com grandes botões e uma grande gola e alguns bolsos que provavelmente me seriam uteis.

Então me lembrei do que costumava guardar na última gaveta daquele guarda roupa. Fui até a sala onde Stephanie estava me esperando e ela me confirmou o que já havia me falado. Em minhas mãos eu carregava uma pintura que tinha sido feita em meu aniversário de cinco anos, e nela estavam minha mãe, eu com um grande sorriso no rosto e ao meu lado um tanto sério meu pai, o antigo Executor.

Voltei ao quarto para guardar a pintura em seu lugar e me lembrar que Srta. Appelboom certamente ia notar a bagunça que fiz no guarda roupas. Tinha pensado um pouco sobre isso e talvez fosse melhor deixar ela saber. Quando voltei à sala, Stephanie não estava, ela tinha saído da casa e estava na rua.

- Stephanie?

- Sr. Thompson, se já terminou de se despedir da sua casa é melhor voltarmos agora.

- Sim, já estou pronto!

- Estávamos sendo observados pelo corvo. – disse ela entregando-me as chaves novamente.

- Por quem? – perguntei enquanto trancava a porta.

Olhando dramaticamente para o céu coberto de nuvens, Stephanie sussurrou.

- O que você veio fazer aqui numa hora como essa, Steven?


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Notas finais do capítulo

Espero que estejam gostando ^^

Continuem acompanhando, novas surpresas e grandes emoções estarão recheando os próximos capítulos xD

Até a próxima ^^



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