Operação 30214 escrita por Words of a stupid girl


Capítulo 3
Capítulo 3- Engravatados ou Olhares


Notas iniciais do capítulo

Depois de meses, anos, séculos... Aqui estou eu de volta!!!!!
Eu sei que provavlmente estou falando com o vazio kkkk mas estou muito feliz acho q finalmente essa fic vai pra frente muahahahaha
A partir de hoje vou tentar escrever pelo menos um parágrafo por dia, mas não prometo nada
e novidade: personagens novos no cap!!!!!! hehehehe



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                Sabe aquela sensação constrangedora de que todas as pessoas do cômodo estão te encarando descaradamente?

                Jake tentava disfarçar. Olhava para o chão, para a porta automática dupla ao seu lado, apertava suas mãos ao redor da fina barra de segurança que o mantinha em pé ao passo que o metrô corria pela estação. Tentava disfarçar, mas sabia que, se virasse o rosto, encontraria algum outro engraçadinho o observando com surpresa, ou até mesmo deboche. Mas ele não podia culpá-los, afinal não era a coisa mais comum do mundo um adolescente de túnica e chapéu de formatura azuis com detalhes amarelos pegando o metrô às nove da manhã. Constrangimentos a parte, esse seria um dia muito importante para ele. E depois de quatro dolorosos e demorados anos, era difícil acreditar que em questão de horas iria finalmente acontecer.

Primeiro, fazia duas semanas que John tinha o posto de castigo, e apesar de o garoto não ter mais saído de casa ou o desobedecido desde então, não havia nenhum sinal de que seria liberado tão cedo. Mas não é disso que estamos falando. Ele também estava finalmente se formando no ensino médio. Mas também não era isso. O dia era, de fato, importante, pois tinha uma confissão a fazer. Uma que podia mudar sua vida para sempre, seja para melhor ou para pior.

Teria dito a tal confissão ao pai assim que acordasse, se o mesmo já não tivesse saído de casa momentos antes, pelo menos de acordo com Dawn. Mais cedo, ela dissera que John tinha ido para uma certa reunião de negócios, resolver alguma coisa relacionada à empresa, mas assim que pudesse estaria de volta e poderia ir à formatura. Jake nunca chegou a saber realmente para onde o pai tinha ido ou por que demorara tanto a chegar. Achava, porém, meio estranho não ter dito muito mais sobre isso a Dawn ou a ele próprio. isso não era de seu feitio.

Então, era exatamente por isso que, ao invés de ir de carro, estava se apertando no meio do vagão lotado de pessoas estranhas, pelo que pôde observar, a maioria indo trabalhar, se bem que pegou uma ou duas tentando roubar a sua carteira.

                Depois de uns cinco minutos, houve uma forte freio que o fez desequilibrar um pouco e quase cair no chão. Por sorte, conseguiu se segurar até a porta abrir, sendo imediatamente atropelado pela enxurrada de pessoas enlouquecidas correndo para chegar a seus destinos. E por falar em chegar a seus destinos, olhou para o grande relógio que estava pendurado na parede da estação. Nove e meia. Caso se apressasse um pouco, talvez conseguisse chegar a tempo como os outros formandos.

                Tentando encontrar espaço por entre corredores, estações e escadas rolantes cheias, chegou às largas, arborizadas e movimentadas calçadas da Hudson Square. Já começava a ver alguns poucos estudantes como ele, formandos de túnica e chapéu dentro dos carros com seus pais, todos seguindo pela longa rua até a grande construção amarela na esquina. Jake tentou ajeitar o colarinho por baixo da túnica. Estava extremamente quente, e aquela gravata idiota, além de o sufocar, deixava o calor umas duzentas vezes pior.  Engoliu em seco e pôs-se a andar.

                Já no amplo pátio de gramado verde que antecedia o prédio, a atmosfera que pairava no ar era de pura expectativa, e até um pouco de saudade, por parte de garotas super arrumadas e maquiadas e garotos que, como ele próprio, tentavam desesperadamente afrouxar o nó mortal de suas gravatas, mas que conversavam animadamente e andavam em direção ao ginásio onde aconteceria o evento. Jake tentou seguir seus passos apressados quando avistou uma coisa bem familiar no ambiente.

                Tecnicamente, nada tinha mudado no local onde se encontrava, exceto por um som alto de estouro, assemelhando-se a tiros de revólver, e depois silêncio. Olhou para trás só para conferir. E estava certo sobre o que achou. Uma caminhonete azul celeste muito velha e enferrujada morrendo, impedindo seu motorista que literalmente lutava para chegar ao estacionamento. Sem hesitar, dirigiu-se até o dito automóvel.

                Com o punho, deu algumas leves batidas na janela. O gesto não teve bem o efeito desejado, pois o garoto que dirigia continuou pisando loucamente no acelerador, na esperança de que voltasse a andar, e ignorando-o completamente. Bateu de novo, com mais força, e ele virou rapidamente a cabeça para o lado, deixando escapar um suspiro de alívio.

                -Jake, que susto! -disse enquanto abria a porta e saltava para fora. –Sério cara, essa coisa que você faz, chegar aos lugares sem ser notado, tem que parar. Senão você vai acabar me matando do coração.

                -É, oi para você também, Brendon. –disse Jake com um pequeno sorriso se formando no canto da boca. –Na verdade, só passei para ver se precisava de ajuda aí, com a lata velha, mas como não precisa...

                -Não, espera!! Me ajuda a empurrar?? –perguntou. Jake bufou, assentindo em seguida.

                Juntos, os dois puseram as mãos na traseira da caminhonete e, com certo esforço, começaram a forçar o peso para frente. Não foi muito difícil movê-la, porém o garoto tinha certeza de que teve muito mais dificuldade. Isso por causa da ausência de músculos grandes e definidos, coisa que o amigo tinha de sobra por baixo das roupas engomadas. Assim que acharam uma vaga boa no estacionamento, a posicionaram com delicadeza e puderam, enfim, descansar.

                -Ufa! Sabe, Betsy tem me dado muitos problemas ultimamente. Nem me lembro mais da época em que o motor dela funcionava. Vou ter que levá-la ao mecânico mais tarde.  –sim, Betsy era o nome do carro. A sra. Harper, mãe de Brendon e a primeira a ter o privilégio de conduzi-lo no tempo em que ainda tinha menos de 70 mil quilômetros rodados, dera esse apelido infeliz para a máquina. Mania que foi herdada pelo filho quando a ganhara de presente no ano anterior. Desde então vivia reclamando de como era horrível dirigir aquela lata velha e como ela vivia morrendo. Mas continuava com ela ,pois sabia que, com o modesto salário que recebia em seu emprego de caixa no Starbucks, não poderia nem em seus sonhos comprar um carro melhor. –Ei, posso perguntar uma coisa?

                -O quê?

                -É que as notícias por aqui voam. As pessoas ficam sabendo de coisas, e aí começam a aumentar, criar boatos... –olhou para os dois lados, como se estivesse se certificando de que ninguém os ouviria, depois falou. –É verdade que você foi preso de novo?

                -Foi isso que ouviu?

                -O que eu ouvi foi que o seu pai teve que te tirar da cadeia. À noite ele achou uma sacola cheia de maconha embaixo do seu colchão e te deu uma surra com um cinto. –disse da boca para fora, sem se importar se poderia ser verdade ou não.

                -Bom, é uma meia verdade. Quer dizer, eu não cheguei a ir para a cadeia, só para a delegacia mesmo. E eu não fumo maconha!!! Nem levei surra, meu pai é legal.

                -Hum Hum. –disse em um tom pouco convincente de reprovação. –Queria ter um pai como o seu. Se fossem meus pais tendo que me tirar da cadeia...

                -Hmm, Brendon? –Jake o interrompeu. Queria mudar de assunto. -Onde estão seus pais, aliás?

                -Ah! –respondeu, acariciando a nuca. –Eles estão resolvendo umas coisas. Coisas do divórcio, entende? Não conseguiram mudar a data nem adiar o caso, então tive que vir sozinho. Eles disseram que viriam depois.

                -Então somos dois. –andavam um ao lado do outro pelo pátio, Jake chutava uma pequena pedra ao longo do caminho. –Justo hoje. Dá para acreditar? Estamos nos formando.

                -Isso aí. Falta pouco. Apenas um verão. Depois seremos universitários!!! Sabe o que isso significa? Festas, vinte latas de cerveja por noite e garotas fazendo top-less. –disse Brendon, fingindo se espreguiçar. –É o paraíso!

                -Como se as garotas já não fizessem top-less para você. –Jake empurrou seu ombro. Brendon ponderou.

                -É, mas estamos falando de garotas de Princeton. E você, o que pretende fazer?

                -hmm... –hesitou por um segundo. Tentou colocar as mãos nos bolsos, mas eventualmente percebeu que sua roupa não os possuía. Estava confuso, não sabia ao certo o seu futuro. NÃO! Ele sabia sim, só não queria falar.

                -Quer saber, tanto faz. -Brendon o interrompeu. - Temos que focar nesse verão, por enquanto que você ainda tem a mim. Os jogadores de futebol e as líderes de torcida estavam planejando passar as férias no Havaí. –Jake, que estava olhando para o chão, pousou seu olhar no garoto. –Mas nós não somos jogadores de futebol, muito menos líderes de torcida. Precisamos fazer alguma coisa diferente esse ano. Quer dizer, é dele que nós vamos lembrar.

                Continuou falando em monólogo por alguns minutos. Monólogo, pois às vezes era como se Jake nem estivesse presente no local. Não por falta de tentativa do mesmo. Mas também, quando o assunto era Brendon, pouco importava se ele se manifestasse ou não. Não que fosse uma má pessoa, ele era um bom amigo. Mas cansava falar o tempo todo dos problemas do Brendon, da vida do Brendon, das coisas que o Brendon fazia...

                De repente, a falsa conversa parou. Jake notou que uma garota piscara para o amigo. Tinha a pele morena e cabelos longos e lisos, muito provavelmente descendente de indianos. Os cabelos estavam presos em uma trança e usava os cílios carregados de rímel, um pouco desproporcionais em relação ao resto do rosto. Brendon acenou para ela, arrancando alguns gritinhos em conjunto com suas amigas, também com muita maquiagem.

                -Quem é essa? –perguntou.

                -É a Penny. Temos um encontro no sábado. –respondeu o outro.

                -Ah, é. Outro encontro. –Jake revirou os olhos.

                -O que eu posso fazer? As garotas não conseguem resistir a tudo isso aqui. –Brendon apontava para si mesmo.

Ele estava certo em um ponto. Não sabia o que fazia com que todas as garotas da escola quisessem sair com ele. Assim como Jake, ele não podia ser classificado como uma pessoa muito popular. E com certeza não era porque tinha um carrão. Todavia, podiam ser os seus pequenos e penetrantes olhos cor de chocolate, seu cabelo bem cortado de mesma cor, seu sorriso de um branco impecável, sua pele levemente bronzeada mesmo antes da chegada do verão, sua estatura relativamente alta e corpo definido ou sua personalidade confiante. Ou uma mistura de todas essas coisas. –Quer ir com a gente? Você podia convidar alguém como... –gastou um tempo pensando. –Deixa eu ver, tem Claire, Piper, Rachel...

                Seguiu os olhos do amigo, que apontavam para uma das garotas do monte que se formava em um canto. Um penteado muito bonito e elaborado prendia seus cabelos loiros, e tinha as bochechas bem rosadas.

                -Não, obrigado. Já tenho o que fazer hoje.

                Finalmente chegaram ao estádio. A maioria das pessoas já havia se acomodado nas arquibancadas, então os dois foram para seus respectivos lugares nas fileiras dos formandos. Sentaram juntos, a uma fileira de distância de Penny, que passou a cerimônia trocando olhares sedutores e risonhos com Brendon. A oradora da turma, uma garota gordinha com aparelho e rabo-de-cavalo, também lançava olhares para Penny ao fazer seu discurso. Jake imaginou ser uma das amigas com quem ela falara mais cedo. E quanto a ele? Passou a cerimônia distraído, apenas observando o enorme salão, examinando os professores, alunos e seus familiares. Incrivelmente, naquele dia todos pareciam bem quietos, só olhavam para frente e sorriam, alguns poucos com lágrimas nos olhos. Jake nunca veria uma coisa parecida em qualquer ambiente da escola, disso tinha certeza.

                Mas, não soube realmente quando, uma coisa chamou sua atenção. Uma coisa não, uma mulher.

Pôde localizá-la em uma das últimas fileiras antes da arquibancada. Aparentava ter seus trinta e cinco anos, ou mais. Seu corte curto e geométrico loiro escuro destacava seu rosto em forma de coração. Tinha um nariz pequeno, porém afilado, e lábios vermelhos. Óculos de grau em uma armação pequena tentavam, sem sucesso, tirar a atenção dos seus lindos olhos escuros. Mas não foi sua aparência que o deixou vidrado nela.

                A misteriosa mulher também observava o ambiente com voracidade e determinação. Estudava mentalmente e detalhadamente tudo o que seus olhos captavam. Mas, ao contrário dele, ela não fitava o local como um todo, apenas um grupo de jovens engravatados ao redor dele. Sentia-se, de certa forma, intrigado por ela.

                Olhou mais uma vez. E olhou, e olhou. Foi alternando entre ela e o palco, para que ninguém percebesse que não estava prestando a menor atenção no que se passava. Até que, com um espanto, ele percebeu: a mulher misteriosa não observava o local. Tampouco um grupo de alunos. Prestava atenção em uma pessoa em especial.

                Ela o observava.

                Jake ficou paralisado por um breve momento quando seus olhares se cruzaram, no qual a mulher não tirou os olhos dele nem por um segundo. Cedo ou tarde, o constrangimento o obrigou a virar a cabeça e fazer outra coisa. Ouviu alguma pessoa falando o nome “Brendon Harper”, e logo em seguida Brendon se encaminhava para pegar seu diploma. Era só uma questão de tempo até seu nome ser chamado e ele ter de se levantar, com todos os olhos voltados para ele.

                Mas por que aquela mulher o observava? De onde o conhecia? Se é que o conhecia.

                “Jake Frieman!” ouviu de relance. Levantou e subiu ao palco, onde, sorridente, o diretor da escola segurava um rolo de papel. Dava para entender sua alegria, afinal, apesar de ter uma certa tendência a dormir nas aulas e ir razoavelmente mal em todas as matérias, o garoto tinha conseguido se formar. E, em sua opinião, esse era o sonho de todo o corpo de professores que ali se encontravam.

                Pegou o diploma e olhou as pessoas que aplaudiam. A mulher ainda o mirava. Olhava-o de cima para baixo, de baixo para cima, como se procurasse por pistas. A visão o fez sair rapidamente e voltar para seu lugar.

                O final do evento foi definitivamente a melhor parte. Uma enxurrada de chapéus ridículos voou como um grande manto azul jogado ao vento. As pessoas riam e se abraçavam. Jake foi pego por uns quatro grupos de alunos, o que o deixou com uma tremenda dor no pescoço. Claro que também abraçou Brendon, que logo depois foi roubado dele por Penny e algumas outras garotas. Uma ou duas garotas muito bonitas lhe deram um beijo no rosto, deixando marcas de batom em suas bochechas pálidas. Todos saíam saltitando dos portões do ginásio, tiravam fotos com seus amigos. Era toda uma vida que, assim como Jake, todos deixavam para trás.

                No final das contas, o seu pai não comparecera. Não que isso tivesse estragado seu dia, mas dificultaria sua volta para casa. A não ser que pegasse carona com Brendon.

                Jake estava muito distraído com o clima que reinava no lugar, mas foi impedido por uma coisa na qual esbarrou no meio do pátio. Uma coisa que fez seu sangue gelar, suas pernas tremerem, sua pele extremamente branca ficar ainda mais branca.

                Uma coisa não, uma mulher.


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Notas finais do capítulo

Queria agradecer primeiramente a duas pessoas muito lindas:

Meu primeiríssimo leitor Arthur Heding, que me incentivou e me deu esperanças para continuar a fic (sim, sou dramática u.u)

E Jamilly Costa, a fofa que fez a capa da história, que na minha opinião, ficou perfeitaaaa

Por enquanto vou ficar só com essa fic, mas estou planejando fazer uma interativa, o que vocês acham? Mas se eu fizer, provavelmente vai demorar um pouco, pois to sem tempo NENHUM

No começo de Junho vou viajar e prometo que volto com vááários cáps lindos e fofos para vcs. Mas por enquanto, vou ficar só com essa fic e atualizá-la o mais rápido que puder, pelo menos até Junho e no máximo estourando Julho

Enfim, comentem aí se gostaram, se tem alguma coisa que querem que eu mude, críticas, sugestões, qualquer coisa

bjs e até o próximo!!!!!!!!!!!!!



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