Imperfeitos escrita por Felipe Perdigão


Capítulo 7
V — Intrigas.




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O desespero dos meninos era imenso. Como aquilo pudera acontecer? Não bastava um/a doido/a atrás deles, coisas sobrenaturais tinham que começar a se manifestar para deixar tudo ironicamente melhor.

Não havia demorado muito e Oliver conseguiu se desfizer daquela toda água, mas ela não desapareceu nem saiu pela janela.  Ela simplesmente desapareceu.  Agora ele tinha total confiança que seu amigo não estava se drogando, e mais do que nunca, eles sabiam que podiam confiar um no outro. Depois daquele grande susto, conseguiram esvaziar a mente e dormir. A manhã seguinte não demoraria muito pra chegar e os quais teriam muito pra fazer na escola. Essa semana seria literalmente puxada por conta de tamanha quantidade de exercícios avaliativos e atividades.

Já havia se passado mais de três semanas desde que aquelas manifestações elementares havia acontecido e Unknown não tinha dado sinal de vida. Tudo estava tranquilo como antigamente. A vida de Oliver voltara, por algum pouco instante o “inferno” de antigamente. Um inferno do qual ele realmente havia sentindo falta.

Com os milhares de problemas que o afetava, ele se preocupava com seu amor pelo melhor amigo, Anthony. Ele já estava tão acostumado a sofrer por amor que estava usando isso ao seu favor. Sofrer por causa de alguém, agora, doía muito menos do que por qualquer outro problema, e com tamanha experiência, ele já saberia como se lidar com isso e não sairia quão prejudicado.

Era o ultimo período de uma sexta feira. Todos estavam excitados com uma festa a fantasia que umas garotas do ultimo ano iriam dar para os alunos do ensino médio. Alice começará a estudar no mesmo colégio de seu amigo na semana seguinte, o qual conseguira um ingresso a mais pra levar a menina na festa e apresentá-la aos estudantes do Colégio SantaNyx Helena, ele realmente queria que sua amiga se desse bem na nova cidade.

Oliver não conseguia prestar atenção na aula. Ele rabiscava a ultima folha do caderno. Várias coisas estavam revirando em sua mente, mas nada relacionado a todas aquelas coisas haviam acontecido nos últimos dias, com exceção de seu termino com Natalia. “Sempre existirá alguém melhor do que eu, mas será que ela foi capaz de achar alguém que um dia, pudera amar ela mais do que eu mesmo a amei?”, ele havia rabiscado algo no papel que representasse aquela dor que ele estava a sentir. Em minha tanta bagunça, sua mente o fez começar a escrever coisas aleatórias no espaço em branco da folha.

“Às vezes não parece, na verdade, quase nunca parece. Mas eu queria demonstrar o quão adorável você é garota, ou costumava ser.Não sei agradeço a Unknown por ter feito você ir embora pra sempre, ou se me culpo por ser tão idiota ao ponto de não ter capacidade de manter um namoro que até poucos dias considerava tão interessante.”

Algum aluno alheio havia feito palhaçada. A atenção de todos havia sido desviada a eles e Oliver que estava distraído tentava descobrir o que havia acontecido. Sem demonstrar muito interesse naquela infantilidade alheia, Oliver voltou a escrever.

“Me manter apegado ou apagar você? Minto que estou bem e ninguém percebe e tudo isso por causa de você. Não sei mais o que está se passando comigo, prometi que não escutaria mais as músicas que me lembram você, que não veria mais nossas fotos e que não escreveria coisas clichês sobre coração partido, mas é impossível. Parece uma doença que não quer sair do meu sangue. Você é um pequeno pedaço nojento de...”

O sinal havia tocado e no susto ele arrancou a folha em seguida a rasgou, juntou seu material que estava sobe a mesa rapidamente e seguiu para o metro com seus fieis amigos.

Oliver ainda não tinha sua fantasia. Com toda certeza as melhores já tinham sido alugadas e se tivesse muita sorte acharia algo bom. Ele havia tirado a tarde inteira para achar um traje de boa qualidade e pensar na vida. Ele conhecia uma loja de segunda que alugava fantasia e tentaria a sorte nela.

Não demorou muito e o garoto chegou à enorme praça que havia sobre a catedral da cidade. Procurou um banco qualquer e sem muito receio sentou enquanto aumentava o volume dos seus fones de ouvido. Com a cabeça cheia ele não conseguia ignorar as milharesde coisa que o infernizava.

“Será que eu que não tenho capacidade de entender a vida, que sou um tolo cético e ignorante, ou as pessoas que são cretinas de mais? Eu devia acreditar em quem diz me amar? Eles falam isso tão rápido, alguns até conseguem me iludir, mais é só me distrair que eles se esquecem de mim. Mas quem se importa? Todos os dias vai ter um tolo pra vim me amargar. Amor não costumava ser uma mera ilusão, um sinônimo de besteira, uma dor. Ele costumava ser um poço sem fundo do qual você mergulha de cabeça sem saber se um dia conseguirá voltar à superfície. Hoje só sabem fazer você comer o verdadeiro pão amassado pelo diabo o qual ele cuspiu e sem nenhum argumento, o descartou. Até quando meus dias serão destinados a pensar em você? Já chorei de mais, já estive em um buraco fundo de mais e tudo isso por sua culpa! Só não pense que irei me humilhar ou que serei fraco novamente.Um pobre coitado e indefeso que estará à disposição no dia que você precisar. Espero que daqui pra frente eu consiga levantar cada vez mais forte. Cuspindo no caminho que pisei,na sua cara, no nosso suposto amor, nas palavras vazias que me disse e com a certeza que um dia irei rir de toda essa tolice e que você só foi páginas em branco que serviram pra me deixar de ser trouxa eu vou sobrevivendo. Você vai se arrepender a cada dia da tua vida, você vai ver, vai ver. Você não ira ter nada, nada além de lembranças e com a falsa esperança eu terei construído minha felicidade.”

Evitando chorar em publico ele colocou uma música mais feliz e comprou algo pra beber e voltou pro mesmo lugar que estava. Agora não pensava mais nessas coisas deprimentes. Ele pensava no sorriso de Antony e isso estava realmente o animando. Oliver estava realmente confuso com tudo isso que estava acontecendo, precisava achar algo que lhe tomasse a mente e que fosse o distrair completamente.

Ele havia entrado na loja e segurava pra não rir. Uma senhora fantasiada de cigana dançava forró com uma vassoura se surpreendeu ao vê-lo entrar na loja.

— AH! — A mulher berrou — Que susto rapaz!

Ele riu e se desculpou. Segurando para não rir da cena ele perguntava sobre as melhores fantasias. Ele tinha esperança de não se deprimir durante a festa e ficar pelo menos com alguém, mas ele veria Antony com alguém e perderia sua noite.

Não demorou muito e a simpática cigana pediu licença, foi até o armazém da antiga loja e voltou com uma um traje extremamente perfeito pra Oliver. Ele havia se esquecido das outras que ele havia separado e foi direto a experimentar. “Perfeito” pensara excitado com a noite que teria.

O menino que acabara de sair da loja não parecia mais o mesmo que entrara — essas variações de humor são constantes na vida de Oliver —. Ele e seus amigos haviam combinado de não falar qual seria a fantasia que usariam. Logo o menino voltou pra casa para descansar antes da noite vibrante que planejava ter. Ele dispensou a babá de sua irmã e a levou pra dormir com ele. Ambos dormiam harmonicamente na cama de seus pais. Às vezes a sua gata pulava na cama e deitava sobre seu corpo, mas isso não era o suficiente pra acordá-lo.

A noite chegou mais rápido do que os dias comuns. O céu estava incrivelmente limpo e era possível avistar inúmeras estrelas. Oliver se arrumava no quarto ao mesmo tempo em que cuidava da irmã para sua mãe tomar conta das coisas da casa. O menino havia tomado um demorado banho e a cada peça da fantasia que vestia tuitava algumas coisas.

Oliver já estava se atrasando, então se apressou. Ele e seus amigos haviam combinado de encontrar na casa do Antony e de lá iriam pra festa. O garoto ainda estava com vergonha de sua fantasia. O caminho até a casa do amigo não era muito logo, mas mesmo assim ele tomou um taxi de tamanha vergonha. Ele e Matth chegaram ao mesmo, eles ficaram um tempo na esquina esperando Alice chegar. Antony, como sempre, ainda não estava pronto, mas assim que ficou os quatro se encararam e prometeram não comentar nada sobre suas fantasias.

O pai de Anthony havia deixado ele e seus amigos na porta do local que seria a festa. Uma mansão antiga revestida de mata nativa por todos os quatro lados. Na portaria, encontrava-se uma Alice meigamente com seu vestido azul e tiara preta com um laço azul que combinavam com as sapatilhas, um Peter Pan de olhos vidrados e expressões vazias, um capitão Gancho que sorria pra todos que passavam e o cumprimentavam e ao lado deles um sapo, que já se encontrava totalmente bêbado.

Alice estava tímida, tentava não parecer estranha, talvez assim alguém do primeiro ano gostasse dela. Oliver, incomodado com sua fantasia, que ironicamente fazia par com a de Anthony estava sentado em um banco bebendo alguma coisa. Matth, pra variar, estava bebendo cada vez mais e para representar sua fantasia, pulava e berrava no meio da pista de dança feito um sapo no cio.

Tudo estava normal até o momento em que começou a tocar uma das músicas favoritas de Oliver. Ele já estava um pouco alterado pelas poucas doses de rum que ele havia tomado.  Sem algum pudor, ele puxará Alice para pista de dança no terreiro da casa. A qual estava abalada por ter que deixar sua vida inteira na outra cidade pra trás pra começar uma vida totalmente diferente no começo do ensino médio.

Oliver dançara junto de sua amiga e de seu “inimigo”, o capitão Gancho. Ambos estavam bem elétricos. O desanimo de Alice havia sumido logo depois que ela tirou sua sapatilha e pisava na terra e sentia o cheiro das Damas da Noite que abriam cada vez mais. A menina estava conectada a terra, se sentia forte a cada segundo que dançava descalça, como se ela estivesse ligada a terra.

Dois meninos vieram em direção de Oliver. Eles haviam sentido o cheiro de carne fresca na área, Alice tinha uma beleza incomum, é claro que os garotos que estavam no auge da puberdade a notariam.

— E aí Oliver. Trouxe azeita pra festa? — Ele riu.

— Não, deixei no motel com sua mãe, otário.

— Relaxa menino — ele franziu o cenho enquanto tentava acompanhar o ritmo da música que começara a tocar há poucos instantes —, não vai apresentar a amiga não? — O garoto fixou o olhar na menina que dançava cada vez mais em sintonia com a música.

— Ah. Essa é a Alice, minha amiga. Ela mudará pra cidade esse fim de semana e segunda já está na escola. — Ele acenou com o olhar pra menina.

— Não quero saber de que ela está fantasiada, quero saber o nome da menina. — O menino foi calado por um beijo. A menina havia saído de seu estado normal e agarrara o garoto comprido e magricela.

— Meu nome é Alice. — Ela sorria ironicamente enquanto o puxava cada vez mais perto de seu corpo para dançarem juntos.

— Que fantasia criativa, senhorita Alice. — Ambos riram enquanto voltavam a dançar.

O outro menino que havia se aproximado estava sobrando. Para surpresa de todos, atrás daquela maquiagem e chapéu de menestrel, estava Tommy com um sorriso irônico que encarava Oliver com sua fantasia de Peter Pan e Antony com sua fantasia luxuosa do capitão Gancho.

Sem nenhum amor a vida, ele tentava deixar Oliver sem graça.

— E aí Peter, o capitão já mostrou a você o gancho? — Antes que ele pudesse colocar um sorriso sarcástico na cara, Anthony o interrompeu.

— Não, mas assim que a gente sair daqui ele vai ver muito mais que o meu gancho. Sua bicha pão com ovo! Tem nada melhor pra fazer não?

— Nossa, que grosso.

— Não vou falar o que é grosso não.

— Hmm.

— Ai Tommy, saia daqui antes que eu soque sua fuça. — Oliver havia se irritado.

Aquele pequeno momento de distração foi o suficiente pra Alice se afastar. Ela estava sentada no colo do menino em um banco afastado da multidão. Oliver estava assustado com a atitude da menina. Ele ainda estava com vergonha do que Antony havia dito há segundos atrás.  “Você não vai ter uma de suas crises aqui no meio da festa, não é Oliver?”, pensara o menino com audácia.

Ele começou a rodar por toda casa. Viu relações carnais em uns três quartos, em alguns viu pessoas se drogando e em outros havia apenas pessoas conversando e se pegando. Ele já estava sem esperanças de ficar com alguém, quando seu fiel amigo, o sapo veio em sua direção. O qual já estava trocando os passos de quão bêbado, sentando ao seu lado, não demorou muito e ambos já estavam e beijando. Essa não era a primeira vez que os amigos estavam ficando.

Os dois estavam naquele amasso não havia mais de 5mn. Anthony logo chegou e os separou aos berros.

— Ah diabo! O que vocês estão fazendo?!

— Beijando? — Oliver riu.

— No meio de uma festa com o colégio inteiro? Com sorte alguém não tirou foto e mandou para todos do colégio. Diabos.

— Relaxa Tony. Sei que não tomamos cuidado, mas... Só você que viu a gente

— Torçam pra ser só isso.

Os três voltaram para onde quase todos os alunos estavam, mas logo encontraram uma sala de jogos. Havia uns três grupos naquela sala. Alguns jogavam bilhar, outros brincavam de O lobo e os mais radicais estavam jogando verdade ou consequência. Com um breve sorriso, Matth convenceu aos seus amigos se juntarem a roda que girava freneticamente uma garrafa verde.

Para o azar de Oliver, na primeira vez que o seu amigo sapo rodara a garrafa havia saído para que ele respondesse. Seu estomago havia trincado, ainda mais que havia pedido “verdade”. Matth estava bêbado, e não fazia questão nenhuma de esconder seus podres.

— Vamos lá — O menino ria enquanto pensara em alguma coisa. Ele deu uma tragada em seu cigarro e perguntou sendo interrompido três vezes por soluços — É verdade que... Que você está apaixonado, melhor, que você ama uma pessoa que está aqui na roda?

O menino estava paralisado. As palavras não saiam de sua boca e a cada segundo a mais ele sentia seu rosto corando. “Ai Oliver, agora que ajoelhou, reze.” ele riu concentrando de toda forma para não olhar pra Antony.

— Amo.

— Quem é essa pessoa?

— Já respondi a pergunta da rodada. — Oliver desdenhava o amigo.

— Tudo bem. — Ele respondeu com um sorriso sarcástico.

Agora era vez de o menino rodar a garrafa. Como se fosse marmelada, a garrafa apontara para Tony.

— Verdade ou consequência, capitão?

— Consequência.

— Desafio beijar a pessoa que você mais ama da roda em qualquer parte do corpo.

Sem hesistiar Antony se aproximou de Oliver. Seus olhos olhavam perfeitamente para dentro da outra, Antony já podia sentir a respiração acelerada do amigo de quão próximo estavam.

O garoto já se preparava para dar o beijo. Oliver já estava se preparando para um beijo de língua quando sentiu seu queixo ser beijado seguido por uma lambida que seguiu até o meio de seus lábios. Todos vibraram enquanto Anthony voltava ao seu lugar.

Agora era fez de Antony. Uma menina super bonita, com cabelo verde água com alguns piercings e um par de alargadores havia sido sorteada para responder sua pergunta. A menina tinha o padrão de beleza perfeito na opinião de Antony. Sua cueca parecia que ia explodir de tamanha felicidade que ele estava só de admirar a menina.

— A consequência vai ser me passar uma bala com a língua.

— A menina sem nenhum receio levantou e foi buscar uma bala de menta qualquer. Assim que colocou na boca se aproximou de Antony enquanto ignorava todos aqueles olhares possessos. Antes que ela se aproximasse totalmente do garoto completamente excitado, ele se jogou pra frente a agarrando dando-a um breve beijo.

Oliver se ruía de ciúmes, mas estava tentando não demonstrar. Ele estava desejando vomitar seu coração. O beijo havia terminado, segundos depois, ainda indignado Oliver se levantou saindo da rosa usando a desculpa que iria pro karaokê.

Seguido por Matth, ele fora obrigado a realmente a cantar na frente de quase todo ensino médio. Ele e seu amigo não puderam escolher uma música mais gay da qual optaram.  Video Phone, uma música de Beyonce com participação de Lady Gaga.

Alice fora visto saindo do banheiro masculino limpando a boca com a mão e logo em seguida um dos garotos mais cobiçados do 3º ano havia saído do mesmo lugar. Oliver a encarava sem entender enquanto concentrava pra não errar a letra. Ele queria rir, ele não acreditava que a amiga que ele considerava literalmente pura, estava transando com um dos garanhões de uma escola que ela não havia estudado nem um dia.

A apresentação dos garotos havia terminado. Enquanto poucos aplaudiam, muitos os vaiavam. Um primo de Tommy disse algumas coisas homofóbicas em relação aos meninos que cantaram há pouco. Antony havia escutado e não estava nem um pouco contente com isso.

— Repete o que disse sobre eles. — Disse o menino bufando de raiva.

— Veadinhos de merda.

— Tem que comer muito cu e boceta pra falar mal deles, ta me ouvindo? Você chegou nessa cidade esse ano. Vai dizer essas coisas idiotas lá do país do qual sua mamãe o mandou embora só porque fumou maconha.

O garoto fechou o punho e o levou em direção a Antony que com facilidade desviou. O menino estava se irritando. Sua pele começara a arder enquanto seus punhos queimavam enquanto tremiam. Algo repressivo estava preste a acontecer. A multidão se virara pra ver a grande peça de teatro. Antony não era o único que tremia, seu admirador secreto conseguiu perceber a raiva em seus olhos e temesse o que pudesse acontecer. Ele procurava por algo que tinha liquido no ambiente, desde que ele e Matth descobriam seus dons, eles andavam praticando. Matth já conseguia manipular pequenas correntes de ar e já Oliver conseguia locomover pequenas quantidades de água. Eles não sabiam qual a fonte de seus poderes, a única coisa que tinham certeza é que as historias que a avó de Matth contara são verdadeiras.

Antony ainda trocava ofensas com Turney. Alice chegava cada vez mais perto de mãos dadas com Etan, e Matth e Jeffrey estavam atrás de seu amigo para segurá-lo caso ele fosse levar aquela discussão cansativa e exagerada pra algo físico. Matth sentia cada vez mais a vibração que saia do menino que vibrava cada vez mais e a temperatura se elevou em todo aquele ambiente.

— Você tá defendendo tanto essas bichinas que deve comer as duas.

Pronto. O circo estava armado. Antony havia escutado de mais, não conseguira evitar o murro que dera na cara do menino que com o impacto caiu de costas com o lado esmurrado no chão.  Assim que levantou e preparava pra revidar, todos vibraram. Seu rosto estava queimado. Tony, mais do que irritado agora se preocupava se fosse ser expulso do time de vôlei ou não já preparava o segundo soco, afinal, se ele fosse ser expulso do time de vôlei por causa de arrumar brigas, que fosse expulso por um bom motivo. Ele estava tão nervoso que ainda não havia reparado na queimadura de primeiro grau que proporcionara ao rosto do menino que estava apavorado por sentir cada vez mais seu rosto arder. Antony levantou o punho ainda fechado simbolizando que teria mais se quisesse. Desesperado, Oliver saiu correndo de onde estava e segurou com firmeza a mão de seu amigo. Todos vibraram mais uma vez. Ouve um chiado de panela de pressão e o calor da mão de Tony fora transferida por uma boa parte pra mão de Oliver. Seus poderes estavam manifestando em publico e isso não seria nada bem.

Oliver imaginou o que havia acabado de acontecer. Alguns amigos de Vicente o acudiram e levaram para o hospital, todos concordaram em não abrir a boca em relação o que havia acontecido. A festa voltara o normal e poucos minutos e mais uma vez Alice desaparecera. Matth e Oliver dispensaram a ajuda de Jeffrey, e seguiram com Antony para um dos quartos do ultimo andar da casa. Ele jogava água gelada no rosto pra se acalmar, mas não estava adiantando. Toda irritação que Vicente o proporcionou, mais a preocupação com time e a duvida do por que a cara do menino fora queimada após o soco e por que da fumaça quando Oliver encostara-se a sua mão.

Matth havia descido até a festa para buscar alguma bebida e mais uma vez pedir a todos que não abrissem a boca. Assim que voltou pro quarto ele explicou que todos entendiam a gravidade da situação e que eles perderiam um dos melhores jogadores do time de voleibol da escola.   Ele sentou na luxuosa cama de casal do cômodo, virou um enorme gole do Rum que ele trouxe para o quarto e passou a garrafa em direção a seu amigo.

— Feche os olhos Toninho e beba um pouco de álcool, deite um pouco aqui. Eu e o Oli estaremos aqui contigo e se quiser ficar sozinho a gente fica vigiando a porta lá do lado de fora. — Ele tentava confortar o amigo. Algo raro. — Só não quero que fique arrependido por ter feito o que fez.

— Arrependido? — Ele deu um sorriso um tanto quanto sarcástico — Só se for arrependido de não ter batido mais.

Oliver evitara falar qualquer coisa. Ele estava feliz por ter sido defendido por seu melhor amigo, mas estava se sentindo culpado. A cada vez que pensava que seu amigo podia ser expulso do time por sua culpa, ele se sentia cada vez mais nulo. O mesmo estava tão vulnerável naquele momento que segurando o choro se aproximou do seu amigo que tirava suas noites de sono por conta de uma paixão que não devia existir e o Abraçou colocando a cabeça no ombro do amigo.

— Obrigado e desculpa foder você com o time!

O abraço fora retribuído.

— Não por isso, Oli. Ah, para de bobagem muleque, isso não foi culpa sua e nem vem se argumentar!

Eles ainda estavam abraçados. Antony havia puxado seu amigo e ele caiu de joelhos sobre seu corpo. Seus rostos estavam um tanto quarto perto de mais. Os olhos de Oliver estavam tampados pela sua franja que impedia Antony ver o quão os olhos do amigo brilhavam. O menino que estava constrangido por estar de quatro em cima do seu amigo já ia se levantar quando foi puxado pelo o mesmo que o deu um beijo próximo da orelha e sussurrou. “Eu te amo.”

— Obrigado.

— Idiota. — Tony empurrara Oliver pro lado.

O menino, morrendo de vergonha logo mudou de assunto. Ele criara coragem para falar com seu amigo sobre o que havia acontecido poucos instantes atrás.

— Antony, não acha curioso o rosto de o babaca ter saído queimada? — Oliver sentiu uma fincada no estomago.

— Sim! E muito! Não tem explicação.

— Tem sim. — Matth disse brevemente dando mais um gole.

— Olha, aqui não é o melhor lugar pra explicar, mas vamos adiantar o assunto, ok? — Sem entender muita coisa, Tony assentiu com a cabeça. 

Oliver e Matth se levantaram ao mesmo tempo, cada um foi pra uma parte do quarto. O garoto mais novo acenou com o cenho avisando que o amigo podia começar. Depois de pensar em alguns segundos ele respirou fundo e sussurrou o poema improvisado.

“Oh, sereno ar! Assim como sou escravo de ti, manifeste-se agora dando sua força a mim. Traga ventos de longes abrindo minha mente, assim como tu és brando e transparente”

O ar começou a se agitar em todo quarto. As janelas estavam fechadas e a vela perfumada que estava acessa sobre um dos criados mundos fora apagada. Isso deixou Antony mais confuso. O menino ainda sobre favor do Ar, se dirigiu em caminho de seu amigo que estava injuriado e pegou um dos travesseiros da cama e o rasgou. Ele espalhou alguma das plumas sobre a cama e colocando a mão sobre elas, fez surgir um redemoinho que fez com que as plumas girassem desarmonicamente. Tony observava apavorado.

Matth dispensou o elemento e sorriu pra Oliver avisando que agora era sua vez. Sem se preocupar com os xingamentos futuros de seu colega, o mesmo foi até o banheiro virando o Rum ralo abaixo e encheu metade da garrafa com água e voltou já se concentrando.

“Plena água. De todo bom grado eu venho a lhe servi. Que você lave meu espírito e purifique minha mente.” Ele foi interrompido pelo sarcasmo do amigo.

— Só se ela for ao tratamento de esgoto, do jeito que ela é poluída...

Matth caiu na gargalhada, mas logo se concentrou permitindo o amigo acabar de invocar o elemento.

“Plena água. De todo bom grado eu venho a lhe servi. Que você lave meu espírito e purifique minha mente. Que sua fluidez me dê clareza de minhas atitudes evitando qualquer distração.”

O menino fechou os olhos e franziu o cenho torcendo para que tenha dado certo.

Ele pegou a garrafa sobre seus pés e aproximou de seu amigo. Ele pediu para que ele segurasse a garrafa e com muito medo ele a segurou. Todos olhavam fixamente pra garrafa, em questões de segundo Oliver duplicou toda a água acabando de encher a garrafa. Antony vibrara e então o menino colocou suas mãos perto da garrafa e as levantou tão rápido que quando todos perceberam, toda a água do recipiente havia saído e formava um pequeno circulo. O nervosismo de Oliver havia passado. Agora ele fazia a água da qual ele tinha poder de bambolê e a rodava no punho. Matth estava encantado e Antony nem se comparava.

Oliver fez o pequeno bambolê virar uma pequena bola de água e a jogou em direção de Antony, mas antes que ele tivesse reação, uma bola de gelo caíra sobre seu colo.

— Vadia. — O menino realmente se assustou. — Agora me fala aonde vocês compram esse kit de mágica? Também quero o meu!

— Está achando que isso aqui é um truque? — Oliver o encarava indignado caminhando até o criado mundo para pegar a vela. — Tome. Segure isso e se concentre no pavio e depois diga algo invocando o fogo.

— É loucura.

— Não tema, faça isso.

Ainda tremulo, Antony se concentrava no pavio e começou a pensar no que iria dizer.

“Fogo que aquece; fogo que destrói. Transforme de ti o teu herói.”

A vela ascendeu, mas o espanto fez com que Antony a jogasse no chão. O desespero e a imaturidade com o dom fez com que a chama multiplicasse de tamanho ateando fogo por todo calor, sem entender nada ele pediu ajuda a Matth pra dispensar o Fogo e rapidamente Oliver invocou a Água e apagou aquele inicio de incêndio.

— Mais que porra é essa?

— A gente também ta tentando descobrir, ok?

— “KeepCalm” Tony, disse que só adiantaríamos o assunto. Amanhã, com calma a gente te explica direito tudo que sabemos.

Sem ter muito que fazer o menino concordou com um sorriso duvidoso e o silencio tomou conta do quarto.

Os meninos ficaram dentro daquele quarto por um bom tempo. Eles não faziam nada, muito menos falavam. A festa já estava a terminar. Oliver desceu primeiro pra procurar Alice. A qual havia sumido quase a festa inteira e ele pouco a vira. Oliver teve dificuldade pra achá-la e em seguida teve que ficar encarando ela trocando alguns amasso de despedida com Etan. O menino não perguntou nada, pois a garota já havia sussurrado um “depois te conto tudo” e pelo sorriso que venho em seguida ele havia entendido tudo.

Não demorou muito e os quatro amigos já estavam dentro de um taxi voltando para casa. O fim de noite estava frio, uma grande quantidade de chuva parecia estar chegando. Alice descansava no ombro de seu amigo, Antony mexia no celular e Matth estava na frente cantando o taxista. Todos iriam dormir na casa de Antony e pela manhã partiriam. Não faltava muito para chegar quando Oliver sentiu seu celular vibrar. Enquanto o tirava do bolso escutou o celular dos outros dois meninos tocarem. Eles se encararam e leram em voz alta “Que festa quente! Gostaram canalhas? — Unknown.” 


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