Imperfeitos escrita por Felipe Perdigão


Capítulo 4
II — Dúvidas




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O sol não havia nascido ainda, mas Oliver acabara de acordar e ainda estava meio sonâmbulo. Ele não havia se mexido, e estava abrindo os olhos pela primeira vez naquela manhã.

A claridade da manhã estava começando a possuir todo o quarto de Anthony. Oliver ficou irritado com a claridade em sua direção e abriu lentamente os olhos. Ele ainda estava com o pé entrelaçados aos de Anthony e seus corpos estavam vergonhosamente pertos de mais na opinião do Oliver. Ele assustadamente se recompôs e se jogou pro lado e sentou na cama. Anthony não tinha dado nenhum sinal que estava acordado em minutos, e então ele Oliver foi ao banheiro e colocou uma roupa mais confortável lavou o rosto com água gelada como fazia todas as manhãs e desceu pra cozinha cuidadosamente tomando cuidado pra não fazer barulho pra acordar Anthony. Ele já tinha bastante liberdade na casa de Anthony, pois ele mesmo e até os seus pais sempre o deu essa liberdade. Sabendo que Anthony não levantaria por agora e com seu estomago roncando, Oliver decidiu tomar café da manhã de uma vez. Assou torradas, fez café, colocou frutas na mesa e várias composta de geléia e deixou no fundue bastante queijo no fogo baixo para poderem comer com a torrada. Em poucos minutos tava tudo pronto. Ele estava com vergonha de comer, mas a fome era maior e então aos poucos ele dava uma beliscada aqui, outra ali até que uma hora já estava com uma fruta inteira na boca. Ele estava atento pra ver se escutava passos, assim poderia limpar sua boca e jogar o resto da pêra que ele estava devorando caso Anthony resolvesse descer a escada. Por questão de segundos, ele se distraiu e Anthony deu um pulo na porta da cozinha seguindo de um berro e uma acusação.

— Ah! Então teve a decência de me esperar, não é mesmo? — Ele franziu o cenho pra imitar a Oliver em seus momentos de drama.

— É que eu estava com muita fome e tudo estava com uma cara tão boa. — Oliver olhou pra mesa e sorriu e voltou o olhar pro Anthony que ainda bocejava. — Ah, cala a boca e come. — Ele franziu o cenho, como sempre, colocou um sorriso de indignação na face e começou a comer.

— Mas e aí, dormiu bem? — Disse o garoto ao meio de um bocejo seguido de um sorriso sincero.

— Bem. — Oliver morto de vergonha desviou o olhar de seu amigo e deu uma risada tímida e a disfarçou com uma tosse, fingindo estar engasgado e logo lembrou que tinha que dar uma resposta. — É, dormi bem.

Assim que acabaram de comer, Oliver olhou para pia, abriu um sorriso largo e disse com o nariz empinado que não iria lavar a louça.

— A pia é toda sua. — Ele riu ironicamente. — Não to a fim de ficar com a mão enrugada. — Ele se levantou, colocou o prato na pia junto à xícara que tinha usado e caminhou em direção a porta. O garoto que ainda estava sentado na mesa rapidamente levantou e fez questão de fazer uma feição de meiguice e logo abriu a boca.

— Sério que não vai me ajudar? — ele aumentou o bico.

— Seriíssimo. — Oliver o desdenhou o garoto e subiu para o quarto, deitou na cama, pegou seu iPod, conectou-se ao wireless e foi se atualizar do mundo e dar noticia de vida. Poucos minutos havia se passado, ele vestiu uma camiseta velha e surrada do Nirvana, colocou uma bermuda desbotadamente preta e desceu até a cozinha com os pés literalmente no chão. Chegando a cozinha, ele já ia se sentar, mas olhou pra pia e meio que ficou com vergonha de deixar seu amigo limpar tudo sozinho, então se levantou, arredou seu amigo com seu corpo, pegou um pano de prato e abriu a boca cheio de si.

— Com sou um ótimo amigo e uma ótima pessoa, resolvi ajudar aos necessitados e ajudar a secar a louça. — Ele riu.

— Se for pra fazer só isso, não precisa. — Anthony o desdenhou.

— Ah, melhor ainda. — O garoto franziu o cenho e jogou o plano de prato em uma beirada da mesa e começou a dar passos curtos em direção a saída dos fundos da cozinha em direção ao imenso terreiro da casa de seu amigo que possuía uma piscina imensa.

— Não, volte aqui! Vai ajudar bastante. — O amigo se fez de arrependido e como Oliver estava disposto a ajudar, voltou rapidamente.

Não demorou muito e a dupla da limpeza já havia acabado sua tarefa na cozinha, já estavam prontos pra aproveitar o resto do dia, ainda mais que ainda era bem cedo. Anthony sugeriu que fossem pra piscina. Oliver não concordou, ele era alucinado por piscinas, praias, cachoeiras e qualquer outro lugar que ele pudesse estar de baixo d’água, mas estava com preguiça de trocar de roupa novamente e depois ter que se secar e tudo mais então concordaram ficar na beira da piscina com seu amigo.

Oliver estava com seu Ray Ban Wayfarer preto e com os mesmo trajes de antes, sentado em uma cadeira de praia coberto por um guarda sol enorme. O garoto era muito pálido, apesar de possuir uma pele cor de jambo que todos elogiavam bastante. Ele odiava tomar sol, odiava sair de dia e sempre que saia estava com as mãos escondidas entre as mangas, com a cabeça baixa, isso quando não estava com moletom caminhando pela praia com os amigos.  Ele estava a observar seu melhor amigo a boiar com seu abdômen pré-definido de um iniciante jogador de vôlei enquanto tomava um suco de maracujá que ele havia feito pela manhã junto ao resto do banquete que havia preparado enquanto seu amigo estava ali,imóvel, sobrenadando de uma ponta a outra da piscina sem fazer nem um esforço e as vezes abria a boca pra contar alguma novidade a Oliver, mas ele já sabia de quase tudo, pois passava horas nos perfis de redes sociais do Anthony pesquisando, se possível, até a cor de sua cueca.

Oliver já estava insatisfeito de ficar ali na beira da piscina, sem se molhar e então, em questões de segundos ele tirou a camisa e pulou de ponta na piscina permanecendo submerso por vários segundos, que pra ele passaram rapidamente, mas para Anthony que não havia o visto pular, estava assustado e estava preocupado com seu amigo que estava no chão da piscina com os braços e pernas abertas sem se mover ou demonstrar preocupação de ir a superfície respirar, mas não demorou muito e ele pegou impulso com os braços e logo subiu e com a água que escorria pela sua cabeça, ele tirou o cabelo do olho o jogando pra trás procurando Anthony, que não estava mais no lugar em que permanecia antes dele pular dentro da piscina bruscamente. Ele já ia se virar quando o garoto que havia desaparecido pulou em suas costas prendendo suas pernas em sua cintura e seus braços apoiadas em seus ombros, Oliver se assustou e deu impulso pra frente, mas logo percebeu que era seu amigo, então correu pra parte funda da piscina e mergulhou, o menino que estava em suas costas foi junto, Oliver o prensou na parede da piscina e ambos estavam submersos a água até que o garoto começasse o chutar e apertá-lo até que ele o soltasse para assim poder subir e respirar.

— Sua mal comida! Estava tentando me matar? — Anthony disse retomando o fôlego

— Talvez. — O menino se esquivou da sapecação que seu amigo fez na água tentando acertá-lo com pequenos jatos causados por suas mãos agitadas.

Eles ficaram ali se divertindo por algumas horas. Os garotos apostaram corridas de uma bordada piscina a outra;brincaram freneticamente uma das centenas de bolas dentro da piscina; colocaram a conversa em dia e por fim cansaram de ficar ali no sol de barriga vazia. Já era quase meio dia e a barriga dos meninos estava roncando. Anthony foi até seu quarto e pegou duas toalhas e assim que os meninos se secaram, eles foram para o quarto trocar de roupa. Oliver pulou na cama de seu amigo assim que terminou de secar seu cabelo e sentiu algo vibrando, era seu celular e já havia várias ligações perdidas do Matth.  Ele ficou preocupado pelo que havia acontecido há dois dias e então retornou a ligação. No terceiro toque o garoto atendeu e como sempre, disse “Fala comigo!”, pelo tom da voz de Matth, Oliver percebeu que não era nada de grave ou pelo menos, parecia não ser. Mesmo assim, ele demonstrou preocupação.

— O que aconteceu? — Disse o menino aflito.

— Nada. — algumas risadas foram escutadas pelo outro lado da linha seguido por barulhos de sopros, que com toda certeza do mando Matth estava fumando.

— Então pra que diabos você me ligou esse tanto de vez? — Oliver havia se irritado por ter se preocupado a toa.

— Eu te liguei? Deve que liguei errado, tem muitas pessoas com nome de “piranha” na minha agenda. — Ele riu.

— Matth você é ridículo, tchau. — O garoto desligou telefone e o jogou em algum lugar da cama e logo desceu pra cozinha pra esperar o Anthony acabar de se secar. 

Inquieto com a demora de seu amigo, Oliver resolveu subir até o quarto e escutou barulho de chuveiro, assustado, pois seu amigo já estava se vestindo ele foi até a porta do banheiro e ela estava apenas encostada. Oliver estava ofegante, um calor subia por seu peito, suas mãos suavam e suas pernas formigavam. Sem perceber, ele dava um passo de cada vez se aproximando da porta lentamente, até que seus olhos não resistiram e olharam fixamente pela greta da porta. Anthony estava de costas e meio encurvado, o garoto curioso não s deu conta disso nos primeiros momentos, mas lembrou que seu amigo sempre resmungava por andar curvado e então se preocupou, ele podia estar passando mal, mas não havia nada que ele pudera fazer naquele momento, pois assim que ele batesse na porta ou só de chamá-lo, morreria de vergonha ao lembrar-se do que estava vendo. Ele afastou da porta e se sentou na cama, não demorou trinta segundos e lentamente ele se aproximou da porta e deu um berro que foi abafado pelo som do chuveiro.

— Anthony. — Ele pausou, olhou pra baixo e deu um sorriso tímido e logo colocou os olhos fixos no teto concentrado esperando uma resposta. — Está tudo bem ai dentro? — Ele se afastou um pouco da porta, mas seus ouvidos estavam realmente atentos.

— Meio que não. — A resposta foi breve e seguida por uma tosse seca.

— Há algo que eu possa fazer? — Ele mordeu o lábio esperando por uma resposta.

— Me ajude sair daqui?! Minhas pernas estão bambas. — O garoto procurava por uma toalha no Box com os olhos fechados.

Sem hesitar, Oliver abriu a porta do banheiro completamente e ficou desviando o olhar até seu amigo se secar. Ele estava realmente preocupado com sua paixonite, então, assim que ele se secou ele o apoiou em seu ombro e o ajudou a caminhar até a cama. Ele ficou ali sentado olhando pro chão por alguns instantes e assim o silencio tomou conta do quarto. Cansado daquele silencio e daquele clima relativamente tenso no quarto, Oliver pegou outra toalha que estava por perto e delicadamente começou a secar seu amigo. Ele começou a secar o cabelo de seu amigo com uma delicadeza imensa e assim Anthony começou a rir. Inquieto, mas com vergonha de perguntar do porque, ele deu aos ombros, franziu o cenho e continuou, mas seu amigo começou a rir mais ainda, então ele não se conteve e logo o questionou.

— Está lhe fazendo cócegas?  — Como sempre, ele franziu o cenho.

—Oi? Ah, não. — Ele riu.

—Então porque diabos você continua rindo enquanto eu tento te secar?!

—É que ninguém nunca se preocupou comigo desse jeito, digo, já se preocuparam, sabe? Mas eles foram embora.  — Ele foi interrompido.

— Mas não vou. — Oliver ficou pálido e sem graça e logo mudou de assunto. — Está melhor?

— É, até que estou sim. Só preciso dormir um pouco. — ele sorriu para seu amigo e se apoiou no seu lado favorito da cama e ligou a TV, puxou seu virol e se acomodou entre os travesseiros. Oliver estava com fome, apesar de também querer dormir, então ele foi até a cozinha e deu uma breve olhada no armário e na geladeira, ele estava com preguiça de cozinhar e então pegou o primeiro pote de iogurte que viu e o tomou, assim que acabou, correu rapidamente para o quarto de sua paixão secreta pra verificar se ele estava bem, o mesmo havia pegado no sono e então ele decidiu se deitar para ver televisão, colocou seu celular debaixo do travesseiro caso o qual tocasse e em poucos instantes ele estava morrendo de sono pela falta de entretenimento no canal de televisão.

Algumas horas já haviam se passado desde que Oliver havia caído no sono. Ele e seu amigo estavam dormindo como duas crianças exaustas, pois cansaço de nadar pela manhã mais o mal estar de Anthony estava a proporcionar uma ótima soneca vespertina. O celular, abaixo do travesseiro, estava a vibrar alguns minutos, mas Oliver não escutava, o único movimento que se tinha na cama além do vibrar do celular era o de Oliver e Anthony chegando um mais perto do outro.  Aquela tarde estava quase no fim, mas não parava de esfriar. Incomodado com seus pés gelados e uma dor de cabeça infernal, Oliver se levantou em alguns segundos. Checar o celular era a primeira coisa que ele fazia quando acordava, mas daquela vez, para o azar de Matth isso não ocorreu, ele foi até a varanda colocar ração para a cadela de sua amiga, foi ao banheiro, tomou um copo de leite e voltou ao quarto, mas ficou sentado um pouco na cama procurando outro canal na televisão e às vezes observava a sua paixão dormir. De tanto se imaginar ficar pensando em se envolver com Anthony, às vezes o pensamento dele se esquivava e pensava em sua namorada. “O que será de nós?”, “Como será o fim disso tudo?”, “No final vou ficar sem ninguém?”. Esse questionamento todo não passava de culpa mais o medo de ficar sozinho.

O celular estava vibrando novamente, não demorou muito para que o seu dono fosse o procurar, estava intacto embaixo do travesseiro. Oliver deu um pulo pra trás e acordou o garoto que estava suando frio enquanto estava dormindo e logo viu que tinha umas vinte e nove ligações perdidas e se ele não atendesse rápido acabaria perdendo mais uma.

—Alo? — ele franziu o cenho.

— SOCORRO!— A voz de Matth estava veloz e grossa, isso preocupou rapidamente Oliver, pois a voz de seu amigo nunca era assim.

— Que desespero todo é esse? Sua mãe está apanhando novamente do pai da Debby? — O padrasto de Matth infelizmente tinha esse mal habito de agredir fisicamente a sua esposa.

— Algo muito pior, não da pra falar por telefone. Tem como vim pra cá? — Ele suspirou esperando ouviu um sim, mas Oliver estiou, olhou para Anthony e viu que seu olhar estava fraco, ele ainda soava bastante e logo respondeu.

— Bem, Anthony está passando mal e não tem ninguém aqui. Não tem como você vier aqui? — Oliver bufou.

— Estou com medo! — Ouve um silencio por alguns instantes — Não tem como você me buscar na metade do caminho? — Ele suspirou.

— Esquina, já to descendo. — Como sempre, o garoto de cabelos bagunçados sempre perto do olho foi convincente.

Uma noite longa e tortuosa acabara de começar, Oliver e seus amigos jamais pensariam nas coisas que estavam à preste a mudar em suas vidas.  Um deles já havia provado do começo de tudo aquilo e não havia ido uma boa experiência. Um passado cheio de mentiras, segredos e confusões ainda perseguiam a mente de Oliver e seus amigos, mesmo não sendo a um tempo muito grande, eles tinham concordado em deixar tudo aquilo para trás.

Oliver havia chegado ao lugar em que disse a eu amigo que o encontraria a alguns estantes, de longe se via uma sombra negra desajeitada, magérrima e alta se aproximava em logos passos. Em poucos instantes os amigos já haviam se encontrado, a noite não parava de esfriar e o único barulho que havia na rua era dos passos curtos, mas apressados dos amigos para chegarem à casa de Anthony.

Inquieto com aquele silencia nem um pouco pacifico Oliver tentou tirar algumas palavras de Matth, mas ele estava tenso, seu olhar estava vidrado, a única coisa que ele sabia fazer é olhar para os lados e apertar cada vez mais os passos, assim, fazendo Oliver ficar com a respiração cada vez mais rápida.

Enfim os meninos atravessaram a rua nebulosa e chegaram a ultima casa da rua. Matth estava super ansioso pra colocar tudo aquilo que estava na ponta de sua língua para fora, mas o garoto que lhe acompanhava não parecia estar disposto a ouvir aquilo tudo, apenas a certificar que sua paixão secreta estava bem. Assim que fechou o portão da entrada ele saiu desesperado para o quarto de Anthony, ele continuava lá, deitado e com o olhar longe, mas agora ele tinha uma feição que estava escondendo algo. Oliver chegou na porta do quarto, olhou por alguns segundos e percebeu que Matth não havia subindo, então desceu rapidamente atrás dele.

— O que faz aqui em baixo?

— Certificando que tudo esteja trancado. Ajuda-me, preciso contar tudo para vocês.

Pronto, agora tudo estava fechado e os três amigos já estavam no quarto. Oliver fechou os olhos e sussurrou não, não desta vez. Um frio insano percorria o seu corpo, de nada adiantou, de nada restou, nada além de estar novamente em meio a grandes florestas negras e sombrias em mundo paralelo onde poucos ousariam se aventurar. Caminhará por lá sozinho, sem sequer um farol ou sinalizador qualquer. Em meio a neblina achará talvez um caminho, o caminho na qual um dia o conduzirá a outro universo, distante, bem distante daquela realidade que o cercava ali, um universo livre de monstros, melancolias, insatisfações. Ele estava prestes a entrar aos prantos, quando seu amigo pronunciou seu nome desesperadamente o fazendo voltar à realidade. Sem demonstrar nenhuma afeição estranha, Oliver logo respondeu.

— Ah, desculpe. Agora me diga o que tanto lhe aflige. — Ele franziu o cenho e encarou os outros garotos que estavam ali.

— Lembra que eu falei com você sobre aquele e-mail super estranho e tudo mais? — O menino afirmou com a cabeça. — Agora estão me perturbando por mensagens de texto! — O menino tirou do bolso o celular moderno, mas de tela quase toda arranhada do bolso, abriu na mensagem de texto e mostrou a seus amigos.

“Eu sei sobre você, veado. Sobre você e seus amigos. –Unknown” A mensagem vinha de um número restrito.

— Mas que porra é essa? — Anthony e Oliver disseram junto encarando o terceiro amigo.

Eles tentaram achar algum responsável pela aquela mensagem, ou algo que eles devessem temer. Pensaram em tantos erros do passado que não conseguiram pensar em nada que parecesse realmente grave para algum psicopata mandasse aquele tipo de mensagem. Alguns minutos já haviam se passado e cada vez mais Oliver e Anthony ficavam mais nervosos, ambos tinham coisas pra contar, mas tinham medo de seus amigos os julgarem por esconder algo assim por algum tempo. O primeiro a abrir a boca foi Anthony, ele já estava se sentindo bem melhor do mal estar, mas ainda estava tremulo, mas dessa vez era por causa do nervosismo.  Ele estava determinado a contar, só não sabia por onde começar.

— Cara, este tal de Unknown está me pressionando por algumas semanas! Não sei se é homem, se é mulher... Só tenho certeza que está bem perto de mim. Desculpe, mas até pensei que fosse um de vocês tentando me assustar para deixar o vôlei e o pessoal do time um pouco de lado e ficar um pouco ao lado de vocês, mas agora que tenho certeza que é vocês, estou apavorado. — Ele pausou o assunto, levantou da cama fazendo seus amigos ficarem se encarando até ele pegar algo dentro de sua mochila que estava em um dos cantos de seu enorme quarto verde e voltar ao assunto. — Olhe este bilhete, estava dentro do meu armário do ginásio. Ninguém além de mim e o treinador têm a senha.

Os garotos verificaram o papel e nele havia outra suposta ameaça muito estranha assinada por Unknown ameaçando contar sobre o problema no coração de Anthony, que por uma recomendação médica o proibia de praticar esportes profissionalmente. Agora eles tinham certeza que estavam em grande perigo, pois além de conseguir acessar o computador de Matth, conseguiu a senha pessoa do vestiário de Anthony. Eles já tinham algumas hipóteses para desvendar esse anonimato quando Oliver se lembrou que havia algo que ele queria contar.

Ele pegou seu celular que estava jogado em algum lugar da cama e procurou alguma mensagem de texto que parecia ser antigo, pois ele demorou algum tempo a achar. Ele leu e releu a mensagem tentando achar alguma pista até que resolveu a mostrar seus amigos a mensagem.

“Acho que você deve gostar dos chifres que tem, talvez goste de ser tratado assim, afinal, todo corno merece o chifre que tem. — Unknown.”

— Tommy, pode ser o Tommy! Afinal, ele tem ciúmes de você com o Anthony, não gosta de mim a anos. — Oliver silenciou Matth.

— Mas o que ele tem contra mim? — Oliver tentou entender esta hipótese.

— Talvez seja o seu amor que ele quer e não tem. — Anthony afirmou fazendo Oliver dar uma gargalhada.

— Creio que não, ele é ingênuo de mais pra isso! Talvez devêssemos parar de pensar nisso e começar a escrever um livro, seria um Best-Seller. — Ele não queria pensar naquela hipótese.

— Acho melhor eu ir embora, esta ficando tarde e voltar sozinho com Unknown nos vigiando não será uma boa idéia. — Matth levantou e antes de dar o primeiro passo Anthony lhe fez uma proposta.

— Dorme aqui, é Unknown não é o único problema da noite, apesar de você fazer parte destes problemas. — os três riram e Matth concordou em ficar.

Algumas horas haviam se passado e o sono já havia chegado para a maioria deles. A grande cama de casal de Anthony que ficava no meio no quarto estava no canto da parede. Oliver estava espremido entre seus dois amigos. Anthony estava no canto só com uma calça de moletom e Matth na beirada com sua camiseta velha e larga e sua samba canção.

Era três e quarenta da madrugada, o silêncio tomou conta do ambiente, o sono se vai e os pensamentos ficam. Oliver estava em uma constante luta em busca de algo que fizesse sentido, de algo que resolvesse, ele queria muito saber como iria ser daqui pra frente, queria muito esclarecer sem ter medo de perder sua namorada e seus amigos, ele apenas queria que tudo fosse mais fácil e que houvesse uma resposta para o que estava acontecendo.  “Tenho que dormir, ficar pensando nisto não me levará a lugar algum e não mandará Unknown para alguma espécie de submundo, afinal, creio eu que tudo isso não tenha nada de sobrenatural, é apenas conseqüência de nossas atitudes.

A manhã já se aproximava, uma manhã bem fria se aproximava. Era verão, mas uma chuva grossa e que já durava algumas horas tomou conta do amanhecer. Os amigos estavam dividindo a mesma cama e a mesma coberta, algo que nunca haviam feito antes. Oliver estava feliz em ver os três ali, juntos, tentando superar aqueles problemas nada fúteis um ao lado do outro.

O garoto que descansava na beirada da cama foi o primeiro a despertar. Ele estava desconfiado de ter algo lá embaixo ou alguém ter entrado na casa de seu amigo para vigiá-los. Ele saiu da cama, ligou o computador de seu amigo, trancou a porta do quarto e começou a fuçar coisas na internet. Já havia passado alguns minutos que ele havia acordado e seus amigos ainda estavam em um sono profundo. A cama não estava mais apertada, havia um grande espaço a direita da cama, mas Oliver não havia percebido e então continuou dormindo colado com Anthony. Ele parecia estar no meio de um ótimo sonho, pois ele possuía um extenso sorriso no rosto, mas logo ele foi despertado por seu celular tocando. Ele estava assustado e com muito sono, ele só sabia procurar o celular entre os lençóis e por sua sorte ele conseguiu achar antes de o telefone parar de tocar.  Era sua namorada, mesmo que ele não sentisse a mesma que sentia no começo da relação, ele ainda a amava muito, afinal, ela era o seu primeiro relacionamento heterossexual e ele havia crescido muito ao lado dela.

Depois de ficarem alguns minutos conversando no telefone dizendo nada ao mesmo tempo em que falavam milhões de coisas, os assuntos dos dois foram interrompidos por Matth, que sem intenção alguma o lhe chamou pedindo ajuda. O menino estava precisando de ajuda com uma edição de foto, nada que Oliver não estivesse acostumado a fazer. Ele se despediu chamando sua namorada de “Mozih” e desligou o celular e levantou indo em direção a sua mochila para pegar seu notebook. Enquanto ligava, ele foi ao banheiro e jogou água no rosto e escovou os dentes. Assim que ele olhou pro espelho pra ver se havia remelas, veio em sua mente milhões de pensamentos negativos. Ele estava se sentindo culpado por namorar uma pessoa que ele gostava, mas ao mesmo tempo ficar pensando o dia inteiro em outra pessoa. Sua alma apertou e gritou o lembrando que aquilo não era certo e talvez ele tivesse que deixar algum daquele sentimento ir embora, deixar se divertir com Anthony ou deixar de se sentir confortável com Natalia, mas ali não era o lugar pra refletir, pois seus amigos estavam do outro lado da parede e ele não queria parecer magoado. Entre tantas as coisas que ele aprendeu ao decorrer dos últimos anos a mais importante talvez seja deixar livre, sem marcar, sem cobrar, sem sufocar, pois a vida não espera para lhe dar uma facada, as vontades não esperam você ter condições de realizá-las, as pessoas não esperam vocês estar bem pra magoá-lo novamente lhe deixando ainda pior, elas simplesmente passam por cima de ti e se vão.

Ele abriu a porta do banheiro, respirou fundo e disse a si mesmo: “Não vou pensar nisso enquanto não estiver em casa”, colocou um extenso sorriso na cara e foi ajudar seu amigo. O terceiro garoto já havia acordado e eles colocaram assuntos em dia enquanto Oliver editava a foto de seu amigo, Matth falava sobre futuras festas e Anthony ouvia atenciosamente, como sempre. Assim que o pequeno designer acabou de editar a imagem tocou no assunto de comida, ele estava com fome e percebeu que se dependesse de seus amigos ele morreria assim. Os três foram pro andar de baixo e Matth e Anthony sentaram no balcão, aonde esperavam Oliver fazer ovos mexidos e esquentar o arroz que sua a mãe de seu amigo deixara na cozinha. Não demorou muito e os garotos já estavam de barriga cheia. À tarde daquele sábado já havia começado há algumas horas e os meninos estavam realmente se divertindo, não parecia que os mesmos tinham ido dormir relativamente tarde por causa de ameaças do desconhecido Unknown.

O trio passou o resto da tarde inteira jogando algum jogo alheatório de dança que Anthony tinha. Oliver estava ganhando e seus os amigos o acusavam de ensaiar em casa para ter vantagem, mas o qual nunca havia feito o mesmo, com exceção de estar bêbado e ficar interpretando músicas enquanto pulava de um sofá para o outro. Eles nem viram o dia passar por causa do jogo, já era quase 20horas e o celular de Oliver começou a tocar, seus os amigos o encararam pensando ser Unknown, mas era sua mãe ligando. Ela precisava dele em casa urgentemente, uma tia avó havia morrido e sua mãe precisava dele em casa para cuidar de sua amada irmã caçula, os dois se divertiam muito juntos, ela era a única pessoa naquela casa que não perdia seu tempo falando mal de seu cabelo desarrumado, de suas calças rasgadas a altura do joelho ou de seu gosto musical exótico. Sem hesitar, ele entendeu a situação de sua mãe e pediu desculpas com seu amigo, o qual entendeu a situação e não se importou de ficar sozinho o resto da noite e um pouco da manhã seguinte, afinal, seus pais chegariam um pouco antes do almoço.

Matth aproveitou a saída de Oliver e o acompanhou, o caminho que os dois fariam pra ir embora era praticamente o mesmo, então eles combinaram de ir juntos. Ele e Oliver subiram ao quarto do amigo para pegar suas coisas e assim que voltaram o celular dos três tocaram. Um berro bem agudo tomou conta do ambiente.

— É ele/a, é Unknown. — Os três abriram a mensagem que havia chegado, mas era apenas um convite para festa de alguma das meninas de sua turma.  Eles deram risadas por terem se assustado com aquilo e logo em seguida foram embora.

Oliver chegou a sua casa, tomou um banho, colocou um dos filmes infantis de sua irmã e deitou junto com ela para ver. Ele havia feito um balde enorme de pipoca e os dois estavam lambuzando a noite e bastante sal e manteiga. Às vezes sua irmã lhe fazia alguma pergunta sobre o filme e ele com toda atenção do mundo respondia a pequena menina de olhos cor de mel e cabelos finamente cacheados na ponta e um sorriso meigo que estava alegrando a noite do pequeno menino que sua família rotulava de esquisito e depressivo. Aquele dia tinha sido realmente divertido até que seu celular vibra repetidamente três vezes. Ele ignorou o celular por uns instantes, mas pensou em ser Matth e logo leu a mensagem.

“Termine o namoro ou terminarei com a Namorada — Unknown”. O celular foi jogado no sofá pelo desespero.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem e deixe reviews criticando, elogiando, falando o que deve melhorar, o que esperam que aconteça. Tentarei postar o próximo capítulo em menos de uma semana e mais uma vez, espero que gostem.