Cuore Immortale escrita por Cherryuki


Capítulo 6
Capítolo 5-2 - Compagno




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—O que está acontecendo aqui, Arme? – perguntou o albino olhando preocupado para a cena à sua frente

—Eu... Não pude fazer nada... – a maga tentava explicar, mas se encontrava sem palavras – Nunca senti algo assim, Lass... O que é isso? – ela olha para o amigo ao seu lado

—Eu sei o que está tentando dizer. – Lass baixa o olhar – Mas parece que apenas nós dois entendemos.

—Sim. – a roxinha se abraça – Precisamos tirá-los dali. Louise pode ficar pior, ela não está em seu melhor estado.

Sem que Arme dissesse mais nenhuma palavra, Lass se dirigiu até os dois sem se importar com a forte chuva que caía, com passos largos e decididos.

—Louise. – ele chamou a garota que se encontrava abraçada às costas do imortal.

A garota não respondeu ao chamado. Foi então que Lass percebeu o estado em que se encontravam: Sieghart caído no chão, sentado, olhando para o chão em um ponto fixo como se sua alma não lhe pertencesse; Louise abraçada a ele, chorando, perdida também em seu próprio mundo, ou melhor, perdida junto ao moreno; e ele, Lass, encharcado, tentando fazer algo por aqueles dois.

Essa situação começou a lhe irritar, ele não entendia o que estava acontecendo, mas podia entender. Aquela ligação, aquela união. Mesmo para ele que estava de fora, aqueles pingos de chuva já pareciam não existir mais, Lass se sentia o observador de um quadro. Um quadro belo, triste, desesperador. E toda essa situação e esse sentimento de compaixão alheia lhe irritavam. Ele já se sentia sufocado, era como se fosse sua obrigação ajudar esses dois seres a sua frente, tão frágeis e vulneráveis.

—Droga! – ele se abaixa e pega Sieghart, tirando-o dos braços de Louise e ajeitando-o nos ombros.

Louise desperta assim que o imortal lhe é arrancado de seus braços. Sem entender nada, ela olhava de forma interrogativa para o albino.

—Apenas me siga. Precisamos sair daqui. A menos que queira ser interrogada pelo estado dele e pela situação.

A garota simplesmente acena com a cabeça e começa a seguir Lass. Eles se dirigem até o quarto do imortal onde Arme os esperava com o chuveiro quente ligado e toalhas.

— Obrigada, Lass. – disse a maga ajudando-o com Sieghart – Não sabia o que fazer. Ainda bem que você apareceu...

—Não se preocupe com isso. Aquela situação também estava me incomodando. Se fosse qualquer outro membro da Caçada acredito que não sairia tudo tão bem. Além disso, você viu se havia mais alguém por lá? – ele olha fixamente para Arme.

—Não, eu nem tive essa reação, na verdade, quando olhei para o lado, você já estava lá. – ela solta um suspiro – O que vamos fazer?

—Nada. – responde ele prontamente

—Como assim nada?! – a garota se exalta – Precisamos fazer alguma coisa!

Lass continua olhando-a fixamente.

— Não há nada que possamos fazer. Tenho certeza que você também sentiu algo e por isso ficou sem reação. Arme, somos apenas personagens secundários. Nada que façamos terá algum efeito, a vida de Sieghart já não nos pertence, ele voltou para a época dele, ou melhor, a época dele voltou até ele.

—Sim... Eu entendo... – ela abaixa o olhar.

— Eles precisam resolver isso entre eles. Não cabe a nós fazer alguma coisa. Tudo o que podemos fazer é viver normalmente e esperar o desenrolar de tudo. Claro que ele também terá que lidar com todo o pessoal. – termina o albino olhando para o chão em uma expressão reflexiva com a cabeça apoiada sobre as mãos.

Louise sai do banheiro fumegante secando os cabelos e se aproxima dos dois membros da Grande Caçada.

—Muito obrigada. – ela solta um pequeno sorriso triste – Mesmo eu não ter dito nada, vocês estão nos ajudando...

—Isso não é nada. – Arme disse sorrindo e dando um tapinha nas costas da garota – É para isso que amigos servem, não é Lass?

—Sim.

—Ei, será que Sieg consegue tomar um banho sozinho? – pergunta a roxinha

Neste instante, Louise se abaixa para ficar na altura do imortal, que se encontrava sentado em uma cadeira de cabeça baixa e olhos sem vida. A garota sussurrou alguma coisa para o moreno que simplesmente assentiu, se levantou e se dirigiu ao banheiro ainda com o mesmo olhar.

—Ele não esta nada bem... – a maga solta um suspiro

— Ninguém está Arme... Ninguém... Na verdade, acredito que tudo o que todos nós queríamos é que isso tivesse acabado. – termina Louise falando quase como um sussurro.

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Era verdade que ninguém estava entendendo nada da situação que se encontrava a atual GC, mas depois de presenciar aquela cena, Lire se sentia estranha. Ninguém a havia notado, sua presença, mas apesar de ser um local mais “reservado” não esperava que estivesse tão agitado naquele momento.

A loirinha tentava se abrigar da chuva repentina quando viu Sieghart caído no chão, se preparava para ir ajudá-lo, entretanto, no mesmo instante uma garota surge correndo no meio da chuva e o abraça. Notou a presença de Arme e depois Lass, que foi tirar o imortal daquela chuva.

Acompanhou furtivamente os três enquanto se dirigiam até o quarto de Sieghart, mas parou a alguns passos antes de chegar á porta, a elfa encostou-se à parede com as mãos nas costas e ficou parada olhando para o nada durante alguns minutos até que ela se assusta ao notar a presença de Lass encarando-a.

—Por que ficou quieto aí?! – fala a arqueira exaltada

—Por que você estava aqui? Queria alguma coisa? Aqui é a ala masculina. Por acaso levou um toco do Ryan? – o albino solta um sorriso sínico

—Não levei toco de ninguém. – respondeu secamente

—Mesmo? Que bom pra você. – Lass começa a andar – Até mais.

—Espera. – Lire segurou o braço do garoto fazendo-o parar – Tenho algo que quero conversar com você.

—Finalmente resolveu abrir o jogo. – ele solta um suspiro - O que quer de mim?

—Me responda francamente Lass. –a loira o olha firmemente – Por que você está ajudando tanto eles?

—Eles quem?

—Louise e Sieghart. O que você sabe que o restante de nós não sabe? Pra quê tanto empenho? Ainda mais você...

— Um assassino. – ele interrompe a elfa – Por que fui um assassino controlado por Cazeaje, não tenho a opção de querer ajudar alguém, ou melhor, querer ajudar um companheiro? - ele a olha cheio de desdém – Não tenho nada para falar com você, se quiser, fale com sua amiga maga. – ele força o braço para se soltar das mãos da garota.

—Não quis dizer isso... Nada disso... – fala ela com a voz embargada

—Vá chorar para os de sua espécie.

O albino sai andando rapidamente do local deixando a garota olhando-o pelas costas cheia de remorso pela forma que fez a pergunta, mas sabia que Lass não a ouviria agora, fazendo-a caminhar pelos corredores do quartel sem rumo e pensativa, quando se viu, estava em frente a uma porta lilás,não esperava que seus pés a levassem até o quarto de Arme, hesitou ao bater na porta, mas logo o fez, sem que obtivesse resposta alguma. Resolveu então abrir a porta, adentrou o local percebendo que não havia sinal da amiga, fechou a porta atrás de si e se dirigiu até a cama onde se sentou a fim de esperar a amiga.

Esperou por um longo tempo, não sabia quanto havia se passado, mas com certeza foram mais de duas horas, até que a porta se abriu, revelando uma figura feminina.

—Lire?! O que está fazendo no meu quarto?! – perguntou a maga assustada com a presença da elfa.

—Me desculpe Arme, bati na porta e não tive resposta, queria conversar com você, então me dei ao luxo de sentar e esperar por você aqui. – respondeu a garota cabisbaixa.

—Tudo bem... Aconteceu alguma coisa? – se aproximava Arme da elfa com uma expressão de preocupação.

—Sim. Muitas coisas. Por favor, você me explicaria?

—Eu? – encarou a amiga surpresa – Olha se espalharam por ai que eu estava dando em cima do Ryan era mentira viu, apenas pedi ajuda dele para carregar o garoto para a enfermaria, eu juro!

Lire se pôs a rir da amiga.

—Nada disso Arme! – disse enquanto ria – Não tem nada a ver com Ryan.

—Então...?- a roxinha se sentou ao lado da amiga

—Louise e Sieghart. Eu os vi Arme, caídos no meio da chuva, aquele garoto na chuva não era o espadachim lendário, arrogante e egoísta que conhecemos. O que está acontecendo...? – Arme baixa o olhar – Por favor Arme...

—Se você viu os dois Lire, eu não preciso explicar nada. – ela olha para a loira determinada – Quanto você pensa que conhecemos aquele imortal? Lire, ele é imortal! Ele viu coisas, viveu coisas, lutou, se machucou, viu pessoas importantes para ele morrer diante de seus olhos... Não acha justo ele agir daquela forma? Eu mesma acredito que agiria da mesma maneira.

—Isso eu entendo Arme... Mas não explica a garota e muito menos o garoto que apareceu...

—Lire – a maga respira fundo e solta um suspiro pesado – Imagine você, depois de tudo o que viveu, de repente, quando você está “acostumada” a viver sem apego, sem amigos, ter de lidar com algo que pensou ter acabado? Repentinamente surgir duas pessoas que foram importantes na sua vida, aqueles que seriam de seu tempo normal de vida.

—Certo... Mas o que aconteceu?

—Nem eu sei, você viu o estado daqueles dois, acredito que possa entender.

—Então... Por que quer ajudá-los? Arme, aquela garota, a tal da Louise veio e simplesmente roubou o Sieghart de nós, você viu a coitada da Elesis? E a Mari então? E o que nós somos para aquele imortal?

—Por que ajudá-los? Lire, ele é nosso companheiro! – falou a maga indignada – Você supostamente quer o bem deles, não é?! E por favor, se vamos falar da Elesis, ela é só uma criança carente de atenção, apesar de ser a capitã, age como uma criança mimada quando está ao lado de Sieg, sem contar que não posso chamar aquilo de amor. Lire, ela é a sei lá, tataraneta dele. Agora você também quer falar da Mari? Ela não demonstra nada, agora vamos falar de amor? Desculpa, mas para mim, ela só se importa com ele por ser parte do seu objeto de estudo.

—Mas você não acha que tudo isso são formas de amor? O que eu, você e todos os outros sentimos não significa nada? – ela olha determinada para Arme

—Sim, são formas diferentes de amar Lire, mas você não acha que estão todos sendo egoístas? Ele nunca pertenceu a nós para início de conversa. Somos seus companheiros, amigos, mas não acha que deveríamos apoiá-lo? Pelos nossos sentimentos, não os dele. – a roxinha solta um suspiro.

—É... Somos todos tão... Egoístas. Você tem razão. Pelos nossos sentimentos. – Lire sorri para a amiga – Também quero o bem de meu companheiro de batalha.


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