Vozes escrita por Dorrit Division


Capítulo 8
Coming for you


Notas iniciais do capítulo

Galerinhaa, voltei! Ou melhor, aqueles que ainda leem, isto é, se ainda tem mesmo alguém lendo. De qualquer maneira, eu não me fui para sempre! E aqui vai um novo capítulo... Não sei se vocês repararam, mas eu alterei algumas coisas no último capítulo, pq a história deve ganhar um novo rumo, sabe como é, senão vai ficar naquele mesmo nhé nhé nhé de amor e tal. Divirtam-se!

Dorrit.



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26 de setembro, 2008.

North Cooperfield, Australia.

Já era sábado. Eu voltava da festa. O relógio marcava 3:17 da manhã. Não havia dúvidas que Elizabeth ou Andrew, meus pais, estariam acordados até que eu colocasse os pés em casa.

Estava andando por uma rua escura. Não fazia ideia de onde aquele ônibus havia me levado. Não parecia ser o Centro de Cooperfield, era calmo e vazio demais. Não consegui avistar nenhuma alma viva. O vento ficou mais forte e eu me encolhi de frio. A noite na Austrália era tão fria quanto o ar pela manhã de um dia no verão londrino.

- Ei, gatinha. - Uma voz rouca e ameaçadora murmurou.

Eu olho para trás e vejo um homem erguendo uma garrafa de tequila em minha direção. Bebida demais para menos de 12 horas. Reviro os olhos e continuo andando. Olho para trás novamente, procurando o homem, mas não há nada, apenas o vento levando folhas de papel.

Eu devia estar começando a ver coisas. Sempre foram vozes que me atormentaram. Nunca cheguei a me alucinar a tal ponto. Talvez era o efeito do contato com as bebidas e outras drogas daquela noite. Não conseguia compreender o que estava acontecendo comigo.

Precisava de mais uma dose de remédios. Era impossível ficar sem eles. Os medicamentos, apesar de instantaneamente trazerem uma sensação de alívio, pareciam apenas agravar os efeitos da minha condição psicológica, ao invés de curá-la.   

Enquanto eu andava pela calçada mal iluminada, percebi que aquela região era mais precária do que o resto da cidade. Comecei a estremecer, pois eu não sabia onde estava, e nem o que fazer. Eu estava com medo, mesmo que sabendo que eu morava em uma das cidades mais calmas do país, que foi colocado como um dos mais seguros do mundo.

Um barulho me intrigou. Parecia de alguém ou algo se arrastando. Olhei para trás novamente. Nada.

Uma risada estranha chega a meus ouvidos novamente. Algo se arrastava, parecia me perseguir. Cruzei a rua. O efeito do álcool provavelmente já havia passado. O que estava acontecendo? 

- Eu vou te pegar... - Vociferou uma voz ameaçadora, em meio à escuridão.

Comecei a correr. Aqueles ruídos estranhamente assutadores pareciam aumentar. Olho para o fim da rua. Sem saída. Na esquina à esquerda, há um bar, ainda aberto, com um neon laranja piscando:

Joe's Shack 

Sem pestanejar, entro, correndo no bar. Assim como a região, estava vazio, senão pelo bar-man e por alguns caminhoneiros e colegiais de plantão. Sento no balcão, notando que os ruídos cessaram. Peço um copo d'água.

- Você parece mal. Vou pedir um especial. - Diz o bar-man, com sua voz estranhamente afinada.

- Não, tudo menos álcool. - Digo, ofegando, com o rosto entre as mãos.

- Não tem álcool. Vai te ajudar, não se preocupe.

- Ok, obrigada.

Chega à mesa um copo cheio de um líquido grosso, vermelho escuro. Dou um gole. Estremeço. O gosto era horrível. Certamente, sem álcool.

- Bebe tudo. Eu sei, é péssimo.

Não era o bar-man com voz afinada, dessa vez. Era uma voz que eu conhecia de algum lugar. Era grave. Tirei a franja que caía sobre os meus olhos e olhei para frente. Do outro lado do balcão, lá estava o dono da voz.

- Dean?

Reparei que ele cortou o cabelo. 

- Por que você está aqui?

- Por que você está aqui?  - Rebati.

- Eu trabalho aqui.

Parei por um instante. Por que ele trabalharia naquele bar, caindo aos pedaços, naquela região mal movimentada e aparentemente perigosa?

- Eu peguei um ônibus errado e acabei aqui.

Há uma pequena pausa. Dean quebra o silêncio:

- Como foi a festa?

- Boa. - Disse, com a voz um pouco chorosa.

Ele desviou o olhar, enquanto secava um copo.

- Ei, tá tudo bem?

Não respondi.

- Onde é aqui, exatamente?

- Zona Norte.

- Você mora aqui?

- Só trabalho para guardar dinheiro para a faculdade. O salário é bom.

Dei outro gole no conteúdo espesso dentro do copo.

- Olha, desculpa por ser meio, idiota com você as vezes.

Inacreditável. Por que ele estava me pedindo desculpas? Eu deveria estar me desculpando.

- Não, não, nada disso. Eu sou uma imbecil na maioria das vezes mesmo. Eu peço desculpas.

Ele riu. Foi fofo e espontâneo.

Comecei a sentir uma pontada no estômago. Algo voltando.

- Acho que vou vomitar... - Caí no chão e a minha visão começou a embaçar.

 Ouvi um barulho de vidro se quebrando. Senti duas mãos firmes me segurando e me levando. Era um toque estranho, não parecia de um ser humano qualquer. Quando me deparei, estava vomitando na privada do banheiro do "Joe's Shack".


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