Truques Mortais escrita por Anna Evans


Capítulo 12
Capítulo 12 - Um começo de impacto


Notas iniciais do capítulo

Entãaao... Podem começar com a chuva de pedras em minha direção, confesso que mereço. Afinal, tem quase 3 MESES que não posto nada aqui. É eu sei... No final de tudo sempre acabo assim... Mas eu realmente quero escrever esta história... Então voltei. Espero que vocês permaneçam apesar dos imprevistos.



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Janeiro de 2012 – Refúgio Místico

19:15

— Que lugar é esse, meu Deus? — Juliet falou quase abraçando o chão no qual pisava ao descer do grande navio.

— Garota, o que você está fazendo? — Jennifer a puxou pelo braço — Vai me matar de vergonha!

— Ah, deixa de ser bobinha Jenny... Vergonha não mata. No final ela fica até divertida. — A garota riu olhando ao redor.

— Só se for pra você.

— Mas é sério. — Continuou Juliet ainda mais empolgada — Olha aonde chegamos! Refúgio Místico.

Juliet falou girando de braços abertos esbarrando em algumas das pessoas que desciam do navio carregando suas malas. Jennifer revirou os olhos sorrindo, Juliet sempre fazia de tudo um filme sobre liberdade e contos de fada.

Jennifer finalmente se permitiu soltar um suspiro de alívio. Sabe quando você é adolescente e começa a sonhar com as coisas futuras? Quando seus sonhos se enlaçam numa história alucinante e tão desejada? Ela passou por isso. Ela sabia melhor do que ninguém que a realidade gostava de nos trazer esses pensamentos e logo em seguida os despedaçar. Mas quer saber? Tinha algo nela que ainda não havia desistido, e isso a levou até lá. Até aquela misteriosa ilha no meio do Atlântico. Para começar uma nova história, seguir um novo rumo e, quem sabe, talvez chegar ao topo de seus sonhos.

As garotas olharam ao seu redor, todas aquelas luzes que pareciam incendiar na vasta e infinita escuridão do céu sobre a ilha. A maresia penetrava em seus narizes as deixando relaxadas. Que lugar lindo era aquele! Apesar das propagandas vistas na televisão, Refúgio Místico não aparentava ser nem um pouco um lugar de comércio industrial. Claro que por onde passavam viam variados tipos das mais altas tecnologias e trabalhadores diversos começando até a se sentirem um tanto avulsas.

Você que ouviu as palavras do parlamento, não se deixe acreditar que quando chegar em Refúgio Místico verá vastos edifícios, estes são raros na ilha. O lugar é puro entretenimento e beleza. Altas colinas esverdeadas, as casas tão detalhas e delicadas com seus telhados de barro escuro. Trilhas de terra entre caminhos floridos e pessoas descontraídas e até educadas.

As garotas pararam um bom tempo encarando o grande arco de mármore fincado logo após a praia em que estavam. letras de metais aparentemente pesadas e brilhantes diziam com clareza

Seja bem Vindo a Refúgio Místico

— Por favor, por favor! Formem duas filas deste lado — Uma voz irrompeu alto naquele alvoroço todo.

Jennifer deu um tapa de leve no ombro de Juliet que parou de surtar para dar atenção à voz que havia soado a pouco.

— Por favor! Os novos alunos da Universidade Local formem duas filas bem aqui!

As duas se espremeram entre a multidão com suas malas carregadas de coisas pesando em suas mãos. Ao chegar mais perto da voz puderam notar um homem alto e bronzeado aparentando ter uns trinta anos. Estava uniformizado com as cores da bandeira de Refúgio Místico: branco, azul marinho e preto.

Os cabelos do homem estavam arrumados por bastante gel e sua barba estava bem feita. Ele tentava manter a calma enquanto organizava os novos alunos da universidade enquanto muitos deles ainda se mantinham estonteados pela viagem.

Quando ele finalmente conseguiu organizar suas duas filas ele soltou um suspirou e ficou cinco passos a frente e no meio das duas fileiras de novos alunos.

— Me sigam. Perguntem o que quiserem, tirem duvidas. Não saiam da fila e quando eu estiver falando tentem ouvir. — Sua voz era alta para que todos pudessem escuta-lo.

— Ih, ele é até  bonitinho, mas esse jeitão marrento não ajuda em nada! — Juliet sussurrou enquanto seguia na fila ao lado de Jennifer.

— Meu nome é George Patrick. Os guiarei até a universidade por um caminho curto e prazeroso para que possam aproveitar dele.

Juliet e Jennifer seguraram o riso.

— Jennifer... Acho que ele quer afogar o ganso nos sete mares!

— Cala a boca, garota... Que expressão velha! — Jennifer riu a empurrando.

— Como todo o instrutor desta ilha, o meu dever é fazer com que vocês conheçam a nossa história e origem. — George prosseguiu — O nome Refúgio Místico se origina de uma fuga ao desconhecido. Pegue seus problemas e os enterre nesta ilha. Tudo começou quando um homem decidiu vir morar nestas terras em 1909. Seu nome era Manuel. Um padre vindo de terras brasileiras. O chamaram de louco, afinal, os poucos que ouviram falar desta ilha não ouviram coisas boas. Vejamos bem...

— Ai, isso está ficando entediante. — Jennifer murmurou enquanto acompanhava a fila.

— Os Portugueses foram os primeiros a pisarem aqui, no mesmo ano em que descobriram o Brasil em 1500, meses antes eles chegaram aqui. Logo fugindo em disparada com medo dos habitantes que encontraram. Canibais compulsivos que se escondiam nas florestas.

Uma garota da fileira de Juliet ergueu a mão para uma pergunta. George Patrick parou de falar e a encarou não muito animado com o seu ato, mas por educação... E obviamente, por obrigação, ele deixou que ela perguntasse.

— E, esses canibais... Eles ainda existem por aqui? Quer dizer, não corremos nenhum perigo deste tipo, não é mesmo?

George Patrick permaneceu calado por uns segundos, digerindo a pergunta.

— Não se preocupe com isso. Deixe-me terminar a história. — Ele seguiu andando apontando para a esquerda outrora para a direita mostrando grandes campos de trigo e outras diversas plantações pelas colinas mais próximas.

— Caminho mais curto, é? — Juliet reclamou — Meus pés estão cansados, assim como os meus ouvidos, que cara chato!

Jennifer a encarou concordando.

— Bom. — George prosseguiu com a história — Acontece que o tal de Manuel que veio morar aqui aos seus vinte e seis anos em 1909 antes de partir do Rio de Janeiro, ele visitou a imprensa jornalistica de lá afirmando como louco que o mundo estava correndo um grave perigo. Dizia ele que seres ocultos... Fantasmas, estavam retornando para tomar de volta o que era seu. Isso causou um grande alvoroço em todo o mundo imediatamente. Ele tentou, e tentou provar sua sanidade, mas sendo renegado desistiu e seguiu um caminho desconhecido até encontrar acidentalmente estas terras.

Todos ouviam George Patrick com sua devida atenção.

— As primeiras páginas dos jornais lotaram com a mesma notícia de que um louco havia ido para as terras proibidas. Ele passou seus setenta e um anos restantes vivendo sozinho aqui neste imenso lugar. Dando um fim a sua mente perturbada em 1980, em seus 97 anos, quando ele veio a falecer. Ele tinha apenas um amigo que vinha visita-lo vez ou outra. Ele pediu anonimato, mas fora ele que avisara para a imprensa sobre sua morte e criara então um novo debate sobre a ilha.

Juliet gesticulava com as mãos, brincando com o jeito que George Patrick falava.

— Bom, acontece que os políticos se interessaram, e, mesmo que a língua mais utilizada aqui seja o inglês, estas terras é propriedade dos brasileiros. — Continuou em voz alta — Agora, me interesso em contar sobre a universidade em que optaram. A universidade local é extremamente...

Jennifer olhou para Juliet que retribuiu o olhar. As duas aceitaram, iriam sair dali... Não gostavam de palestras e aquilo parecia uma só que ao ar livre.

Juliet foi andando cada vez mais devagar, deixando as pessoas de sua fila passarem na sua frente enquanto trilhavam o caminho para acompanhar George. Jennifer fez o mesmo. Quando estavam bem atrás, as duas simplesmente viraram as costas e seguiram na direção oposta.

— Caramba, que alívio — Disse Juliet — Que cara mais tedioso.

— Não discordo, mas... — Jennifer seguiu pelo asfalto. — Como vamos conseguir achar a universidade depois?

— Pedimos informação... Quem tem boca vai à Roma!

Jennifer revirou os olhos.

— Mas eaí? — Juliet se jogou aos pulos na frente de Jennifer brigando contra o peso de suas malas. — O que vamos fazer? Eu não sei o que fazer! Eu estou emocionada, esse lugar é o máximo, tudo bem que eu não vi quase nada ainda mas...

Ótimo pensou Jennifer. Juliet estava tagarelando novamente.

— Certo... E que tal se seguirmos naquela rua ali? — Jennifer apontou para uma rua bastante iluminada e agitada — Deve ter coisas legais por ali, tem tanta gente ao redor.

— Será que conseguimos algumas bebidas?

— Está mesmo afim de beber agora?

— A qual é Jennifer! Vamos comemorar... À nossa liberdade! — Juliet fingiu um falso brinde.

Jennifer revirou os olhos sorrindo.

— Ok, vamos lá. Mas nada de exageros hein?

— Nunca exagero minha querida!

Juliet seguiu na frente arrastando as malas.

— Uau! — Jennifer e Juliet deixaram escapar ao virarem na rua escolhida, ela era imensa e repleta de coisas interessantes.

— Aquilo ali é um dinossauro? — Juliet franziu a testa. — Droga nem comecei a beber e já estou vendo coisas.

— Pra sua informação... Bem, ao que tudo indica — Jennifer passou a frente — Aquele esqueleto de dinossauro ali marca o nosso destino... Olha lá.

Ao apontar com o queixo para um letreiro de madeira envernizada Juliet leu as seguintes palavras:

Bar da Meia-Noite

Juliet olhou para o relógio de pulso... Uma fina corrente de prata reluzente.

— Só acho que esse bar está fechado... São apenas dez pras oito! Quero dizer... Ele só abre meia-noite, não é?

Jennifer deu de ombros.

— Acho que sim... Está tão vazio daquele lado da rua... Chega até ser estranho.

— Ah... Não, não, não, não e não!

Jennifer piscou interessada em olhar para Juliet que ia afobada em direção ao bar...

— Mas garota você....

Jennifer andou mais depressa quando alguém surgiu do nada para falar com Juliet antes que ela pisasse na calçada.

— Se eu fosse você jovenzinha... Não entraria aí. — Disse um homem alto e magro cheio de cicatrizes nos braços e no rosto. Seus cabelos eram compridos e lisos, presos em um rabo de cavalo. Olhos castanhos dilatados e assustadores. Um rosto que só não era fino por causa de sua barba comprida.

— Como assim jovenzinha? — Juliet semicerrou os olhos indignada. — Vai me dizer que eu sou proibida de entrar em um bar qualquer? Olha aqui, eu já sou maior de idade e faço o que bem entender, entendeu?

Jennifer revirou os olhos e puxou Juliet uns dois passos para trás.

O homem encarou as duas muito sério... Olhou para a lua escondida sob as nuvens e falou absorto:

— O Meia-Noite não é um bar qualquer... Vocês são pessoas qualquer. Estão avisadas, não vou impedi-las de entrar novamente.

Em seguida o homem correu rápido como um ladrão após o assalto de um banco. Virou a esquina e sumiu de vista.

— Euhein... Aqui só tem gente maluca mesmo? — Juliet olhou para Jennifer.

— Ah, deixa isso pra lá... Vamos dar uma volta.

— Mas e o bar? Vai mesmo obedecer as ordens daquele mendigo drogado?

Jennifer olhou para o bar a sua frente... O esqueleto de dinossauro era imenso e muito real. Quanto ao bar... Ele era todo de madeira escura, mas o mais engraçado é que não havia nenhuma janela, nenhuma rachadura pela qual pudessem espiar o que se havia dentro. Nem mesmo vozes eram capazes de serem escutadas. Era estranho... Pareciam elas as pessoas a serem observadas de alguém ou até mesmo algo lá de dentro.

— Vamos logo Juliet! — Jennifer saiu andando na frente olhando o restante da rua.

Juliet deu uma última olhada para o Meia-Noite e bufou pegando as malas do chão e indo atrás de sua amiga.

Elas andaram por mais algumas ruas, entraram em lojas e lanchonetes... O estranho parecia ter acabado, as pessoas dali eram bem acomodativas e até sociais. Mas elas achavam estar com um grande problema... Era onze e meia da noite. Tinham que ir para a universidade agora mesmo.

Mas como chegar lá?

— Ai, minhas pernas estão me matando! Acho que foi um erro comer aquele hambúrguer de três carnes... Me sinto mais pesada que o normal.

Juliet andava cada vez mais devagar... Os cabelos cacheados presos em um coque improvisado.

Jennifer estava com sono... Andava distraída e pouco atenta pelo caminho, só queria mesmo era deitar em alguma cama e apagar.

— O que estamos fazendo afinal? — Jennifer se sentou em uma pedra próxima a estrada deserta pela qual caminhavam. — E todo aquele papo de quem tem boca vai a Roma?

Juliet suspirou cansada.

— Não tem ninguém além de nós duas nessa joça de rua! Vou pedir informação pra quem? Para a dona pedra na qual você está sentada?

Jennifer revirou os olhos estressada.

— Eu pensava que ilhas eram pequenas... Tipo, do tamanho de um Shopping Center.... Mas isso aqui é absurdamente grande... Não sei nem como chegar até o mar!

— E você é absurdamente estúpida... Agora estamos perdidas... Nem sei porque concordei em deixar o pessoal pra andar por aqui com você.

Juliet jogou as malas no meio da estrada e forçou a vista para encarar Jennifer no escuro.

— Agora a culpa é minha? Porque sabe, eu não me lembro de ter apontado um facão de açougueiro na sua direção para fazer você vir comigo.

— Certo, Juliet, Ok! — Jennifer apoiou o rosto com o braço olhando para o outro lado escuro da rua.

Juliet cruzou os braços irritada andando de um lado para o outro no asfalto escuro.

— Não sei como tem tantos garotos aos seus pés — Resmungou — Você é tão irritante que acho que até seus pais estavam certos em te deixar vir pra cá... para ficar bem longe deles.

Jennifer se levantou num impulso e foi até Juliet com o indicador mirando em seu rosto.

— Se eu fosse você ficaria calada! Você sabe muito bem porque estou aqui, não tenho culpa se você gosta de se lamentar porque é uma fracassada!

Juliet piscou abismada.

— Fracassada? — Ela riu — Não acredito que me chamou de fracassada!



Schools out forever!— Holly cantava animada no volante de um carro que pegara “emprestado” no estacionamento da universidade local. Os cabelos longos e dourados esvoaçavam com o vento feroz que entravam pelas janelas abertas. O som estava muito alto e a adrenalina da garota também.





Vamos deixar as coisas mais interessantes Pensou Holly desligando os faróis do carro. A estrada era escura e vazia, muito comprida, nada de mal poderia acontecer naquilo tudo... Ela torcia para que esquilinhos inofensivos não pulassem para a estrada na hora em que passasse.



120 km/h. Isso é muito pouco Holly pisou fundo no acelerador chegando a mais de 250 km/h. Uma corrida eletrizante!

— Talvez eu devesse aparecer no próximo filme de Velozes e Furiosos! Isso aqui é demais! — Ela falou sozinha batucando no volante enquanto ainda ouvia Alice Cooper no toca fitas do carro.

Com uma das mãos ela ligou o GPS tirando toda a sua atenção da estrada... Pelo que tudo indicava ainda faltava muito para aquela estrada chegar ao seu fim... Ainda poderia ir mais a …

— Mas o que é isso? — Holly se aproximou do volante olhando para dois vultos no meio da estrada. Acendeu os faróis do carro — Droga! — Eram duas pessoas. A loira pisou no freio do carro fazendo um barulho horroroso no asfalto.

— Acontece que você é uma garotinha muito mimada... Você está me ouvindo? — Juliet se virou para olhar Jennifer.

— Você não está ouvindo nada? Parece um...

Juliet se virou para o lugar de onde vinha o som.

— É, agora eu to ouvindo... Parece ser um carro... ótimo!

Jennifer olhou para Juliet que pegou suas malas do chão.

— Agora eu posso pegar uma carona e ir embora daqui... Você pode esperar a próxima, porque eu é que não quero ir no mesmo carro que você!

Jennifer fechou a cara.

Foi quando os faróis do carro se acenderam...

— Aqui! Ajude uma pobre pessoa de um monstro terrível! — Juliet acenou com as mãos para cima tentando parar o carro.

Jennifer arregalou os olhos em desespero.

— Juliet... Sai logo daí! Esse carro vai acabar te atropelando.

— Claro que não! Nem todo mundo é um monstro como você... Aceite os fatos. — Juliet havia dado as costas para o carro.

Jennifer se aproximou as pressas de Juliet e a puxou pelo braço... Ela agora podia enxergar a sua morte... Voando alguns longos quilômetros depois do impacto causado pelo carro.

Juliet se virou para o carro novamente.

— Ah droga... Não era assim que eu planejava... — Não dava mais tempo de correr... Juliet pois os braços na frente do rosto por impulso.


— Não se desespere Holly.... — A loira gritou tentando parar o carro.


Ao pisar no freio o carro seguiu derrapando com um barulho ensurdecedor pelo asfalto. No desespero as mãos giraram o volante para qualquer lado... O carro que havia pego emprestado agora dava giros descontrolados na pista fazendo com que as duas garotas se jogassem para a calçada desajeitadas.



— Viva, viva... Tudo bem! — Juliet se sentou na calçada eletrizada pelos fatos — Essa ainda não era a minha hora.



Enquanto Juliet ria nervosa... Jennifer concentrava o olhar no carro que com muito esforço ia parando aos poucos quase se chocando contra um poste de luz que agora piscava.


Um silêncio se fez novamente. As marcas deixadas pelo pneu do carro eram bem visíveis mesmo na escuridão... E o cheiro de fumaça estava ficando insuportável.

As meninas se levantaram ainda sem jeito. Haviam esquecido a briga e agora se preocupavam com o carro que quase as havia matado.


Holly respirava ofegante olhando para a frente ainda sentada no carro... O que havia sido aquilo tudo afinal? Olhou bem devagar para trás e avistou algumas coisas esparramadas no chão.



— Oh céus! Eu matei duas pessoas... Droga, droga, droga! — Ela batia no volante fazendo a buzina soar. — Certo, Holly... Se acalme... Você não fez por mal, quando a polícia lhe perguntar algo você apenas explica que... — Holly parou novamente para pensar em sua situação — Você explica que roubou um carro, ultrapassou o limite de velocidade enquanto não olhava para a estrada e matou duas pessoas! Ah não...


A loira encostou a testa no volante se lamentando.

Duas batidas no vidro do carro a despertaram de suas lamentações... Ela levantou a cabeça num impulso rápido e não ousou olhar para o lado para ver quem a chamava. Engoliu em seco e pensou sozinha... Ah, meu Deus... A polícia chegou rápido.

— Hey! Você! Está tudo bem aí? — Jennifer perguntou olhando para a pessoa petrificada no banco do motorista.

Holly olhou para sua direita e deu um grito tão grande que seria capaz de acordar a muitos se tivesse alguma casa por ali.

Jennifer e Juliet se assustaram .

— Não, por favor! Não me matem! Eu não quis matar vocês... Eu juro! Minha mão sempre me chamou de irresponsável, mas eu nunca...

Enquanto Holly tagarelava desesperada, Jennifer e Juliet se entreolharam e deram de ombros, aquela garota devia ser louca.

— Acho melhor você sair do carro agora... — Falou Jennifer abrindo a porta destravada do carro.

Holly arregalou os olhos claros e começou a tagarelar novamente.

— Não se aproxime! Eu já disse que não fiz por mal... Olha, me desculpe por ter tirado a vida de vocês, mas...

Jennifer a olhou séria e depois começou a rir...

— Do que você está falando? Tá, você quase matou a gente, e estamos bem irritadas por isso, mas não somos fantasmas... Como eu disse... Você quase nos matou.

Holly olhou para Jennifer e depois para Juliet...

— É... Vocês não se parecem muito com os fantasmas que vejo em filmes...

Holly saiu do carro e olhou para a estrada.

— Se aquelas ali não são vocês... quem são? — Holly apontou para os corpos que ela vira jogados no chão lá atrás.

Holly novamente pensou e se assustou.

— Ah droga... Vocês são assassinas? — Holly perguntou dando passos para trás.

Juliet olhou com os olhos estreitados para a garota loira a sua frente.

— Queridinha, você deve largar o mundo das drogas... Não está te fazendo nada bem! — Falou com os braços cruzados.

— Aquelas são só as nossas malas — Explicou Jennifer — Estávamos procurando um meio de chegar até a universidade... Chegamos hoje em Refúgio Místico.

Holly explodiu numa gargalhada.

— As suas malas... Claro! Dã... — Ela deu um tapinha na própria testa e fez pose ao se apoiar no carro. — Eu só estava brincando.

— Ah claro. — Juliet falou irônica.

— Mas espera... Eu ouvi universidade? — Holly se ajeitou. — Eu estava vindo de lá... Se quiserem posso dar uma carona.

— Só se for pra nos matar de uma vez... você dirige igual um animal. — Juliet falou.

— Ah quanto a isso... Não se preocupem, eu apenas quis aproveitar antes de começar a vida adulta... Sabe, a universidade é algo sério... Acho que não teremos mais tanto tempo para fazer as besteiras que fazíamos antes. — Holly deu de ombros entrando novamente no carro. — Vocês vem ou não?

Jennifer olhou Juliet que ainda estava irritada... Não falou nada, apenas entrou no carro ficando ao lado de Holly.

— Você não vem? — Holly esticou a cabeça para olhar Juliet... A menina encarou a rua e depois Jennifer. Bufou antes de entrar na parte de trás do carro.

— Vou pegar as malas de vocês — Disse Holly dando a volta. — A propósito... Me chamo Holly Turner... Vim de Nova York. Também sou nova aqui... Bem, cheguei tem uma semana.

— Jennifer Green... E aquela outra lá atrás se chama Juliet Sparks... Viemos da Califórnia.

— Legal — Comentou Holly.


Jennifer se pôs sorrindo sentada no pátio principal ao se lembrar do dia em que chegara... Desde aquele tempo Holly passara a se tornar uma grande amiga e, bem, ela e Juliet ainda tiveram muitas brigas como aquela depois. Mas ela sabia que sempre voltariam a se falar. Era impossível deixarem de ser amigas. Pelo menos era isso o que ela mais desejava perante sua situação atual. 



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