Capitulo III – Hora de Reunião

- Senhorita Lucy Heartfilia acaba de chegar meu rei. – O guarda anunciou da grande porta que ligava um dos corredores do castelo à grande sala de refeições.

Por mais simpática e doce que Lucy fosse, ela não se sentia muito confortável em uma situação desse tipo, rodeada de criados, em uma sala gigantesca e guardas. Seus encontros com guardas não eram os mais agradáveis possíveis. Mas se tratando do pedido de Igneel, o rei do grande reino das Terras Quentes, ela resolveu aceitar o convite e ficar para o banquete que ele fizera questão em oferecer. Mesmo assim, ela mantinha um nível mínimo de duvida a respeito de tudo isso.

- Obrigado novamente pelo convite Vossa Majestade. – Ela disse ao se sentar há duas cadeiras de distancia de Igneel.

- Imagino que não deve ser tão formal assim com outros reis, estou certo? – A pergunta feita por Igneel não tinha malicia nenhuma na voz, porem Lucy sentiu certo desconforto, pois claramente se referia a sua reputação de “justiceira”.

- Hahaha, você tem razão, na maioria das vezes estou ocupada de mais para lembrar os bons modos. – Ela da um riso curto e muda de assunto. – Mas e seu filho e o gato, ontem pareciam tão animados comigo, achei que eles estariam por aqui. – Lucy demonstra certo alivio ao pensar que os dois desistiram dela.

- Aqueles dois, bem, devem estar dormindo até agora, pois passaram metade do dia de ontem procurando por você e depois ficaram a outra metade pensando em perguntas que gostariam de te fazer.

- Entendi, os dois são muito animados não é mesmo. – Ela ri consigo mesma. – Imagino que os dois não saiam muito do reino.

- Por que chegou a essa conclusão.

- Nada muito significativo, mas quando entrem notei que o numero de guardas era maior do lado de dentro do portão e também pelo entusiasmo dos dois ao me encontrarem, mesmo eu sendo “famosa” – Ela faz aspas no ar na ultima palavra. – Eles me pareceram bem mais interessados no fato de eu não ser daqui, e dos lugares por onde andei.

Igneel ficou surpreso com a observação da garota, mesmo dispondo de tão poucas informações, isso só confirmava o nível de experiência dela.

- Incrível Senhorita Lucy. Esta certa no que disse. Não deixo Natsu sair do reino por nada, você mais do que qualquer um sabe o quanto o mundo pode ser perigoso, ainda mais ele sendo príncipe de um reino tão grande e visado.

- É claro que entendo, e como entendo. Já vi homens muito experientes sendo massacrados lá fora.

- Tenho certeza que sim, mas se me permite gostaria de lhe fazer algumas perguntas, afinal não é sempre que tenho uma Estrela em meu reino, não é mesmo.

- Não garanto a resposta de todas elas, mas farei o possível para agradá-lo. Afinal você e eu sabemos que não se deve revelar tudo o que se sabe, conhecimento é a maior fonte de poder.

- Hahahaha. Com certeza você não é uma garota comum, pois bem, aceito seus termos. Começarei do inicio, de que reino você é?

- Nenhum.

- Vou reformular. Em que reino nasceu?

- Não sei. – Lucy respondeu com um sorriso sincero.

- Então não conhece seus pais? – Igneel sentia-se ainda mais intrigado com a garota.

- Bem, creio que não. – Seu sorriso se mantinha.

- Como assim você crê que não?

- Tenho somente lembranças borradas de minha mãe, nada que torne possível eu conhecê-la.

- Entendo. – Igneel percebia cada vez mais que o fato de ninguém saber nada a respeito dessa garota era pelo simples fato de que ela não sabia nada dela mesma. – Como você adquiriu o poder de controlar as estrelas?

- Como consegui de fato não tenho certeza, mas acho que simplesmente isso nasceu comigo, bom é o que eu acho.

- Vejo que tudo em você é um mistério. Uma ultima pergunta. Já considerou em cessar suas lutas e se fixar em um lugar? Digo, por que lutar tanto?

- Essa é fácil de responder e sei que você também sabe o motivo. Luto pelas pessoas. Conheço sua historia Igneel, o homem que adquiriu o poder do fogo para proteger sua aldeia e com o tempo criou o reino das Terras Quentes. Mesmo agora com seu reino formado você continua a defender as pessoas a sua volta, é o mesmo pra mim, porem no meu caso eu não me limito a um único espaço de terra, pois sei que existem muitas pessoas em diversos lugares que precisam de poder para proteger aquilo que amam, porem não tem a sorte que você teve por exemplo.

- Muito interessante sua forma de pensar, e esta certa no que disse ao meu respeito. Por isso mesmo que devo lhe fazer um novo convite.

- E seria?

- Você não gostaria de se tornar parte da população das Terras Quentes? Como membro do esquadrão de defesa?

Lucy não demonstrou espanto ao ouvir a proposta, era até esperado que isso acontecesse afinal ela era uma força de batalha a ser considerada em uma guerra por exemplo. Em termos políticos duas coisas importavam, o tamanho de um reino, mesmo isso não sendo o mais importante demonstrava grandeza, e o poder que o reino detinha. Por mais que a maioria dos reinos quisesse Lucy morta, era fato que se algum deles a tivesse do seu lado o reino teria uma nova aparência perante os outros. E por esses motivos é que Lucy nunca aceitava um pedido desses.

- Senhor Igneel, imagino que tenha a melhor das intenções ao me fazer tal convite, porem não posso aceitar. Digamos que vai contra meus ideais.

Igneel já imaginava tal resposta, por isso estava conformado.

- Tudo bem, eu entendo seu lado, esqueça essa ultima parte de nossa conversa.

Os dois pararam de conversar, pois ouviram um barulho vindo dos corredores, e o som ia aumentado cada vez mais até que adentrou a grande porta.

- PAAAAAAAAAAIIIIIIIIIIII! POR QUE O SENHOR NÃO NOS ACORDOU? – e nisso entraram Natsu e Happy aos berros, tão transtornados que demoraram mais do que deveriam para enxergar Lucy.

- ONDE ELA... Ah você ta ai. – Natsu e Happy se sentaram um de cada lado de Lucy.

A partir daí a conversa passou a ficar cada vez com menos sentido, o rei até se retirou depois de um tempo. As perguntas feitas por Natsu eram absurdas, como: “De que lugar do céu você veio?”, “O lugar onde você mora é muito escuro?”, “Doeu quando você caiu lá de cima?”. Parecia que explicar pra ele que ela não era uma estrela de verdade era algo inútil, ele não ouvia e insistia nas perguntas. Happy fez perguntas mais normais, como a idade de Lucy, se ela tinha casa, e perguntou se ela tinha namorado, pergunta por sinal que ela respondeu veemente que não, mas serviu pra deixá-la vermelha. A tarde seguiu assim, sem pé e talvez alguém achasse a cabeça em algum lugar. Quando Lucy estava pra desistir e se retirar é que Natsu conseguiu achar a realidade.

- Como é o mundo lá fora? Tem muita gente que nem você? Qual foi a coisa mais estranha que você já viu?

- Calma garoto, uma coisa de cada vez. – Lucy respirou fundo e deu um suspiro. – O mundo lá fora é cheio de coisas, não tem como eu descrever isso pra você, nós passaríamos a noite aqui e eu não sairia do começo. – Os olhos do garoto e do gato brilhavam esperando as palavras de Lucy. – As pessoas é... Não tem pessoas que nem eu por ai, todo mundo é diferente, mas se você quer saber com relação ao meu poder eu só digo que tem muita gente poderosa por ai, tipo seu pai. – Natsu estava fascinado. – E a coisa mais estranha que eu já vi... Acho que foi esse seu gato. – Ela disse em tom de brincadeira.

- EU NÃO SOU ESTRANHO!

- Claro que é você é um gato azul que fala e voa, até pra mim isso não é comum. – Ela da uma boa gargalhada, deixando Happy ainda mais nervoso. – Mas eu estou brincando, teve um dia que vi algo mais estranho que você.

- O que? – Os dois perguntaram juntos.

- Bom, eu não vi de perto. Vocês já ouviram falar do Reino da Noite?

- Sim. – Respondeu Happy.

- Não. – Respondeu Natsu. – Que lugar é esse.

- Natsu você não presta atenção em nada do que eu falo pra você não? Como você é burro. Reino da Noite é um dos Sete Grandes reinos, tem esse nome porque dizem que nem a luz do sol chega naquele lugar.

- Ahhhhhhhhhhhhh.

- Continuando, teve um dia quando eu estava andando próxima àquelas terras eu vi no céu ao longe algo grande e completamente negro, parecia até um pássaro, mas tenho certeza de que não era.

- E o que era? – Eles quiseram saber.

- Não sei, por isso é tão estranho. – Dito isso os dois ficaram com uma cara de duvida, como se tivesses perdido uma parte da historia, mas à hora de Lucy ir já tinha chegado. – Se os dois me dão licença eu tenho que ir agora.

- Não pode ir, ainda temos muitas perguntas pra te fazer. Olha ainda ta sol lá fora. – E quando Natsu olhou pela janela viu no fim do horizonte o tom laranja do entardecer dando lugar ao azul da noite. – Ta bom, não esta tão sol assim, mas você não pode ir agora. O Happy disse que quer peixe.

- Eu não disse isso, mas pensando bem um peixe seria muito bom agora.

- E o que eu tenho haver com o fato do Happy querer peixe, to com cara de feira por acaso. Olha eu tenho que ir, quem sabe nos vemos novamente um dia.

- Então leve a gente com você. Eu e o Happy queremos ver mais desse mundo enorme que você falou.

- Aye!

- Escuta Natsu, eu já sei que você não pode sair do reino, sinto por você, mas mesmo que eu quisesse vocês não poderiam vir comigo, só iriam me atrapalhar tudo bem, desculpem. – Ela sorri na esperança de que eles entendam. – Agora vou agradecer ao seu pai e me despedir. Até qualquer dia.

E sem esperar qualquer tipo de resposta ela simplesmente se levanta e sai da sala como se não houvesse mais ninguém ali. No fundo ela tinha pena dos dois, pois podia imaginar o quão ruim devia ser passar todos os dias sem ter o que fazer o pra onde ir, sem ter o sentimento de liberdade cobiçado por tantos homens, mas também entendia os motivos de Igneel, via que os dois garotos eram infantis de mais para até mesmo sobreviverem lá fora e caso saíssem se tornariam alvos fáceis para inimigos de qualquer tipo. Por isso o mais certo a fazer era seguir seu caminho como fizera até agora.

Ainda dentro da sala, Natsu e Happy esperaram um momento enquanto pensavam a respeito de tudo o que ouviram de Lucy sobre o mundo que não conheciam e unido a curiosidade natural de cada um chegaram a uma conclusão.

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- Acabei ficando mais do que deveria Mira.

- Foi bom você ter ficado Erza, assim conseguimos visualizar melhor as coisas. Parece que o jogo dele já esta começando, em vista do poder que seu reino e ele próprio possuem acho que seria no mínimo prudente convocar aqueles que possuem a categoria de Mestres Feiticeiros de cada um dos Seis Reinos. O que você acha?

- Precisamos ter certeza das opiniões da cada Mestre com relação ao rumo que tudo vai tomar. O surgimento dos reinos pode ter sido pela mão dos homens, mas só chegou ao ponto que é hoje com o nosso consentimento. Se for o caso do termino da era dos reinos será preciso que os sete Mestres estejam de acordo. Então pode convocar os cinco Mestres restantes Mira.

- Onde faremos a reunião?

- Mesmo que algum deles proteste acho que o melhor lugar é o Céu Escarlate, já que lá não é um reino dos homens.

- Tudo bem. Farei o possível para informá-los o mais rápido possível. Acho que amanha todos estarão lá.

- Deixarei tudo devidamente preparado. Obrigada pela ajuda Mira, agora tenho que ir mesmo. Até breve.

- Até logo Erza.