Epílogo

– Bella, você me prometeu! – Edward disse seriamente.

Revirei os olhos.

– Me poupe! – falei, me afastando e indo para a cozinha. – Isso foi há mais de um ano, Edward! Esqueça!

– Mas só agora eu consegui achar, e é melhor que o seu uniforme antigo! – ele disse vindo atrás de mim com aquele pedaço de pano em mãos. – Isabella, eu pensei que você fosse uma mulher de palavra...

Parei onde estava em frente à geladeira aberta. O olhei desafiadoramente, e pude vê-lo prender um sorriso. Idiota.

– Esqueça. – falei, dando aquilo por encerrado.

Edward suspirou, voltando para o quarto. Bebi um copo de suco e rapidamente fui tomar um banho. Já estava quase na hora de eu ir para a universidade. Eu cursava Jornalismo, e Edward estava cursando Administração de manhã e “trabalhando” meio-período na empresa de sua família, onde futuramente ele iria assumir a presidência. Rapidamente me banhei, arrumei os cabelos e vesti uma roupa. Peguei minha bolsa e, ao passar pela sala, vi Edward largado no sofá.

– Não vai trabalhar hoje? – perguntei.

Ele me olhou pelo canto dos olhos, emburrado.

Céus, ele era uma criança grande.

– Não. James teve que fazer uma viagem a negócios de última hora e deixou Aro tomando conta das coisas por lá, então não preciso ir hoje. – respondeu seco.

Suspirei e deixei a bolsa sobre a poltrona, me aproximando do sofá em que ele estava. Vi seus olhos percorrerem meu corpo e logo desviarem para a TV novamente, onde passava um jogo de baseball.

– Vai continuar com essa cara até quando? – perguntei, me colocando em frente à TV atrapalhando sua visão.

Edward revirou os olhos.

– Até quando eu quiser. – respondeu.

Arqueei as sobrancelhas.

– Ah, é assim agora? – perguntei, e ele assentiu. – Deixe de ser infantil, Edward. Por que quer tanto que eu use aquilo?

– Porque você prometeu!

– Há muito tempo! – completei. – Céus, como você ainda lembrava? E ficou todo esse tempo caçando um lugar onde vendesse aquilo?

– Foi a promessa que nos uniu, Bella. – falou dramático. Revirei os olhos. – Se não fosse por ela não estaríamos aqui, juntos e...

– Ai Edward, eu vou estudar. Até mais tarde. – falei, deixando-o falando sozinho e pegando a minha bolsa.

O ouvi bufar e ignorei, saindo do apartamento.

(...)

– Bella, a Alice disse que virá para Nova York nessa Sexta à noite, e que é para desmarcarmos qualquer compromisso que tivermos, porque teremos que nos dedicar a ela durante todo o fim de semana. Como sempre. – Rose disse.

Ri e revirei os olhos. Alice sempre seria Alice. Eu sentia falta dela. Rose foi aceita em três universidades, mas optou por Columbia, assim como eu. Ela morava com uma tia, em um apartamento próximo à universidade, e cursava Literatura. Alice foi para Yale, cursava Moda o que era a cara dela, mas nem por isso nos separamos. Ao menos, não completamente. Sempre que dava, Alice vinha para NY nos ver, e quando isso acontecia nos tínhamos que realmente nos dedicar somente a ela. Ela estava namorando Jasper, o que me deixou bem surpresa na época em que me contou isso. Não critiquei, apenas perguntei se ela estava feliz. Ela disse que sim. E, nas vezes em que Jasper conseguiu uma folga das viagens de sua banda e veio com ela para NY, observei que ele havia mudado para melhor. Até me pediu desculpas por aquele “encontro” desastroso de quando nos conhecemos, o que me fez engasgar com a bebida que tomava na hora, mas no fim deu tudo certo. Rose estava em um “relacionamento enrolado” com Emmett, outro membro da banda de Jasper. Sempre que Jasper vinha para NY com Alice, Emmett vinha também, mas ele e Rose nunca engatavam em um relacionamento sério. Mas Rose parecia estar bem com o modo como os dois estavam, então não nos metemos.

– Sorte a dela que eu não tenho nenhum trabalho para esse fim de semana! – falei rindo. – Ela virá com Jasper?

– Ao que tudo indica, sim. – falou dando de ombros. – Aqueles dois parecem escorrer mais mel a cada vez que vem aqui.

– Ficaremos diabéticas perto deles. – falei estremecendo.

Rose assentiu, rindo.

– Ah, Alice disse que Nicholas ligou para ela! – Rose disse, animada. – Parece que ele virá também, depois de ela ter insistido, e trará a namorada!

Parei no meio do campus, arregalando os olhos, e fazendo Rose rir.

– N-Namorada?! – gaguejei. – O Nicholas está namorando?!

– Sim!

– Uma garota?!

Rose revirou os olhos ainda rindo.

– É claro, né! – falou.

Ok, eu estou surpresa com essa.

Nossas aulas já haviam terminado e estava quase escurecendo. Resolvemos passar em uma Starbucks e compramos um cappuccino cada uma. Resolvi comprar alguns brownies para Edward, eu sabia o quanto ele amava aquilo.

Eu me despedi de Rose e peguei um táxi. Minutos depois o carro parou em frente ao prédio e eu paguei o taxista. Cumprimentei o porteiro, que vivia com uma expressão sonolenta no rosto, e praticamente me arrastei para o elevador. Eu não costumava ser preguiçosa, mas tinha dias que era inevitável. Fora que só de ter que lidar com Edward todos os dias já dava uma canseira danada.

Era como cuidar de uma criança. Só que uma criança já desenvolvida e meio bipolar. Sorri, lembrando da carinha emburrada dele...

Eu amava aquele idiota. Ele ainda continuava o mesmo de sempre, nunca mudaria. Mas eu me acostumei com ele assim, então...

Saí do elevador e peguei a chave da porta na bolsa. Assim que entrei no apartamento, vi tudo escuro. Tranquei a porta e acendi as luzes da sala, procurando Edward com os olhos. Será que ele havia saído?

Deixei a bolsa sobre o sofá e tirei aqueles saltos do demo dos pés. Fui até a cozinha.

Nada de Edward.

Procurei no banheiro.

Nada.

Olhei no escritório dele, que ele havia montado há pouco tempo, e nada também. Fui até o nosso quarto e acendi as luzes. Vi algo estendido sobre a cama e caminhei até lá, curiosa.

Arregalei levemente os olhos ao ver que era a roupa de maid que ele havia comprado, e insistiu para que eu usasse. Só então parei para prestar atenção nela. A peguei e olhei melhor, e prendi o riso. Ele queria mesmo que eu vestisse aquilo? Olhei para a cama e vi que havia um par de saltos pretos também. Suspirei.

Aquele vestido era bem diferente do que eu costumava usar quando trabalhava no Café.

Revirei os olhos e deixei o vestido sobre a cama novamente. Tomei um banho de 10 minutos, e nada de Edward aparecer. Saí do banheiro enrolada na toalha e, no meio do caminho até o closet, meu olhar caiu sobre o vestido sobre a cama.

Mordi o lábio inferior, tentada a vesti-lo. Fazia tanto tempo... Tinha vezes que eu até sentia falta de colocar meu uniforme de maid. Era algo estranho, mas parecia fazer parte de mim, depois de tanto tempo usando. Rapidamente peguei o vestido e o vesti, colocando também a meia 3x4 e o salto. Fui até o closet e me olhei no grande espelho que havia na parede.

Arregalei os olhos.

– Mas isso não é um uniforme, é uma daquelas fantasias eróticas... – murmurei para mim mesma, tentando puxar um pouco o pedaço de pano para baixo, para ver se tapava um pouco das minhas coxas.

De repente, senti um par de mãos em minha cintura. Pulei de susto. Estava distraída tentando tapar minhas pernas quando Edward apareceu, sorrindo abertamente para mim.

– Não resistiu, né? Eu sabia que não resistiria! – falou, rindo em seguida.

Revirei os olhos.

– É, mas já estou tirando. Aliás, te enganaram! – falei voltando para o quarto.

Ele me seguiu, me olhando confuso.

– Me enganaram? Como assim?

– Isso não é um uniforme, é uma daquelas fantasias eróticas. – falei revirando os olhos.

Eu já me preparava para retirar as meias quando Edward segurou minhas mãos. Olhei para ele, arqueando uma sobrancelha, e ele sorriu torto.

– Eu sei que é uma daquelas fantasias eróticas, mas foi a única coisa que eu achei semelhante ao que você usava. Então deixa essas meias aí e me serve.

Ri alto.

– Te servir?! – perguntei.

Edward continuou sorrindo.

– Isso mesmo. Anda logo, senhorita Swan. Quero comer algo, de preferência doce, por favor. – falou, cruzando os braços.

O olhei atônita.

– Edward, me poupe.

– Me poupe você. Quer ser demitida? – perguntou, sorrindo abertamente enquanto me pegava pelos ombros e me conduzia para fora do quarto. – Faça um chá também, preciso relaxar. Estarei na sala.

Edward me conduziu até a cozinha e me deixou lá. Fiz menção de voltar para o quarto, mas ele me segurou e me botou na cozinha novamente. Bufei, enquanto o ouvia rir da sala.

Isso era ridículo. Mas eu sabia que ele iria perturbar até esse joguinho acontecer, então que seja. Quanto mais rápido eu preparar o que ele quer, mais rápido eu posso me enfiar em meu moletom novamente.

Rapidamente preparei um chá para ele, e peguei os brownies que havia comprado. Botei tudo em uma bandeja e a levei até a sala. Eu passei a tarde inteira de salto alto na universidade, e usar um par ainda maior do que eu estava acostumada dentro de casa era horrível.

Assim que cheguei na sala, Edward desviou o olhar da TV e me olhou de cima a baixo. Senti meu rosto esquentar, e ele sorriu levemente.

Superman – Joe Brooks

POV Edward

Desviei o olhar da TV e vi Bella parada na entrada da sala, segurando uma bandeja. Seu rosto atingiu altos tons de vermelho, me fazendo sorrir. Peguei o controle da TV e a desliguei, enquanto Bella vinha até mim. Peguei a bandeja de suas mãos, a colocando em meu colo, e apalpei o espaço no sofá ao meu lado para que ela sentasse, o que ela fez rapidamente.

– Quer mais alguma coisa, Mestre? – perguntou cheia de ironia.

Sorri e neguei com a cabeça, pegando a xícara de chá e bebendo. Bella fez menção de levantar e eu a impedi, segurando seu pulso. Ela me olhou e eu peguei um dos brownies que havia na bandeja, levando-o até seus lábios.

– Não quero. – falou, virando o rosto.

– Quer sim. – virei seu rosto para mim, e quando ela abriu a boca para protestar novamente, eu coloquei o doce em sua boca.

Bella me olhou irritada, me fazendo rir, e comeu o doce. Logo eu empurrei outro para ela, que revirou os olhos e o pegou da minha mão, comendo-o. Ficamos em silêncio, enquanto lanchávamos. Bella olhava para a parede no outro lado da sala, claramente querendo me ignorar.

Até olhando para o nada, com carinha de brava, ela ficava linda.

– Eu sabia que essa roupa iria ficar perfeita em você. – falei para provocá-la.

Funcionou.

– Edward, vê se me erra. – falou revirando os olhos.

– Como, se o alvo do meu amor é você?

Bella me olhou como se eu fosse um idiota por ter dito aquilo, e riu. Observei o jeito como o seu cabelo caía levemente em seus ombros quando ela riu. Levantei minha mão e os toquei, e ela pareceu não perceber.

– Eu já posso tirar essa roupa ridícula? – perguntou.

Ela virou seu rosto para mim, esperando eu responder, e eu acariciei suas bochechas coradas. Eu a senti estremecer sobre o meu toque e sorri torto. Retirei a bandeja do meu colo com apenas a mão livre e me aproximei, quase tocando seus lábios com os meus.

– Você é a empregada mais linda desse mundo, sabia? – falei.

Bella sorriu levemente.

– Edward, eu estou vestindo uma fantasia erótica. Cala a boca. – falou, me fazendo rir.

– Mesmo que fosse um vestido até os pés, continuaria sendo a mais linda. – afirmei. – E eu sou um sortudo.

– Não, eu que sou. – sussurrou.

– Não, sou eu que sou. – falei. Eu sabia o quanto aquilo a irritava.

– Ah Edward, cala a boca! – falou risonha.

Afastei uma mecha de sua franja de seu rosto, colocando-a atrás de sua orelha. Bella sorriu docemente com o gesto, aproximando levemente o seu rosto da minha mão, como um gatinho pedindo por carinho.

Toquei seus lábios com os meus, e como sempre parecia como se fogo e pólvora de juntassem. Bella envolveu meu pescoço com seus braços macios e eu rodeei sua cintura com os meus. Coloquei suas pernas sobre as minhas, de modo que ela estava quase em meu colo. Aprofundei o beijo, sentindo o arrepio percorrer a minha espinha.

Bella suspirou entre o beijo, completamente entregue. Logo o ar faltou, e nos separamos. Encostei minha testa na sua, enquanto respirávamos um pouco ofegantes.

– Cumpri minha promessa. – murmurou. – Nunca mais diga que não sou uma mulher de palavra.

Sorri, assentindo.

– Sim, você cumpriu. – falei. – Me lembre de guardar essa roupa, ok?

– Não mesmo. – ela riu.

– Por que não? É a sua cara.

– Edward, eu não sou mais uma maid. Já me demiti faz tempo, lembra? Não vou ficar te fazendo lanchinho. – falou risonha.

– Você sempre vai ser a minha maid. – afirmei. – Querendo ou não. Fazendo lanchinho ou não. Foi desse modo que eu te conheci.

– Você me conheceu na escola. – falou confusa.

– Não, eu conheci a Isabella, a Presidente Durona na escola. A Bella de verdade estava vestida de maid, servindo bolinhos e me chamando de Mestre.

Bella riu, balançando a cabeça. Beijei seus lábios rapidamente, e ela sorriu, me olhando.

– Você pediu para que eu fosse sua maid naquele dia. Foi o pedido mais estranho que eu ouvi em toda a minha vida. – falou baixinho. – Mas não parece tão ruim agora.

– E não é. – falei, aproximando meus lábios dos seus novamente. Ela ergueu o rosto, esperando pelo beijo. Dei apenas um selinho e tirei suas pernas de cima da minha, e ela me olhou confusa. – Agora vai pegar mais bolinhos porque o trabalho ainda não acabou.

Bella bufou.

– Edward, pare de palhaçada! – falou.

– Não estou. – sorri. – Você demorou mais de um ano para realizar o meu pedido, agora vai para a cozinha pegar os meus doces!

Bella revirou os olhos, ficando de pé e pisando duro até a cozinha. Ri alto, e a ouvi bufar novamente. Encostei melhor no sofá, olhando para a porta aberta da varanda do apartamento. A vista dava para os inúmeros prédios de NY. O céu escuro e a lua cheia aparecendo entre um prédio e outro.

Sorri, enquanto ouvia Bella cantarolar uma música qualquer enquanto mexia em algo nos armários. Eu amava essa garota, e ter ela aqui comigo era sempre a coisa mais divertida, bizarra, estressante e linda.

Sorri quando as lembranças invadiram minha mente.

"Bella engoliu em seco. Eu sorri torto, olhando-a fixamente nos olhos.

– Ah... O que você quer? – ela perguntou confusa.

Eu suspirei ainda olhando-a fixamente e sorrindo torto.

E sua carinha foi impagável quando eu disse o que queria dizer desde a primeira vez em que a vi com aquele vestido preto.

– Você seria minha Maid pessoal por um dia?"

Acordei dos meus devaneios quando ouvi Bella me chamando.

– Edward, venha aqui me ajudar, se não você comerá bolinhos carbonizados! – falou.

Sorri, ficando de pé e esticando meus braços. Por mim, seria sempre daquele jeito. Entrar na cozinha e vê-la ali, toda minha. Vestida de maid ou vestida com meu casaco que era maior do que ela...

Definitivamente, valeu a pena ter feito aquele pedido.