Quinn e Santana

– O que você disse a ela?

– Que você estava precisando muito da minha ajuda com a Britt, e que eu não podia negar.

– Esperta Fabray, mas você me meteu nessa e Britt Britt também, eu devia te dar um soco.

– Então vamos sair na pancada aqui na rua, já que eu também estou te devendo uns tapas por você ter feito aquilo no telefone.

As duas andavam lado a lado, indo em direção ao apartamento da loira.

– Admita que foi divertido. Eu imaginei a sua cara de pavor e a de frustrada da Berry.

– Só se foi divertido pra você.

– Ah foi sim. Muito divertido.

– Cala a boca Satan.

– Ta vendo? Essa era pra ter sido a sua reação no telefone.

– Vou me lembrar disso da próxima vez.

Quinn murmura de mau humor, mas com um sorriso travesso no rosto. Ela tinha saído a pouco tempo da casa de Rachel e ainda podia sentir suas mãos na umidade da morena. E depois o sabor dela.

– Ela deve ter ficado frustrada.

– Sim ela ficou, e eu também. Cara eu não aguento mais toda essa provocação. Eu quero aquela mulher para mim.

– É Quinn, eu sinto muito, mas não sei mais como te ajudar. E você já se olhou no espelho hoje?

– Não que eu me lembre. Por quê?

– Porque a sua cara de "to na seca" está em modo "on".

– Você não presta latina.

– Por nada Fabray. Seu castigo é sofrer mais um pouco.

A latina começa a rir alto no meio da rua, e a loira fica cada vez mais envergonhada com as atitudes de criança da amiga.

– Acho que essa é minha sina. Sofrer nas mãos da Berry e ter uma amiga que ri da minha cara por ta sofrendo de amor.

As duas gargalharam. Elas estavam entrando no apartamento da loira.

– E como foi a conversa com seu pai?

– O velho ta caidinho pela Tina. Acho que nada que eu disser vai tirar da cabeça dele que ela é uma "santa".

– Você sabe que de duas uma. Ou ela vai aprontar contigo ou com teu pai. Tipo, partir o coração dele, como você fez com o dela.

– Mas eu não parti o coração dela. Sempre deixei claro que era só sexo.

– Acho que ela não entendeu isso. Ou não quer entender.

– Rachel disse que ia conversar com ela pra saber o que ela pretendia com meu pai. Elas vão se ver amanhã. Enfim... Como vão as coisas com Brittany?

– Melhores que as suas com a Berry. - a latina desdenhou e começou a rir da cara emburrada que Quinn fez.

– Não perde uma oportunidade, NE?

– É como diz o ditado. Eu perco o amigo, mas não perco a piada.

A latina pisca o olho para Quinn e se deita em seu sofá, com os pés em cima do mesmo.

– Você é muito folgada Santana. – diz tirando os pés dela com um empurrão e sentando-se no lugar.

– Você me ama desse jeitinho Fabray.

– Se confie.

– Você me ama. Você me ama...

– Para latina chata...

Santana cai na gargalhada e Quinn fica ainda mais emburrada.

– Esse é o seu problema loira. Você é muito fácil de provocar. Seja sexualmente falando ou só pra irritar mesmo. Coisa que eu adoro fazer. Já a Berry fica com a parte sexual.

– Eu já percebi isso.

– Mas respondendo sua pergunta... Britt e eu estamos muito bem obrigada. Ela me deixa louca com aquela roupa de dança...

– Okey! Não é como se eu quisesse saber da sua vida sexual com ela.

– Ha não? - fez beicinho, mas Quinn sabia que vinha algo por trás disso– eu achei que era disso que você queria saber. Afinal é a vida sexual que você não tem com a Berry.

– Cala a boca satan.

A loira começou a arremessar as almofadas do sofá na latina, que gargalhava cada vez mais e tentava se desviar das almofadadas da loira.

– Algum dia vou conseguir ter uma conversar séria com você? Sem ter alguma piada no meio só para variar? - perguntou com drama.

– Você quer ter uma conversa comigo sem eu soltando piadas? Tipo, séria?

– É!!!

– Ok! A partir de agora, sou Santana Lopez... A séria.

A latina se sentou no sofá ereta e encarou a loira com seriedade. Quinn se viu praticamente obrigada a sentar-se do mesmo jeito. Com a postura reta e séria.

– Então por onde vamos começar a conversa séria Fabray?

– Hm... Como está Brittany e você?

– Nosso relacionamento está muito bem obrigado. Estamos nos conhecendo melhor a cada dia que passa. – respondeu sem soltar nenhuma piada.

– E vocês estão namorando?

– Ainda não pedi ela em namoro. Acho que ainda é muito cedo. Quero ir de vagar.

– Essa história de ir de vagar não dá certo.

– Não se preocupe Quinn. Essa história de ir de vagar e sem sexo só funcionou com você. Afinal Brittany e eu já fizemos isso eu acho que em todas as partes do meu apartamento. Mas ainda falta fazer na dispensa da casa dela.

Falou pensativa, como se estivesse imaginando um jeito de as duas caberem na dispensa da casa de Brittany. Ela nem percebeu a cara de espanto da loira. Porque elas estavam tentando conversar sem piadas, mas a latina vai e diz isso para a pobre coitada da Quinn que está na seca.

– Cara você é doente.

Diz e começa uma guerra de almofadas, onde a latina não se defendia.

– Eu juro que tento parecer séria, mas é mais forte que eu, entende?

Pergunta para a loira, enquanto recebe várias almofadadas. O jeito dramático de Santana falar, fez Quinn rir ainda mais da amiga.

– Você não presta Santana.

– Eu sei loira. Eu sei.

Rachel

A morena acordou no dia seguinte, de péssimo humor. Qualquer um que entrasse em seu caminho aquele dia escutava alguma bronca ou murmuro de reclamação. Quinn tinha conseguido a tirar do sério na noite anterior. Tinha deixado ela mais molhada e frustrada por sair de sua casa, daquela forma.

– Diva? - Kurt Hummel chama, batendo na porta da sala de Rachel.

– O que?

– Nossa! Bom dia para você também Miss Berry. Acordou com o pé esquerdo, foi?

Kurt entra por completo na sala que Rachel ocupava.

– Desculpa! Só não estou em um bom dia.

– O que ouve?

– Quinn Fabray. Foi ela que ouve. - murmurou escondendo o rosto entre as mãos.

– Hum! Deixa eu adivinhar. Você provocou a Fabray mais uma vez, e dessa vez ela resistiu de novo. Mas teve um elemento surpresa para você. Ela não só resistiu como te provocou de volta te deixando frustrada?

Rachel ergueu a cabeça e encarou o amigo com uma sobrancelha arqueada.

– Como você sabe disso?

– Simples! Eu sabia que mais cedo ou mais tarde isso ia acabar acontecendo. Cada vez que você provocava a Quinn, mais resistente ela foi ficando ao seu charme. Chegando ao ponto de ela ter forças o suficiente para te provocar de volta.

– Faz sentido. - ficou pensando em cada palavra do amigo.

– Claro que faz. Meu nome é Kurt Hummel. E eu conheço a mente das mulheres como se fosse uma.

– Você faria o maior sucesso se fosse hetero. Você sabe né?

– Eca! - fez cara de nojo e Rachel caiu na gargalhada da cara de espanto do amigo.

– O que você acha que eu devo fazer?

– Não acha que está na hora de dar o próximo passo? Você está louca de tesão por ela. E Quinn não faz esforço para esconder que te deseja.

Quando Rachel ia responder, seu celular tocou e ela correu para atender.

– Oi Tina.

– Oi Rach! Eu estou livre na hora do almoço. Podemos nos ver hoje?

– Claro! Me diz onde que te encontro lá

– Ok! Vamos onde sempre almoçávamos quando saiamos do teatro?

– Oh! Claro, te vejo lá em meia hora. - respondeu meio desconfortável.

– Certo! Beijinhos amiga.

– Beijo Tina. – fala desligando o celular e o jogando na mesa.

– Por que você ficou assim?

– Assim como?

– Não sei. Triste de repente?

– Não é nada - desconversou– É só que vou ter que ter uma conversa séria com a Tina. Futura senhora Fabray.

– Como é que é?

– Longa história Kurt. Prometo te contar tudo depois. Agora eu preciso ir, você sabe que não gosto de me atrasar.

– Nem que se atrasem.

– Exato!

Pegou sua bolsa e deu um beijo estalado na bochecha de seu melhor amigo e foi para onde tinha marcado com Tina. Passou o caminho todo pensando nas palavras de Kurt, sobre que já estava na hora do próximo passo. É, quem sabe já não estivesse na hora mesmo? Mas por enquanto é só um "quem sabe".

Ao chegar ao restaurante que tinha marcado com Tina. A morena olha para todos os lados a procura da asiática. Avistando a na mesa que dava para a linda vista do Teatro da Broadway. Tina acenou para ela, que retribuiu e respirando fundo e indo na direção dela.

– Oi Tina.

– Hey Rach. – se cumprimentaram com um beijo em cada bochecha e sentaram-se.

– Não estou atrasada, estou? – Rachel perguntou assustada.

– Oh! Não amiga, eu que cheguei mais cedo. Queria te fazer uma surpresa, como eu sei que odeia atrasos.

– Só um pouquinho. – Falou sorrindo sem graça.

O garçom chegou ao lado delas e entregou os cardápios. As duas escolheram seus pedidos e ele se retirou as deixando a sós.

– Eu deveria ter ficado surpresa quando você me ligou ontem à noite. - Comentou a asiática.

– Pois é. Desde que voltamos de Lima nunca mais nos falamos.

– Muitas coisas andaram acontecendo. Coisas que eu jamais esperei. - baixou a cabeça, pensativa e até mesmo dramática.

– Eu fiquei sabendo - murmurou encarando Tina com as sobrancelhas arqueadas.

– Por isso eu disse que "deveria" ter ficado surpresa. Porque na verdade eu não fiquei. Sabia que mais cedo ou mais tarde você me procuraria.

– E por que você acha isso?

– Pelo fato de Quinn já ter ido te contar que eu e o pai dela nos apaixonamos.

– Na verdade ela me contou outra história.

– Qual? A que eu conheci o pai dela de propósito para me vingar dela e de você?

Perguntou com desdém. Rachel ficou surpresa por ela falar tudo fácil de mais.

– Ha, por favor, Rachel. A mente da Quinn é muito fértil pro meu gosto. Me diz, porque eu iria querer me vigar dela?

– Por ela ter quebrado seu coração?

A asiática começa a gargalhar dentro do restaurante. E Rachel fica vermelha de vergonha. Já que a risada histérica de Tina estava atraindo os olhares de todos ao redor.

– Tina todo mundo está olhando par nós duas.

– Rach, eu sempre deixei bem claro pra Quinn, que nosso lance era apenas sexo. Eu não seria doida de me apaixonar por ela, sabendo como ela é.

– Quinn e eu estamos namorando.

– É. Isso ficou bem claro quando voltamos de Lima, após ela te sequestrar.

– Por que está noiva do pai dela?

Rachel vai direto ao ponto. Ela foi até ali para conversar sobre o noivado da asiática e do pai de sua namorada. E não de Quinn e ela. A asiática tinha conseguido tirar o foco do assunto em questão e Rachel nem havia reparado.

– Nós nos apaixonamos Rach. Mas você já deve saber da história. Quinn deve ter distorcido alguns pontos, mas o que realmente importa é isso... Eu estou amando Rachel.

A morena fica encarando a morena a sua frente. Tentando desvendar através de seu rosto, se o que está falando é verdade ou não.

– Você não está pensando em enganar o Russel, não é?

– Você e eu somos amigas desde quando éramos bebês Rach. Isso faz muito tempo. E quantas vezes eu menti para você?

Perguntou aborrecida.

– Nunca!

– Exato! Agora me diz. E Quinn? Vocês se conhecem desde a faculdade. Me diz quantas vezes ela mentiu para você, dizendo que iria faltar a um almoço ou compromisso importante para vocês duas, e ia para um encontro com uma outra mulher?

Rachel abaixa a cabeça, pensando nas palavras da asiática. Tudo que ela tinha falado era verdade. Cada palavra.

– Olha Rach. Não estou dizendo que a Quinn faça isso hoje enquanto vocês estão juntas. É só que ela já fez isso e eu quero que você coloque na balança tudo o que EU já fiz por você e tudo o que ELA já fez por você.

A morena acenou com a cabeça e sorriu fraco.

– Agora eu tenho que ir. Tenho que começar a resolver algumas coisas do casamento.

Asiática se levantou, depositando dinheiro em cima da mesa que com certeza dava para pagar o almoço delas e ainda sobrava para uma bela gorjeta para o garçom que as atendeu. Tina deu um beijo em cada bochecha de Rachel e foi embora, a deixando mais pensativa que nunca. A morena começou a avaliar sua relação com Tina, e pode perceber que ela falou a verdade. Mas ela não queria ficar pensando nisso. Pelo menos não por enquanto.

Ela não tinha conseguido desvendar a real intenção de sua amiga por trás de seu suposto amor incondicional por Russel. E seu relacionamento com Quinn estava cada vez melhor. Isso ela não podia negar. Com um sorriso travesso, deixou o restaurante e foi para sua casa. Pensando nas palavras da asiática e no rostinho lindo de Quinn. Com o sorriso que a fazia suspirar. E agora, em quem acreditar?