Redenção escrita por thedreamer


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

I hope you enhoy!



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Capítulo Seis

 Três. Nove. Três. Nove. Faltam apenas três dias para que a princesa esteja no país. Faz nove dias que encontrei Maria e mudei para sempre a minha vida.

 Há quatro dias ela disse sim. Disse que topava participar da minha ideia “fútil, estúpida e sonhadora”, e que se desse tudo errado ela me mataria antes de ser morta. Pude apenas sorrir disto, mas ela estava bem séria, então resolvi tomar cuidado com ela.

 Desde então demos início ao plano. Estudei a cada dia mais sobre a vida da família real de Marie. Seus pais eram Joseph e Amália Castelli e ela não possui irmãos. Não há riscos de desconfiarem de Maria por sua aparência, esta hipótese já foi totalmente descartada. Quanto à voz, é um risco a se correr. Maria é uma ótima aluna e pega muito rápido as coisas, eu quase acredito que ela é uma portuguesa.

 Infelizmente não posso dizer o mesmo do salto. Consegui um par de sapatos para ela treinar. Não têm mais que sete centímetros e ela não consegue andar um metro sem virar o pé. A cada gargalhada que não consigo evitar, é um soco que levo. E devo admitir, ela é forte, apesar de sua magreza, que constatei não ser por falta de comida.

 Os modos à mesa ela também pegou bem rápido. Levou um tempo para diferenciar os garfos, mas hoje consegue se alimentar perfeitamente como uma dama. Não consigo evitar estar feliz com tudo isso. Ela parece ter nascido para isso. Em menos de uma semana adquiriu bons modos, mesmo tendo crescido sem os utilizar. Sem dúvida, motivo de orgulho.

 Estamos sentados quase de frente um para outro em sua residência. Foi então que ela trouxe as contas à tona.

 - Faltam apenas três dias. – Ela diz olhando para o teto e depois para mim.

 - Se passou bem rápido.

 - Até demais. – Ela suspira. – Olhe, eu não quero que faça mal algum a Marie. Quero que isso fique bem claro. Se alguém tiver que se dar mal nessa, serei eu. Ela não tem nada a ver com isso. – Aceno negativamente.

 - Não vou machucá-la, Maria. De algum modo ela acabará ajudando. – Ela acena.

 - E o local onde vai colocá-la? – Questiona.

 - Já está tudo preparado. Comprei o necessário para que se alimente normalmente, louças, talheres e o necessário para este quesito. Consegui roupas, troquei as roupas de cama e contratei alguém para fazer uma limpeza duas vezes por semana. Ela não ficará mal, não se preocupe. Há luxo até demais para alguém que está sendo sequestrado.

 - A única coisa que ainda não entendo Acaiah, é onde tudo isso levará. Já pensou nisso? Se não, pense agora: O que faremos após eu tomar o lugar dela e ela estiver presa naquele casebre? Sim, levarei uma vida de riqueza e tudo mais, mas e então? Ocuparei para sempre o lugar dela e ela ficará presa para sempre? Não há sentido. – E mais uma vez ela me encurrala com suas palavras.

 - Há um sentido. As coisas mudarão após a execução do nosso plano.

 - Eu acabei de dizer que sim, mas precisamos pensar em um após mais longínquo. – Suspiro e fecho os olhos, encostando a cabeça na parede. Terei de contar a ela.

 - Há algo que você ainda não sabe. – Ela não se surpreende como eu esperava apenas permanece do mesmo modo tranquilo enquanto encontro coragem para contar.

 - O que? – Ela pergunta após longos minutos em que permaneci calado.

 - A princesa Marie e eu estamos de casamento marcado. – Seus olhos se arregalam e ela parece estar engasgada.

 - Vocês o que? – Fico sem graça e olho para o chão ao em vez do seu olhar. Ela não espera que eu responda. – E o que você pensa que irá fazer? Casar-se comigo? – Ela está de pé e posso ouvir a fúria em sua voz.

 - Assim eu poderia salvá-la de vez, Maria. Pense além desse casamento estúpido. Você se passaria por Marie até estarmos casados, e então poderíamos fugir, sair do país.

 - Por que eu fugiria com você? – Ela fala controladamente com esforço para não gritar, mas vejo a raiva em seu rosto, e sinto-me magoado.

 - Não a quero como esposa, deixe de ser ridícula! – Digo levantando-me também. – Sairíamos do país e então você seguiria seu caminho em qualquer lugar longe daqui. Eu então retornaria e daria um jeito de fazer com que a princesa se calasse. Ambos venceríamos.

 Ela coloca a mão na cabeça e parece pensar um pouco no que eu acabei de dizer. Ela se senta de novo com bastante força e permanece com as mãos na cabeça.

 - Acho... Acho que você está certo. Seria, no fim das contas, uma boa ideia. – Respiro fundo e me sento. Ela sussurra alguma coisa, não consigo entender uma palavra sequer.

 - O que disse? – Ela me olha meio desorientada, olha para um lado e para o outro e então pousa seus olhos exatamente sobre os meus.

 - Pode me deixar sozinha? – Continuo olhando para ela por alguns minutos e apenas me retiro sem dizer nada.

 Sussurro xingamentos até estar de volta ao piso real. Não sei por que nem ao menos como, ela sempre dá um jeito de me deixar completamente frustrado.

 Posso mentir para qualquer um, mas não para mim mesmo. Estou magoado. Ela me magoou. Senti algo totalmente ruim quando ela disse que não gostaria de fugir comigo; Algo ainda pior quando ela quase gritou que não se casaria comigo. E esse é o maior problema em toda essa história ridícula de salvá-la.

 Ela fez com que eu me tornasse algo que não deveria. Desde o dia em que poupei sua vida, passei a poupar a vida de milhares de Imundos. Simplesmente tornou-se impossível matá-los. Passei a ter piedade. Quando a retirei da selva pensei que seria a única, não faria mais uma estupidez dessas, porém não conseguia mais.

 E nessas drogas de quatro dias as coisas mudavam a cada minuto. Na verdade as coisas mudaram há muito, porém quanto mais a conhecia, mais a achava uma garota incrível. Seu sorriso que aparecia raras vezes, mas iluminava seus olhos. Seu cabelo castanho que pendia liso até os ombros e depois se tornavam cachos até a altura das costas. A tonalidade do castanho era bem mais clara nos cachos que na raiz. Suas bochechas estão sempre rosadas, como se usasse maquiagem...

 Balanço a cabeça com força para espantar esses pensamentos. Ela não me enxerga como a enxergo, e voltarei a enxergá-la como uma Imunda, apenas. Terminarei o plano porque prometi e cheguei até aqui. Não posso andar para trás a essa altura do campeonato.

 Estava na metade da escada para o meu quarto quando esbarro no corpo rechonchudo de mamãe.

 - Desaparecido. Mais. Uma. Vez. – Ela sibila. Pisco lentamente para controlar a raiva que está dentro de mim.

 - Tenho muitos problemas em minha mente mamãe. E a senhora sabe muito bem que não faço tanta falta nas buscas por miseráveis. Meus dias nesse serviço estão contados, como já deveria saber, devido a Srta. Castelli. Faltam apenas três dias para a chegada dela. Apenas dez dias para o nosso casamento. E quer que eu perca tempo nas buscas? – Consegui calá-la. Pela primeira vez. Portanto não espero que volte a falar e sigo para o meu quarto.

 Deito por algumas horas, e tiro um cochilo, por fim. Quando acordo olho no relógio e vejo que são seis e quarenta da tarde. Abro a porta do meu armário e sigo até o quadro com cavalos. Retiro-o e abro o cofre. Faço a combinação – treze, quatro, oito, cinco – apanho todo o dinheiro posto ali e levo para a minha cama, onde poderei contar com mais calma.

 Organizo as notas por valor decrescente e as coloco assim no contador. Separo o suficiente para pagar a pessoa que irá limpar o casebre, os capangas que ficarão de guarda vinte e quatro horas por dia, e claro, o monitor das câmeras e o guarda da ala do sótão. Tudo isso está gerando um grande prejuízo para mim.

Após a contagem e a separação reguardo tudo no cofre e o tranco novamente. Penduro o quadro, fecho a porta e me deito novamente. Fico penas quieto com o pensamento rodando e rodando, até a hora do jantar.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, I'm waiting for reviews!



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