Redenção escrita por thedreamer


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que demorei um milênio para postar, mas eu definitivamente estava com um bloqueio criativo. E graças a Deus eu o expulsei de mim no início dessa semana e voltei a escrever. Espero que gostem, e muito obrigada a quem está lendo e comentando, isso me deixa muito feliz mesmo! E obrigada Samara!!! Seja bem vinda!



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Capítulo Treze

 Fui andando cuidadosamente até o quarto de Marie, e quando abri a porta, senti como se estivesse invadindo algo (ah, jura?), e como se estivesse sendo observada. Parecia ter vários olhos em minhas costas. Tranquei a porta e só então dei uma olhada no quarto. O palácio era completamente luxuoso, e eu já sabia muito bem disso, mas agora, esse quarto, é onde dormirei. É o meu quarto. Dou uma olhada ao redor e fico embasbacada. É tudo, simplesmente, perfeito! Todo o quarto foi decorado em tons pastéis, há uma enorme cama que parece flutuar logo a minha frente, com bastante velocidade corro e me jogo sobre ela. É como estar deitada em uma nuvem, e isso realmente parece um sonho. Sem nem um pingo de vontade de me levantar, apenas giro a cabeça para visualizar o quarto. É imenso, e há várias portas, que posso descobrir para onde dão, mais tarde. Há muitas coisas modernas, como uma televisão extremamente grande e fina, como uma folha de papel, e outras que não soube identificar muito bem.

 Levantei para descobrir em qual dessas portas era o banheiro e em qual estavam às roupas. Encontrei as roupas na primeira porta, e parecia um quarto só para roupas, o que é estranho, mas nem tanto considerando quantas roupas tem aqui. Ela veio de mudança? Entrei e dei uma olhada geral. Para a minha imensa surpresa havia calças jeans, blusas de manga curta e casacos, porém eram nada se comparados aos vestidos, que eram mais de cem. Diferentes cores, diferentes estilos, mas todos reservados. Quanta coisa chata. Escolhi um vestido com uma cor próxima a um amarelo claro, e – rolo os olhos – havia dezenas de véus, combinando com as cores dos vestidos. Meu Deus! Coloquei as coisas sobre a cama e entrei no banheiro.

 Apenas uma palavra: Uau! Caberiam duas da minha antiga casa dentro deste banheiro. Há um pequeno candelabro no centro do teto, uma pia imensa com diversos produtos sobre ela, e imensas toalhas repousadas ao lado. Uma parede de vidro separava este espaço de uma imensa banheira. Sorri com satisfação. Apressadamente liguei as torneiras, e dei uma olhada nos vidros ali postos. Adicionei um sal de banho e sabonete líquido, retirei minha roupa e imergi meu corpo na água. Pressionei o botão para massagem e recostei minha cabeça no encosto e acabei cochilando. Acordei assustada, mas continuava sozinha. Lavei meus cabelos e com pesar, saí da banheira.

 Penteei meu cabelo e o sequei com jatos de ar quente. O prendi novamente e recoloquei a peruca. Ajeitei perfeitamente em frente ao espelho, e então vesti minhas roupas. Coloquei o véu e estava saindo para jantar quando alguém me puxou pelo braço. Contive um grito quando vi o rosto de Amália.

 - Venha cá, Marie. – ela disse e me arrastou de volta ao meu quarto. Entramos e me sentei em um sofá recostado aos pés da cama, ela trancou a porta e fiquei um pouco nervosa.

 - Tudo bem, mamãe? – perguntei, mas me arrependi logo em seguida. E se Marie não a chamava assim? Ela pareceu não notar, mas me encarou com determinação.

 - Temos assuntos muito sérios a tratar. Não se preocupe, pedi aos criados que trouxessem nosso jantar aqui para o quarto. Apoiei minhas mãos no colo, para não mostrar que estavam suadas de nervosismo. – Amanhã enfim, teremos a festa de noivado. E, você sabe, tudo tem que dar certo, exatamente, tudo. – Ela praticamente separou as sílabas das palavras.

 - Desta vez, não pode haver deslizes, Marie. Está me escutando bem? – Ela disse com lábios crispados o rosto bem próximo ao meu. – Da última vez você estragou tudo, como sempre faz, você é estupidamente incapaz de fazer coisas certas, e você sabe, precisamos desse casamento. – Fiquei muda, sem saber o que responder. – Bom, tem mais algo. Amanhã no noivado, será anunciada a data do casório, no próximo sábado.

 - Sábado? – Disse surpresa. Um casamento planejado em apenas sete dias?

 - Sim, e você não vai dar palpite algum, está tudo... Sobre... O... Meu... Controle. – Ela disse, parecendo querer agarrar meu pescoço a qualquer momento.

 - Não vou atrapalhar nada. – Ela rola os olhos.

 - Não é uma pergunta, não há opções. Você precisa ter o príncipe na palma de suas mãos, me entendeu? Palma – ela aperta o dedo indicador na palma de sua mão. – Faça o que tiver que fazer, mas o tenha. – Abri minha boca em grande espanto, mas graças a Deus eu estava com essa droga de véu e ela não pôde ver. – Se vocês estragar qualquer mínimo detalhe que seja, vai pagar caro! – Duas rápidas batidas na porta. Seu rosto se suavizou como se houvesse colocado uma máscara. Ela abriu a porta e uma moça entrou, após pedir licença e colocou uma bandeja com o jantar em uma mesa ao lado.

 - Bem – ela disse ajeitando um anel em seus dedos gordos – eu estou indo para meu quarto. Não se esqueça de nossa conversa.

 Assim que ela saiu tranquei a porta. Tirei o véu do rosto com raiva, muita raiva. Quem essa mulher pensa que é? E eu notei, desde o princípio que ela não sabia que eu era uma usurpadora, ela ainda acredita que sou sua filha. Como ela pôde tratar a sua filha deste modo? Insinuando que deveria se oferecer ao príncipe, conseguir ele de um modo ou outro. A própria filha! Que mulher asquerosa! Sequer consegui jantar, apenas tomei o suco. Troquei o vestido por uma camisola de algodão e me deitei. Em menos de segundos o cansaço me dopou.

 - Evana, Evana, acorde! – Papai sacudia o corpo de mamãe e ela levantou assustada.

 - O que foi? – Papai tinha uma expressão sofrida e nervosa, mas rapidamente a escondeu.

 - Vamos, apanhe Maria, precisamos sair daqui o mais rápido possível.

 - Ah, Inácio, o que houve? – Ela disse já pegando uma bolsa – a de extrema urgência que continha materiais de sobrevivência rápida – e me colocou em seu colo. Meu corpo era tão magro e pequeno que não pareceu pesar em seu colo.

 - Alguém acabou deixando escapar o plano de ataque, e a Realeza mandou atacar antes que fosse atacada. – Meu estômago verdadeiro se revirou. Os olhos de mamãe se preencheram de um mais puro terror.

 - Para onde vamos? Eles já estão aqui? – Ouviu-se um grande estrondo e de repente uma silhueta familiar se materializou na porta. Calu.

 - Rápido, conseguimos um carro para nos levar até o esconderijo. Venham, eles estão próximos a vila, se descobrirem este lugar, jamais poderemos voltar e será difícil encontrar outro lugar para viver. – Meus pais correram e só então meus olhos tremeram e se abriram.

 - Mamãe, o que está acontecendo? – Perguntei.

 - Shhh, nada meu amor, volte a dormir, só vamos dar uma saidinha. – Franzi o cenho, mas permaneci calada e acabei voltando a dormir.

 - Acorde! – Digo ao meu eu tão jovem e inocente – Você vai acabar perdendo sua família, acorde! – Mas como esperado, ninguém escuta minha voz esganiçada.

 Meus pais correram em disparada até um veículo estacionado por perto. Adentraram e se espremeram nos acentos, onde havia mais duas pessoas que desconheci. Todos com a respiração acelerada.

 - Para onde estamos indo? – Mamãe cochichou no ouvido de meu pai. Ele balançou a cabeça.

 - Não sei. Calu está nos guiando. – Mamãe engoliu em seco, fechou os olhos e respirou fundo. Estava muito nervosa, era notável. – Vai dar tudo certo, Evana. Fique calma. – Mamãe acenou positivamente e me apertou mais em seu colo.

 Há um grande estrondo com uma grande luminosidade. Bombas. O exército republicano já está atacando. Calu acelera e há mais um clarão e de repente estou em minha cama com um pequeno rosto lucidamente pálido me encarando. Sufoquei um grito.

 - Abraham! – Quase o abracei, mas caí em mim antes. Ele sequer mudou sua expressão fria e distante. – Por onde você se meteu? Você desapareceu sem ao menos explicar o porquê... – Silenciei-me lembrando da nossa última conversa. – Onde você esteve?

 - Oh Deus, você não costumava ser tão tagarela, Maria! – Olhei assustada para o relógio digital na parede a minha frente. Dei um pulo e corri para o banheiro para começar a me arrumar. – Quer dizer que você agora está aqui? – Dei de ombros. – Estou sabendo dos seus planos com Acaiah. Vocês são estupidamente loucos! – Sinto meu rosto esquentar e o cubro de uma vez com o véu.

 - Hum, obrigada. Mas me diga de uma vez, onde você estava? Eu fiquei nervosa, fiquei preocupada, pensei que tivesse ido... – Para sempre, pensei.

 - Eu... Estive por aí. – ele dá de ombros. Sinto-me irritada por ele fazer tão pouco caso da minha preocupação, mas de certo modo eu briguei com ele.

 - Certo.

 - E hoje será o noivado, huh? – Ele pergunta. Respiro nervosa com a lembrança.

 - Sim – digo. – Como você está sabendo? Por que está agindo com tamanha naturalidade? – Ele faz menção de se sentar na cama, mas não o faz.

 - Eu estava aqui todo o tempo. – Franzo o cenho.

 - Como assim? Eu não o vi.

 - Não é porque você não me viu, que eu não estava aqui. O mundo não gira em torno de você. – Olhei para ele de boca aberta não contendo a ofensa que ele me causou.

 - Certo. Realmente não.

 - Quais as suas verdadeiras intenções, Maria? – O encarei.

 - O que você quer dizer? – Ele se aproxima e mantém o olhar firme no meu.

 - Você sabe o que quero dizer. Eu já lhe disse que meu irmão é uma boa pessoa e que ele gosta de você, você não pode magoá-lo, Maria!

 - Abraham... Esse assunto de novo?

 - Você está prestes a se casar com ele, você está junto com ele nesse plano de esconder a princesa de Portugal, e você não quer que eu toque nesse assunto?

 - Não é bem assim, mocinho...

 - É assim, sim. Eu realmente gostava de você, mas você não está sendo uma boa pessoa para o meu irmão.

 - Eu não fiz nada com seu irmão!

 - Está fazendo! Você acha que ele não tem verdadeiras intenções de um casamento com você? Eu não acredito que você o ame.

 - Lógico que não, eu mal o conheço. – Ele balança a cabeça negativamente.

 - Você perdeu minha confiança. Você é uma traidora.

 - Abraham...

 - Marie? Tu estás pronta? – Dou um salto com a voz da mãe de Marie.

 - Sim, estou. – Em um piscar de olhos Abraham não está mais aqui. Vou até a porta e a abro. Amália entra com a cara fechada e me olha de cima a baixo.

 - Não tens roupas mais apropriadas? – Olho para mim. Coloquei um vestido de cor salmão, com demasiados detalhes de renda por todo o comprimento. Voltei meu olhar para ela, pois não sabia o porquê de ela estar reclamando: as roupas são praticamente todas iguais.

 - Desculpe. Acreditei que esta estaria boa – ela continua de cara fechada, então uso uma jogada -, pois soube que é a cor favorita de Acaiah. – Uma faísca de aprovação aparece em seus olhos, e seu rosto parece mais brando.

 - Sendo assim, estás certo. Venha, estamos prestes a nos atrasarmos para o café. – Aceno positivamente e a sigo escada a baixo. Olho as inúmeras portas e identifica a da Acaiah, e imagino se ele já está de pé.

 Quando chegamos à sala de jantar a família real está toda lá. Pela primeira vez fico frente a frente com o rei. Um bolo se forma em minha garganta e meus olhos parecem estar em chamas. Foi graças a ele que perdi meus pais. Ele se levanta, assim como todos e envia um sorriso para Amália e eu. Agradeço por estar com esse maldito véu, pois decerto não conseguiria disfarçar minha expressão de ódio que aumenta a cada milésimo.

 - Bom dia, Amália. – Ele beija a mão dela delicadamente e sorri. Quem visse, acreditaria que é um cavalheiro. – Bom dia, Marie, minha querida e futura nora. – Ele repete o gesto comigo e tenho que conter o ímpeto de puxar minha mão.

 - Bom dia.

Acaiah surge ao meu lado.

 - Bom dia, Marie. – Desta vez não sei qual a emoção que percorre minhas veias. Alívio. Piedade. Raiva. Gratidão.

 - Bom dia. – Digo fracamente.

 A rainha repete os comprimentos, sem os beijinhos em nossas mãos e todos nos sentamos, após o rei.

 Como sempre, fico encantada com o banquete e tenho que me esforçar muito para não comer como uma esfomeada. Uma Imunda. Assim que termino (o que foi bem rápido, pois com muita dificuldade comi apenas um pedaço de torta de maçã e um copo de suco), presto muita atenção aos movimentos da rainha e do rei.

 Eles não aparentam ser um casal muito feliz. Ela está sempre com um sorriso no rosto, mas aposto como é uma máscara. Já ele, não se esforça para demonstrar qualquer tipo de emoção. Depois dos comprimentos seu rosto permaneceu duro até agora. Sinto algo esbarrar em meu pé e olho para Acaiah que está de frente para mim. Ele sorri abertamente e eu permaneço séria, sem saber qual a intenção dele com o gesto. Ele limpa a boca com o guardanapo e se vira para os pais.

 - Com vossa licença, eu poderia sair para um passei com Marie?

 - Temo que seja inapropriado, meu príncipe. Tu sabes bem que dia é hoje, e Marie precisa se preparar. – Reviro os olhos.

 - Com todo o respeito, vossa Majestade, mas são apenas oito e meia da manhã. – Amália crispa os lábios, mas força um sorriso.

 - Fico muito feliz por vocês e minha querida filha estarem se dando tão bem, mas...

 - Será apenas alguns minutos, Amália – a rainha vem em nosso socorro e fico surpresa. – Deixe-os relaxar um pouco, pois o resto do dia será cansativo para ambos. Nós cuidamos de tudo enquanto eles estão por fora. – Acaiah sorri agradecido para a mãe e olha para Amália, que a contragosto acena positivamente.

 - Está bem, porém voltem antes do almoço. – Acaiah concorda e dá a volta na mesa, estendendo sua mão. Seguro-a e saímos por uma porta na lateral do palácio.

 - Enfim, livres! – Ele diz e me abraça. Meu corpo fica tenso e ele nota. – Está tudo bem? – Ele pergunta e desvio o assunto.

 - Quero vê-la. – ele franze o cenho.

 - Quem?


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Notas finais do capítulo

E então?????? Me digam tudo o que acharam, tudinho! Semana que vem tem mais, beijos e obrigada!



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