Leah E Benjamin: Amor Ou Impressão? escrita por DragonFly


Capítulo 35
Bônus Final


Notas iniciais do capítulo

Presentinho surpresa após tantos anos sem postar.
A história jaa havia sido finalizado, claro, mas eu tinha mesmo vontade de escrever um capitulozinho especial. Então lá vai :)



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Eu estava vivendo um sonho. Quando já não tinha expectativas de uma vida feliz fui surpreendida por aqueles olhos dourados, outrora vermelhos. Chocada e hipnotizada, me peguei pensando neles dias e noites. Embarquei em uma missão quase suicida, ao mesmo tempo, mas ter o apoio dele tornou as coisas muitos mais simples.
Não vejo Benjamin há algumas semanas. Após dez anos juntos, correndo o mundo sanando injustiças que a humanidade não poderia curar, chegamos a um impasse. Estávamos lidando muito bem com nossas diferenças. Conhecemos o fogo e o gelo, a cruz e a espada, o preto e o branco. Mas um dia tudo se tornou cinza...
Minhas obrigações de loba só me permitiam me ausentar de Washington algumas vezes no ano. As redondezas de Forks agora têm duas matilhas distintas. Sam costuma cuidar de tudo muito bem, aquele mandão, mas Jake vai além quando o assunto envolve nossos queridos sangue-sugas cullen. Sam não se mete com eles e Jake arruma toda a bagunça que vez ou outra amigos sangue-sugas de olhos vermelhos aparecem nas redondezas. A verdade é que nunca nos causaram problemas significativos. No máximo, levaram à extinção alguma espécie de galopante das florestas, algo que Jake resolve facilmente com o apoio do grande geneticista Carlisle. Sim, além de médico, o vampiro-papai agora mexe com genética. Ele ficou tão encantado com o milagre Renesmee que decidiu pesquisar a fundo tal possibilidade. Há boatos de que a Barbie sangue-suga Rosalie está querendo uma brecha para gerar seu próprio bebê. O fato é que Carlisle tem pedido ajuda a alguns de nós para o fornecimento e armazenamento de sangue sobrenatural. Não que eu tenha curtido a idéia, mas bem que gostaria de saber no que vai dar essa brincadeira.
Benjamin se estabeleceu na casa dos Cullen para ficar perto de mim. É, bizarro. Ele viajava algumas vezes por ano para o Egito e outros lugares que queria conhecer. Fui a algumas viagens com ele, o que foi interessante. Ficávamos mais dentro dos quartos de hotéis do que conhecendo as cidades, mas era sempre incrível. Eu estava apaixonada. Insanidade é a marca dos apaixonados e eu não me cansava de estar com ele. Isto, claro, até que umas coisas esquisitas começaram a acontecer comigo.
O Cullen pai/avô começou a me pedir o meu sangue emprestado para suas pesquisas. Não gosto de agulhas, mas considerando o que eu estava vivendo com Benjamin, queria ser útil para aqueles com quem ele se importava. Por alguma razão, o fato de eu ser a única mulher entre os lobos era também o motivo pelo qual meu sangue era considerado uma iguaria para Carlisle. Eu não sei no que ele estava trabalhando realmente, mas desde que não estivesse planejando soltar alguns clones meus por aí, fiquei de boa. Colaborei algumas vezes antes da minha última viagem ao lado de Ben.
Quando parti para a Argentina com meu garoto dourado há cerca de dois meses atrás, já estava me sentindo um tanto cansada desta rotina. Viajar é maravilhoso, mas eu não estava conseguindo me imaginar fazendo as mesmas coisas pelos próximos cinqüenta, cem, duzentos anos, ou sei lá por quanto tempo eu irei respirar. Ben percebeu meu desanimo assim que desembarcamos no deserto da Patagônia. Fizemos programas muito agradáveis. Trilhamos, corremos e ainda cacei belíssimos cervos patagonicos, mas não conseguia elevar meu astral. Ele acabou começando a ficar chateado também, algo que nem em sonho eu poderia admitir. Foi então que me toquei do quão chata eu estava sendo, ou melhor, do quão insuportável eu sempre havia sido. Eu estava quebrada desde Sam e pensei ter sido curada por Benjamin, mas isso só funcionou por estes anos. Só podia ser isso. Eu não merecia alguém como ele e, sim, uma vida amargurada. Permiti que ele me mostrasse coisas incríveis enquanto estivemos juntos na América do Sul, mas decidi colocar um ponto final na coisa toda em nossa última noite lá.
Eu estava pronta para lhe dizer o quanto não estávamos mais funcionando. Planejei inventar algumas mentiras a respeito da nossa diferença de espécie e qualquer bobagem que o fizesse se afastar, mas no momento em que ele adentrou em nosso quarto, todo iluminado e com aquele sorriso no maxilar marcado, perdi a coragem e me deixei seduzir. Tivemos, de longe, a noite mais quente que já havíamos vivido juntos naqueles dez anos. Eu não sei se ele pressentia o tom de despedida nas minhas poucas palavras ou se eu é que estava enxergando tudo sob essa óptica de ponto final. O fato é que ainda me lembro daquela ultima noite como se estivesse acontecendo agora mesmo. Desde o toque frio da pele dele até a tristeza que consumia, e ainda consome, meu coração.
Terminamos tudo assim que pus os pés em La Push. Ele não entendeu, mas disse que me daria espaço. Eu não queria espaço, mas entendia menos ainda o que eu estava fazendo. Sabia que era absurdo e que, talvez, estaria perdendo-lhe para sempre. Mas fui firme em minha decisão. E ele se foi.
Passei os piores dias da minha vida. Piores do que quando pensei que nunca voltaria a minha forma humana novamente, piores do que quando achei que amava Sam e e ele decidiu me deixar. Fiquei muito mal e me recusei a explicar as circunstancia a qualquer um que me perguntasse. Ouvi Paul me chamar de doida, Jake me olhar com pena e Seth me dar um gelo. Fiz as patrulhas normalmente por alguns dias, mas logo meu corpo pareceu reclamar a falta de Ben. Bastava que eu abrisse os olhos pela manhã e tudo saia dos eixos para ser despachado descarga abaixo. Nada do que eu comia pela manhã parava em meu estômago. Passei a me alimentar pouco, apenas para não morrer de fome, então logo o sono passou a ser meu companheiro durante boa parte dos dias.
Em uma madrugada em patrulha, esbarrei com Edward e Bella nas montanhas. Acho que atrapalhei um dos momentos românticos dos dois, mas que se dane. Bella me olhou, sem graça, mas Edward parceria esconder um sorriso do tipo "sei de algo que você não sabe". Ignorei-os e continuei minha ronda. No dia seguinte, Carlisle me convidou ao seu laboratorio. Como eu não colaborava com meu sangue ah algum tempo pensei que seria uma boa distração, mesmo que minha cabeça estivesse uma zona e meu estômago em frangalhos. Ele precisou colher cinco vidros de sangue para me olhar com aqueles olhos dourados irritantemente bondosos.
Ele me disse que Benjamin estava de volta. Fingi não me importar. Deixei a propriedade dos Cullen quase levantando ovo para não dar de cara com Ben. Inutilmente, se quer saber, pois no momento em que soltei um suspiro de alívio ao adentrar a trilha que mais gosto de pegar, ele pulou de uma árvore bem a minha frente. Não gritei de susto, óbvio, não sou nenhuma garotinha, mas meu coração quase saiu pela boca e, na mesma hora, senti a pressão na minha cabeça e a visão meio que escurecer, ficando meu azulada. Ben se aproximou, sério, e me apoiou. Escorreguei até o chão, recostada na árvore mais próxima, colocando a cabeça entre os joelhos.
— o que há com você? Não se alimentou ainda? - ele perguntou, preocupado.
— o que há! Há você! Aqui, surgindo do nada como um fantasma ninja.
— desculpe, não pensei que você se assustaria tão fácil. Acho que está perdendo o jeito.
Assim que comecei a me sentir melhor, bati a terra dos jeans e segui pela trilha, andando apressada. Vê-lo me abalou mais do que eu imaginaria, mas não podia mostrar arrependimento. Sou orgulhosa e admitir que manda-lo embora da minha vida foi um erro seria o pior naquele momento. Eu teria que me acostumar a viver sem ele, mesmo que tudo me doesse por dentro e, pelo visto, por fora também.
Ele me perseguiu pelo resto do dia. Para qualquer lugar que eu olhasse, lá estava ele, me observando. Fosse de cima de uma árvore, do alto da encosta ou, sei lá, do bueiro das ruas de Forks. Quando estava mais perto, eu me esquivava e deixava-lhe falando sozinho. Porém durante a noite, com uma insônia insuportável, acabei subindo no telhado de casa para observar as estrelas. Me peguei procurando por ele nos arredores na escuridão da reserva, mas não notei nenhum brilho. Não até que ele estivesse ao meu lado, sentado. Meu cérebro dormente de repente pareceu esquecer a razão que eu tinha para afasta-lo. Aliás, acho que eu nunca soube que havia uma razão além da minha instabilidade psicológica ou o que diabos foi aquilo. Sentia tanta falta do seu abraço! E de repente, lá estavam seus braços em volta dos meus ombros. Meus olhos se prenderam aos dele e minha boca sucumbiu à sua.
Após algumas horas nos aquecendo no quarto, antes que ele se levantasse da cama eu lhe disse que não sabia o que estava acontecendo. Contei o quão mal estava passando e que talvez eu estivesse finalmente louca, pois não me lembrava mais a razão pela qual havia lhe afastado. Ele apenas sorriu, tristemente, e me garantiu que me daria um tempo. Tempo que eu nem estava pedindo....
E isto tudo aconteceu ontem à noite. Esta manhã Carlisle me chamou ao laboratório. Estou sentada, esperando que ele organize sua bagunça de papéis e se vire para mim para dizer o que quer. Estou com um péssimo humor. Ben partiu ainda de madrugada, após sair da minha casa. Saber que não o verei novamente, não sei por quanto tempo, é frustrante e me deixa com uma vontade nojenta de chorar, algo que odeio com todas as forças.
— há quanto tempo tem se sentido mal, Leah? - Carlisle me pergunta.
— há semanas, talvez um mês, não sei exatamente. - opa - como sabe que não me sinto bem? Não me lembro de ter lhe falado algo. - ele sorri.
— bem, fiz uma descoberta um tanto surpreendente ontem. Quer saber porquê está aqui, Leah?
— daw, meio óbvio, não?
— é verdade, só estou querendo ver se está relaxada para ouvir o que tenho a dizer.
— ah, estou relaxada. Nunca estive tão relaxada. Tomei maracujina no café da manhã. Desembucha, por favor.
— certo. Seu desconforto vai passar em breve, mas outros virão, se quer saber. Gerar uma vida da trabalho ao seu organismo e você terá que se alimentar e resguardar muito bem.
— o que?
É então que meu mundo para de girar. Ou melhor, sai dos eixos por completo.
— você está gravida, Leah.
Então é isso. Mas... Como? Idiota, é claro que eu sei como. Só não sei como foi acontecer comigo. Carlisle continua falando sobre um monte de besteiras como hormônios, stress e eu só fico pensando no filhote que pode estar em meu ventre.
— Carlisle! Por favor, pare! Não quero saber dessas coisas. Quero saber... O que eu tenho aqui? Um lobo, um vampiro?
— não sei, querida. Eu arriscaria dizer que você tem um humano como você foi antes da transformação, mas só poderei garantir após o nascimento. Entenda, estarei aqui para monitorar cada evolução, se você me permitir.
— certo. Eu preciso de ar.
Deixo o laboratório em busca de ar. Na barriga, ainda normal, procuro qualquer sinal de que não estou prestes a viver um pesadelo. Não sou Bella. Não sinto a maternidade brotando com essa notícia. Uma pequena flor tenta se expandir em uma pequena moita. Há tantas folhas e caules e a flor já está morrendo. Não sei como, mas sinto que está. Para encerrar seu sofrimento, se é que ela sente algo, tento puxa-la, mas ao invés de arranca-la percebo sua cor mudar com meu toque. Em instantes ela está vibrante e forte, consigo visualizar até mesmo seu crescimento veloz, que ultrapassa as outras folhas que antes a esmagavam. Uma bela e enorme flor está ali. Minha barriga parece vibrar. Assustada, retiro a mão com pressa. Ouço passos atrás de mim e la está ele.
Ben sorri como eu jamais havia lhe visto antes. Seu tom dourado pulsa como o sangue em minhas veias. Seus olhos me dizem que ele não partiu de madrugada.
— você sabia disso? - pergunto.
— suspeitei.
Ele me conta como passou a madrugada tentando invadir o laboratório e foi pego por Carlisle. Ao que parece, Edward não ficou surpreso, já que algum tipo de inteligência além da minha se fez notar no dia em que nos encontramos nas montanhas.
Nosso futuro?
Quem sabe?
Ao que parece tenho uma criaturinha muito especial crescendo em meu ventre agora. Talvez ela seja boa em manipular os elementos, como o pai. Talvez seja melhor chutando esses elementos, como a mãe. Agora, eu só quero que nossa vida se desenvolva bem. Algo me diz que ela já está.

 

 

 

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Agora sim. Fim.



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