Leah E Benjamin: Amor Ou Impressão? escrita por DragonFly


Capítulo 18
Contentamento Descontente


Notas iniciais do capítulo

Geente, demore, ne? Então, fiquei meio sem tempo, já estava até com saudades!
Pretendo escrever mais um amanhã!

xoxo



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Não sei há quanto tempo estou aqui com ele. Se passaram-se minutos ou horas. Tudo o que sei é que um estranho sentimento de porto seguro e missão cumprida se instala em meu peito. O beijo foi maravilhoso, mas ficar em seu abraço é ainda melhor. Não sei o deu em mim, não deveria sequer assumir esse tipo de pensamento para mim mesma! Mas não sei se quero lutar contra. Não sei se tenho forças para repelir algo que nunca pensei existir. Meu maior medo agora é saber que ele pode ser como o outro, fazer o que o outro me fez. Pensar assim me provoca náuseas e raiva, mas como ignorar?

Benjamin é como um sol, apesar do que ele é. Seu calor é tão intenso que não pode ser natural. Um leve franzir de suas sobrancelhas sugere que ele está provocando isso, fazendo um bom esforço para me manter acolhida, o que só piora as coisas. Não quero pensar no que ele faz por mim. Não está certo. Não quando pertencemos a mundos tão diferentes. Mundos igualmente bizarros, mas ainda assim, diferentes. Não quero esperar do futuro mais do que um dia após o outro. Só quero sobreviver às pessoas. E já é difícil o suficiente.

Olho nos olhos do Garoto Dourado e tudo parece sumir. Grata por isso, silenciosamente, uma insana vontade de encontrar uma cura para o que sou me vem à mente. Se eu fosse, ao menos, como Bella... não que eu queira ser como ela. Argh! Mas ser humana é mais próximo de ser vampiro do que ser o que sou. Somos incompatíveis. Existimos para lutar um com o outro. Nosso cheiro repele um ao outro. Nossa aparência é asquerosa sob o ponto de vista do outro. Tudo nele me provoca repulsa e vontade de destruir. Tudo em mim lhe provoca ira e sede de morte. Então por que continuo lhe querendo tão perto? Por que ele me permite estar tão perto?

Quero ficar assim, tão perto que não há qualquer espaço entre nós, mas então, a lembrança de um certo grupo de caça me desperta para a realidade. Desfaço o abraço delicioso e sei que estou corando quando lhe olho e penso no que dizer.

- Deveríamos voltar, você sabe.

- Sei. Estão nos esperando. Temos que chegar à cidade ainda hoje.

- É. Você... huhm... poderia... - não consigo terminar a pergunta, mas ainda que ele não seja um leitor de mentes, sei que consegue captar minha intenção.

- Claro. Deixamos em segredo. Não é hora para pensarmos em nós mesmos.

- Isso! Temos um problemão para encarar!

Estou aliviada por ele pensar como eu e querer manter segredo sobre seja-lá-o-quê estiver acontecendo. Saio primeiro, para que ninguém desconfie. Provavelmente corada, chego ao acampamento e noto que todos juntaram nossas coisas.

- Você demorou! Onde estava? - Devo estar perdendo o jeito, pois enquanto penso em uma resposta bem malcriada para dar a Suhen, alguém passa a minha frente e solta uma afiada língua que faz querer abraçá-lo.

- Cara, você vai mesmo dizer para a Leah que ela demora a fazer suas necessidades? Você deve odiar a vida... - Paul, eu te amo. Nunca te disse, eu sei, mas um dia direi. Seu comentário é tão astuto que afasta Suhen o suficiente para que possa piscar um olho em minha direção. O quadro é engraçado, ele é realmente esquisito. Mas é o irmão de espécie mais compreensivo que já tive. Não sei como pensei que Jacob poderia ser algo próximo de um amigo, eu já tinha um, o tempo todo.

Alguns minutos depois, Benjamin chega pelo lado oposto ao de onde eu vim, todo brilhante e perfeito. Ele não olha sequer em minha direção, mas um movimento na moita mais próxima de mim me faz olhar e perceber um redemoinho de folhas e terra que formam um estranho formato, que lembra alguma coisa parecida com um perfil animal. Não um animal qualquer. Um lobo. Sorrio por dentro e olho em sua direção, mas ele já está de costas e seguindo o caminho da trilha à frente. A moite está quieta, novamente. Suspiro e começo a andar, mas não antes de perceber o olhar curioso de Paul em minha direção. Ele se posiciona a meu lado e sei que quer falar. Não sei se quero ouvir, mas devo isso ao amigo que insiste em não me dar as costas.

- Uau. Coisas estranhas acontecem com pessoas estranhas, né? - ele fala, mas está olhando para a frente, como se quisesse que eu fale antes.

- Bem, é o que parece. Não espero nada normal por aqui e você?

- Nãaa, só acho que não poderia ficar mais estranho...

- O que, exatamente?

- Ora! O clima não está agradável hoje?

- E daí? Isso é ruim?

- Não sei. É ruim? - Droga! Ele sabe de algo.

- Me diz você. Aqui dentro resta pouca sanidade...- lhe digo, apontando para minha testa.

- Bem, honestamente, você está bem ferrada. - e este é o Paul que conheço!

- É, estou mesmo.

- Não quer um conselho?

-Ha há, desde quando você tem algum conselho decente para oferecer? - eu lhe pergunto, mas em tom de brincadeira.

- Não disse que seria decente... - tento não rir da expressão constrangida e, ao mesmo tempo, safada de Paul, mas é impossível. - O quê? Vai me dizer que estou viajando?

- Sim! Não há nada disso aí, que você está pensando, seu Mente Suja!

- Ah, não? Então o quê? O Príncipe do Egito está atrás de você graças aos seus doces modos e simpatia de menina popular? Qual é? - ele ri, e eu acabo embarcando nessa também.

A conversa não vai nos levar a qualquer lugar. Não neguei nada, mas também não afirmei. Deve bastar, por enquanto. Paul não me cercará por um tempo, mas posso confiar que estará ao meu lado se as coisas ficarem bagunçadas. Guardarei para mim mesma as lembranças do último momento que tive com Benjamin. Ninguém precisa saber. Não acho que alguém entenderia.

Na metade do dia, tenho um pegajoso Suhen andando ao meu lado e puxando assunto. Ele fala algo sobre carpas e penachos, ou talvez seja sobre casas em penhascos, sei lá, não estou nem aí para o que ele está dizendo. Minha mente está longe. Na verdade, ficou lá atrás, em meio àquelas árvores que presenciaram o momento mais revelador que já vivi. Posso estar louca, mas não o bastante para ver algo em alguém como Suhen. Chega de garotos lobo por uma vida!

Algum tempo fingindo ouvir Suhen falar parece atrair a atenção de uma certa criatura sanguinária. Logo, o Garoto Dourado está a meu lado, com um sorriso torto e incrível no rosto. Ele não diz nada, nem tenta interromper Suhen. Benjamin só fica ali, andando e esbarrando uma mão na minha, o que me fez pensar que não é sem querer. Gosto da ideia de tê-lo ali e isso me basta, por enquanto.


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Notas finais do capítulo

Então... acho que não devo acelerar muito, né? Deixa as coisas rolarem... rs