Leah E Benjamin: Amor Ou Impressão? escrita por DragonFly


Capítulo 14
Se me contassem, eu não acreditaria.


Notas iniciais do capítulo

Não surtem! rs
xoxo



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/326555/chapter/14

Depois da luta, o pessoal decide me deixar dormir um pouco, já que meu sono havia sido interrompido. Logo, estamos Jacob e eu, dormindo na barraca, enquanto os outros ficam de guarda. Desta vez, sei que nada vai acontecer enquanto durmo, pois tem gente demais lá fora e nenhum recém-criado desmiolado se atrevirá.

Algumas horas depois, estamos todos de pé, levantando acampamento e prontos para mais um dia de caminhada. Se encontramos alguns deles, é bem capaz de haver outros por aqui, então todo cuidado é pouco. Como o caco que eu estava quando tentei dormir, pela segunda vez, não houve tempo para pensar nos saldos da noite, mas agora, descansada e quase sem dor, minha cabeça parece um emaranhado de ouro ofuscante. Não estou tentando justificar o que aconteceu, ou melhor, o que quase aconteceu, mas sei que só baixei a guarda por causa de minha debilidade. Em outro caso, Benjamin jamais teria se aproximado tanto, é o que tento dizer a mim mesma. Isso não importa, pois não acontecerá novamente.

Estamos andando há cerca de meia hora quando Benjamin, que parece estar atrás de mim, surge ao meu lado. Ele está ainda mais brilhante hoje. Se fosse há alguns dias atrás, eu nem mesmo olharia para ele, quanto mais puxaria assunto, mas hoje ele é parte de uma bizarra expedição e tem sido gentil. Não preciso evitá-lo. Posso suportar olhá-lo nos olhos e mostrar a mim mesma que eu estava viajando na madrugada.

– Então... - eu começo, mas penso melhor no que vou dizer. - belo dia para chutar uns traseiros, não? - tento descontrair e ele parece querer me ajudar.

– Sim, um belo dia... - ele sorri, preguiçosamente, para mim e volta a olhar para o caminho à frente. - Tudo bem para você, caminhar assim? - ele aponta para minha barriga e eu lembro do quanto estava feia ontem.

– Bem melhor. Na verdade, já não deve ser mais do que uma cicatriz. - Por um momento, eu quase levanto minha blusa, mas sinto o rosto corar e desisto, me sentindo desconfortável, mas um pouco ansiosa.

– Aquela coisa de lobo, certo? - ele pisca para mim com aqueles olhos que...AH, acabam de me desarmar de novo e eu eu fico sem fala! - Ouvi dizer que vocês são duros na queda, mas não sei seriam páreos para um grupo maior de...

– Espera aí, acha mesmo que não dou conta? - ele conseguiu me irritar, de novo. - Foi ruim, eu reconheço, mas normalmente eu sou muito bom lidando com eles, tá?

– Hum, desculpe-me se a ofendi. Não quis dizer que você não é capaz. Na verdade, nunca vi alguém como você e, acredite eu sei julgar uma causa quando vejo. Mas um grupo maior de recém-criados complica as coisas até para os vampiros mais fortes e...

– Sei, sei. Qual é a novidade? Não quer dizer que não possamos vencer desta vez!

– Não mesmo. Você não pode perder desta vez. Não comigo por perto. - agora seu semblante é uma máscara sinistra e avermelhada, se não o conhecesse diria que está com raiva. Mas ele nunca está com raiva! Benjamin é o vampiro mais camarada que já conheci!

– Tudo bem, Sr Convencido. Acredito em você.

Decido que a conversa deve parar por aqui, antes que eu fique melosa e acabe pensando coisas que ele na realidade não está dizendo. Continuamos a caminhar por algum tempo até que eu decida que é hora de parar para fazer pipi (sim, eu falo pipi, é mais bonitinho) e, talvez, comer alguma coisa. Aparentemente, meus amigos também precisam do mesmo, pois não questionam. Percebo que Kate já está lançando uns olhares bem safadinhos para Garret e eles seguem de mãos dadas por uma trilha menor, que eu não havia notado antes. Inevitavelmente, olho para Benjamin e percebo que ele já está sem graça.

– Ei, Garoto Dourado! Por que não se senta um pouquinho com a gente? - Sim, eu fiz: chamei-o de Garoto Dourado. Onde eu estava com a cabeça?

– E perder a diversão? - agora ele é quem lança um olhar daqueles...

– Que diversão? - este é Paul, falando de boca cheia, como todo neanderthal que se prese.

– Nada, mastigue como homem, Animal! - Eu não mereço ver o que tem dentro da boca dele, né?

– Ele é um Animal. Fato. - Jacob está mais animadinho hoje. Acho que a adrenalina de ontem o despertou. - E você também, Leah.

– Jacob? - Suhen entra na conversa. - Poderia ser mais educado com a senhorita Leah? - certo, eu quase cuspo o pedaço de sanduíche que acabei de colocar na boca. Quem esse pateta acha que é para sair em minha defesa? Até onde eu sei, fiquei mal por causa dele ontem!

– Não. - Antes que eu diga qualquer coisa em voz alta, Paul e Jacob respondem em uníssono. - Ela é um animal também. - Jacob te odeio, mas te amo, mesmo, eu penso...

Suhen fica calado depois dessa, acho que percebe que eu não ligo a mínima para as ofensas carinhosas de meus amigos, tampouco para a defesa dele. Benjamin também está calado, mas com uma expressão mais divertida.

Quando voltamos a andar, após quase uma hora de caminhada, começo a sentir um cheiro estranho. Parece ferro, maresia ou sei lá o quê mais. Olho para Benjamin, ao meu lado, e percebo que está tenso, assim como Kate e Garret. Eles se mantém em silêncio, logo eu e os lobos nos transformamos e seguimos o caminho que tomaram. Há algo errado com o ar, posso farejar agora. Se o cheiro já é forte para mim, como humana, na forma de lobo é ainda pior. Sinto náuseas só de imaginar o que pode ser, mas sei a resposta antes mesmo de ver.

Uma pequena cabana, no meio do nada, tem uma porta arrancada das dobradiças, mas o que realmente me chama a atenção é o líquido posto em poças pelos degraus que conduzem à entrada. Sangue está por todo lado, mas não chega a tocar o solo da floresta. Quem quer que morasse ali não teve a menor chance de sair. Nem sequer tocou o chão. Através de minha mente, Jacob me indica a trilha para onde os rastros levam. Consigo sentir. Apenas um único sangue-suga fez isso. E já se foi. Jacob quer que sigamos a trilha imediatamente. Suhen e Paul concordam e eu os sigo, lançando um olhar de soslaio aos nossos companheiros vampiros, que não estão entendendo nossa conversa, obviamente.

Acho que Garret entra na cabana antes de nos seguir, mas de que adianta? Não podemos fazer nada pela alma que morava ali. Benjamin me acompanha na breve corrida de dez minutos que fazemos até encontrarmos outro evento bizarro. O que vejo a seguir é mais do que jamais vira. Estão todos mortos e jogados pela clareira. Dezenas deles com olhos abertos e sem vida. Há muito sangue por todo lado. Jacob e Paul estão uivando, enquanto Suhen se transforma em Humano e se ajoelha perante a carnificina, fechando as mãos na terra, com força. Garret e Kate se mantém por perto, com feições de espanto e horror, enquanto Benjamin se aproxima de mim. Sinto o tremor começar, mas só compreendo que sou humana de novo quando percebo o manto que Benjamin joga em mim. Ele se abaixa e passa os braços ao meu redor, encostando a cabeça em meu pescoço. Sei que é uma tentativa de consolo e piedade, mas eu quero mesmo é sair dali.

Os seres que jazem sem vida não são como nós. Não no todo. São apenas lobos, em tempo integral, mas além das vidas perdidas, são também uma mensagem. Logo, estou fazendo o que toda boa garota faz sem que seja recriminada, mas que alguém como eu não tem coragem de fazer devido ao meio em que vive. Estou chorando. Soluçando, na verdade, pois não tenho lágrimas para tanto. A crueldade é algo a que estou acostumada, mas nada me preparou para isto: ser vista como uma garotinha boba pela única pessoa (ou quase isso) que me faz sentir mais forte, por alguma razão.

Continuo soluçando, até que o cansaço me vença. Logo, estamos todos prontos para seguir caminho e estraçalhar alguns desgraçados, embora eu ainda chore por dentro. Não me incomodo com a presença do Garoto Dourado ao meu lado, algo a que já estou acostumada a esta altura. Sei que ele quer ser um amigo, embora eu não entenda o porquê. Tudo o que sei é que não tenho mais forças para empurrá-lo para longe e pretendo assumir, silenciosamente, que sua presença me faz bem.

– O que acha que encontraremos agora? - eu lhe pergunto, em voz baixa.

– Honestamente? Algo ainda pior. - eu suspiro. - É como eles trabalham. Com o terror e o que há de mais doloroso para você.

– Você já havia visto algo assim antes? Lá no seu país?

– Não. Vi coisas bem ruins também, mas nada assim. Se quer mesmo saber, prefiro ver isso do que saber que estava longe quando você presenciou algo assim.

– Por que? Por que se importa? Somos tão diferentes! - Estou um pouco frustrada, mas quero realmente saber o que se passa na cabeça de Benjamin.

– Não sei. Só quero estar aqui, desde que vim do Egito. Sinto que há algo aqui para mim, mas não sei explicar. - Ele parece confuso, mas também determinado. - Na verdade, tenho certeza de que estou no lugar certo.

– Como soube o que estava acontecendo? Alice te avisou? - Bem, a curiosidade já estava me matando desde aquele dia do fenômeno esquisito, é hora de perguntar, aproveitando a deixa... percebo que ele está um pouco sem graça. Talvez com... medo?

– Aí é que está. Eu meio que...já estava aqui. - Se não fosse um vampiro, tenho certeza de que ele estaria à procura de um capacete de footbol agora, pois parece com medo... de mim!

– Como já estava aqui? Você não estava no Egito? Eu vi quando vocês se foram. E-e-eu... - Estou sem fala. Ele estava lá o tempo todo!

– Então... eu quis ficar. Precisava de tempo.

– Para quê?

– Para isto. - Ele aproveita que o grupo já estava mais à frente e me puxa por entre as árvores. Muito perto. Mais perto. Perto demais para manter minha sanidade! Seus olhos são ouro puro, mas também são fogo. Não acredito que ela vá me beijar.

Mas ele o faz. E eu não tento impedi-lo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então? Gostaram?
Se sim, visitem, comentem e sigam meu blog, por favor? :)
ssentrelivros.blogspot.com.br



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Leah E Benjamin: Amor Ou Impressão?" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.