Fundamento da Rosa escrita por DarkWasabi


Capítulo 2
Capítulo 2 – O Campo dos Trevos Desgraçados


Notas iniciais do capítulo

O segundo capítulo, e talvez um dos maiores.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/326553/chapter/2

Capítulo 2 – O Campo dos Trevos Desgraçados

Abril, 1930


A sua visão estava embaçada, começando a ganhar foco. Estava dormindo de joelhos, amarrada com muita força a alguma viga de metal. A sala era fria, e fedia a roupa suja, as paredes eram feitas de algum tecido resistente, porém com algumas manchas. Jennifer, ao notar a sua situação, começou a se debater para se soltar das cordas, mas seus esforços eram em vão devido ao fato delas estarem amarradas com muita força e com um nó cego. Ela tinha a sensação de que estava sendo observada, o que seria possível, visto que a parede tinha um pequeno buraco. Ao fazer uma pausa para respirar um pouco, ela pôde ouvir o som dos xilofones tocando três notas musicais.

- Bom dia, Jennifer. Como se sente? Que tal termos uma conversinha? – Disse uma voz infantil que parecia ser de um menino.

- Sim.

- Hmm. Boa menina. Jennifer, você sabe que esteve sendo uma garota muito má. E garotas más precisam ser punidas, não acha?

- Não! – Disse Jennifer com prudência.

- Hmm. Uma garota muito, muito má que não se arrepende, hmm? De qualquer forma, eu serei a pessoa dando as ordens por aqui, está bem?

- Sim...

- Hmm. Garota esperta. Agora, eu de darei a sua primeira ordem. Todo mês, você terá que achar um presente e levá-lo para o Clube Aristocrata. Se não fizer isso, eu te mato. Tem algo sobre isso que você não entende?

- Não.

- Não? Pois bem, não importa o que você diz. Sabe Jennifer, só há dois tipos de pessoas nesse mundo: Os que recebem as ordens; E os que as dão. E de agora em diante, eu estarei dando as regras. Injusto? Bem, querida Jennifer, nada é justo aqui.

- Você seguirá as minhas ordens, senão! – Dizia o menino começando a rir - Porque eu sou o príncipe. E o príncipe reina! Essa é a sua vida, mas você jogará sob as minhas regras. E que os jogos comecem!

De repente, uma tesoura bem afiada foi descendo vagarosamente do topo da viga até cortar a corda que prendia Jennifer, soltando-a. A tesoura subiu novamente para onde estava fora de alcance. Olhando para trás, ela viu uma vassoura com alguns gravetos amarrados a ela formando um espantalho.

Assim que a garota examinou o espantalho sem cabeça, ele suplicou: “Moça, por favor, ajude-me a achar a minha cabeça. Assim que eu ficar completo novamente, eu retornarei o favor.”.

Já do outro lado da sala, havia um balde. E quando ela examinou-o, ele suplicou: “Moça, por favor, me coloque no topo do meu corpo... no topo do espantalho sem cabeça atrás de ti. Se isso fizer, em troca eu ajudarei.”

Ao colocar o balde cuidadosamente sobre o espantalho sem cabeça, ele tremeu e finalmente falou: “Eu sou o Cavaleiro Balde, o guardião das promessas. O tempo pode ser tão cruel para mim, por ter envelhecido e não me lembrar de mais do passado. E você sabe a que eu me refiro. E eu sei que você sabe. No entanto, você não sabe no momento, nem consegue se lembrar. Recordemos nossas memórias juntos para lembrar a nossa promessa.”.

Jennifer então decidiu sair da sala da imundice para entender do que aquele menino estava falando no começo. Ao sair, ela reparou que não estava mais no orfanato, era um lugar muito diferente. Havia um corredor com diversas portas, todas elas trancadas, exceto uma que tinha uma placa dizendo: “Setor 8: Escadaria”. Jennifer subiu ao andar superior, o que parecia ser o Setor de Primeira Classe comparado às outras partes do lugar. Do lado da porta em que ela tinha acabado de abrir tinha um papel colado à parede com fita adesiva, era um cartaz enorme escrito com giz de cera vermelho:

Rank Social

Classe Refinada

Duquesa – Diana

Condessa – Eleanor

Baronesa – Meg

Classe Baixa

Pobre – Amanda

Mendiga – Jennifer

E em frente a esse cartaz, no mesmo corredor, havia uma porta com uma caixa de correspondência fixa a ela com tábuas e em cima uma folha de papel que dizia com letras de forma com giz de cera vermelho: O PRESENTE DESSE MÊS: UMA BELA BORBOLETA. UMA POR PESSOA

Jennifer estava impotente e se perguntava onde ela acharia uma borboleta, se não achasse, morreria. Mas antes que ela pudesse se afastar muito da porta, uma voz que vinha de trás dela disse: “Me dê uma bela borboleta, uma por pessoa. Isso é claro? Sem presente, sem entrada. Dê-me uma borboleta... Dê-me uma borboleta. Encontre uma e você será convidada a se juntar ao Clube Aristocrata.”

Com medo, decidiu se afastar. Quando ela se virou, duas meninas que estavam observando-a saíram em correndo porque foram notadas. Indo pelo caminho oposto delas, no corredor que era perpendicular ao que estava, foi parar em frente a uma janela bem larga.

Olhando através da janela, a menina infortunada viu que estava acima das nuvens. O dirigível lentamente nadou no céu carregando a menina indefesa dentro...

Jennifer queria apreciar a vista da janela, mas lembrou-se da tarefa que tinha que fazer e pensou como seria difícil achar uma borboleta sendo que ela não estava em terra firme. Nesse corredor havia uma porta que levava à biblioteca, mas ao tentar abrir, uma criança pálida gritava e empurrava-a para trás. E em frente a essa porta, havia a “Sala dos Doentes”. Dentro dela, tinha uma cama pequena para ser de uma criança. E na parede, um desenho de crianças segurando um peixe gigante voador com uma corda, e em cima do peixe, mais crianças felizes. Do lado dessa sala, a enfermaria. E lá, havia duas pessoas, uma menina muito triste olhando para baixo e um idoso que não tirava os olhos dessa menina.

Com pressa, Jennifer foi voltando para procurar a borboleta, e ao chegar ao corredor do quarto da imundice, viu uma pequena borboleta morfo azulada que, ao ouvir os seus passos, se levantou e voou para uma direção desconhecida para Jennifer. E seguindo a borboleta correndo, uma menina rechonchuda com cachos louros. Indo em direção daquela garota, havia um garoto observando de um lado ao outro e, ao notar Jennifer, se apressou e bateu a porta na cara dela. Essa porta levava ao Setor Nove: Área da Turbina.

Nessa área, havia uma turbina enorme e extremamente barulhenta, e do lado dela, um cachorro preso ao teto com uma corda. Ao se aproximar dele, Jennifer podia notar que ele estava muito amarrado, até os olhos estavam vendados. Ela deveria achar algo afiado para cortar tudo aquilo se quisesse salvá-lo. Sem nada para cortar e ajudar o pobre cão solitário, a única coisa que ela podia fazer era ficar parada e assistir o coitado contorcer-se. “Quem faria tal crueldade ao animal tão indefeso?”, ela se perguntava. “Então é isso!”, pensava Jennifer, A tesoura que cortou a corda dela poderia ser usada para cortar as cordas do cachorro. Mas antes, ela deveria se certificar de que aquela menina rechonchuda não pegasse aquela linda borboleta antes dela. Prosseguindo ao setor 10, a cabine da tripulação, ela pôde ver uma bela menina com lisos cabelos ruivos e olhos azuis. Sentada em uma mesa com garrafas de vinho tinto ela olhou com um olhar penetrante para Jennifer. E do lado dela, a garota rechonchuda saia de uma porta e entrava em outra perseguindo a borboleta.

A menina infortunada conheceu Diana, a Princesa petulante. Assim que ela reuniu coragem para falar com a Princesa, Diana praguejou: “Ela é tão azucrinante!”.

Jennifer decidiu prosseguir antes que perdesse sinal da garota e da borboleta. A porta em que ela tinha entrado dava ao Terceiro Corredor dos Passageiros. Lá, bem ao lado da porta, tinha uma enorme escada para subir. Mas não era isso que chamava a atenção de Jennifer, mas sim, uma menina chorando. Um choro inquietante que vinha de cima da escada. Mais ou menos no primeiro degrau da escada, havia uma moça de meia idade, um pouco acima do peso com cabelos e olhos castanhos esfregando o chão de madeira.

A menina infortunada conheceu Martha, a Rainha da limpeza. A Rainha encarou Jennifer como se ela fosse mais imunda que a própria que a sujeira.

Quando se aproximou de Martha, ela disse: “Do que você está rindo, jovem senhorita? Desgraçada imunda...”. Com tais palavras, Jennifer subiu as escadas para ver quem chorava tanto.

No topo da escada, uma menina chorava ajoelhada em frente a uma borboleta verde morta no chão, as suas asas estavam um pouco rasgadas. A menina sem parava de chorar de jeito nenhum.

A menina infortunada conheceu Olivia, a Princesa chorosa.

Sendo que nada que Jennifer fizesse para tentar consolar Olivia funcionasse, ela decidiu pegar a borboleta que estava na frente da princesa. Antes que ela pudesse alcançar a borboleta, Olivia lançou um garfo com força, quase acertando a mão de Jennifer. Com ódio, e já sem estar mai chorando, diz: “Você merece ser devorada.”. Logo depois disso, ela sai lentamente descendo as escadas. Porém ela havia deixado o garfo de sobremesa encravado na borboleta. Jennifer, com curiosidade, pegou os dois objetos. Ela queria entregar a borboleta morta mas tinha a impressão de que não seria aceita.

Agora Jennifer tinha reparado sobre aquele andar, ele tinha quatro portas, e uma cômoda. Em cima dela, um objeto que se parecia com uma folha de trevo, só que a parte de baixo parecia que estava quebrada. Estranho, nessa sala havia quatro portas, todas trancadas. Mas cada uma com um símbolo diferente desenhado com giz verde. Uma com um trevo de uma folha, uma com um trevo com duas, outra com três a do canto, um trevo de quatro folhas.

Sem poder prosseguir para as salas dos trevos, ela decide voltar para a sala da imundice e pedir conselhos ao Cavaleiro Balde. No Setor Oito, o da sala da imundice, ela ouviu um choro bem baixo vindo do meio da sala. Jennifer foi olhar mais perto para ver o que era uma criança agachada chorando, porém essa criança parecia diferente das outras, essa era careca e pálida demais. Parou de chorar quando ouviu os passos de Jennifer, virou-se para ela e a face era de uma criança com buracos no lugar dos olhos, cheia de rugas, sujeira, e um rosto totalmente desfigurado. Aquele diabinho foi correndo para cima dela mancando enquanto sussurrava palavras impossíveis de entender e tentando correr o mais rápido possível. Quando chegou perto suficiente, ele pulou e ficou agarrado a ela. Jennifer empurrou o diabinho no chão e antes que pudesse agarra-la novamente, ela lançou o seu garfo de sobremesa no bicho, fazendo com que ele sangrasse um liquido viscoso rubro que secava rapidamente e caísse no chão desmaiado, dando tempo dela fugir pela porta mais próxima, que era a Escadaria do Setor Oito.

Uma leitura em voz alta feita por uma criança pode ser ouvido fracamente... A menina infortunada escutou.

Jennifer subia as escadas dessa sala, porque a voz ficava cada vez mais alta. Ela entrava no Setor de Primeira Classe novamente enquanto ouvia a leitura.

“Era uma vez, uma menina infortunada.”, dizia calmamente. “Tudo o que ela queri- Tudo o que ela queria era ser feliz. Então, ela foi ao cam-campo de trevos. Ela a-achou um trevo de uma folha...”. Nessa hora, andando, Jennifer já estava em frente à porta dos presentes, onde a voz já tinha parado. Ela decidiu apostar na sorte mesmo e oferecer a borboleta morta como o presente do mês.

A porta da caixa de presentes disse à menina infortunada:

“Você chama isso de uma borboleta bonita? Você é cega? Dê-me uma bela borboleta, bela borboleta, e então você será convidada a se juntar ao Clube Aristocrata...”.

Nesse instante, uma gaveta devolvendo o presente de Jennifer de volta para ela. E atrás dela, as duas que estavam ouvindo-a saíram correndo rindo, porém deixando cair um item brilhante. Era uma chave, só que sem a parte de cima. E a tal se encaixava com aquela folha meio quebrada que havia achado. Com a lógica de Jennifer, essa chave abriria a porta do trevo de uma folha.

Feliz, mas um pouco relutante, Jennifer volta para a escadaria. E ao abrir a porta, ela se depara com um homem não muito velho, curvado, usando uma boina marrom escura segurando um livro em sua frente, como se estivesse oferecendo-o para ela. Ela nunca tinha visto-o antes. O livro se chamava: “O Campo dos Trevos”.


O Campo dos Trevos

Era uma vez, uma menina infortunada.

Tudo o que ela queria era ser feliz.

Então ela foi ao campo dos trevos

Ela achou um trevo de uma folha,

Mas ela o deixou cair no caminho.

Ela achou um trevo de duas folhas,

Mas ele escorregou para as sombras.

Ela achou um trevo de três folhas,

Mas uma bruxa o escondeu.

Ela queria achar o trevo de quatro folhas,

Mas ela era infortunada demais.

Quando Jennifer tinha acabado de ler, o homem já havia sumido. Voltando ao Setor Oito, aquela criatura não estava mais lá, para a sua sorte. Prosseguindo, uma porta antes da sala da imundice, sair um garotinho saltitando dali para o Setor Nove, deixando a porta que estava trancada, escancarada. Ela levava a algum tipo de sala de transmissão, e na parede em direção ao quarto da imundice, tinha um desenho de um gato feito com giz branco e um dos olhos do grande gato era um buraco, um buraco que dava para ver exatamente quem estava amarrado na sala. E bem ao lado, um botão vermelho na parede. Jennifer apertou-o com curiosidade e ouviu um barulho irritante e familiar vindo da sala da imundice. Rapidamente olhou pelo olho do gato e viu a tesoura descendo vagarosamente. Ela foi correndo pegar a tesoura e cortar as cordas do cachorro.

Assim que a menina infortunada examinou a tesoura, ela falou de repente:

“Nenhum agradecimento é necessário... nenhum... Você poderia estar melhor se estivesse vinculada do que ser livre para sentir a dor. Tão amedrontador!”.

A situação de Jennifer, de alguma forma, parecia estar melhorando. Ela pensava sobre isso enquanto chegava ao Setor Nove, Turbina, onde o cachorro estava localizado. Olhando para ele novamente, ela teve vontade de chorar ao ver o pobre cão chorando e lutando para sair.

O cachorro estava totalmente sozinho, preso ao teto com cordas. A menina infortunada cortou as cordas com a tesoura enferrujada e libertou o cachorro. Livre do cativeiro, o cão parecia bastante feliz. No entanto, o cachorro ficou ali e não se mexia. Ele olhou para a menina como se quisesse algo, esperando por sua reação.

Então Jennifer se lembrou de um objeto em que ela tinha pegado há um tempo, antes de entrar no orfanato, a coleira canina. Ele ficou cheirando a coleira e tremendo de medo enquanto ela colocava-a perto do seu nariz. Ela olhou para a parte de fora da coleira e estava escrito de lápis o nome “Brown”. Ao dizer essa palavra, o cachorro latia de volta abanando o rabo com a língua para fora. Sorrindo e acariciando-o gentilmente deixava-o mais feliz, Jennifer colocou a coleira no pescoço de Brown, desse momento em diante, ele estava disposto a segui-la e protegê-la. Além disso, ele farejava objetos para ela.

Jennifer pegou uma lata de biscoitos e mostrou para Brown farejar, cheirando o chão, ele conseguiu achar dois biscoitos que ela nem tinha reparado. Ela falou: “Vá.” Para ele achar mais, porém ele só abaixava a cabeça e fazia um som triste, talvez porque não deviam ter mais biscoitos por ali.

Jennifer entrou sem querer em uma porta que não era exatamente onde ela abriria a porta de um trevo, nessa sala, o galinheiro, havia uma menina de cabelo liso, preto e curto, ela segurava uma gaiola com um pássaro vermelho dentro dela.

A menina infortunada conheceu Eleanor, a Princesa fria como gelo. Dentro da sala acre, a Princesa encarou-a friamente e disse: “Sim, ela é azucrinante.”.

Curiosa, para saber o que havia nas outras salas, Jennifer decidiu explorar um pouco. Ela entrou em uma sala com um curral, com um porco e dois bodes tremendo. Na jaula dos bodes, dois nomes escritos: Mary & Sally. E bem no cantinho agachada acariciando um coelho filhote, havia uma menina de vestido e chapéu branco, e com o cabelo louro e liso.

A menina infortunada conheceu Wendy, a Princesa solitária. A princesa viu que a menina estava confusa, então ela sorriu gentilmente e disse tossindo:

– Você é a menina nova, não é? Eu sou Wendy, bom te conhecer.

Essa tinha sido a única fala gentil desse tempo todo, e a única que fez Jennifer não perder a esperança e ter na sua mente o pensamento de que estava com sorte. Ela então teve uma ideia, deu a chave de um trevo para Brown farejar. Andando e cheirando o chão ele levou-a até a escadaria que levava às salas com os desenhos nas portas. Quando chegou a esse lugar, algo estava diferente, a faxineira não estava mais limpando o chão quando de repente, “AAAAAAAAH!!! Me AJUDE! ”. Gritava Martha sendo arrastada por vários diabinhos pela perna. Para fazer com que ela parasse de gritar, algum deles batia nela com vassouras de madeira enquanto os outros a arrastavam para dentro de uma das salas dos trevos. A porta se bateu e um barulho alto de dentro dela pode ser ouvido por Jennifer.

Ele ficou farejando e ficou arranhando com as unhas grossas a porta com o desenho de um trevo de uma folha. Jennifer usou a chave que tinha para abri-la. “Mas o que é isso no meio do chão? Um chapéu?”, perguntava para si mesma. Na verdade era o chapéu usado de Martha, acusada de ser uma bruxa. Talvez tivesse caído enquanto as crianças a levavam. Ela pegou o chapéu e entrou na sala.

E lá era uma sala enorme com vários corredores, como um labirinto, e cada um com diversas portas, o que chamava atenção de Jennifer era um menino com roupas meio velhas com o ouvido na porta como se estivesse tentando ouviu alguma coisa de lá.

A menina infortunada conheceu Nicholas, o Príncipe desleixado. Com um ar de irritação, o Príncipe mostrou a sua língua e resmungou para ela: “Você? Vá embora! Vá embora! Eu sou a sombra... eu sou a sombra.”.

Colocando o pedaço de folha de trevo para o cachorro farejar, ele encontrou um objeto que estava debaixo do tapete, bem atrás do Príncipe. Era a chave de um trevo, só que o segundo parecia estar faltando. Por acaso, se encaixada exatamente com aquela folha que o cachorro usou para farejar, formando assim, a chave de dois trevos. Assim que ela adquiriu a chave, Nicholas saiu em disparada segurando o seu chapéu para não cair.

Voltando ao corredor das portas dos trevos, ela viu a porta de dois trevos, e em frente a ela, um banquinho que parecia ter sido derrubado. Mais uma vez, dentro da sala, parecia um labirinto com inúmeras portas. Jennifer deu o chapéu de Martha para o cachorro farejar, e ele achou uma porta que estava destrancada, a Sala Nove. Dentro dela, estava muito escuro. O cachorro latia para o que parecia ser um pano de chão que tinha um cheiro horrível.

Na sala escura, o ocupante desconhecido disso com uma voz estridente:

“Eu era uma bruxa magnífica. Mas agora, eu não sou nada alem de uma desgraça sem poderes. Lixo e poeira... Minha preciosa, preciosa chave. Eu a escondi secretamente. Eu a escondi em um lugar puro e sujo. Eu a escondi secretamente. Seus olhos não conseguem achá-la. Você é verdadeiramente uma pobre menina infortunada...”.

Com muito medo, ela decidiu sair daquela sala escura. E ao sair, em um dos corredores, a garota rechonchuda corria loucamente. Jennifer queria segui-la, mas o caminho para aquela parte estava bloqueado com camas e cadeiras empilhadas. Voltando à escadaria, ela fez com que Brown farejasse o pano de chão que ela havia pegado, ele finalmente levou-a ao Setor de Manutenção, com várias paredes feitas de um tecido grosso. Lá, Brown mordeu e rasgou um deles, mostrando um lugar onde Jennifer nunca teria imaginado que existia. Um pote vazio de mingau, e dentro dele uma chave. A chave com três folhas.

Voltando para a porta, ela abriu a terceira. Dentro do labirinto de portas, ela pôde ouvir uma voz de menina. Ao seguir a voz, ela encontrou uma porta que tinha luz vinda de dentro dela. Jennifer, ao olhar pelo buraco da fechadura, viu a menina rechonchuda segurando um mostruário com apenas uma borboleta dentro dele. Quando Jennifer entrou e se aproximou dessa menina, ela se agachou sobre o mostruário, assegurando de que ninguém pegasse aquela última borboleta.

A menina infortunada conheceu Amanda, a Princesa do coração pequeno. O rosto redondo da princesa teve grande importância enquanto ela falava com a menina: “Eu achei essa borboleta! É minha. Eu não a darei para você! Eu não vou perder para você!”.

Ela respirava com muita força, mas Jennifer viu que não teria chance de convencê-la para lhe dar a borboleta, então deu meia volta. Assim que ela saiu, Amanda saiu logo atrás com a sua linda borboleta, que parecia uma mistura de borboleta monarca e olho de coruja, na mão, orgulhosa do que tinha achado. Mas ao mesmo tempo, triste por Jennifer. Cercada de culpa, ela foi embora correndo.

Mas Jennifer ainda não havia desistido. Pegou o mostruário e fez com que Brown farejasse-o. Ele levou-a para o fim do corredor, onde havia a grande janela com vista para o céu. Mas no canto da janela, descansando, a brilhante borboleta azul estava ali. Mas antes que Jennifer pudesse pegá-la ela voou, e Brown ia atrás a seguindo. A borboleta saiu pela porta que Amanda tinha deixado aberta e parou para descansar na parede do salão das portas dos trevos.

A menina achou a bela borboleta azul.

A borboleta notou a presença de Jennifer e começou a voar para um lugar mais longe, enquanto isso, a porta da sala de dois trevos estava se abrindo lentamente...

Essa borboleta iria certamente fazer um presente satisfatório.

A borboleta subia mais alto, enquanto isso, crianças batiam na cabeça de Martha torcendo o seu pescoço, ela já não se movia mais, e a porta se abrindo lentamente...

Tudo o que ela precisa fazer é pegá-la e levá-la para a caixa de presentes

A borboleta chegava a um lugar mais quentinho, enquanto isso, as crianças varriam Martha para debaixo da cama, e a porta agora estava quase aberta.

Um sussurro que aumentava o tom de voz dizia repentinamente: “Coloque papel usado na lata de lixo, e a roupa suja, na Sala da Imundice.”.

A borboleta finalmente chegou à lâmpada, e sem aguentar o calor, morre queimada, caindo lentamente no chão.

“O Cão Errante nos dá doces...”

Uma vassoura começava a sair de dentro dessa porta se abrindo, enquanto a porta estava totalmente aberta. Mais portas se abrindo com vassouras para fora espetando algo acontecer.

“O Cão Errante sequestra crianças...”.

“As crianças que não limpam serão punidas.”

“Olá meninos e meninas, é hora da limpeza.”

Jennifer e Brown olhavam para todos os lados enquanto a borboleta chegava mais perto do chão, e os pezinhos pálidos das crianças saíam das portas com suas vassouras de madeira. Eram dúzias delas tentando varrer a borboleta. Mas Jennifer correu se jogou no chão agarrando a borboleta antes que pudesse ser varrida pelas crianças. Um dos diabinhos levantou a vassoura bem alta para bater em Jennifer enquanto estava caída, mas antes que pudesse fazer isso, Brown mordeu a sua perna. Dando tempo dela se levantar e fugir com o cachorro, e as crianças atrás deles mancando e caindo da escada.

Os dois correndo para chegar o mais rápido possível no setor de primeira classe para entregar essa borboleta e ao chegar lá, as crianças haviam parado de segui-las. Como se fossem proibidas de entrar naquele setor. Ao olhar para a porta dos presentes, viu Amanda sendo puxada para dentro e a porta batendo. Jennifer finalmente fez sua oferta. Depois de entregar a borboleta, ela pôde ouvir vozes vindas de dentro da sala falando:

- Eu não sei...

-Oh, por que não?

-Que?!

-Não!

-É a primeira vez dela.

-É. ela é nova.

-Então, passa?

Nesse momento, um cantinho da porta se abria e Jennifer, foi lentamente olhar como era lá dentro, mas antes que pudesse prestar atenção, alguém do setor de primeira classe a chutou para dentro, fazendo com que ela caísse de cara no chão. Assim que ela recuperava forças para olhar, ela se assustava com o que tinha diante dela, era um grande altar, parecido com o que ela tinha visto no orfanato, só que esse cheio de velas, rosas e em cada mesa, uma menina sentada. Todas elas estavam. Diana de cabeça baixa, Amanda tremendo, Eleanor acalmando seu passarinho, Olívia, as meninas que a espiavam, uma loura de óculos, Meg, e a menina de cabelo castanho, Susan sentada ao lado de Olivia.

E no topo de todas elas, uma boneca de porcelana com um vestido vermelho. A menina que estava no meio, com um livro em sua frente disse em voz alta: “Senhoras e senhores, bem-vindos ao Clube Aristocrata. Agradeço a todos pela sua presença aqui hoje.”. Depois da fala, Diana, se aproximava de Jennifer com uma cara de raiva, mas que se transformava em um sorriso vil. Calmamente, fez uma reverencia com o seu vestido e se ajoelhou para chegar mais perto dela que ainda estava caída no chão. Acariciando o seu rosto suavemente, levantou-o para olhar nos olhos de Jennifer enquanto mudava a sua expressão facial para irada enquanto dizia:

- Você é uma desgraça. Nada! Pior que nada! – Dizia Diana, balançando a cabeça de Jennifer com as duas mãos.

- O seu presente não vale NADA! – Gritou a menina jogando Jennifer no chão

Enquanto Jennifer se levantava, Diana sorria, mas não de felicidade, enquanto falava cantando: “Aman-daaa!”. A pobre menina rechonchuda se aproximava de Diana tremendo e roendo as unhas quase chorando. Diana a consolava com a mesma cara de má de antes acariciando a cabeça de Amanda. De repente. As meninas começavam a bater palmas em um ritmo, em cada palma, elas diziam “Amanda”, colocando pressão nela. Diana deu então uma vassoura sem a parte de baixo, somente a madeira, e na ponta, uma ratazana enorme amarrada com fios de barbante. Ela deveria esfregar o rato no rosto de Jennifer como punição de não ter achado um presente adequado. No fundo, ela não queria fazer isso, mas foi obrigada. Quando o rato cinza chegou à face de Jennifer, ele começou a colocar as suas patinhas rosinhas dentro do nariz dela, fazendo com que ela desmaiasse.

Quando a menina infortunada acordou, ela estava de volta na sala estranha. O menino com roupas brancas no topo do altar olhou para baixo com olhos sábios e falou com ela.

-Bem? Agora você se lembra de que garota má você foi? Você não lembra ainda, não é? Bem. Você fez muitas coisas, muitas coisas más. Você terá que se lembrar aos poucos! E quando você lembrar que garota má você foi, esse jogo terminará. Agora pegue o seu cachorro imbecil e continue com o nosso pequeno jogo, querida Jennifer. – Disse o menino rindo do rosto dela.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do Cap.2

Tenho certeza de que o Cap.3 vai demorar menos para ser lançado.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Fundamento da Rosa" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.