Em Meio Ao Caos escrita por Ju


Capítulo 2
A little bit of her life


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores! Acho que nesse capítulo vocês talvez comecem a ter alguma ideia de como ela se sente, como era a vida dela e de que mesmo ela tendo passado pelo o que ela passou, ela é só uma garotinha indefesa que precisa de ajuda na vida.
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Espero que gostem do capítulo e aproveitem que daqui a pouco vou demorar um pouco mais pra postar porque to voltando às aulas, triste.
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Aproveitem!



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Continuei meu caminho como se não tivesse visto nada no corredor e simplesmente me dirigi até o elevador colocando meus fones e pegando Woody no colo.

Chegando ao térreo percebi que o sol estava ainda somente de um lado da rua, devido aos prédios, agradeci a um Deus um pouco inútil que fazia festas com pessoas boas que ele tinha levado cedo demais, por isso. Saí na rua e Woody começou na hora com seus xixis intermináveis marcando território. Ele tinha uma ótima bexiga. Andei com ele até a primeira esquina do quarteirão, encontrei a velhinha que sempre estava ali sentada em sua cadeira de balanço bebendo um chá que parecia ser de boldo ou hibisco. Não consegui ver a cor dele. Eu gostava de chás, era uma coisa que eu tinha costume de beber antes de dormir. Antes de as coisas se complicarem.

Senti Woody me puxando para o outro lado da rua e segurei a coleira dele com mais firmeza, olhei para onde ele queria ir e vi um garoto mais alto com eu com uma beagle muito fofa em seu colo. Chamei a atenção de Woody e vi um olhar de cachorro sem dono em sua face de cão. Ignorei, afinal, ele me tinha como dona. Continuei meu trajeto e virei a próxima esquina. Encontrei o garoto que tinha flores no quintal. Eles achavam a vida tão bonita de se viver, tão incrível a ponto de plantar flores no quintal? Essa alegria toda me irritava. Além do fato de que eu era alérgica a pólen. E aquela casa além do quintal enorme tinha árvores, e água para beija-flores . Eu odiava beija-flores. Me lembrava minha vida antiga, ir ao parque com Allan. Respirar o ar fresco, ficar na expectativa de acontecer algo realmente diferente aquele dia.

Allan era o garoto que eu era apaixonada antes de as coisas ficarem uma droga e depois disso quando eu achei que ele seria o único que estaria ali pra me ajudar a passar aquele momento ele simplesmente virou as costas e as vezes virava para me olhar com o olhar acusatório. Agora eu o odeio. Ele também nunca gostou de mim, porque eu sou feia, e gorda. E tenho meus joelhos defeituosos. E sou irritante porque fico sempre falando isso. Eu tenho consciência disso, mas é a verdade. Por quê insistem em dizer que não?

Continuei andando com Woody pelo quarteirão, depois da velhinha do chá e o garoto do pólen tinha uma pessoa que me agradava. Eu ainda não sabia quem era, mas era alguém com o mesmo gosto que eu pela arquitetura. A casa era feita em estilo eclético, dando foco aos estilos americano e colonial. Tinham florezinhas da frente da casa, mas era apenas um vasinho, não como o garoto do pólen. Uma bicicleta se fazia presente no quintal e aparentemente tinham crianças ali. Eu queria ter aquela vida.

Minha música favorita começou a tocar alto em meu fone, a última coisa que eu queria fazer era dançar no meio da rua, então comecei a cantarolar. Em dias normais eu teria simplesmente ignorado e cantado ela internamente, mas hoje o dia estava diferente. Woody estava engraçadinho e o sol até que me estava fazendo bem. E pensar na família que morava na casa bonita também ajudava bastante a imaginar que ma vida feliz me aguardava.

Comecei a cantarolar a música baixinho e segundos depois estava fazendo as mesmas batidas em minha pernas. Comecei também, sem perceber, a andar no rítimo da música e quando vi já estava cantando e dançando. Fui assim até próxima esquina, então fui girar no último refão e “pá”. Havia esbarrado em alguém.

–Oh, santo Deus. –Falei e depois me lembrei novamente do Deus fazendo festa com Kurt.- Me desculpa, eu estva só...

–Dançando? – Perguntou a pessoa retoricamente rindo de mim.

–É, exatamente. – Respondi seca olhando agora em quem eu tinha esbarrado. Era o garoto da pequena beagle. Ele tinha cabelos castanhos e olhos da mesma cor que os meus, só que alegres. Do jeito que os meus foram um dia.

–Calma, que bom que você ta mais feliz, Tava melancólica na outra rua. –Disse ele ainda parado em frente a mim.

–Ótimo, então. Tchau, com licença. –dito isso saí e repus meus fones, mas não sem antes ouvir um “eu ainda não sei seu nome!”.

Eu não queria fazer amizade com ninguém no momento, e nem conhecer ninguém. Estava bem sozinha, depois de tudo desandar e perder Anne, Allan, Louis, Katherine, Ed e o resto dos meus amigos, eu não via mais sentido naquilo.

Cheguei a portaria de meu prédio exatamente ás 10:38am. Meu pai ainda teria um tempinho comigo para falar sobre a maldita escola. Onde iria ter que fazer amigos, trabalhos em grupo e consequentemente socializar com o resto da classe, eu não era boa em socializar. Nunca fui.

Pensar sobre a conversa que meu pai queria ter comigo no elevador não ajudou muito a me deixar com um bom humor, abri a porta de meu apartamento e tirei a coleira de Woody, que correu por um pouco de água. Sentei-me à frente de meu pai na mesa e ele parou de ler a última página de seu jornal para falar comigo.

–Então, Rose. Você já sabe em que escola te matriculamos?- Disse ele dando início a conversa.

–Não. – Respondi pegando uma maça que estava na mesa.

Então, te matriculamos no St Paul's High School. Fica aqui perto e você pode ir a pé também. O que acha?- Pediu dando a entender que realmente estava preocupado com isso.



–Acho ótimo pai. Ótimo. – Disse fingindo estar mesmo feliz, eles não mereciam ficar me aturando com tudo o que eu não estava gostando ultimamente. Pelo menos meu pai, não.



–Continuando, filha. Precisamos comprar seu material escolar, uniforme e você precisa de roupas novas. Vou amanhã mesmo te mostrar onde fica a escola e você não vai reclamar. E eu vi que você deu somente uma mordida na maça. Coma pelo menos um pouco. Você está ficando muito magra. – Disse ele me analisando.



–Tudo bem, mas não vou fazer compras. – Disse indo para meu quarto novamente. A vontade de deitar na cama me consumia e eu não conseguia imaginar uma hora para sair dela. Seria mais um dia no quarto, deitada na cama.



Corri para meu armário, guardei meu tênis em seu devido lugar e me deitei. A calma finalmente começou a chegar e eu percebi porque aquele garoto da rua era tão irritante e chamativo ao mesmo tempo. Ele lembrava-me de Allan. Aquele cabelo e os olhos. Olhos quentes que passam calma e os cabelos fazendo cachos perfeitos. Fazia tempo que não via Allan e o último contato que tive com ele ainda aparece em minha mente como se não tivessem se passado nem 30 minutos. “Você não ficou lá.” Disse ele jogando novamente em minha cara o meu erro. “Você fugiu! Você é uma covarde! Eu te odeio. Ela não merecia aquilo”. Eu concordava com todas as partes, mas ela também correu. Ela também tentou!



Hoje era o dia que marcava um mês desde o dia em que tudo deu errado, uma coisa boa virou um desastre e a vida ficou uma verdadeira merda. Fazia um mês. Um mês que as pessoas que diziam me amar viraram-me as costas e me abandonaram, jogando-me coisas na cara ao invés de me ajudar. Eu também estava sofrendo! Mais do que todos eles!


Allan era o que mais me machucava, pois eu sempre tinha sido completamente apaixonada por ele. E ele me considerava sua amiga. Ele gostava mesmo dela, é. Essa é na verdade a história da minha vida, gostar de alguém que te menospreza e que te considera somente a amiga e mais nada. Que te acha a gordinha feia da escola. Talvez fosse por isso que minha alto estima fosse tão baixa. Nunca se sabe.


Minha cama me acolhia como os braços protetores dele, o que me assustava, porque mesmo ele não gostando de mim ou qualquer coisa do tipo ele ainda assim me passava toda a segurança que eu precisava. E o aniversário dele viria, e eu não poderia desejar um bom aniversário, brincar que ele estava ficando velhinho e nem... É, entendido.


E então eu dormi, tive meu pesadelo, acordei e passei a tarde toda assim, tendo sonhos ruins e acordando desesperada. Os sonhos nunca terminavam do mesmo jeito, e hoje estavam particularmente mais cruéis. Escutei minha mãe me chamando pedindo que eu fosse almoçar mas não quis, depois escutei novamente ela me chamando para comer algo já que eram setre horas, mas nada impedia meu ritual de pesadelos.


Acordei novamente aquele dia às cinco da manhã, minha garganta estava seca novamente e eu sentia a necessidade de comer algo. Fui até a geladeira e peguei todos os potes com o resto da comida do jantar. Comi até a barriga doer.Estava horas sem comer e sabia que aquilo obviamente me faria mal depois, mas estava bem no momento.


Voltei a meu quarto e comecei a ler meus livros, meu refúgio do mundo exterior, quando as coisas me faziam mal e tudo o que eu via eram sugadores de energia andando por aí dizendo se importar com você. Eu queria que minha vida fosse como nos livros, uma aventura onde mesmo em meio aos desastres, mortes e tudo que pode acontecer em uma triste, porém, linda história, o fim sempre acaba sendo bom para os que sobram. Sempre acontece algo que realmente vale a pena todo o sacrifício e dor. Só isso mesmo para passar a minha dor.


Angie era o nome da garota que eu lia sobre em meu livro. Nós tínhamos muito em comum, menos o final feliz. Ela conseguia ficar com o verdadeiro amor da sua vida quando tudo deu errado. Ele apareceu lá por ela quando ninguém mais estava presente. E Allan tinha feito o contrário. Ele foi embora.


Fui ao meu computador que não via há tempos. Allan estava tendo algo com Louis, Katherine estava viajando e Ed estava sentindo saudades dela. Ninguém se lembrava de mim. Excluí minhas redes sociais onde os únicos que deixavam algo para mim eram pessoas maldosas que gostavam de me deixar pior e me sentir mais culpada. Eu já deveria ter excluído aquelas coisas faz muito tempo. Então simplesmente apertei em todas as páginas abertas o botão “deletar minha conta”. Fechei meu computador e voltei a dormir, depois de dormir o dia todo não havia sono em mim, fiquei pensando naquele garoto. O da pequena beagle.



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Notas finais do capítulo

Então, gostaram do capítulo? Quem vocês acham que vai ser pra história "o garoto da beagle"?
Comentem, e leitores novos, sejam bem vindos!



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