A Caçadora escrita por Messer


Capítulo 8
Tristeza


Notas iniciais do capítulo

Pelo amor de Hades, me desculpem pela demora! Espero que gostem. Veremos se eu sei escrever drama :D



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Ela o estava observando atentamente.

Seus olhos dourados, que estavam escurecidos pelo ambiente. Seus cabelos castanhos claros, com mechas mais escuras, estavam bagunçados, com vários fios caindo em sua testa, que estava fracamente franzida. Seu rosto angular, que estava levemente tombado para o lado, completando a expressão de preocupação, os lábios finos e claros tensos.

Mary estava se prendendo nos detalhes dele. Ele estava abaixado, com uma das mãos na calça jeans escura. Usava o mesmo casaco polo, só que agora com uma blusa preta ao invés da azul. Ele estava tão perto dela, que podia sentir o leve cheiro de sabonete e metal.

– Você está bem? - Ele perguntou novamente, franzindo mais a testa, deixando os olhos dele em fendas. E isso a fez cair em si.

Ela se jogou em cima dele, abraçando seu pescoço e desequilibrando-o. Ambos caíram no chão, e Mary estava chorando em seu ombro. Ela o abraçava com uma força imensa, como se ele fosse o último ser humano na face da Terra. Seus olhos estavam embaçados, as luzes da cidade que se podia ver através das plantas, desfocadas.


John não entendeu o que havia acontecido. Só sabia que ela estava abraçando-o, e devolveu o carinho, com seus braços envolvendo-a. Ele acariciava as suas costas, uma forma silenciosa de consola-la. Não sabia o que estava acontecendo, mas ele podia sentir as lagrimas da garota molharem sua pele. A postura de Mary era realmente brava, e, mesmo a conhecendo tão pouco tempo, ele sabia que algo horrível havia acontecido.



O garoto estava procurando ela, para conversar. Havia passado de quarto em quarto, mas só viu Quione. Então, desistindo, resolveu ir até lá em cima, para ver o céu. E a viu lá, encolhida.


Seus olhos estavam arregalados, de uma cor de pedra. Os longos e claros cabelos estavam arrumados em uma trança, e a roupa preta a fazia parecer uma cabeça boiando no nada. Ela tinha enormes e roxas olheiras, e a pele estava pálida, num tom claro de azul, e ela parecia um morto.

Então ela pulou em cima dele, e o pegou totalmente desprevenido. Ele tombou para trás, e sentiu os braços dela em torno de seu pescoço. Ela tinha um cheiro forte de café e menta.

– Ei - ele sussurrou em seu ouvido -, vai tudo ficar bem.

Ela balançou a cabeça negativamente, ainda enterrada em seu ombro.

– Não, não vai. - Ela estava com a voz rouca e abafada, mas John ainda sim percebeu a tristeza. Depois disso, ele ficou calado.

Nenhum dos dois ousou se mexer ou falar algo. Ele estava vendo o céu vazio da metrópole, uma cor de azul chumbo. Lá não se dava para ver as estrelas, por mais que ele tentasse. O mais perto que um dia já chegou foi ver um helicóptero.

Depois de longos e torturosos minutos, Mary se mexeu. Ela se arrumou em seu ombro, virando a cabeça a ponto de ver seu rosto. Os olhos estavam vermelhos, a expressão horrível. John quase teve vontade de chorar, só de ver aquilo. Era de quase luto. Os olhos continuavam cor de pedra, com seus lábios cheios e nariz pequenos, formavam uma triste modelo, exceto pelas olheiras que manchavam o seu rosto claro.

– O que aconteceu? - John sussurrou, delicadamente. Ela parecia frágil como papel.


Mary não respondeu. Ela continuou encarando-o, ainda abraçando o seu pescoço. A respiração dele era firme e uniforme, e havia uma dose de preocupação e tristeza em seu rosto, mesmo não tendo motivo para ficar triste. Ele parecia tão... próximo. Literalmente. Seus rostos estavam a poucos centímetros de distância. Os narizes quase se tocavam, e por um momento ela pensou que ele iria beijá-la.



Rapidamente, retirou os braços de seu pescoço e se levantou, se afastando dele por alguns pequenos passos. Ele se sentou, confuso, olhando pra ela.


– Você está bem? - Ele perguntou. Nessa mesma hora teve vontade de rir e chorar. Era claro que ela não estava nada bem. Mas mesmo assim, ela não fez nenhum dos dois. Pela sua cara, ele estava mais do que preocupado com ela.

Mary deu um longo suspiro, pensando na última pessoa que foi assim. Era Ártemis, mas até ela a abandonou. Nem mesmo sua mãe se preocupava com ela. Era filha única, e os poderes junto com os monstros logo começaram a aparecer. Na sua época, quando tinha somente sete anos, foi acusada de bruxaria por ter feito pedras preciosas aparecerem do nada, sem querer. Então, foi amarrada em uma praça pública e atiraram pedras nela. Mary se lembrava exatamente da dor delas, mesmo mais de dois séculos depois. Não soube como, mas conseguiu escapar e parar em uma floresta, num piscar de olhos. E nunca mais voltou para casa.

John a continuava a olhar. Ela se levantou lentamente, enxugando uma lágrima que corria pela lateral do rosto. Foi caminhando em direção a saída, que não estava muito longe. Mas antes disso, John pegou o seu pulso, fazendo-a parar e encara-lo. Era muito estranho o fato de ela não ter escutado nem percebido-o até sentir a mão quente e firme dele, segurando seu pulso. Um frio a percorreu pela espinha.

– Olha, John, eu realmente não estou nada bem... - começou ela.

– Mas você me deve um explicação.

Ela o encarou intensamente, com bastante atenção. Não era assunto dele, aquele. Mas ela também não deveria ter se atirado em seus braços.

– Outro dia - ela disse. - Não é algo legal, John.

Ele continuou a encará-la por um bom tempo. Seus olhos dourados pareciam soltar faíscas. O que veio na mente de Mary foi que ele não queria solta-la, jamais. Isso fez o coração da garota disparar. Ela jamais havia se envolvido com alguém. Quando ela nasceu, isso só se fazia depois do casamento.

- John, é algo ruim - disse ela, num tom triste e calmo. - Deixe-me pensar um pouco e depois eu falo, OK?

- Você nem falou o que é, direito. - Ele disse, e Mary percebeu a tristeza e a decepção na voz, apesar de sua expressão estar dura e inflexível.

- Eu disse. - Ela murmurou. - Sou uma Caçadora, uma Meio-Sangue. Agora, deixe-me ir.

Ele soltou seu pulso no mesmo instante, como se fosse ácido. Ela recolheu o braço para si, e continuou a olhá-lo por alguns instantes antes de desaparecer no meio das árvores.


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Notas finais do capítulo

Ui! Dois fatos! Dois segredos... Bem, pensem e vejam se tem alguma ideia deles :D



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