A Caçadora escrita por Messer


Capítulo 20
Chicote


Notas iniciais do capítulo

Não, chicote não é coisa só de garotas. Pelo menos, ele sabe usar realmente bem a arma.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/325639/chapter/20

John correu, indo em direção a porta. Mas, quando chegou lá, teve a quase certeza de que Mary havia se teletransportado. Não havia nada além do corredor frio e silencioso se estendendo a sua frente. John sentiu um calafrio e puxou o zíper do casaco verde escuro. Mas continuou a sentir frio.

Reparando atentamente, ele escutou um barulho. Vinha atrás dele, e eram como passos... Era como alguém correndo. Se virando, com a testa franzida, John viu Annie correndo em sua direção, com as sandálias plataformas batendo contra o piso, causando barulho, e o cabelo escuro amarrado em um rabo de cavalo. Ele só pode pensar a bronca que poderia levar quando ela pulou em cima dele e o abraçou.

– John! - Ela disse, com uma felicidade enorme presente na voz. - Você voltou! Nós achamos que estava morto!

Ele deu um riso ao lembrar o que passou.

– É, eu quase morri, mas estou bem - respondeu.

Annie o soltou, dando um passo para trás, analizando-o.

Assim, longe, John pode perceber que realmente havia causado problemas. Ela estava com olheiras, e a maquiagem muito mal passada. Era algo que ela jamais se deixaria acontecer, e sempre andava arrumada para matar. Literalmente.

– Quase morreu... Você esteve fora por três dias. O que houve?

Três dias. Foram as horas que se passaram quando eles estavam fora. Isso o deixou maluco.

– Lembra quando Mary disse que era da mitologia grega? De início eu duvidei. Mas depois do que aconteceu, eu tive certeza. Eu estive na terra dos mortos.

– Como assim? No Mundo Inferior? - Annie estava com os olhos arregalados de preocupação pelo o que aconteceu.

- É. Eu estava no Central Park, seguindo Mary, quando ela entrou em uma caverna de rochas. Então, elas se fecharam. Logo depois, eu fui atrás dela. Mas só fiquei lá algumas horas. Não entendi o por que de...

Ele parou quando o olhar de Annie estava alarmante, indo para trás dele. Franzindo a testa, ele se virou, olhando para a mesma direção da garota. Mary estava lá, com Quione nos braços, e tinha uma expressão inidentificável. Ela parecia uma garotinha que levava o seu cachorrinho nos braços. Mas as aparências enganavam muito.

- Nos lugares monstruosos - disse ela, em um tom firme e claro -, o tempo se passa mais devagar. Foi por isso que se passaram três dias, quando foram somente algumas horas.

Quione pulou dos braços de Mary e correu pelo corredor. Ninguém se importou em saber onde ela ia. Os três ficaram se encarando, sem dizer uma palavra. O ar gelado que penetrava as paredes do Instituto parecia ter transformado-os em estátuas de gelo coloridas.

- Há quanto tempo você está ai? - John por fim quebrou o silêncio. Ele ficou com medo de ela ter ouvido toda a conversa. Mas Annie só lhe alertou alguns momentos atrás.

- Somente para escutar a última pergunta - ela respondeu, ainda dura. - O que mais você iria falar enquanto eu estava longe?

John abriu a boca para se defender. O que havia acontecido? Ele, de uma forma ou outra, iria falar com Annie sobre o que aconteceu. Então por que Mary estava tão furiosa? Mas, por fim, ele não falou nada. Só a ficou olhando, com uma pequena raiva se espalhando pelo corpo. Mas era difícil sentir raiva dela.

Annie, por fim, falou.

- Que roupa é essa que você está usando?

Mary franziu a testa, confusa. Talvez não fosse essa a resposta que esperava. Olhou para o vestido negro e cinza que usava. John se lembrou que, quando ela estava no Mundo Inferior ele era mais pesado e denso por causa das saias que ela arrancara. Mas, em sua opinião, ele tinha ficado melhor assim.

Ela por fim, voltou a olhar para Annie, com a expressão mais confusa do que estava. Parecia que uma havia insultado a outra, e ela simplesmente não acreditava que ela tivesse a cara de pau para fazer isso.

- Um vestido - ela disse. Parecia realmente chocada.

- É, mas parece um vestido de sei lá... De antes de Cristo! - Annie disse, chegando mais perto e levantando uma das saias, como se isso mostrasse a ela. John quase riu da conversa entre as garotas. Pareciam discutir se começavam ou não a Terceira Guerra Mundial. Uma apoiava e a outra não.

- Século XVIII, se quer saber. Não antes de Cristo.

- Então por que diabos você está usando um vestido do século XVIII?

- Eu não tinha mais nenhum! O John sujou o meu outro, e eu só tinha esses vestidos na casa de meu pai! - Mary disse, balançando os braços.

Annie parou, deu um passo atrás e a olhou incansavelmente.

- O que? - Mary perguntou.

- Você é do século XVIII, certo? - Annie respondeu, mas soava mais como uma afirmação do que uma pergunta. Mary parou e a olhou, a expressão mudando para a defensiva. - E o seu pai e Hades, o senhor do Mundo Inferior.

- Para uma mortal, você sabe bastante de mitologia. - Mary disse, fria. Era realmente estranho como ela podia mudar de humor bruscamente.

- Meu irmão me fez estudar junto com ele - Annie respondeu, sem se importar com o tom frio da outra garota. 

Mas então, um estrondo ocorre, e toma a atenção de todos. John correu até o parapeito da janela colorida, tentando espiar alguma coisa pelo vidro desenhado, mas não conseguia ver coisa alguma por causa da neve que caia. 

- Consegue ver algo? - Ele escutou Mary dizer, logo atrás de si. Em resposta, se virou e balançou a cabeça. 

Os três correram em direção ao elevador. Logo que a máquina era muito lenta, desceram correndo as escadas. Mary pulava de três em três degraus, enquanto os outros dois iam de um em um. Logo, na velocidade que ela estava, John achou que Mary iria rolar a escadaria abaixo. Mas, por fim, eles chegaram aos portões do Instituto a salvo.

E vendo tudo aquilo, John sentiu uma onda de adrenalina tomar conta de seu corpo.

- Oh, não - ele escutou Annie dizer.  Ela estava com os olhos arregalados e a mão tampava a boca.

Mary estava com a espada sacada, com a expressão raivosa. Mas dava para ver o medo em seus olhos. John puxou de seu bolso um chicote de couro negro, que havia pego logo que chegou em seu quarto. Ele olhou para os vários vampiros na sua frente, com expressões de fúria, e outras de fome ou expectativa. Logo, deu um sorriso de prazer.

- Isso que é diversão ao meu gosto.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Cadê meus leitores?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Caçadora" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.