What the hell is going on here? Penso. Tenho vontade de agarrar Seis pelos cabelos e jogá-la na parede, mas tento me conter. Nove está quase esfarelando minha mão, de tão forte que a segura. Ele se controla para não separar os dois nesse momento, enquanto olha atentamente para Seis. Ele foca em seus lábios tocando os de John, e o beijo se intensifica cada vez mais. Eles finalmente se separam e se abraçam. Enquanto John olha para mim, ele beija a testa de Seis. Meus olhos queimam por ver isso e não consigo conter a vontade de lhe socar no momento.

Solto minha mão da de Nove e vou em direção aos dois. Agarro John pela blusa, e o jogo em uma viga, causando um buraco atrás dele. O teto se racha com o impacto e algumas pedrinhas de concreto caem sobre nós. Lágrimas brotam dos meus olhos enquanto seguro seus ombros contra a viga.

- Como tem a coragem de fazer isso comigo, John? – Eu falo, quase gritando.

- Do mesmo jeito que você teve a coragem de beijar Nove na minha frente! – Ele grita e retira minhas mãos de seu corpo facilmente. – Seis não merecia passar por isso! Mas você, Sarah... Ah, você merecia... – Seus olhos negros encaram os meus e um minuto depois ele anda em direção a Seis, que se juntou ao resto do pessoal. Eu encaro todos eles, e enxugo as lágrimas em meus olhos. Nove cumprimenta Malcolm e Sam e abraça Marina e Ella. John abraça Ella e diz alguma coisa em seu ouvido, e logo ela vai em direção dos elevadores. Sam sorri ao ver John e o abraça fortemente. Malcolm, sentado, cumprimenta todos com um sorriso estampado em seu rosto. Marina vem em minha direção, e me abraça. Não esperava que alguém fizesse isso, muito menos ela, que é muito ligada à Seis.

Ela sorri para mim e enxuga as poucas lágrimas que restam em meu rosto. Nove está logo atrás dela, e pede para que ela nos deixe a sós por um instante. Ele me abraça e me leva para perto dos outros. John e Seis estão abraçados logo a nossa frente. Para descontrair, vou cumprimentar Sam e Malcolm. Bernie pula nas pernas de Nove e ele o pega no colo.

Com raiva, John o retira das mãos de Nove com telecinesia e o deixa perto de Sam. Eles se encaram novamente, mas depois Nove desiste de bancar o valentão.

Bernie late e depois de vira para o elevador, em que Ella aparece logo depois. Ela entrega o cartão a John e pisca para ele. Ele sorri e depois olha para Seis.

Já sabe né Oito? Fora do meu quarto!

Nossa, assim tão rápido, Johnny? Sua voz ecoa em minha mente.

É. Suas coisas estão no quarto de Nove. Divirta-se.

Um sorriso forma-se em nossos rostos e depois convido o pessoal a ir descansar um pouco. Sarah, Nove, Oito e Bernie sobem no primeiro elevador, enquanto eu, Seis, Malcolm, Sam, Marina e Ella subimos no segundo. Sete demorados andares até nossos quartos. Seis não para de sorrir e eu seguro sua mão.

Assim que chegamos, Marina e Ella correm para seus quartos. Sarah as espera na porta e assim que todas entram, a porta se fecha rapidamente. Sam, Malcolm vão devagar até o quarto de Oito e Nove, no final do corredor. Eu e Seis caminhamos devagar até o nosso. Nós entramos e fechamos a porta.

Ela me puxa e me beija.

- Fiquei esperando por isso o dia todo... – Cochicha em meu ouvido.

Empurro-a contra a parede e a beijo novamente. Nossos lábios não se desgrudam um segundo se quer. Seguro sua cintura e abaixo minhas mãos lentamente. Pressiono seu corpo contra o meu e, quando paramos de nos beijar, sorrimos. Ela coloca minhas mãos novamente em sua cintura e ri. Nos afastamos um pouco e faço um biquinho. Ela se senta na cama e começa a falar.

- Venha aqui. – Ela estende sua mão para mim e me puxa lentamente, fazendo-me sentar ao seu lado. Ela segura meu queixo e me beija. Um beijo suave. Puxo-a novamente para mim, colocando seu corpo ao lado do meu. Ela me beija mais uma vez e depois se afasta. Ficamos nos olhando e sorrindo por quase cinco minutos, sem dizer nada.

- John, acho que preciso conversar com Sarah. – Ela finalmente desabafa. – Somente pelo jeito que ela me olha parece que fiz algo absurdo... Estou preocupada com o que ela possa fazer comigo, ou com você...

- Não se preocupe, quando quiser conversar, vamos conversar nós quatro. Eu, você, Sarah e Nove. Mas primeiro você tem que descansar um pouco. – Beijo sua testa e ela se vira de costas para mim, abraço-a e nós dois adormecemos.

Ella e Marina me contam como foi sua viagem.

- Sarah, foi incrível. São tantas coisas bonitas que podemos ver lá de cima! – Percebo que Ella está animada por viajar novamente de avião.

- É legal, não acham? Eu simplesmente adorava viajar com meus pais... E o dia que viajei para o Colorado com minhas amigas também foi ótimo. – Eu sorrio e as duas sentam na cama para escutar a história atenciosamente. Na verdade, ótimo mesmo foi quando cheguei e vi John... Conto a história sobre o abrigo de animais e elas ficam impressionadas com o que fizemos.

- Um dia quero conhece-lo Sarah! – Ella exclama.

- Ah, Ella, é maravilhoso... Quem sabe não voltamos para lá um dia? – As duas sorriem. – Mas depois nós conversamos mais, agora vocês duas devem dormir e descansar um pouco... – Coloco-as na cama e beijo suas testas. – Bom descanso. – Digo, dirigindo-me para fora do quarto. Quando saio encontro Sam parado em frente ao espelho.

- E então Sam, como vai seu pai? – Pergunto, parando ao lado dele.

- Ah, oi Sarah... Bom, ele não está nada bem. Estou com medo do que os mogs fizeram com ele. – Ele me olha quase chorando.

- Não se preocupe ele ficará bem. Eu tenho certeza... Mas, se ele não melhorar, porque não pede a Marina para que ela o cure? Não seria mais fácil? – Questiono-o.

- Nós já tentamos, mas nada funciona. Em Londres, ela gastou quase sua energia completamente tentando curá-lo, mas nada adiantou. Como se as coisas que eles injetaram nele não pudessem ser curadas...

Vish, penso. – Relaxa Sam, tudo vai dar certo. Tenho certeza. – Sorrio para ele, mas ele não retribui o sorriso. Afasto-me um pouco e ouço a porta do quarto dos meninos se abrir. Nove sai do quarto e sorri quando me vê. Seus cabelos, agora curtos, estão molhados e mais escuros do que nunca. O corte está totalmente errado e estranho. Rio quando o vejo de perto.

- Quem fez isso com você? – Pergunto, colocando a mão em seus cabelos.

- Eu pedi para o Oito cortar um pouco, mas ele exagerou... Aqui é muito quente, então decidi fazer isso, mas não deu muito certo. – Ele faz uma careta e nós dois sorrimos. Ele me beija e passa as mãos em minha cintura, envolvendo-me em seus braços. Quando nos afastamos, não consigo parar de sorrir.

- Que tal almoçarmos juntos hoje? Todos nós? – Ele propõe e depois chama Sam. Ele olha assustado para nós e se aproxima. – O que acha Sam? Deveríamos almoçar todos juntos hoje? – Vejo-o piscando para Sam.

- Seria legal. – Ele dá de ombros e sorri. – Mas deixe o pessoal descansar um pouco, afinal são 10h00 ainda... – Ele diz, olhando para o relógio de pulso pequeno.

- Sim, claro... Falando nisso, porque não dorme um pouco também? Deve estar morrendo de cansaço.

- Sim, estava pensando nisso agora... Até mais pessoal. – Ele acena para nós e se dirige a seu quarto. Nós sorrimos. Quando Sam entra e fecha a porta, concentro-me novamente em Nove. Ele se aproxima e quando está prestes a me beijar, eu o impeço. Jogo-o para o outro lado no corredor, fazendo-o bater no vidro da janela. Caminho até ele devagar e o beijo.

- Porque fez isso Sarah? Tá louca? – Ele questiona.

- Calma, nervosinho... Queria testar uma coisa. – Beijo-o novamente.

- Testar o que, menina? Testar se poderia me matar? – Ele me afasta e retira os cacos de vidro de seu braço.

- Queria saber se conseguia mover pessoas somente com telecinesia... – Sorrio e o puxo de volta para mim, dessa vez colando seu corpo ao meu.

Quando ele se dá conta, seus olhos arregalam e ele grita de felicidade.

- Sarah! Você desenvolveu telecinesia! Mas como? - Sua felicidade desaparece e a dúvida toma conta de sua mente.

- Eu não sei... Eles simplesmente surgem. Acho que por pensar tanto em como encontrar vocês, eles apareceram... De acordo com minha necessidade. – Ele dá de ombros e eu continuo. – Vou dormir um pouco, acho melhor fazer o mesmo... Nos encontramos daqui a pouco. – Beijo sua bochecha e entro em meu quarto.

Deito-me silenciosamente e adormeço pensando em Nove.

Acordo assustado, sem Seis ao meu lado. Ouço o chuveiro ligado e imagino que ela esteja tomando um banho. Sento-me na cama e sorrio. Mesmo não tendo acontecido nada, sei que poderemos dormir juntos todos os dias possíveis.

Retiro minha camiseta e quando ela sai do banheiro, vestindo sua calça jeans e um moletom cinza, ela sorri.

- Precisa voltar a correr hein, Johnny. – Ela diz, olhando para meu corpo.

- É eu sei... Mas, quando voltarmos a treinar, poderá ver esse corpo sarado de novo. - Digo, me levantando e beijando sua bochecha. Seu cabelo molhado encosta em meu rosto e faz minha pele arrepiar. – Vou tomar um banho e já descemos para almoçar.

- Ok.

Ligo o chuveiro e toma o mais rápido banho que consigo. Em menos de dois minutos estou pronto e cheiroso.

- Nossa. Já? – Seis questiona.

- Sou rápido, sabe?

- Percebi...

Ela se aproxima e arruma meu cabelo. Sua mão desenha perfeitamente o topete e eu fito seus olhos. Os mais lindos que já vi.

Tirando os de Sarah né, John...

Voz?

Sim?

CALADA.

-Prontinho! – Ela exclama ao acabar de arrumar cuidadosamente minhas mechas loiras.

Saímos do quarto de mãos dadas e olho em meu relógio: 14h35. Nove está sentado no corredor e Oito sai do quarto três minutos depois, acompanhado de Sam e Malcolm. Sarah, Marina e Ella, meio sonolentas, também nos encontram no corredor.

Nossa, todos saíram ao mesmo tempo... Estranho.

Muito estranho. A voz de Oito invade minha mente.

Ah. Oi, Oito.

Olá.

Ele sorri ao longe e acena.

- Vamos? – Pergunto a todos e eles vêm em nossa direção.

- Espera... Cadê o Bernie? – Sam pergunta.

BK aparece dois minutos depois do outro lado do corredor. Oi John.

Oi Bernie. Afago sua cabeça quando ele se aproxima. Nós descemos pelo elevador e saímos do hotel. Assim que entramos no restaurante ao lado, e nos sentamos, os talheres na mesa começam a balançar. A água do copo de Sam cai um pouco para fora. O jarro de suco vibra. Dois segundos depois, tudo explode em chamas e somos jogados para o lado. Nós vamos morrer.