Warrior Girl escrita por Karu


Capítulo 1
Repressed Thoughts


Notas iniciais do capítulo

Primeiro capítulo saindo.Espero que gostem.

Boa leitura.



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1939- Primeiro ano da Segunda Guerra Mundial.

__ Ah mãe, por que tenho que usar esse laço enorme na cabeça?- pergunto, me sentindo um animal. Sim, um animal. Ela estava arrumando meu cabelo, mais especificamente prendendo-o em um laço grande e bege. Ás vezes ela o puxava de modo que doía.

__ Clair, você podia se comportar como uma moça, o que acha?  Com sua idade eu adorava usar enfeites, jóias e roupas chiques! E quando você for para o internato terá de usar tudo isso. - ela falou. Sim, eu já estava ciente disso a algum tempo. Aquilo já havia sido repetido incontáveis vezes. Minha vontade era de bufar e revirar os olhos. Mas não faria isso, pois gostava de viver.

Ah, o internato. Internato de moças. Situado na França. Longe pra burro de onde eu moro, Polônia. Vou para lá semana que vem, para minha infelicidade. Meus pais desejam que eu aprenda a ser uma moça mais refinada, aprenda a cuidar da casa e essas frescuras todas. E tudo isso por que? Porque eu vou me casar. E eu nem conheço meu suposto futuro marido. Já não tento mais protestar contra isso, afinal sei que não vão ceder. Mas lá no fundo, ou nem tão no fundo assim, havia uma pontada de revolta e rebeldia, que queria mais que tudo fugir, ser livre, poder fazer o que vier na cabeça sem alguém me dando sermões.

Não disse nada. Apenas esperei a tortura se finalizar. O que aconteceu em alguns minutos.

__ Pronto. Está linda minha filha. Venha se olhar no espelho.- ela disse.

Contra a minha vontade me levantei e caminhei até o espelho pendurado na parede de meu quarto. Eu trajava um vestido que batia nos joelhos, e era verde cor de vômito. Haviam alguns detalhes em renda nas mangas que iam até meus pulsos. Meus cabelos longos e castanhos estavam em um coque, presos pelo grande e ridículo laço. E era isso. Não via nada de magnífico ali. Apenas estava vestida como qualquer moça de minha idade. Todas iguais.

__ Não vai dizer nada Clair?- minha mãe perguntou.

__ Está ótimo mãe. Obrigada- agradeci.Havia dado trabalho, e ela merecia minha consideração. Ela sorriu como resposta, e eu retribuí.

__ Então vamos logo, seu pai já está esperando no carro.- ela disse apressada, arrumando os cílios postiços. Natalie Bell.Minha mãe era uma mulher muito bonita.E obcecada por isso.Passava cremes e mais cremes, em busca de uma pele cada vez mais macia e livre de imperfeições.Já não me recordo de quantas receitas caseiras ela havia feito para seus cabelos, castanhos como os meus.Dava enorme valor a suas curvas, usando espartilhos para realçarem sua cintura fina. Resumindo, uma maníaca.

Saímos pela porta da frente e logo avistamos o automóvel de meu pai. Podia vê-lo por trás do vidro, com um jornal nas mãos, completamente focado na leitura. Jornal é algo tão chato. Apenas fala sobre notícias tristes e tragédias, política e coisas que não me interessam. Ás vezes eu leio livros de aventura escondida. Gosto daquelas histórias em que os mocinhos passam por diversos perigos mas sempre tem um final feliz. Mas meus pais não podem sequer sonhar que leio esse tipo de coisa. Diriam que faria mal a minha mente. Eles acham que fantasia é apenas para crianças pequenas e loucos. Acho que sou uma louca então.

Entramos no carro com cautela, por conta do vestido. Odeio vestidos. Quase entalei na porta. Meu pai falou o endereço ao motorista, que logo deu a partida. Olhei para meu pai. Brendan Bell. Cabelos loiros com alguns fios brancos. Olhos verdes profundos, que tive o azar de não de herdar. Face rechonchuda, assim como a barriga. Sempre usava ternos marrons e sapatos da mesma cor. Eventualmente fumava charutos que tinham uma fumaça com o cheiro desagradável. Era frio e não me dirigia muitas palavras.E quando o fazia eram sermões ou ordens.

__ O que foi?- ele perguntou desviando os olhos do jornal, percebendo que eu o observava.

__ Ah, nada pai.- respondi acanhada, me endireitando no banco e virando meus olhos para a cidade que passeava através do vidro.

Fui apenas me entretendo, observando tudo o que via. Desde as padarias e cafeterias até as humildes casas a beira da rua. Reparava em como as pessoas podiam ser diferentes umas das outras mas também podiam ser iguais.

__ Clair, chegamos.- despertei com a voz de minha mãe.



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Notas finais do capítulo

Então, é isso :)

Obrigada a quem leu!