Mais um dia ''perfeito'' se forma na minha vida.O som das buzinas de carro vem através da minha janela quebrada.O sol bate em meu rosto,me informando que agora é a hora perfeita para acordar.Abro lentamente meus olhos,só vejo coisas turvas.Apalpo a mesinha do lado de minha cama,procurando meus óculos fundo de garrafa,que me obrigam a enxergar  este mundo terrível.O som dos passarinhos cantando toma conta do meu quarto minúsculo.Me sento na cama,encarando a minha janela.O céu azul estava semi-coberto pelas nuvens redondinhas.Ao meus dedos dos pés tocarem o chão,um arrepio sobe em minha espinha.

Abro os braços me despreguiçando,logo encarando a parede branca,com mofos quase a cobrindo.Me levanto,indo em direção ao banheiro.Levanto os olhos para o espelho total rachado nos cantos,mostrando uma figura ruiva uma cara de macaco.

Tiro o meu pijama,e entro para debaixo do chuveiro.A água fria toca minha pele sequinha e quente,dando arrepios a todo corpo.Logo depois,me sinto confortada.Enrolo a toalha no meu corpo,segurando-a com uma mão,e a outra segurando meu cabelo molhado,pingando em todo o chão de madeira lisa.Visto-me com uma camiseta branca,escrito ''All the Logic'' em vermelho,a camisa passa da cintura,e vai até o início de minhas coxas.Uma calça jeans azul gasta,e um all star acabadinho vermelho e preto.remexo o meu cabelo várias e várias vezes,para deixá-lo um pouco mais seco.Passo a toalha entre eles,depois o pente.Assim que acabo de me arrumar,abro a porta do meu quartinho,já dando de cara com a cozinha,que era junta a sala.Minha mão estava com algumas torradas não muito queimadas,e uma xícara de café nas mãos.Somente peguei uma torrada,coloquei-a na boca,e fui para fora de casa.Já estava frio,eram plenas 7:50 da manhã,mas o sol raiava.O ônibus chegou,dando uma buzina tão alta,que faltava a estourar meus tímpanos.Adentrei o ônibus,já me dando de cara com o inferno que passava todos os dias.Os alunos já jogavam bolinhas de papéis em mim,insultos fortes como:''Ei,galinha!Pobretona do cacete,Nerd idiota!Num passa de uma CDF em forma de criança. Horrorosa.''

Mas eu não ligava muito para isso.Todos os dias eram a mesma coisa,eu sentava em um dos primeiros bancos,sozinha.Mas sempre(sempre) chegava uma parada,em que uma loira desprezível subia,e me zooava.

- Ai nossa,horrorosa como sempre!Ha ha ha. E que trapos são esses que você usa ? Para uma pobre,deveria ter um pouquinho mais de classe,não é meninas ? 

- Sim,Ambre! - Li e Charlotte eram as badecas clones de Ambre.Elas se dirigiram para o fundo do ônibus,dando várias gargalhadas.

Uma parada,que eu nunca havia visto,o ônibus parou.Dois meninos entraram.Um tinha os cabelos ruivos,como o meu,seu corpo era definido,Ele usava uma camiseta de uma banda,que não conseguia lembrar o nome,calças pretas e um all star,que parecia em boas condições.O outro continha os cabelos prateados,com as pontas negras.Suas roupas eram diferentes...Vitorianas.Mais de perto,percebi que tinha heterocromia ocular.Eu achava esse tipo de coisa muito legal.O ruivo se dirigiu para o banco atrás de mim,mas o prateado sentou do meu lado.

- Bom dia. - Ele me cumprimentou,sorrindo docemente.

Como assim?Ele estava falando comigo?

- B-Bom dia... - Eu abaixei a cabeça,logo depois,fitando a janela.

- Você é nova na escola ? - Aquelas palavras doiam em meu peito.EU era invisível o bastante para as pessoas não me perceberem assim.

- Não,eu estudo aqui faz 3 anos,é porquê eu sou invisível assim mesmo,não se preocupe. - Eu sorri,hipnotizada com seus olhos.A sua face se transformou em uma triste,cabisbaixa.

- Me desculpe por esta pergunta.

- Não se desculpe.É sempre assim - Sorri novamente,e ele retribuiu.Esticou sua mão até a mim.

- Prazer,Lysandre.

- Yana ... - Apertei sua mão forte,a ponta de seus dedos estavam geladas.Ele me pareceu um garoto legal,não era que nem os outros.Felizmente.No mesmo momento,senti mais bolinhas de papel me acertarem,e várias delas ficarem presas a meu cabelo.Uma delas veio do banco de trás. Concerteza fora aquele ruivo,com cara de poucos amigos.

- Castiel! - Lysandre gritou,encarando o amigo,que estampava um sorriso no rosto.

- Oque foi ? Eu só participei da onda das pessoas.Estavam todos jogando nela,então joguei também.

Naquele mesmo momento,percebi o quanto as pessoas são inúteis.Apenas por um rostinho bonito,a personalidade é completamente nula.Me levantei bruscamente,oque fez por surpresa,meus óculos caírem,mostrando as minhas ocultas orbes azuis.O ruivo ficou paralisado,junto com o resto do ônibus.

- Você acha mesmo,que seguindo '' a onda'' dos outros,vai ser reconhecido ?Pois digo que não ! O inferno que estou vivendo aqui temporariamente é um caos,vocês não tem consciência de como eu me sinto a respeito disso?Todo dia,chegar aqui e ser insultada por vocês,sendo que não fiz absolutamente nada!Se imaginem no meu lugar.Vocês gostariam disto?Acho que não.Dá próxima vez que isso acontecer,eu quero ver você seguindo os outros,dai eu vou saber que a sua cabeça e feita de outras pessoas,que não possuem coração. - Todos ficaram paralisados.Nem um cochicho foi feito por ali.Logo depois,minha visão voltou a ficar turva.Peguei os óculos, e desci do ônibus,pois já tinhamos chegado a escola.Antes mesmo de descer,Lysandre sorriu para mim,seu sorriso me reconfortava.Muitas pessoas se chocaram com a minha atitude,já que nunca fui muito de falar.Sinceramente,eu penso que tudo oque eu disse,aquele ruivo mereceu.Se as pessoas pararem para pensar nos outros,e não em si mesmas,tenho quase certeza de que o mundo ficaria melhor.Depois de percorrer a metade do corredor,percebi que minhas lentes estavam rachadas.Eu teria que por as lentes de contato,mas eu me recusaria a isto.Apenas teria vergonha do meu olhar.Antes de entrar no banheiro para verificar melhor,meu pulso foi puxado,quando me virei,era o ruivo novamente.