Pessoa Certa escrita por Mary


Capítulo 9
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Calli é doida. E eu sou péssima para escolher nomes '-' mas esse, Callissa, bateu como um tijolo na minha testa e então eu tive que coloca-lo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/325351/chapter/9

- Onde você vai?

                - Tenho que trabalhar.

                - Fique.

                - Tenho que trabalhar pra pagar o aluguel.

                - Fique e eu pago o aluguel pra você.

Parei de pé em frente à cama. Jake é um idiota. E eu preciso pegar minha camiseta que ele estava deitado em cima. Subo na cama fazendo o máximo possível para mantê-lo distraído enquanto tento chegar à blusa. Quando ele ia passar o braço por mim, abaixei o corpo e puxei a blusa. Levantei-me rapidamente.

                - Desculpe, mas eu não sou nada sua pra você ter que pagar meu aluguel.

                - Nossa essa atingiu feio.

                - Quando eu começar a mentir, a gente conversa.

Sorri e lhe mandei um beijo, dei-lhe as costas e sai do apartamento. Entrei no meu e voei pro banheiro. Se eu não ficasse pronta em quinze minutos iria chegar atrasada. E não é porque sou amiga dos donos que tenho privilégios em cima dos outros empregados. Mas talvez se eu fosse sócia... Isso está decidido.

Eu vou aceitar a proposta de sociedade. E quem sabe assim me sobra mais tempo pra focar no meu lindo livrinho que já estou quase terminando.

Tomei um banho me arrumei e já estava trancando a porta quando ouvi um ruído atrás de mim.

                - Olá Calli.

Merda.

                - Olá Cameron.

Eu ainda não tinha me virado para olhá-lo. Tão pouco queria fazê-lo. Cameron era o ex-namorado grafiteiro que terminou comigo porque não queria namorar uma garota que dançava melhor do que ele. E agora simplesmente não me deixa em paz, me liga o dia inteiro e tenta entrar na boate pra me ver. Sorte que Olie conhece e o impede.

                - Não vai me olhar?

                - Quem te deixou subir Cam?

                - O porteiro é meu amigo.

Porteiro desgraçado.

                - Vá embora.

Ele me prendeu contra a porta. Podia sentir sua respiração no meu pescoço. Senti medo. De verdade.

                - Eu estou com saudade de você Calli...

                - Vá se danar.

                - Não me deixe zangado, não quero te machucar.

Ah, meu Deus. Ah. Meu Deus. Porque comigo? Logo eu que trabalho duro e nunca faço nada de ruim!

                - Tudo bem Cam, agora me solte para podermos conversar...

Ouvi outro barulho. Chaves. Droga, tinha como piorar?

                - O que está acontecendo aqui?

Parece que tem. Cam me soltou e virei-me pra poder encarar Jake que estava na porta de braços cruzados sobre o peito. Respirei fundo.

                - N-não está acontecendo nada Jake.

                - Quem é ele?

Os dois perguntaram ao mesmo tempo. Tinha que dar um jeito de sair daqui. Agora.

                - Cameron esse é Jake. Jake, Cameron.

Eles se encararam por alguns segundos. Jake colocou um pé para fora do apartamento e começou a vir em minha direção. Cam se colocou entre mim e minha escapatória: a escada.

                - Calli, entre, precisamos conversar.

                - Não temos nada pra...

                - Entre!

                - Deixe-a em paz.

Ah, droga, droga, droga!

                - Jake, está tudo bem. Pode entrar!

                - É isso ai cara! Não se mete!

                - Se estivesse tudo bem ela não estaria tremendo desse jeito!

A única coisa que eu queria era tirar ele dali, mas também o que era única era a resposta que e tinha: “Você queria o que? Eu sou um chihuahua!”. Mas eu sabia que isso não ia resolver.

                - Tudo bem, tudo bem! Cam, você vai embora. AGORA! E Jake, você entra!

                - E você?

Estava tão nervosa que nem sei quem foi que perguntou. Mas eu sabia para onde ia, mas eles não saberiam. Há, sou muito esperta!

                - Eu vou sair daqui.

Desci os degraus rapidamente, quando cheguei à rua vi um táxi parando e deixando dois passageiros. Corri pra lá antes que Cam descesse. Entrei no táxi e o motorista me olhou assustado. Para minha sorte estava começando a nevar.

                - Calma moça! Vai pra onde?

                - Space Needle.

                - Ok, e lá vamos nós.

No caminho ele foi me perguntando há quanto tempo eu morava aqui, o que fazia da vida e de quem estava fugindo.

                - Como sabe que estou fugindo?

                - Uma mulher que corre dessa maneira ou é liquidação ou está fugindo de alguém. E como vamos para onde vamos você deve estar fugindo.

                - Certo. Estou fugindo do meu ex-namorado.  

                - Ele está te ameaçando?

                - Não, não. Ele só pensa que manda em mim.

                - Isso é um problema. Vou te dar um conselho, posso?

                - Claro!

                - Dê um chute no traseiro dele!

Soltei uma gargalhada. Isso era exatamente o que eu precisava: rir. Isso e ver a neve cair ao contrário. É agora que você diz “O que? Essa mulher é doida!”. Mas, ta isso também. O caso é o seguinte: o Space Needle tem um elevador que depois de nos levar até o topo em menos de um minuto quando desce rapidamente dá a sensação de que a neve está caindo ao contrário. E isso é simplesmente incrível!

Fala sério, se você passasse a adolescência querendo ver neve e quando chegasse num lugar onde, além de ver a neve cair, você podia ver a neve cair ao contrário, você não ficaria em êxtase? Pois é, foi o que imaginei.

Eu faria isso pelo menos umas cinco vezes antes de ficar enjoada e resolver aproveitar o restaurante no topo. O táxi parou, eu paguei o motorista e disse que seguiria seu conselho da próxima vez que visse meu ex. Fiquei na calçada acenando enquanto o carro virava a esquina.

Me virei para olhar a torre. Era tão grande! Eu amava aquele lugar.

Fiz o meu belo passeiozinho mais até de cinco vezes recebendo olhares feios dos seguranças. Parei no restaurante e comi algo que nem senti o gosto exatamente. Então peguei um copo grande de café e fui pra torre de observação. Àquela hora havia alguns turistas curiosos, mas ninguém prestaria atenção em mim. Fui para o lado mais distante com meu café e encostei-me à grade.

Fiquei bem mais de duas horas ali. Como eu sabia disso? Segundo minhas contas: Eu posso tomar um copo grande de café em cerca de dez minutos e agora eu já estava no décimo quarto copo. Já se foram trinta dólares.

                - Ah, encontrei você!

Ah, droga! Esqueci de ir trabalhar!

                - Olá Ally.

                - Você me deixou preocupada!

Ela me abraçou, me segurou pelo ombro, me chacoalhou, passou o braço pelo meu e se recostou na grade. Tudo isso em menos de trinta segundos.

                - Mas durou cerca de quinze minutos, que é o tempo de táxi até aqui.

                - Você sabia que eu estaria aqui.

Não foi uma pergunta.

                - É claro que eu sabia!

                - Você sempre sabe.

                - É, eu sempre sei!

Ficamos alguns minutos paradas lá, Ally apontando as coisas e me cutucando para que eu olhasse. Até que ela ficou quieta por mais de um minuto e me deixou preocupada. Porque ela nunca ficava quieta!

                - Que foi Ally?

                - O Jake me pediu pra ajudar a te procurar.

                - Você disse pra ele que eu estava aqui?

                - Eu não falei... Pelo o que ele me contou que aconteceu, eu imaginei que você queria ficar sozinha.

                - Obrigada.

                - Eu queria saber Calli, porque foi que o Cameron foi atrás de você?

Voltei a fitar a paisagem escura á minha frente. A verdade é que eu também queria saber.

                - Não sei Ally, nem faço ideia. Mas ele está sempre atrás de mim, não seria estranho se fosse pra me pedir para voltar.

Ally suspirou e se escorou mais na grade bufando. Ela olhou para o porto e fez carinha de criança birrenta. Sorri.

                - Que foi Ally?

                - Eu queria passear de barco...

                - É, mas eles não fazem passeios quando está nevando.

                - Isso é maldade. Por que só quando está tão frio é que eu consigo sair da boate pra passear a noite, mas parece que as pessoas agora só querem se aquecer com dança e como não tem mais ninguém pra cuidar da boate, o Olie se recusa a sair.

                - Então pode dizer a ele pra se arrumar.

                - Por quê?

                - Eu estou aceitando o pedido de sociedade Ally.

Ela me olhou de onde estava escorada. – Tem certeza?

                - Sim.

                - Certeza absoluta?

                - Claro!

                - Sério mesmo?

                - Eu juro Allyson.

Ela se endireitou e ficou de frente para mim.

                - Você não vai se arrepender sócia!

Então ela pegou minha mão e começou a chacoalhá-la desesperada. 

                - Eu tenho certeza que não.

A abracei e percebi que os turistas que ainda estavam lá nos olhavam se divertindo.

                - Agora aqui meu primeiro passo como sócia.

Andei até eles, que se encolheram pensando que eu ia tomar satisfação. Parei e sorri.

                - Boa noite! Percebi que vocês estavam nos olhando de forma engraçada. Então vou explicar o que foi que aconteceu: Eu acabo de entrar em sociedade com aquela garota e seu marido. Eles são donos de uma boate no centro, á quinze minutos daqui. Se vocês se interessam em dançar, venham conosco e ganhem bebida grátis!

Vários deles desceram com a gente e pegaram seus carros alugados e seguiram o nosso táxi até a boate. No caminho pedi para a Ally ligar pro Oliver e pedir que ele trouxesse o carimbo vip para a entrada. Carimbamos todos os turistas que entraram e que ficaram maravilhados com tudo.

                - O que foi isso Ally?

                - Coisa da Calli, a nova sócia. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentem, ok?