O dia demorou a passar, as horas pareciam se arrastar, não tínhamos aulas nem treinos hoje, estaríamos uma semana livres, sentamos no salão comunal da Grifinória, ninguém veio falar conosco, bom, na verdade quase ninguém vinha muito falar conosco desde que cada um de nós perdeu cinqüenta pontos para a nossa casa. Depois do jantar o salão comunal foi ficando vazio conforme as horas se passavam, aos poucos apenas nós ficamos ali, esperamos um pouco ate que todos tenham ido dormir, nos levantamos e olhamos em volta, não havia mais ninguém ali:

–Vamos, aposto que o Snape está indo pra lá também.

Todos assentiram, e o mais silenciosamente que pudemos fomos indo em direção da porta, quando alguém falou atrás de nós:

–Vocês vão sair de novo não vão?

–Olha Neville... – tentou Harry.

–Não! Vocês vão causar problemas para a grifinória outra vez! Eu... eu vou lutar com vocês! – disse Neville parecendo meio incerto nesta ultima frase, eu me inclinei para o lado sussurrei para Hermione:

–E agora o que faremos? Não temos tempo para brigar com ele.

Hermione suspirou e apontou sua varinha para ele:

–Eu realmente sinto muito Neville. Petrificus Totallus!

Repentinamente Neville ficou cada vez mais branco e seu corpo caiu duro no chão.

–O que aconteceu com ele? – perguntou Lukas tão assustado quanto nós.

–O feitiço do corpo preso. – respondeu Hermione dando de ombros e passando a frente de nós.

–Aprendemos na aula de feitiços, não esperava usa-lo tão cedo. – balbuciei e engoli em seco.

Harry puxou a nós para a porta e saímos de fininho com a capa da invisibilidade por cima de nossas cabeças que por um milagre cobria inteiramente a todos nós (o que em minha opinião não me parecia possível), caminhos por corredores e escadas ate chegar ao corredor do terceiro andar na fatídica porta onde atrás não sabíamos o que esperar, feitiços, o cão de três cabeças muito raivoso e querendo nos engolir, ou o Snape prestes a nos lançar hediondos feitiços por temos ido atrás dele, seja lá o que nos esperava, respiramos fundo e Hermione e Lukas usaram o feitiço do Alohomora para abrir a porta, quando entramos tiramos a capa, que já não era tão necessária, estávamos de costas para o Fofo, e estranhamente, não haviam rosnados, apenas leves e calmas baforadas, nos viramos devagar e com receio do que veríamos, mas ao nos virarmos, o que vimos, foi o cão:

–Dormindo! – Rony exclamou, eu pus a mão em sua boca e fiz sinal para que ele não gritasse.

–Ele está dormindo. – constatou Harry mais uma vez, mas agora que não estávamos mais preocupados com o cão, eu e Lukas parecíamos ter notado ao mesmo tempo:

–De onde vem essa musica?

Olhamos a volta e no canto da sala uma harpa tocava calmamente uma canção, do qual o cão parecia gostar, pois dormia calmamente e ate parecia sorrir.

–A harpa, está tocando. – apontou Hermione.

–O prefiro dormindo a acordado, ate parece bonzinho assim. – disse Rony.

–Mas isso quer dizer que, então Snape já passou por aqui, e já está mais perto da pedra do que nós. – Lukas lembrou o que nenhum de nós havia notado, ele estava certo, Snape já havia entrado, estava mais perto da pedra que nós, precisávamos correr:

–Venham, empurrem a pata dele e vamos abrir o alçapão.

Hermione, Rony e Lukas empurraram a pata enquanto aos poucos eu e Harry abríamos o alçapão, lá embaixo parecia-me um poço sem fim, não se via nada, apenas escuridão, não haviam pedras na qual pudéssemos jogar para teste, um de nós teria que pular.

–O que será que tem lá embaixo? – perguntou Rony.

–Não sei se quero saber. – eu respondi.

–Alguém tem que pular e ver o que tem lá. – constatou Lukas.

–Mas e se for uma armadilha? Podemos cair direto para a morte. – Disse Hermione, eu engoli em seco.

–Não temos o que jogar então algum de nós tem que pular. – apoiou Harry.

–Eu pulo. – disse Lukas se inclinando para a entrada do alçapão, antes que ele pulasse eu o puxei.

–Tem certeza? – perguntei com o olhar cheio de preocupação.

–Parece que é a minha hora de me sacrificar Mel. Vejo você lá embaixo. – ele respondeu e me deu um beijo na testa e pulou em fim. Ficamos todos olhando para dentro para ver ou ouvir se algo acontecia se passaram uns segundos ate que ele se pronunciasse. Levantou a varinha em um ponto de luz e gritou:

–Estou bem, a queda é macia, tem um tipo de planta aqui embaixo!

–Tudo bem, vamos pular um de cada vez. – eu disse aliviada.

–Não está um pouco quieto demais? – perguntou Harry, todos paramos de falar para escutar... Apenas o silencio nos envolvia. Olhei em um súbito para o lado onde estava a harpa.

–Ela parou de tocar! – exclamou Rony.

Rosnados... Olhamos para cima:

–Parece que o Fofo já acordou.

–Pulem! – ordenou Harry.

Todos pulamos o mais rápido que pudemos para dentro do alçapão, realmente a queda era macia, caímos em uma gigante plante que se estendia por um longo espaço, Lukas estava em pé e nos olhava, ele se aproximou e disse:

–Vocês estão bem?

–Claro, pelo único fato de que o Fofo quase nos comeu, ele é um amor. – disse irônica.

Lukas me ajudou a levantar, olhamos para os lados e só haviam paredes:

–Não tem saída, são só paredes, nem janelas nem portas.

–Tem que haver uma saída, as armadilhas devem ser projetadas pra você pensar, não para simplesmente poder passar até a pedra. – disse Lukas.

–O que é essa coisa embaixo da gente? – Rony apontou para a enorme planta.

Antes que eu pudesse responder, algo se enroscou em meus tornozelos e me puxou para baixo, eu fui arrastada para um canto e as plantas começaram a me envolver, Lukas tentou me ajudar, mas uma planta se enroscou em sua cintura e o puxou para longe, todos já estávamos sendo emaranhados pelas plantas, quanto mais eu me mexia, mais ela apertava, eu estava sufocando, em um ato de desespero, eu gritei:

–Os dois gênios não têm alguma idéia de como parar isso?!

–Estou pensando! – gritou Hermione de volta.

–Hermione se não se importasse gostaria que pensasse rápido, não acho que meus pulmões esperem muito mais! – disse Harry.

Contorcíamos-nos e nos mexíamos e quanto mais movimentos mais ela se apertava ao nosso redor, estava quase toda coberta pelas folhas e galhos dela quando ouvi Lukas do outro lado do cômodo:

–Relaxem não se mexam! Isso é Visgo do Diabo!

–Mas é claro! – Exclamou Hermione em outro canto. – Tentem relaxar!

Ambos fecharam os olhos e pareciam bem soturnos, quando pude ver, eles estavam sendo puxados para baixo e desapareceram.

–Hermione! Lukas! – gritamos todos em desespero.

–Estamos bem! – eles gritaram e volta de algum lugar.

–Onde vocês estão?! – perguntei.

–Confie em nós! – Gritou Hermione.

–Relaxem, vai dar tudo certo! – gritou Lukas.

Eu não conseguia relaxar, estava ofegante, não respirava direito, eu precisava sair dali, com a mão que ainda conseguia mexer peguei minha espada que tinha um feitiço de transfiguração, ela era agora uma pequena pulseira, a bati ao lado do meu corpo e ela se transformou em minha espada, eu a cravei fundo onde podia, a criatura soltou algo que parecia um grito de dor e um buraco se abriu embaixo de mim, ao contrario da primeira vez cai no chão duro, mas a queda era menor, me levantei com ajuda de Hermione e Lukas:

–Como saiu?

Mostrei minha espada e não foi necessário que eu dissesse mais nada, eles olharam para cima bem a tempo de ver Harry caindo no chão, o ajudamos a levantar, ele olhou para a espada na minha mão e disse:

–Só pra mim que funcionou o negocio de relaxar?

Nós rimos, para logo depois mudarmos a expressão para preocupação. Rony ainda estava lá em cima, e gritava por socorro, eu não podia arriscar furar a planta com a espada novamente, pois poderia machucar o Ron, então olhei para Hermione que frustrada resmungava algo que havíamos visto na aula de Herbologia:

–Visgo do diabo, visgo do diabo.

Uma gracinha... Ai eu não me lembro! Lukas nós estudamos isso naquele dia antes das provas que estávamos estudando com poesias, sobre herbologia.

–Mas no sol definha! Essa é a continuação, o visgo do diabo não gosta de claridade! – Lukas completou o poema (maluco em minha opinião).

–É isso! Lummus solen! – Hermione lançou um feitiço que iluminou todo o ambiente e tão rápido quanto veio à luz se foi, e o visgo do diabo soltou Rony que caiu no chão aos gritos, fomos ao seu encontro e o ajudamos a levantar, ele limpou as vestes e soltou um suspiro de alivio:

–Ufa, ainda bem que não houve pânico.

–Ainda bem que Hermione e Lukas prestam atenção em Herbologia. – disse Harry.

–E em poemas estranhos. – Lukas me deu a língua e nós rimos brevemente e continuamos até uma porta grande de madeira, do outro lado da porta pareciam haver ruídos, encostamos o ouvido na porta, não sabíamos descrever o ruído, nos entreolhamos e Rony por fim abriu a porta, era uma câmara em afunilada perto do teto que havia uma pequena abertura por onde se entrava luz e nós podíamos ver o céu, a luz da lua estava intensa, pois iluminava quase todo o lugar, ao olharmos para cima descobrimos de onde vinham os ruídos que ouvimos por detrás da porta, eram asas, estranhos pássaros voavam de um lado para o outro da câmara de modo bem monótono, nem pareciam notar nossa presença ali.

–São pássaros.

Harry espremeu os olhos e olhou mais atentamente para os estranhos pássaros e corrigiu Lukas:

–Não são pássaros, são chaves, olhem bem.

Fitamos eles por mais alguns segundos e por fim conseguimos distinguir que realmente eram chaves com asas, por isso os barulhos meio metálicos se batendo, do outro lado havia uma porta, atravessamos o recinto sem problemas, os pássaros nem nos notaram, ela estava trancada, Lukas, Hermione e Rony tentaram o feitiço de Alohomora mas a porta não se abriu, era obvio o que teríamos que fazer:

–Temos que pegar uma chave.

–Mas qual? Há centenas lá em cima. – indagou Hermione.

–Pegamos uma grande e velha, enferrujada como a fechadura. – disse Rony analisando a tranca da porta. – Como aquela ali!

Ele apontou para uma grande chave com uma asa meio que quebrada, ela parecia voar mais lentamente que as outras. Em um outro lado haviam duas vassouras, olhei para Harry e ele disse:

–Temos que voar.

Eu assenti com a cabeça, fomos ate elas, e paramos as fitando.

–Qual o problema? – perguntou Lukas.

–Tem algo errado, está fácil demais. – eu respondi.

–Ora vamos lá, vocês dois são os mais jovens e rápidos corredores de Hogwarts! Se Snape conseguiu, vai ser moleza para vocês. – Rony nos encorajou. Eu e Harry nos encaramos por uns segundos e depois montamos na vassoura, quase que de imediato as chaves se voltaram para nós e como se quisessem nos matar, elas começaram a nos perseguir por todo o lugar.

–Harry precisamos e um plano! – gritei para ele que estava ao meu lado.

–Vamos nos separar e cercar a grande chave, precisamos ser rápidos! – ele gritou de volta.

Rapidamente fiz o caminho contrario dele que estava atrás da chave, fui pela frente e ela não teve chance, a agarrei forte e antes que eu e Harry colidíssemos eu gritei:

–Para baixo!

E algumas das chaves colidiram umas de frente para as outras, joguei a chave para os três que estavam lá embaixo enquanto eu e Harry distraiamos as outras chaves que agora se recuperavam e vinham atrás de nós, eles já haviam aberto a porta e agora gritavam para nós:

–Rápido, venham!

Nós mergulhamos no mesmo instante e passamos pela porta que eles fecharam instantes depois e nós apenas ouvimos o bater de varias chaves na porta, mas elas não podiam nos atingir, a porta já estava fechada.

Descemos das vassouras e as deixamos de lado, estávamos em lugar que parecia me cheio de estatuas, Lukas foi mais a frente e deu uma olhada:

–Rony venha aqui, eu estou enganado ou estamos em...

Então as luzes se acenderam, Rony deu um passo à frente e completou a frase de Lukas:

–Um tabuleiro de xadrez!

Juntamos-nos a eles, dei uns passos mais a frente pra tentar passar para o outro lado mas a minha passagem foi impedida pelas peças de xadrez que cruzaram suas lanças na minha frente me impedindo de passar:

–O que isso quer dizer?

–É obvio não acham... – disse Lukas, ele e Rony se entreolharam.

–Precisamos jogar para chegar ao outro lado. – completou Rony. – Harry você fica na casa da torre da rainha, Melissa você fica no lugar da rainha, Hermione você vai ser o bispo. Lukas vai ser o rei e eu vou ser o cavalo.

Todos tomamos nossas posições, era obvio que Rony e Lukas que iriam jogar, Rony conhecia todas as regras do jogo, e Lukas fazia jogadas incríveis, os dois jogando, não havia como nós perdermos.

–As brancas saem primeiro, depois... Nós jogamos.

Lukas e Rony discutiam jogadas, matavam as outras peças e faziam movimentos bem inteligentes, nem mesmo Hermione era tão boa quanto eles no xadrez de bruxo. Peças quebradas, destroços, poeiras e cinzas se espalhavam pelo chão. O jogo foi se seguindo, eles gritavam comandos para todos os lados, em um momento, houve silencio, eles olhavam para todas as peças, olharam um para o outro e Lukas virou o rosto para voltar a fitar as outras peças e resmungou:

–Não, deve haver uma outra forma.

–Lukas dê o comando nós não temos muito tempo, isso vai facilitar. – gritou Ron.

–Não, você não vai fazer isso! – ele gritou de volta.

–O que vocês estão discutindo?! – eu perguntei.

–Lukas não quer dar a jogada, Harry que também jogava bastante com eles pareceram entender o que Rony dizia:

–Não! Rony não!

–O que foi?! – gritou Hermione.

–Ele quer se sacrificar! – por fim Lukas gritou para nós.

–Rony não! Deve haver uma maneira segura de sairmos daqui!

–Demoraria muito para termos outra chance de ganhar, no xadrez se perde agora para ganhar depois.

–Não estamos falando de xadrez Ron! É a sua vida! – gritou Lukas já exaltado.

–Vocês querem impedir que o Snape pegue a pedra ou não? Não teremos outra chance, estamos perdendo tempo, ele já deve estar lá! É a nossa única chance! – Rony gritou olhando para cada um de nós, sabíamos que ele tinha razão, Snape já estaria lá, precisávamos nos apressar, abaixamos a cabeça, ele notou que havia nos convencido:

–Quando eu fizer o movimento a rainha vai me comer, então Lukas, você dá o cheque mate.

Lukas apenas balançou a cabeça afirmativamente olhando firme para ele.

–Cavalo na H3. – Rony deu o comando. Sua peça se moveu até perto da rainha, então, ela deu um golpe que derrubou Rony de cima do cavalo, ele soltou um grito agudo e caiu desmaiado no chão, estávamos longe demais para ver se vivo ou não, eu e Hermione quase saímos do lugar para ir vê-lo, mas Lukas nos repreendeu:

–Não! Ainda estamos jogando!

Paramos na mesma hora, ele se virou e caminhou ate a rainha oposta:

–Cheque Mate!

A espada da rainha caiu com um enorme estrondo no chão e nenhuma peça mais se mexeu, nós corremos ao encontro de Rony, Hermione o virou eu cheguei mais perto olhei para os meninos e disse:

–Ele está vivo não parece machucado.

–Eu fico com ele. – disse Lukas – Vão à frente.

–Não, eu fico, você vai com eles Lukas, vão precisar de alguém inteligente o suficiente como você. – disse Hermione.

Todos assentimos e Harry pediu:

–Leve-o para a enfermaria, e envie uma coruja a Dumbledore o mais rápido possível.

–Vamos precisar de ajuda. – disse soturna.

Corremos para a porta do outro lado da sala, me virei para trás no ultimo instante antes de atravessarmos a porta a tempo de ver Rony acordando e Hermione o puxando para fora do tabuleiro, estava de costas

, pois fui a ultima a passar e ia fechar a porta, quando me virei, notei que os meninos estavam estáticos, eu ia levantando a cabeça e perguntei:

–O que vocês...

Mas não precisei terminar a pergunta, olhei para os lados em busca do professor Snape, mas só o que vi foi outro alguém.

–Você? – pergunta Harry.