Mais Do Que Você Imagina escrita por RoBerTA


Capítulo 37
Amor




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Notas do capitulo

LEIAM!

Amei os reviews *----*

Gente, esse capítulo está muito intenso. A primeira parte da Chris é algo que acontece dentro dela, sobre como estão os seus sentimentos. Não levem ao pé da letra :D

Aaaah, só tem mais dois capítulos contando com o Epílogo :/ Maaaas se vocês forem prestativas e convincentes, eu posso até pensar em fazer um bônus :D

Boa leitura!

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Pov Chris

O tempo se arrasta. Me envolve, me aflige. Segundos perpétuos. Confundindo tudo, tudo, tudo. Dias. Séculos. Eternidade. Deus, por que isso não tem fim!?

Perguntas preocupadas. Pessoas preocupas.

Não ligo.

Não importa.

Burra. Burra. Burra.

Estúpida!

Ai, dói tanto.

E é nessa dor que encontro um refúgio. Tudo o que sobrou dele. A dor que me corrói, destrói, é a mesma que me mantém viva. Um lembrete. Daquilo que tive e perdi.

As manhãs se prolongam, a tarde se estende, e cá estou, presa no tempo. Em um tempo que imita areia movediça. Me puxa, puxa, puxa, para esse desespero, agonia, dor, dor, dor!

Por favor, faça parar de doer.

Por favor.

Minhas preces se perdem insignificantes, no vácuo do nada.

E a dor permanece impetuosa.

Tudo se condensa, nessa névoa, nessa loucura, nesse tudo, nesse nada.

Músicas acompanham minhas lágrimas. Meus dias são um emaranhado de confusão. Fico muito tempo olhando pela janela. Esperando. Esperando.

E então.

A vejo.

Lá está a lua. E com ela um sorriso triste, saudoso. E um mar de lágrimas. Que jorram. Infinitamente, cobrindo minha face, lavando minha agonia. E por um milésimo de segundo sou feliz. Felicidade curta, ingênua, não sabe se despedir. Acompanhada de lembranças, seu cheiro, seu toque, seu olhar, seu tudo.

Meu Eric.

E então ela vai. Sem adeus, sem aviso. E eu permaneço com meus fantasmas a assombrar-me.

Estátua. Pareço uma estátua. Face sem expressão. Corpo sem alegria. Coração de pedra. Partido.

Por quê?!

As respostas me desprezam. O desprezo é mútuo. Precisa a dor de uma explicação?

Não, a dor é uma consequência.

De escolhas

Estúpidas, estúpidas escolhas.

Mãos. Mãos me tocam. Uma voz, tão conhecida e irreconhecível, batalha pela minha atenção. É um zumbido.

Mas persiste!

Escondo minha cabeça aos prantos. Por favor, por favor, vá embora!

Choro, choro e choro. Ai, por que dói tanto?

Balançam-me, sacodem, e dói. A dor continua.

Grito palavras, a prole do desespero. Não me escutam! Imploro. Mas não ligam. Então amaldiçoo, mas sou puxada. Abraçada.

Abraçada.

O que era isso mesmo?

Sim, agora lembro. Abraçar. É uma palavra tão inofensiva, um gesto tão singelo, um significado tão insignificante.

Mas é o suficiente.

Pra que?

Pra me desmoronar.

Pense, imagine uma pequena jaula do mais puro e precioso cristal. Ela tem um ar de mistério. Um toque de solidão. Isso te atrai, como um cego em busca da luz. Você vai até ela, repousa a mão e sente. O oposto do que pensava sobre a pequena jaula. Sob seu toque o poder de um furacão se agita. Sob seus dedos, tremores ressoam. Você sente pequenas cargas elétricas. E isso te atrai. Você quer descobrir o mistério, o conteúdo. A curiosidade é grande, um monstro, que se alimenta do encanto da pequena jaula. Seus olhos vagueiam pela superfície plana, perfeita. Ela reluz. Parece tudo tão simples. Aperte. Empurre.

Mais forte.

Acalque.

E então, a jaula cristalina oscila. Ela treme, parece possuída. O silêncio tranquilo que rodeava a pequena jaula é substituído.

Um som estrondoso ocupa tudo, tudo, tudo. Isso enche a sua cabeça. Ruído de lâminas se chocando. Unhas arranhando. E gritos, muitos gritos, enchendo tudo, tudo, de agonia.

A minha agonia.

Os meus gritos.

Que vêm da pequena jaula, aparentemente, nada do que você imaginava.

Pequenos vergões aparecem, sobre sua nem tão perfeita superfície. Eles se estendem, viajam entre si, em encontros e desencontros. E então, está tudo arruinado.

A pequena jaula, é, agora, uma junção de fragmentos. De restos. Sombras.

Compreende agora?

Eu sou a pequena jaula. Eu estou arruinada.

Antes, estava só aprisionada em meu sofrimento cego, mudo. Mas agora, aquela simples palavrinha, abraço, despedaçou uma mentira.

Mentira.

Você é nocauteado pelo que sai da prisão de cristal. É minha alma. Você se assusta, é tanto negro. Tanto nada. Tanta frieza. Tanto vazio. Só quer se abraçar, e expulsar esse frio que percorre seu corpo. Os tremores surgem junto com o ranger de dentes. Você agora está em um deserto.

Um deserto, mas neva. O chão está rachado, estrias largas, imensas. Algumas, do tamanho de um prédio deitado, adormecendo. Outras, tão pequenas, que mal podem ser notadas. E estão cheias de neve.

Ela cai espessa. Interrupta. Se agrega em sua pele, formando uma coroa em sua cabeça.

É tanto frio, você treme, mas continua caminhando. E então percebe. Seus pés estão descalços. Sua pele, machucada. Dói, e não dói. Você sente, e não sente.

Continua explorando esse estranho deserto. E então, o frio cresce, externamente. Está congelando! Mas há uma chama em seu interior. Céus, parece se estender, de dentro pra fora, a cada passo dado, a cada segundo passado. Queima. Queima. Arde, e continua se prologando através de todo seu corpo. Você está queimando por dentro, e está queimando por fora também, mas de frio.

Não consegue mais andar. Para. Ajoelha-se, e implora. Pelo fim. Qualquer coisa é melhor que essa sensação angustiante. Agarra algo, sua própria perna, percebe. Mas não sente nada, está entorpecido.

A dor passa. Subitamente. Ergue a face para agradecer essa ajuda divina.

Mas algo rouba sua atenção. O chão treme. Ele treme tanto. O céu fica vermelho. Escarlate. A neve parece sangue. O céu chora lágrimas de sangue. O chão acompanha essa cor vibrante, que parece hipnotizar-te.

Buracos surgem, e deles, lava quente é jorrada. Como sangue. Essa terra maldita parece estar morrendo, de uma forma agonizante. Você sente isso.

Você vê, mas não acredita. Agora, não há um risquem de curiosidade. Fuga. Fuga. Fuga. Essa ideia enche sua mente. É tudo em que consegue pensar. Tenta fugir, corre, desvia, se esquiva! Mas não há saída. Parabéns, está fugindo. Foi a fuga que pediu, e não uma solução.

Assim como eu. Eu, que fugi de mim mesma e da verdade, por tanto tempo, que é tudo que aprendi a fazer.

Eu te liberto. Pode ir. Mas antes, saiba. Aquele inferno vermelho, nada mais era do que sobrou de meu coração.

Isso é só uma consequência.

Fiz minha escolha, e então arquei com seu resultado.

Não há mais deserto. Não há mais prisão. Agora, há apenas uma garota, nos braços de sua mãe, chorando por amor.

Pov Calli

Amor.

Acordei com a ideia enroscada entre mim e os lençóis.

Amor.

O último mês foi uma espécie de sonho. Os nossos encontros às escondidas, as flores, as palavras e os beijos... Tudo tão perfeito!

Amor.

Palavra pequena, significado perfeito.

Amor.

Pensava nele durante as aulas, antes de dormir, enquanto estava com ele e quando não estava.

Amor.

Já não sentia mais dor. Quando via John, minha respiração não falhava mais. Minhas cicatrizes se tornaram superficiais. Eu estava curada. Ele havia me curado.

Amor.

Eu o amava. Era tão óbvio, me surpreende que não tenha percebido isso antes.

— Eu te amo. — Sussurrei para o meu quarto vazio.

Precisa dizer essas palavras para ele. E mais que isso, necessitava que ele correspondesse meus sentimentos. A rejeição não poderia ser uma hipótese.

Levantei rapidamente da cama, trocando o pijama por uma roupa qualquer. Era sábado, portanto, Leonardo provavelmente estava dormindo.

Corri, corri como nunca havia feito antes.

Mal notei o tempo passar e distância minguar, estava ocupada demais pensando em como diria aquelas três palavrinhas.

Ocupada demais imaginando o que viria a seguir. Primeiro o amor seria dito, proferido. E então feito. Na sua cama, nos nossos corpos em perfeita comunhão.

O calor que senti nada tinha a ver como a velocidade que corria.

Em pouco tempo cheguei até seu apartamento. Subi as escadas correndo, dois lances e lá estava. Agora era só atravessar o corredor, chegar até a sua porta e...

— Por que? Por que justamente agora!?

Nunca havia escutado Leonardo gritar antes. Parecia um leão rugindo.

Mal notei o homem que permanecia apoiado perto da porta por onde eu estava prestes a atravessar. Minha mão agarrou a maçaneta, e retirei fundo antes de girá-la.

Imediatamente segurei a respiração.

Havia uma mulher de frente para Leonardo. Ela estava em uma cadeira de rodas, mas o mais chocante não era isso, e sim o fato de sermos extremamente parecidas. Parecia que eu havia encontrada uma irmã mais velha desconhecida, e a julgar a natureza do meu querido papai, isso não deve ser exatamente impossível.

— Quem é essa aí? — Sua voz parece neutra, mas sinto o aborrecimento por trás dessa calma controlada.

— Calli, o que você está fazendo aqui? — Ele parece não se importar em ignorar a misteriosa mulher.

— Eu... — Com certeza não era isso que eu havia imaginado.

— Leonardo, quem é essa? — Sua voz exibia uma nota de autoridade e soava possessiva.

Foi então que entendi. Ela poderia não saber quem eu era, mas a sua identidade não era mais um mistério para mim. Essa era a garota do Leonardo. Aquela que eu lembrava ele.

Cravo meus olhos em Leonardo, de forma acusatória.

— Achei que ela estivesse morta.

— Eu nunca disse isso.

Aquilo tem o impacto de um tapa na cara. Não deixa de ser verdade, ele nunca realmente havia dito que ela estava morta. Mas por que omitir?

— Eu não entendo. — Balanço a cabeça, completamente confusa.

— Ah meu Deus, não me diga que você está com essa coisinha. — Mesmo ela sendo o tema do assunto, quase havia esquecido de que continuava ali. Tento não me sentir ultrajada com o seu comentário. Para falar a verdade, não consigo ver pelo quê exatamente Leonardo se apaixonou nela. Talvez o acidente a tenha transformado em outra pessoa.

— Cala a boca Eloisa! Foi você quem decidiu me deixar para trás! Não tem direito nenhum de se meter na minha vida!

— Mas eu voltei — ela diz baixinho — voltei por você. Leo, você disse que nunca me abandonaria, que nunca iríamos nos separar.

Ele olha para ela com os olhos nebulosos, como se não estivesse nessa sala, e sim nas suas lembranças do passado.

— Isso foi antes.

— Por favor, ainda não é tarde demais para nós.

Enquanto eles se encaram com tamanha intensidade, dou um jeito de escapar daquele lugar. Nem sequer sinto curiosidade de saber a sua resposta.

Passo pelo homem com uma expressão entediada, e desço os degraus meio pulando e meio correndo.

Simplesmente corro, tal como antes, mas dessa vez com motivos diferentes.

Só que eu deveria saber. Ele não me deixaria ir tão fácil assim.

— Calli, espere, por favor — sua voz parece extremamente ofegante.

— Não, me deixe, Leonardo. Você precisa voltar para ela.

— Não existe nada entre mim e ela, entendeu? É só você que. Eu quero.

Me desvencilho dele.

— Ela precisa de você. — Digo baixinho, enquanto olho para os meus pés.

— E eu preciso de você. — Reponde suavemente. Ergo meus olhos e o vejo me encarando com tanto amor e carinho que quase me entrego naquele momento.

— Mas... — Seus dedos cobrem os meus lábios.

— Por favor, não faça isso com nós.

Maldição, eu não iria conseguir resistir por muito mais tempo.

— Ouça. — Suas mãos emolduram o meu rosto. — Tem algo que você precisa saber. Eu... Eu te amo.

Fecho meus olhos enquanto gravo as suas palavras em minha alma.

Nesse momento eu não conseguia pensar sobre o certo e o errado. De repente percebi que não era a minha culpa se a tal Eloisa tivesse deixado o Leonardo para trás.

Ele era meu agora.

Amor.

Palavra doce que derrete na boca e aquece a alma.

— Eu também te amo. — Sussurro baixinho contra a sua boca.

Beijo.

Palavra que nasce no peito, explode na alma e imortaliza o momento.

Pov Chris

De repente, simplesmente soube.

Se um mês sofrendo por aquilo que perdi não era o suficiente para eu acordar do meu torpor, não sei mais o que poderia me ajudar. Aquele inferno interno havia desmoronado com uma pequena demonstração de amor.

Mas só havia um jeito de alcançar o céu.

Faria o que fosse preciso para tê-lo de volta.

Não importa o que pudesse me custar. Estava disposta a pagar qualquer preço.

Viver sem ele não era uma opção.

Não era vida.


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