A casa desapareceu numa nuvem de fogo e fumo negro.

Número 17, que voltava de mais uma caçada, ouviu a explosão e correu para a clareira. A sua casa acabava de ser destruída. Quem ousara destruir-lhe o lar ainda estava no local do crime, a contemplar indiferente a cratera nua.

- Mas o que é que pensas que estás a fazer? – Perguntou número 17.

O outro voltou-se. O aspeto imponente de criatura das trevas não o impressionou.

- Vais arrepender-te do que fizeste. Prepara-te para sentir a minha fúria.

- Tu sabes quem sou eu? – Perguntou a criatura.

- Não sei e nem me interessa!

- Sou Kumis, o demónio de Dabura, o Príncipe do Mal.

- Oh!… E era suposto eu tremer de medo ao saber a tua identidade?

Número 17 fechou os punhos, dobrou os braços pelos cotovelos, afastou as pernas, fincou os pés no chão.

- Estás a desafiar-me? Não passas de um reles chikyuu-jin.

Numa fração de segundo, a criatura colou-se a ele.

- E a resposta é sim, deves tremer de medo depois de me conheceres – acrescentou.

Esmurrou-o. Número 17 acabou estendido no chão, o sangue a sair-lhe lentamente do nariz. A criatura agarrou-o pela camisa, junto ao pescoço, levantando-o e sufocando-o.

- Vou perguntar-te isto apenas uma vez: onde é que está a bola de dragão?

- Nani?

- Onde é que está a bola de dragão de quatro estrelas?

Número 17 compreendeu. Aquele demónio estaria de alguma forma ligado a Zephir, o feiticeiro contra o qual Son Goku lutava e Zephir procurava também pelas bolas de dragão.

Num movimento inesperado, número 17 pontapeou-o com os dois pés. O demónio soltou-o, aturdido com a dor do golpe. Entreolharam-se.

- Tu não és o único que procura pelas bolas de dragão – atirou.

A criatura admirou-se.

Número 17 atacou-o. Queria vingar o murro na cara. Assentou dois socos na cabeça da criatura. Com um pontapé no estômago fê-la cair. Saltou e desde o alto disparou uma bola de energia que estourou onde a criatura se contorcia no chão.

Estava vingado. Aterrou, cuspiu para o lado. Respirou fundo, iria rematá-lo. O fumo dissipava-se. Estendeu um braço, dedos da mão encurvados, a reunir energia.

Mas a criatura surgiu à sua esquerda. Número 17 abriu a boca, não conseguiu gritar de assombro, não teve tempo. Recebeu um golpe violento e doloroso na cabeça. Perdeu a visão por momentos. O embate com o chão duro despertou-o. Recebeu novo golpe nas costelas, um pontapé que o fez rebolar sem controlo até encontrar um tronco calcinado. Ficou de barriga para baixo. Os dedos esgravataram a terra queimada. Tinha um remoinho no cérebro e sangue na boca.

- Quem é que procura também as bolas de dragão?

Número 17 tentou levantar-se.

- Fala!

O corpo não lhe obedecia. Era uma máquina espatifada, um humano artificial destruído. Abriu um olho e viu a imagem desfocada da criatura. Viu como lhe apontou uma mão aberta num gesto decidido. As unhas compridas brilharam nos dedos esguios à medida que se enchiam de energia vital, de faíscas vermelhas, de destruição.

Estava demasiado fraco para ripostar, ou mesmo aguentar, aquele ataque. Apertou os dentes, irritado por ter sido derrotado com tanta facilidade, ele que já fora o mais forte do mundo.

Mas a criatura recolheu o braço.

- Não posso perder mais tempo contigo. Se anda mais alguém à procura das bolas de dragão, devo ir avisar imediatamente Zephir-sama.

Calou-se.

- E tu já estás mais morto que vivo. Nem mereces o meu esforço.

A criatura elevou-se nos ares impetuosamente.

As últimas palavras que lhe dirigira feriram-lhe o orgulho. Só que deixaram subitamente de ter importância. A sua mente foi um vazio imenso, o seu estômago contraiu-se e número 17 perdeu os sentidos.