A Filha Perdida escrita por ACL


Capítulo 8
O sonho


Notas iniciais do capítulo

Gente, esse capítulo é só o sonho, mas é meio tenso...



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Não vou dizer que nunca sonhei antes, só que faz muito tempo. Sonhei apenas uma vez. E foi um sonho que me fez desejar não ter outro. Sonhei com a morte da minha mãe, e, consecutivamente, com o nascimento do meu irmão.

O sonho de hoje é não menos estranho e menos perturbador. Claro que não é tão violento quanto o anterior, mas é o suficiente para me manter noites sem conseguir dormir, como aconteceu com o outro.

Estou em um banheiro branco com dourado e detalhes pretos. Me olho pelo espelho, estou completamente nua. Meu corpo está diferente. Meus braços e minhas pernas estão mais musculosos. Parece que ganhei um pouco de peso, além dos meus 49 quilos habituais. Meus seios estão um pouco maiores, provavelmente, resultado do pouco de gordura que ganhei. Meu cabelo está um pouco mais longo e mais brilhoso, como se eu me importasse em cuidar dele. Sou eu, mas não sou eu.

Através do espelho, vejo um garoto muito bonito. Muito mais bonito que qualquer um que eu já conheci, mesmo Elius, que é bastante bonito. Ele tem um corpo forte (não tão forte quanto o de Austin, claro) e é alto. Os olhos são azuis, tão azuis que parecem um pedaço do céu, num dia claro e ensolarado, no rosto firme e anguloso. O rosto é firme demais para ser apenas um garoto. Mas eu sei, assim como eu soube que mamãe havia morrido no outro sonho, que ele não tem mais de dezoito anos. Seus cabelos são cachos loiros. Eu poderia compará-lo a um anjo, mas seria uma comparação injusta. O anjo está deitado na cama e eu posso ver apenas do seu peito, que está nu, para cima. O restante dele está coberto pelos lençóis.

Me surpreendo com minha ousadia. Estar nua em um banheiro com a porta aberta e um menino deitado no quarto ao lado. Ponho um robe de seda, parecido com os que mamãe usava para dormir, respiro fundo e saio do quarto, em direção à cama, onde está o garoto.

– Estava te esperando – ele diz. Sua voz é grave e sensual. – Você não sabe por quanto tempo te esperei.

Solto, contra minha vontade, um suspiro. Um tremor que eu reconheço ser de nervosismo percorre o meu corpo, e é muito parecido com a corrente elétrica que eu senti ao ser beijada por Elius. O tremor se torna externo, não consigo manter minhas mãos paradas.

– Eu sei – minha voz diz, mas eu tenho certeza que não fiz esforço nenhum, que meu cérebro não disse nada. É como se eu fosse uma expectadora dentro do meu corpo. – Me desculpe por isso.

Olho em volta. Acho que a outra eu tenta ao máximo não olhar para o anjo. Aproveito para olhar o quarto que estamos. Ele completa o estilo do banheiro, é uma suíte branca com preto e dourado. É linda, no estilo minimalista que eu adoro. Os únicos móveis lá são uma cama grande de casal, uma escrivaninha e um grande guarda-roupa branco.

– Ora, meu amor – ele responde. – Não se desculpe. Não estou mais esperando. Não poderia estar mais feliz.

Eu sorrio. É um sorriso terno, que eu posso dizer com toda a certeza que é o sorriso que eu mostro a Jay quando ele me pergunta algo sobre nossa mãe. Me pergunto como eu ouso sorrir dessa forma para mais alguém.

– Então isso é bom – afirmo. – Porque eu também não poderia estar mais feliz.

– Você sabe o que Mel significa? – Pergunta ele, sorrindo.

Faço que não com a cabeça.

– *Mel means honey. And you are as sweet as it.

Sem falar nada, tiro o robe, que era a única coisa que mantinha vestida. Me exponho, completamente pelada, ao garoto cujo nome não sei.

– Você é linda! – ele exclama. Eu tremo mais ainda. Não consigo formular um “obrigada”.

O garoto se levanta da cama. Ele está nu, assim como eu. Entendo completamente o que está acontecendo e sinto verdadeiramente todo o pânico que meu eu do sonho está sentindo. Ele me abraça e percebe meu corpo tremendo. Ele acaricia meu cabelo e me aperta contra o peito. Tento ignorar o volume extra na parte de baixo, mas isso só me faz tremer ainda mais. Ele deita comigo na cama e por muito tempo, ficamos apenas deitados e abraçados. Ele me tranquiliza e diz que me ama.

Demoro um pouco demais para dizer que estou tranquila. Não estou mais tremendo. De uma certa forma, estou tranquila. Mas de outra, estou tão nervosa que poderia explodir. Não tremo mais externamente, mas há um mini terremoto no meu interior, provocando pequenos tremores e calafrios.

Quando eu respiro fundo para dizer que estava na hora, ele me beija. Não preciso dizer que está na hora. Ele sente isso. Todo meu nervosismo se esvai, transformando-se em ansiedade e excitação. Ele me beija e me toca. Toca em todas as partes do meu corpo e por onde sua mão passa, uma chama se acende sob minha pele. A eletricidade que eu senti quando Elius me beijou era nada comparada à que eu sinto agora.

Eu retribuo o beijo com voracidade. Ele se aperta mais contra mim e enfim acontece.


Acordo assustada e perplexa. A noite está escura e o chalé está frio demais para a época do ano. O pior não é a estranheza do sonho. Não é o fato de que eu sonhei comigo. O pior nem é o fato de eu estar fazendo sexo no sonho.



O pior é que eu acordei sentindo uma onda de prazer.

 

 



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Notas finais do capítulo

*Mel significa mel. E você é tão doce quanto.

E aí, gostaram? Comentem, para que eu saiba sua opinião.
Não se esqueçam que foi apenas um sonho, ok? Haha.
Acho que esse foi o capítulo que eu mais gostei de escrever.