A Mediadora - Apocalipse escrita por Julia Cecilia


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

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Capítulo 9

  Subimos as escadas e abrimos a porta do meu quarto.

  O sol estava se pondo, parecendo tornar o céu uma mistura de cores, eu podia ouvir as ondas batendo tirmicamente nas pedras lá em baixo,  onde aquelas pessoinhas caminhavam alinda praia de Carmel.

 — Percebeu? — Jesse olhou para mim. Apoiei-me nos cotovelos. Nós estávamos sentados no telhado da varanda da frente, que por acaso, se projetava abaixo da janela do meu quarto. Era muito legal ali fora, sobre as estrelas. Nós estávamos suficientemente auto para ninguém ver.

 — O quê? — Ao luar, a camisa azul-marinho clara de Jesse parecia escura, bonita como os reflexos em seu cabelo.

 — Como Paul estava sincero — Jesse me olhou às estrelas do céu.

   Suspirei, Jesse estava certo, Jesse sempre estava certo. Mas, naquele momento, Jesse estava mais certo do que antes. Acho que, em um ano de convivência com o meu pior inimigo, eu podia dizer que, enfim! Paul-estava-sendo-sincero! E, lindo ao mesmo tempo. Seus olhos brilhavam a cada palavra que dizia a mim hoje na praia.

  Jesse me olhou enquanto o luar brincava no pequeno sorriso em seu rosto.

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  Era uma noite fresca de lua cheia. Ali, da frente da casa, eu a via sobre o mar, parecendo um lampião aceso – não um farol como o sol, mas uma daquelas lâmpadas de abajures retorcidos do criado-mudo.

  Olhei para Jesse de modo que ele também olhava para mim. Seus olhos brilhavam como os enfeites de natal que iluminavam a minha casa, quero dizer, minha antiga casa.

  — Um ano de conveniência com ele, posso dizer que já passamos muita coisa ruim — sorri de leve para ele.

    Aos desafios do passado, eu só tenho a sorrir para ele, e dizer que, tudo foi muito bom enquanto durou.

  — Mas graças a isso tudo - eu olhei para ele — nós estamos aqui. — enquanto meus olhos olhavam fixamente para Jesse, sua boca se enchia de sorrisos.

    Apoiei-me nos cotovelos, meus joelhos estavam dobrados para cima. Jesse havia se deitado nas telhas, contente como eu nunca havia visto.

  — Eu gosto muito mais assim - Deu um breve sorriso debochado.

  — Assim como? - conseguia me sentir tão confortável como ele, sendo assim, deitei-me ao lado de Jesse, observando como sua expressão mudava quando olhava para as estrelas do céu, e como seu sorriso ficava cada vez mais largo.

  — Ah... — suspirei em meus pensamentos.

  — Só nós dois - disse ele, depois de uma breve olhada nas estrelas, olhava para mim.

  — Mas não como sempre foi — engoli em seco. Uau, que furo, e eu, ainda pensava que aquele ia ser do tipo "conversa romântica"

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  — Diferente - então, aquilo ainda podia ser uma conversa romântica!

  — Assim como estamos agora. — Jesse não tirava os olhos de mim — você não acha que esta muito melhor? - Digamos que foi uma pergunta extraordinariamente sincera.

   Á luz da lua nós podíamos ver a cúpula vermelha da igreja da Missão. Mas só por que nós estávamos vendo a missão não queria dizer que a Missão estava perto. Ficava a bem uns três quilômetros de distância. Eu trazia no bolso as chaves do Ford Edge, que havia subtraído meia hora antes. O metal aquecido pelo calor do meu corpo o For Edge, que de dia era turquesa, ficava parecendo cinza naquela sombra.

   Assim que parou de dizer, Jesse virou seus olhos novamente para o céu.

   O pacífico, parecendo à distância um espelho tranqüilo, estava negro, exceto, numa estreita faixa iluminada pela lua, branca como o papel.

     Aquela era a hora. À hora em que eu deveria me atirar para os peitos de Jesse.

  — Tão melhor quanto... — Então, deitei-me a seu peitoral, foi quando realmente notei como o seu rosto ficou perto do meu. Só a centímetros de distância. Sua pele bronzeada brilhava em contraste à minha.

  Mas Jesse não conseguiu terminar o que tinha pra dizer, nem um segundo depois eu podia me lembrar o que eu pretendia dizer em seguida. Isso, porque ele tinha me puxado - gentilmente, mais com força - para junto dele, e tinha coberto minha boca com a dele.

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    Bem, eu não tenho tanta experiência assim no departamento de beijo, mas até onde eu sei, que o que acontece comigo quando Jesse me beija é... Uma coisa boa!

    Seu beijo possibilitou-me aproximar um pouco mais do seu corpo, assim, encostei pouco mais da metade dos meus peitos no dele.

    A única coisa que faz parecer aquele calor aumentar é me pressionar com mais força contra ele... Fazendo isso, Jesse, que geralmente parece ter um fogo próprio queimando em algum lugar, acaba tocando em minhas cinturas e me deitando, possibilitando-o ficar acima de meu corpo - ou em boa parte dele - e também, acaba me tocando em outro lugar, como debaixo da minha blusa, onde é claro, eu quero ser tocada.

   Eu senti a sua mão correndo pela costura do meu jeans, enquanto a gente se beijava no telhado do meu quarto

   Nossas cinturas juntas, e eu sabia que era que era só uma questão de tempo até que aquela mão entrasse debaixo da minha blusa e subisse até o meu sutiã. Eu pensei em uma prece de agradecimento que eu estava usando um sutiã com fecho na frente.

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Eu fiz uma pequena exploração por conta própria, correndo as palmas das minhas mãos pela parede de músculos que eu podia sentir através da gola de sua blusa...

  ... Até que os dedos de Jesse em vez de entrarem no meu sutiã tamanho 44, alcançaram as minhas mãos em um aperto de ferro.

  — Suze — ele estava respirando forte e palavra saiu meio forçada, enquanto ele apoiava sua testa na minha.

  — Jesse — eu também não estava respirando muito coordenadamente.

   Fazer isso que nós havíamos acabado de fazer, é, excepcionalmente, incrível. Mas isso, com certeza, só faz as coisas piorarem. Eu já tentei explicar para ele de que a são diferentes agora, mas ele continua teimoso em acreditar que tudo do pescoço aos pés é fora dos limites. Até a lua de mel. Exceto é claro, quando a gente está se beijando como agora, e acontece dele esquecer, no calor do momento, que ele é um cavalheiro do século 19. O problema é que eu estava tendo dificuldades em parar de lembrar como o corpo de Jesse tinha ficado minutos em cima do meu.

   Dei um pequeno beijo em sua boca, não conseguia parar de pensar em Jesse, e em seguida, eu sorri, sorri para ele.

   Então, ele me beijou novamente.

   É claro que quando os lábios do Jesse estão sobre os meus, fica difícil de pensar em alguma coisa como o seu corpo em cima do meu faz meu mundo girar...

   Eu senti sua mão correr pela costura do meu jeans novamente, apertando minhas pernas, eu levantei minhas mãos e ofeguei seu cabelo.

   Sua boca cobrindo a minha, eu podia sentir, que o fogo próprio de Jesse estava aumentando cada vez mais.

   Fazendo isso, Jesse, com suas mãos acaba tocando a minha cintura, e guiando-a para debaixo de minha blusa levemente.

   Assim pude perceber que eu estava de fato com meu sutiã tamanho 44. Sua mão tocou-o à frente, Jesse ia desabotoá-lo, quando infelizmente, elas pararam de se mover, e se fecharam à metade, mas seu beijo não, não muito. Sendo assim, amoleci minha mão que, a um segundo atrás ofegava seu cabelo.

   Sua respiração saiu forçada novamente, enquanto deitava sua testa à minha novamente.

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  Jesse fechou seus olhos, e com sua mão direita - que por acaso, havia entrado há minutos embaixo de minha blusa - encostou-se em meio às telhas embaixo de mim, ajudando-lhe a se equilibrar. E em menos de dois segundos, Jesse deitou-se ao meu lado, ainda com os olhos fechados.

   Sua respiração, porém, estava mais forte do que sua vontade de fazer abrir seus olhos. Jesse estava tão inquieto, que fazia força para não abrir seus olhos, e como a mãe estrela estava brilhando, brilhando, brilhando como o sorriso que eu estava esperando Jesse fazer. Só que, só que ele não fez, e no lugar de seu meio sorriso, seus olhos pararam de fazer força, e no lugar daquela força que eles faziam, seus olhos soltaram lágrimas, lágrimas não de desprezo mais, de tristeza.

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  Quem diria que, Jesse, em um momento estava tão inquieto, agora estava calmo, calmo como o luar à nossa volta. E sem pensar duas vezes, me desesperei

  — Jesse! — comecei a sacudi-lo pelo braço. E um segundo depois, meu braço estava em seu peito, tentando fazer que nem o salva-vidas costuma fazer, mas comigo foi diferente, eu não era um salva-vidas, e aquele era meu namorado morrendo.

  — Jesse, acorda, por favor, não desmaia, não desmaia! — E como o desespero havia me dominado, comecei a puxar seu braço — Levanta Jesse, por favor!

 E um segundo depois, minha mão estava em seu rosto

  — Jesse! — E um segundo atrás, Jesse começou a reagir, foi como se, estivesse dormido, e acordou, acordou nos braços de uma louca obcecada pelo namorado que por acaso dormiu. Mas sua reação foi diferente de tudo que já havia visto alguma vez em minha existência. Logo quando terminou de acordar por inteiro, Jesse, que havia tido um momento romântico com sua namorada, fez, nada mais, nada menos, que uma cara de ãn pra mim, era como se, nunca houvesse me visto na vida.

  — Você me conhece? — Ele olhou para mim.

   Juro que foi isso que eu ouvi. Jesse, o amor da minha vida, havia perguntado se eu o conhecia.

  Foi como no dia em que me encontrei com ele no passado. Jesse havia feito a mesma cara interrogativa. Já tomou uma facada no coração? Não? Não sabe a sensação? Ah, então, se não sabe, eu sei como é. É tipo alguém te pegar desprevenido e te matar pelas costas com uma faca no coração. Mas claro que, o meu caso, era diferente, o meu namorado, havia me perguntado se eu o conhecia isso sim, era uma facada de verdade. Eu não entendia o que ele queria dizer com aquilo.

  Quando de repente, meus olhos se encheram de lágrimas. Coisa que não acontecia comigo com muita freqüência. Eu estava na certa chorando. Jesse, um cara tão, tão inteligente, tão, tudo! Havia me dado uma facada daquelas em cima do meu estômago. Mas como? Se eu nem havia dado uma facada em sua cabeça? Como ele havia desmaiado?

  — Nós temos que ir pro hospital Jesse, levanta! — Ele estava sentado.

  Até que Jesse analisou meu rosto, seus olhos fixaram-se nos meus, e sua expressão, porém, continuava a mesma, isso claro, depois de sua sobrancelha com sua cicatriz se mexeram

  — Por que Suze? — Ele olhou para mim, e, agiu como se nada tivesse acontecido!

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Jesse estava louco! Como? Ele agiu como... Como se nada tivesse acontecido...

   Minha expressão era como há de se imaginar. Pensativa. Mas Jesse não tirava seus olhos dos meus, sendo assim, eu disse:

  — Jesse, não se lembra? — Sua expressão mudou sim, para pior.

  — Do que você está falando Suze? — Seus olhos se encolheram, tipo, ãn?

  — Jesse não pode ser você, você desmaiou aí... — Mais ele me cortou

  — É você que está louca, hei, Suze! Ta tudo bem! Confia em mim, foi só uma tontura — Mas eu cortei-o novamente

  — Essa não é a primeira vez que você desmaia Jesse, vamos pro hospital — Sendo assim, eu me levantei segurando seu braço

  — Suze, não ta acontecendo nada, lembra? Eu também desmaiei no hospital, eu só preciso que confie em mim — então ele me puxou, e eu me sentei ao seu lado

  — O padre já me explicou, pode ser as conseqüências do passado, não é todo dia que um corpo é trazido do passado para o futuro. É só isso. — Então seus olhos negros fixaram-se nos meus, e em seguida, Jesse sorriu.

  Juro que me senti mais leve, mais aliviada. Nós começamos a observar o céu, as estrelas. E depois de um tempo observando aquela imensa lua eu disse

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  — Jesse não consigo parar de pensar, bem, naquele negócio dos fantasmas, quero dizer, quem sabe se eles realmente querem fazer algum mal ao coitado do avô da Sheylla? — Eu olhava apenas para as estrelas. Ficamos em silêncio total, até que ele disse

— Pelos meus cálculos não hermosa, mas vamos torcer para que nada disso aconteça. Mas pensando bem, temos que agir, temos que... — Assim, Jesse deu um suspiro, mas esse foi muito mais calmo que os outros que havia dado — Que pensar no que vamos dizer a eles amanhã. Era novidade pra mim, então eu perguntei:

 — Amanhã? Mas, o que tem pra fazer amanhã?

 — Amanhã duas horas? Não se lembra Suze? — Informou Jesse, olhando para mim.

  Claro, nós havíamos combinado, no apartamento de Jesse, como pude me esquecer.

 — Claro, mas, o que a gente vai dizer? — Eu estava com os nervos esfrangalhados sob a perspectiva de não dar certo.

 — Sinceramente? — Levantou suas duas sobrancelhas — Não faço a menor idéia hermosa — E endireitou seus olhos para os meus seios.

  O único problema era eu estava tendo dificuldades tentando não lembrar como o corpo de Jesse tinha sentido contra o meu. Por que tinha sentido legal seu peso, seu calor aquecendo-me ainda mais. Tinha sido bom mesmo.

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  Jesse não parava de olhar para os meus seios — que suados, mostravam-lhes como se estivessem sem minha blusa, apenas com meu sutiã tamanho 44, por que pequenos, realçavam muito bem meus seios.

  Se bem que era ruim, Jesse ficar olhando-os. Ele tirou seus olhos de lá, assim, virou seus olhos para as nuvens que cobriam boa parte da lua no momento.

   Até que de imediato alguém bateu à porta do meu quarto, que por acaso, estava fechada.

  — Guria, telefone pra você! — Pela voz percebi que era Andy. Levantei-me de lá, e com os pés nas telhas, pulei a janela do meu quarto que dava para a mesma vista que a varanda, e abri a porta do meu quarto. Andy me entregou o telefone, e eu disse:

 — Alô

 — Suze! Como vai? — Disse uma voz familiar no telefone.

 — Vou bem, quem é? — Disse confusa

 — Não reconhece? — Disse calma a voz do outro lado.

   E é claro, se eu não reconhecesse, não estaria perguntando. Cada tolo...

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— Não quem é? — Então ele riu. — Suze, sou eu, Paul! Só queria dizer que, o nosso dia foi — Ficou sem palavras — muito bom — Ele disse folgando-se no telefone. Mas não que eu não gostasse, eu apenas estava apreciando sua voz.

   E entre um passe e outro, sentei-me ao lado de Jesse, que também ao lado dos pinheiros à nossa volta.

  Passando o tempo ao telefone com Paul. Como ele estava tão, ele.

  Paul me entendia, ele também concordou que Suzan Boyle cantou melhor que ninguém no espetáculo daquele dia, e, concordou com outras coisas também. Menos Cristiano Ronaldo ser o homem mais gato do mundo... Isso não.

  Ele também estava vendo o luar, estávamos conversando sobre aquelas nuvens que cobriam o céu. Quando Jesse veio a mim, sua boca mal tocou os meus lábios, entretanto, quando eu ouvi sua respiração, ele não estava sério, ele afastou sua cabeça da minha, pulou a janela do meu quarto, e se foi.

  Eu não entendi muito bem por que, acho que não era pra me incomodar, mas, incomodar o quê?

   Jesse podia ter pensado que foi inconveniente da parte dele, ter me beijado daquele jeito, mas não foi inconveniente, foi apenas um beijo, pena que ele não acha isso.

                                                    Página 106

  Mas eu fiz ele sentir culpa mesmo conhecendo-o, se bem que eu poderia ter feito um forcinha, tipo, não ter caído em cima dos seus abdomens sarados, do seu peito bronzeado, ou até mesmo de seus lábios maravilhosamente, perfeitos.

  Então eu desliguei. Fui direto ao banheiro, estava cansada de tanta adrenalina naquele dia, por que afinal, não era de ferro, e o meu cheirinho realmente, não estava nos seus melhores dias.

  Antes, quando o Jesse ainda se hospedava em meu quarto, eu haveria de me vestir no banheiro sempre, e agora, eu realmente poderia me sentir à vontade para trocar de roupa no meu próprio quarto como uma adolescente normal. Abri a janela, fechei a torneira, e abri a porta.

  Era uma vista sempre magnífica. A janela do meu quarto, que dava para a mesma vista que a varanda, aquela paisagem impressionante que abarcava para a península.

  Era mesmo uma gracinha da parte da minha mãe e do Andy, terem escolhido um quarto com a melhor vista da casa, aquele quarto em que Jesse havia morado há séculos.

  Quando saí do banheiro, sentia-me um pouco mais leve. Olhei ao redor, sentindo a brisa fresca que entrava, o ar salgado do litoral. Cai na cama, e bati palmas para apagar as luzes, e me enfiei bem debaixo dos lençóis fofinhos que ainda pareciam novos, e em poucos segundos, o sono me dominou.

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  — Não enche Kelly — Eu disse, me sentando na minha cadeira atrás dela e pondo meus fones de ouvido. Estávamos no terceiro horário, no laboratório de biologia. Kelly estava enchendo meu saco enquanto tentava me sentar em minha humilde cadeira. Depois disso, Kelly apenas olhou para mim por cima da mesa entre nós, seu belo rosto cheio de simpatia. Falsa simpatia. Então ela sorriu. Senti isso atrás de mim. Estava feliz por já ter me irritado naquela bela manhã de sol reluzente, então se virou, e foi conversar com uma de suas amiguinhas populares.

   Mas o pior de tudo isso, é que eu não conseguia parar de pensar no que havia acontecido ontem à noite, me expressei mal, desculpe, não é coisa ruim pensar no que eu estava pensando. Pelo contrário, era uma coisa boa pensar naquilo. Pensar em como o corpo de Jesse havia sentido contra o meu no telhado de frente à janela do meu quarto, o calor que me dominava durante o que estava acontecendo. Essas palavras voaram em frente aos meus olhos num pedaço de papel de um caderno. Eu tirei o papel dos dedos que estavam segurando e escrevi: Ontem à noite quase rolou entre eu e Jesse. Uns segundos depois o papel voltou a aparecer na minha mesa: Sério? Que maneiro pelo menos assim nós estamos iguais, mas o Jesse não é um cavalheiro do século 19? Imaginava que ele não ousaria “te usar” antes da lua de mel. Minha melhor amiga Cee Cee havia escrevido.

                                                    Página 108

  É ela sabia quem era Jesse. No baile formal naquela noite de sexta passada, Cee Cee havia me perguntado quem era Jesse, e eu senti que não ia escapar de contar a verdade para ela por muito tempo. Então, quando cheguei em casa depois do meu primeiro baile com Jesse, tive de contar tudo pelo celular, mesmo não sendo melhor modo de contar que o seu namorado fantasma havia sido ressuscitado, e que estava em carne osso no futuro. É ela sabia de tudo sim, mas só ela, mais ninguém além do Padre e do Paul sabiam a verdade. Então escrevi no papel que não demorou muito para que chegasse à minha mesa de novo: Sim, ele ainda age como um cavalheiro do século 19, exceto é claro, quando a gente está se beijando como ontem, e acontece dele esquecer, no calor do momento quem ele é realmente. Está bom assim, Jesse não vai desistir, não depois de eu mesma ter tido uma conversinha com ele ontem antes de você ir ao hospital.

  Calafrios. Foi o que senti, quando li o que Cee Cee havia escrevido. Não acreditava no que havia acabado de ler, então mandei o papel escrito a seguinte coisa: você fez o quê? Como você pôde? Você não poderia ter feito isso Cee, não podia. Eu olhei em volta para ter certeza que a irmã Katherina, nossa professora de biologia, não estava olhando, então Cee Cee mandou-me o papel: (risos), relaxa Suze, não fiz nada disso, mais foi engraçada a sua reação!  Então eu lhe respondi: Engraçadinha, ri tanto! Depois disso, nós conversamos sobre coisas que não conversávamos há muito tempo, coisa como Kelly Prescott e suas escravas ant impopularidade, e como o Paul havia mudado de muito tempo pra cá. Coisas que melhores amigas costumam fazer.

                                                    Página 109

  Bom, posso afirmar que, ter um diretor mediador te ajudando, tem lá suas vantagens, pois foi graças ao padre Dominique que fomos liberados mais cedo naquela tarde – eu e Paul – havíamos coisas mais importantes para fazer do que assistir aula naquela tarde. Passamos pelo portão da escola da Missão e fomos direto para o estacionamento, entramos no conversível BMW e seguimos para casa de Jesse, onde estariam os fantasmas à nossa espera. Foi uma viagem lenta, o sol estava batendo forte, e o Oceano brilhava com a luminosidade do sol. Paramos em frente a uma casa, a porta estava aberta, então descemos do carro, e fomos em direção a ela.

  Era uma casa simples, a casa de Jesse. Entramos e demos de cara com a sala, onde ele estava nos esperando. Ao lado do sofá, havia algum tipo de planta, não sabia o nome, mas também não estava interessada em descobrir. Jesse veio ao meu encontro, ele já estava nos esperando sentado ao sofá. Sala, banheiro, quarto. Tudo nos conformes, Jesse era cuidadoso, aquilo estava mais limpo do que todo o meu quarto.

 - Hermosa! – ele afagou meu cabelo e disse na voz mais suave – pensei que você não viesse.

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  Ta bem. Eu tentei não cair na risada: Jesse, fala sério cara, você acha mesmo que eu ia ficar na escola assistindo à aula estúpida do professor Walden do que vim dar umas porradas em uns fantasmas? Mas ao em vez de dizer isso, eu disse

 - Vim – ele ainda estava ofegando meu cabelo, quando senti os pêlos na minha nuca arrepiarem, meu braço estava arrepiado.

 - Hermosa, o que é isso? – Foi então que eu soube que teríamos um terremoto ou uma visita dos fantasmas mauricinhos de Salinas, eu olhava em volta para ver se vinha alguém.

 - São eles – Posso dizer, - por conta própria, não estava com medo. Só por que me senti arrepiada não queria dizer que eu estava com medo, por que não estava. Eu apenas estava um pouco tensa demais. Foi então que eles se materializaram em torno de nós. Tirei alguns fios de cabelo da boca e mantive o olhar atento para as cobras. Aquilo pareceu durar uma eternidade. Na praia o som das ondas era muito, muito alto. O cheiro de sal estava pesado no ar.

 - Tudo bem – falei, tirando as luvas e enfiando nos bolsos. – Paul, você pega os caras, eu pego as garotas. Jesse, simplesmente garanta que nenhum deles corra,                                                    certo? Eu já corri muitas vezes, e acredite, é muito cansativo. Não irei atrás deles.      Jesse segurou o meu braço enquanto eu começava a ir para o grupo se materializando na sala da casa da casa de Jesse.

                                                    Página 111

 - Suze! – exclamou ele, parecendo genuinamente chocado – Certamente você não... Você não está sugerindo mesmo que nós...

 - Jesse! – olhei-o irritada – todo esse tempo esses idiotas tentaram matar aquele velho. Vamos arrebentar uns traseiros sobrenaturais. Jesse apenas segurou meu braço com mais força.

 - Suze! Quantas vezes preciso lhe dizer? Nós somos mediadores. – O Jesse me lembrou o Padre Dom – Nosso trabalho é intercedeu pelas almas penadas, e não provocar uma dor e sofrimento com atos de violência contra eles.

 - Suzannah! – disse o Jesse de novo. Mas desta vez não terminou o que ia falar porque de repente Paul interveio:

 - Fiquem quietos, eles podem ouvir! Vamos apenas conversar Suze.

 E começaram a ficar totalmente apoiados no chão da sala. Suspirei, não estava preocupada, claro, só me bateu um frio. Sendo assim, Jesse se inclinou ao meu lado e sussurrou no meu ouvido:

 - Comporte-se. – Dei-lhe um olhar irritado.

                                                    Página 112

- Eu sempre me comporto. – Sabe o que ele fez então? Soltou uma risada! E não foi de um modo gentil. Não pude acreditar. Foi então que o grupo terminou-se totalmente com sua sessão materializar que pude ficar perto do grupo para enxergar a expressão no rosto deles, não havia nada me convencendo de que não eram os mesmo fantasmas que tinham conversado conosco no hospital no dia anterior.

 - Então! – Foi dizendo nada mais nada menos que Elizabeth Jones, um dos fantasmas que esticaram as canelas – Desembuchem, antes que mude de idéia e acabo com a raça daquele velhote, antes que você consiga sair daquela porta. – E de olho grudado em mim, os braços cruzados encostados no peito, do mesmo modo que estava naquela sala de hospital no dia anterior. Ela ainda estava usando um par de calças negras elegantes — e aquele twinset de coxemira cinza, o mesmo colar de pérolas, e nos pés, um par de sapatos negros reluzentes.

 Eu havia abrido a boca para dizer algo, quando Paul entrou rapidamente entre mim e os fantasmas, e disse:

 - Lize! – O Paul havia chamado aquela estúpida de Lize? Lize! – não se alarme. Estamos aqui para ajudá-los!

   Ela olhou fixamente para Paul, sua expressão era surpresa

                                                    Página 113

 - Paul? Paul Slater? O que você está fazendo aqui? – E sua expressão surpresa transformou-se em alegria, pela primeira vez, conseguia enxergar Elizabeth Jones sorrindo. Mas como? Como eles se conheciam? E em menos de um segundo Elizabeth estava nos braços de Paul. Aquela vadia estava nos braços de Paul! Bom, eu me segurei, afinal de contas, por que eu havia de me importar? Paul não era nada meu, eu não podia me importar. Ela só estava abraçando-o, nada mais, apenas abraçando...

  - Vocês se conhecem? Mas... Mas... Como? – eles ainda se abraçavam, quando finalmente, depois de algum tempo abraçando, ela virou-se para mim, e disse

 - Sou de Seattle, como o Paul – ela ainda olhava para mim – nós namoramos algum tempo, - ela sorriu, agora olhando para ele – até eu me mudar para cá. – Mas você pode nos ver? No hospital, aquele dia... – ela ficou pensativa – você...

  - Também sou um deles – a expressão de Paul não de muita felicidade igual ao dela.

  - Bom, a gente sabe que vocês estão um pouco tensos demais, mas nós três estamos aqui para garantir que nada aconteça com o velho.

Elizabeth olhou espantada para ele

 - Paul? É você mesmo? – Jesse não deixou impedir-se de dar uma risada, e depois disse                                         Página 114

- Que tal deixarmos as emoções de lado e partimos para o que interessa? – disse Jesse, foi quando Elizabeth se segurou e foi pra junto de seus amigos sobrenaturais.

 Acho que eu estava meio de mau humor porque Paul conhecia Elizabeth. Eles dois eram de Seattle, e, se os dois eram de Seattle, então... Ela havia o conhecido primeiro que, e, e se ele havia a conhecido em Seattle, eu, realmente fui à segunda opção de Paul, é como se, você comesse o miolo do pão e o jogasse fora. Era como se, você fosse apenas a embalagem do produto, e não o produto. Confesso que aquilo me deixou intrigada.

 - Eu, Suzannah e Paul, somos mediadores, podemos vê-los e queremos ajudá-los. Na verdade é... – Só que Felicia o interrompeu

 - Nosso dever ajudá-los, é nossa responsabilidade garantir que não matem o velho... Blá blá blá, - sua expressão era imitando um retardado, seus olhos nem se abriram direito, e seus braços estavam cruzados – nós já sabemos disso, nós não podemos fazer nenhuma cosa estúpida enquanto estamos aqui, agora, se você veio até aqui para dizer isso, desculpe, estamos indo embora.

  Bom, não vou dizer que, a primeira coisa que vi, foram todos os quatro de materializando da sala

 - Não, por favor, espere, eu não quis dizer isso! A gente vai ajudar vocês, mas vocês têm que querer ser ajudados também, não basta só à gente... – Jesse não conseguiu terminar seu discurso, pois um segundo depois, Jay Harris, o carinha mais calmo do grupo de repente não estava se materializando mais, e disse: 


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Notas finais do capítulo

Veja o elenco criado por mim: http://www.youtube.com/watch?v=1JZ4mEejklM



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