Um mês depois.

Joguei-me na cama, depois de mais um dia de trabalho. Não que trabalhar na livraria fosse cansativo. Não era. Pelo ao contrário, eu adorava ler as sinopses dos livros, ou indicar algum para as pessoas, como eu já havia feito várias vezes. Mas a minha coluna doía horrores naquele momento. Ficar subindo, descendo escadas, levantando e abaixando livros, era algo que estava acabando comigo.

Mas de qualquer forma valia apena.

Saí do meu transe quando meu celular de repente tocou. Peguei-o e vi que era uma mensagem.

‘’ Espero que tenha tido um bom dia no trabalho.

Já estou com saudades.

Edward. ‘’

Sorri como uma boba.

Já fazia um mês que estávamos... Juntos.

Desde o dia que saímos e Edward me surpreendeu com um beijo, não nos largamos mais. Como eu podia? Estava totalmente encantada com o seu jeito, e ao descobrir que ele sentia alguma coisa por mim, não pude evitar esse... relacionamento repentino. E por que adiar? Eu me perguntei. Eu havia perdido muito tempo em minha vida, não seria uma má idéia me relacionar com alguém. Mesmo que esse alguém me conhecesse há tão pouco tempo.

‘’ Saudades? A gente se viu ontem... ‘’

A resposta não demorou.

‘’ E dai? Sinto do mesmo jeito’’

No ultimo final de semana, formos passar o dia em seu apartamento. Vimos um filme que ele havia alugado, e almoçamos a comida que ele mesmo havia feito. Surpreendi-me ao comprovar que ele era um ótimo cozinheiro. Totalmente ao contrário de mim que era um desastre na cozinha.

No mesmo dia ele me mostrou o quarto espaçoso que ele tinha naquela cobertura. O quarto era na verdade um ateliê. No qual havia diversas telas brancas, esperando para serem pintadas. Com várias tintas e pinceis em uma prateleira.

Acabei perguntando se ele pintava. Ele apenas deu de ombros e murmurou dizendo que não era bom nisso, porém adorava arte. No final, ele acabou me fazendo pintar uma tela, e acabei descobrindo que era maravilhoso ter um pincel em minhas mãos.

‘’ Então venha e mate a suas saudades ‘’

‘’ Está falando sério? Olha que eu vou mesmo... ’’

‘’ Venha ‘’

‘’ Você não está cansada? ‘’

‘’ Pode vim Edward ‘’

‘’ Em 10 minutos estarei ai. ‘’

Em menos de 10 minutos ele chegou, e eu o recebi com um beijo que ele fez questão de aprofundar. Escutei ele fechar a porta – provavelmente com o pé, já que as suas duas mãos estavam em meu quadril pressionando o meu corpo contra o dele – e andar comigo até o sofá. Seus lábios passaram por todo o meu rosto, meu pescoço e meu ombro desnudo. Então, de repente ele parou de me beijar para sussurrar ofegante:

- Aluguei alguns filmes para a gente ver.

•••

Coloquei alguns petiscos em um prato e peguei duas cervejas na geladeira. O dia seguinte seria domingo, e eu não teria que ir trabalhar, então não havia problema beber um pouco de álcool.

- Como foi no escritório? – Perguntei me aconchegando em seus braços, enquanto ele colocava o filme para rodar.

- Normal. E na biblioteca?

- Normal, mas legal como sempre.

- Que bom. – Ele sorriu e logo depois beijou minha testa carinhosamente – Esse filme é bom.

- Espero mesmo que seja. – Respondi voltando a minha atenção para a TV

- Tenho certeza que vai gostar.

- Quanta convicção. – Falei sem tirar os olhos do filme - Olha que eu posso lhe surpreender.

- Isso é o que veremos.

Vimos à metade do filme em silêncio, com apenas Edward alisando meu braço lentamente, ou beijando meu cabelo de vez em quando, até eu falar:

 - Eu estava pensando... - Comecei a dizer em um sussurro.

- Ual! Sério? Você não costuma fazer muito isso. – Falou sussurrando também.

- Dá pra parar de graça?

- Ok - Respondeu rindo baixinho.

- Então, como eu estava dizendo, estava pensando em te levar para conhecer meus pais.

O corpo de Edward que estava relaxado, de repente ficou tenso. O carinho que ele fazia em meu braço parou.

- Ah

- O que você acha?

- Um dia. – Ele deu de ombros tentando parecer tranquilo. O que não me enganou. Ele não havia gostado nada da idéia.

- Por que não em breve? – Arrisquei a perguntar.

Ele não respondeu.

- Heim? – Perguntei novamente, olhando para o seu rosto. Eu não podia vê-lo claramente, pois estávamos na sala com as luzes apagadas, mas eu tinha quase certeza que a minha pergunta havia o deixado incomodado.

- Porque não. – Seu tom de voz foi tão firme, que eu não tive coragem de insistir novamente. Mas isso de alguma forma me magoou. Se ele ainda não queria conhecer meus pais, era porque ele não estava me levando e levando o nosso relacionamento a sério.

- Tudo bem. – Respondi realmente chateada.