LEIAM AS NOTAS INICIAIS. 

Abro meus olhos, e a luz os ofusca, já que estavam acostumados á escuridão. Olho para os lados tentando identificar o lugar em que estou, mas não consigo, minha cabeça dói demais. Não ouço muito barulho, apenas um ou outro murmúrio. Minha cabeça está apoiada em algo macio, que identifico como uma mochila, e eu me encontro dentro de um saco de dormir.

                        Tento levantar minha cabeça, mas a dor que já estava sentindo antes triplica, e resolvo que é melhor deixá-la na posição anterior, que apesar de incômoda, é suportável.

                        Ouço passos vindos em minha direção, e os murmúrios ao longe, cada vez mais longe.

                        Alguém que não sei quem é –já que estou com os olhos fechados para tentar amenizar a dor –, se aproxima de mim.

                        - Está melhor? – Uma voz que reconheço facilmente me questiona.

                        - Mais ou menos. Minha cabeça dói muito. – Respondo na esperança da dor diminuir.

                        - Também pudera, já que a senhorita desmaiou, e bateu com a cabeça bem na quina da calçada. – Diz Liam com uma pitada de humor, e risos escondidos.

                        - Pode rir. Deve ter sido engraçado. – Ele dá uma risadinha e depois para.

                        - Pode acreditar que não foi. – Ele responde sério.

                        - Onde estamos?

                        - Em outro beco. – Ele faz uma pausa. – Assim que você caiu, todos nós paramos de andar, e resolvemos que era melhor descansarmos, então carregamos você até o beco mais próximo, que por sinal é melhor do que o que estávamos, e te acomodamos no canto. – Isso explica muita coisa.

                        - E onde estão os outros? Por que quase não ouço vozes.

                        - Em sua maioria dormindo. – Ele continua. – Mas Josh está na rua conversando com Katherine. – De repente fui tomada por um sentimento que... que parece que algo estava apertando meu coração, um sentimento ruim, que me trouxe sensações ruins... de abandono e... espera! Eu estou com ciúmes? Ciúmes do... do Josh. Será? Mas com certeza é ciúme de irmão... é, de irmão.

                        - Ah... – Murmuro em resposta. Depois dessa notícia meu humor realmente tinha piorado notavelmente.

                        - O que foi? – Ah que droga! Liam percebeu.

                        - Ah, nada... é só minha dor de cabeça. – Respondo sendo o mais convincente possível.

                        - Ah, entendo. – Parece que ele se convenceu. – Quer que eu faça alguma coisa? – Tremo um pouco de frio.

                        Liam se aproxima de mim, e me abraça, lembro de ter visto – embora desta vez eu sinta -  a mesma cena, na arena, entre Peeta e minha irmã. Isso é bom, muito bom, reconfortante, você se sente seguro, e quente.

                        Adormeço abraçada a Liam, inalando seu cheiro de floresta e hortelã.

Acordo em um lugar totalmente diferente do que o que, me encontrava, estou em uma... uma árvore, tento me mexer um pouco, e noto que ainda estou dentro do saco de dormir, porém Liam não estava comigo. Sento-me no galho em que me encontro, desamarrando a corda que me segurava. Isto está tão parecido com os Jogos de Katniss, que acho que tudo isso foi uma ilusão, um sonho e estou neste momento na arena.

                        Olho para os lados, e vejo três pessoas, Isabelle, Melanie e Liam. Mas... Liam está... está amarrado á árvore. O único além de mim que está amarrado á árvore, estranho, mas ignoro.

                        - Ainda bem que acordou. – Diz Isabelle.

                        - O que aconteceu? Onde estão os outros? – Pergunto com a voz um pouco sonolenta.

                        - Ih, mil tretas. – Diz Melanie.

                        - Mil tretas? – Pergunto.

                        - É, antigamente usavam isso, para dizer ‘’aconteceram alguns problemas’’ ou coisa do tipo.

                        - Mas... O que aconteceu? – Insisto.

                        - Olha... relaxa está bem? – Pediu-me Isabelle.

                        - Depende.

                        - Vou explicar tudo! – Isabelle respira, e continua. – Estávamos todos dormindo no beco, mas houveram alguns ruídos, e eles foram aumentando cada vez mais, todos nos levantamos, menos você, que aparentemente dorme como pedra. – Rio, Katniss sempre me disse que meu sono é pesado. – Então, os que estavam mais á frente, perto da rua, alertaram-nos de que havia pacificadores aqui. Rapidamente fizemos nossas malas, mas você insistia em não acordar. Josh então, te pegou no colo, deu sua mochila a Liam, e colocou a dele em suas costas, e saiu correndo, todos nós saímos, mas no meio do caminho Katherine foi pega, Rory tentou ajudá-la mas só atrapalhou pois, foi pego também. Kate pegou uma faca da mochila, e fez um corte em um pacificador, aquilo foi como um sacrifício, pois certamente ela sabia que seria pega, e assim foi feito, o homem praguejou as piores palavras á ela, e a capturou com brutalidade, Liam tentou ir, mas todos nós sabíamos que se ele fosse, não voltaria, por mais forte que seja, então como é o mais velho, e o mais forte, Josh, te colocou nos braços de Liam, e correu em direção aos pacificadores para atrasá-los. Bom funcionou, conseguimos fugir, mas eles ficaram. Chegamos á este parque e subimos nesta árvore, Liam te amarrou á este galho, e como sabíamos que ele tentaria voltar para salvar os outros, o imobilizamos e o amarramos.  – Isabelle termina. Meus olhos começam a arder, quando penso em todos os que ficaram para trás, em meus dois melhores amigos Rory e Josh, em como Josh foi gentil e heróico em meu levar em seus braços, mesmo que isso significasse que talvez ele fosse pego, em como ele foi corajoso em se entregar, em como Rory foi cavalheiro em tentar ajudar Katherine, em como Kate, a que mais parecia frágil, foi demonstrou uma enorme coragem ao enfrentar os pacificadores, quem sabe o que iria acontecer com ela por esse ato, quem sabe o que iria acontecer com todos, pelo que fizeram. Fugir dos jogos, já é, ou pelo menos era, punido com morte. Estremeço ao pensar que talvez, nunca mais os verei, mas evito chorar, isso só atrapalharia tudo. Olho para o céu, e vejo que o sol está se pondo, e o céu está ganhando uma coloração alaranjada. Não consigo evitar pensar em Peeta, e conseqüentemente em Josh.

                        Continuo olhando para o céu, e algo atinge meu pescoço, só tenho tempo de olhar para meus amigos, que foram acertados também, e para alguns pacificadores vindo em nossa direção.

                        Fomos capturados.