POV Pedro

  Eu devia entrar para uma academia de artes marciais sei lá, porque eu apanho pra caramba cara! Dois dias seguidos, sabe o que é dois dias seguidos? Tirando esse capítulo infeliz da minha vida, eu até que estou bem... Bem mal, né? Estou aqui em casa cheio de bolsas de gelo – no rosto e no abdome, DOR! – levei uma advertência no colégio e uma bronca da véia aqui em casa – isso é tão... Deprimente – e olha que só dei um soco, só um e praticamente levei a culpa pela briga, mesmo com as inúmeras testemunhas. Riquinho metido a besta, QUE DROOOGAAA!!

  Estava sentado no sofá, assistindo a qualquer coisa na TV, porque eu não estava dando a mínima, até que a campainha tocou. MALDITA CAMPAINHA! – é eu to estressado – é um barulho tão estressante que dá RAIVA, eu quero ESGANAR alguém. Abri a porta chamando alguns palavrões – vocês devem está estranhando que o carinha FELIZ ESTÁ TÃO BRAVO... Desculpem pelo grito... Mas eu tenho que pôr para fora – e dei de cara com a Jessica.

- Oi. – Ela disse meio envergonhada.

- Olá. Entra. – Eu disse sério.

  Ela entrou e eu a guiei para o sofá, como eu estava com um péssimo humor não falei nada.

- Você está melhor? – Jess perguntou com uma cara de “Eu sei, foi uma pergunta idiota” e eu a olhei com uma cara de “O que você acha?”, ela ficou calada.

  Odeio ser grosseiro, mas...

- Desculpa se isso sair meio rude, mas o que veio fazer aqui?

- Vim ver como voc...

- Já viu não é? Agora por favor, eu quero ficar só.

- Tudo bem. Desculpa, eu... Eu não devia ter vindo. – Ela disse se dirigindo até a porta e com a voz fanhosa.

- Ah não, Jess, Jess. – Seu idiota! Burro, burro! Corri, ou tentei correr, até ela e a abracei. – Eu sou um idiota e tratei você assim.

- Não, você não é. Eu que vim em uma hora ruim. – Sua voz estava tremida. Ela olhava para o chão, então peguei seu queixo e a fiz olhar para mim.

- Me desculpa. Eu odeio grosseria e acabei sendo com você. – Eu a olhava nos olhos e todo aquele estresse havia se esvaído, eu não conseguia ficar bravo tendo-a por perto.

- Tudo... Bem. – Ela disse, percebi que seus olhos oscilavam entre os meus e a minha boca, acho que eu também estava assim.

  Seus lábios estavam a centímetros dos meus, de um lado o sentimento dizia “Vai lá, beija ela. Você a ama” mas o lado racional começava “Cuidado é muito melhor tê-la como amiga do que você fazer isso e ela nunca mais olhar na sua cara” – Droga, alerta vermelho: Conflito interno – o que fazer? Rápido, pensa... De repente começou a tocar Give Your Heart  A Break, era o celular dela e percebi que aquilo era um sinal de que eu devia dá um tempo a ela para entender tudo o que estava sentindo. Eu sou paciente. Nos afastamos e ela atendeu, uma vergonha me invadiu porque eu estava prestes a cometer – talvez – um erro e perder sua amizade seria pior, então fiz o que achei ser o certo.

- Pedro, olha... – Ela começou após desligar o telefone.

- Jess eu sei que ‘cê tá confusa, não precisa retribuir o sentimento por pena porque eu realmente não quero isso.

- Mas...

- Vamos ser só amigos, sem essa coisa toda de amor sabe? Assim você reorganiza a sua cabeça e depois a gente vê o que acontece. Que tal? – Estendi a mão.

- Ok. – Ela disse apertando a minha mão. – Mas saiba que se eu sinto algo por você não é por pena.

  Sorri fraco. Ficamos conversando mais um pouco sobre coisas aleatórias e depois ela falou.

- Acho melhor você descansar um pouco. Cuida desse seu rostinho, tá? – Ela disse sorrindo.

- Tudo bem e se cuida também. – Sorri.

  De repente ela se aproximou e me deu um selinho, fiquei estático aquilo me havia pegado de surpresa. Sorriu e foi embora, fiquei que nem um idiota olhando ela ir parado na porta, queria muito ir até lá e beijá-la mais uma vez, mas eu não podia pelo menos por enquanto.

  Subi para o meu quarto e fiquei pensando em Jessica, até que caí na inconsciência.