“O som está dançando com o vento ... Aqui e ali
A consciência e ideais quebrados...
Crime e castigo se misturam, o fogo claro começa a extinguir ...”

Tinha plena consciência de uma sombra crescendo cada vez mais em meu coração. Eu estava mudando, como em um despertar. Comecei a ver o mundo como ele realmente era: Podre, decrépito, asqueroso, ridículo, banal, sádico e inflexível. E os humanos não eram exceção. Na verdade, eles eram o motivo do mundo estar doente.

“A palavra fraca ressoa no final
Mesmo enquanto grita, a voz se perde nas profundezas do mundo distorcido.
Tudo, até o coração completamente inflamado, quebra”

Me via a beira de um precipício. Algo dentro de mim batia em uma porta inexistente, desesperado para se libertar. Esse mesmo algo parecia gritar e arder, como se estivesse em chamas. Essa ação ressoava em meus músculos e ossos, que formigavam. Havia asas gigantescas em minha sombra que me envolviam em um abraço sombrio, querendo me absorver em uma plena escuridão. Um rosto surgiu a minha frente. Um rosto angelical, com os mais lindos olhos azuis que alguém poderia ter. Meu próprio rosto.

Mas algo estava errado. Eu não me reconhecia.

“Exclua a voz passageira com uma risada
Que transpareça a onda de escuridão,
Aqueles sentimentos que mexem o congelamento de um e do outro,
A voz dos cegos derruba...”

Senti medo de mim mesmo. Meu olhar era frio e meu semblante melancólico. Totalmente assustador. Seria um delírio? Seria a insanidade? Ou a terna tristeza? Que agonia absurda, que preocupação sem motivos… Sentia-me flutuar e desaparecer em seguida. Lágrimas escorreram pela minha face como se meus olhos fossem a única saída de um mundo aterrador, porém encantador de certa forma. Um mundo onde as coisas fazem e não fazem sentido. Onde tudo parecia ter uma segunda faceta, como um gêmeo, como um espelho. Criados para completarem um ao outro.

“As folhas das árvores secas balançam para frente e para trás, Enquanto elas dançam...
A escuridão do mundo distorcido, no qual os gritos estão desaparecendo
As vozes que lutam contra sua agonia no mundo dos mortos, dissolve-se em nada.”

Compulsório, medo, depressão, alegria, êxtase, bagunça, ordem, paranoia.

Sofrimento e angustia me dominaram com uma sensação desgostosa de prazer. Inquietante e sedutora ao mesmo tempo. De súbito, aceitei tudo isso.

Hipocrisia, traição, infantilidade, desdém, mentiras, verdades...

Quero gritar. Quero chorar. Quero sangrar...

“Eles rompem, Eles rompem
Eles são capturados na escuridão profunda
E um calafrio interminável sacode o corpo...”

Quero salvá-los... Se não posso salvar a mim mesmo com tal poder, irei salvá-los.