Winter romance 

Quando chego em casa todas aquelas palavras que Justin me disse estão ecoando na minha cabeça, tento entender tudo aquilo que ele me disse. Sento no banquinho da cozinha e pego um copo se água com muito gelo, então ligo o rádio e fico um instante ouvindo a música "Dogs Day Are Over", cantando o refrão na minha cabeça com os olhos fechados. O relógio marca sete horas, o que quer dizer que meu pai chega logo menos, não quero ver ele, ando evitando-o nos últimos tempos. 

Subo para meu quarto com uma barrinha de cereal que vai ser minha janta, coloco-a na mesinha perto da cabeceira junto com o meu celular e vou para o banheiro. Ligo a banheira no quente e jogo alguns sais lá dentro, tiro minha roupa e me olho no espelho. Estou incrivelmente magra por todo o stress que eu passei, mas vou me recompor, olho meus cortes e estão cicatrizando. Prometo a mim mesma que aquilo vai passar, vou ser forte.

Entro na banheira e sinto meus músculos relaxarem, então apoio a cabeça e começo a cantar "Call me maybe" e outros hits populares. 

- Hey I just met you lalala zyyy lalalalala berrr lalala call me maybe - finjo que sou uma cantora 

Desligo a banheira, abro o ralinho e lixo a ducha, deixando a água escorrer por todo meu corpo. Me enxugo e corro para o quarto, já colocando um pijama e deitando. Ouço meu celular vibrar enquanto como minha barrinha assistindo "Friends" e vejo que é uma mensagem, um número desconhecido. 

"Tente me entender" - Sei que é Justin, mas finjo não saber quem é

"Quem é?" 

"Não se faça de otária, você sabe quem é!" 

"O que você quer?"

"Quero que você me compreenda"

"Compreender um cara que me bate e me beija no mesmo dia?"

"Eu não tenho o controle"

"Nem sentimentos"

"Já disse que tenho sentimentos quando estou com você"

"Então porque os tapas?"

"Eu já disse que não me controlo, e que gosto de ter o que eu quero"

"Sinto dizer que a vida não é assim"

"Eu sei que não" 

Não respondo mais, porque fico tentando compreender o que aconteceu hoje a tarde. Um menino que perdeu os pais, ficou totalmente sem sentimentos e entrou no mundo das drogas. Então ele me encontrar e diz que supostamente sou igual a sua mãe e começa a pensar que eu pertenço a ele, dizendo que te, sentimentos por mim, mas que beija outras garotas. 

Vejo o quanto a história que acabei de bolar na minha mente é confusa, então desvio o olhar para o celular que marca a chegada de cinco novas mensagens, volto olhar para a televisão e desligo-a. Aconchego-me na cama virando de lado apoiando a cabeça no travesseiro, volto a memória no beijo que ele me deu na festa e logo durmo.

(...) 

Acordo depois das onze, já que é feriado na escola, então percebo que meu pai está na cozinha e mesmo assim desço. 

- Bom dia filha - ele me olha com um sorrisinho

- Vejo que está de bom humor - não respondo o bom dia - O que vai almoçar? 

- Tenho um almoço de negócios com um novo comprador - ele dá um gole de seu café, depois faz uma careta - E você? 

- Não tenho planos, talvez ficar em casa e pedir alguma coisa - pego uma maçã e vou em direção do meu quarto - Tchau.

Ele não me responde então saio correndo pelas escadas batendo forte a porta  que faz um barulho. Vou até minha escrivaninha e vejo uma foto de Julie em meu mural. Ai Madison, como você é burra, tem festa hoje do mesmo carinha do segundo ano, Jonathan. 

Corro e pego meu celular vendo que tem uma ligação perdida dela, então retorno. Combino que ela irá passar em casa lá pelas quatro horas e já que não tenho carro e nem pra onde ir, almoçarei em casa. Vejo as mensagens de Justin que se resumem em "me responda" ou "tenho sentimentos e blablabla por você". Reviro os olhos e volto para a escrivaninha. Vejo todas aquelas lições de casa se acumulando, mas para que perder tempo sendo que meu pai não reconhece? Pego os papéis e jogo-os no lixo. 

Meu celular toca, nem vejo quem é e atendo. 

- Fica pronta que eu vou te buscar pra almoçar - Justin diz isso e desliga o telefone antes que eu possa retrucar. Como ele se atreve? 

Passaram-se meia hora do tempo que acordei e me sinto entediada, sem contar que preciso resolver coisas com ele. Para Madison, você não vai almoçar com ele.

"Vou te levar de pijama se preciso" . Parece que ele leu minha mente, então coloco uma roupa qualquer e desço. Meu pai já foi embora, então pego o dinheiro que ele deixou e saio de casa, sentando-me em um banco em frente de casa. Um carro preto para e eu entro. Justin não me olha nem fala nada, apenas conduz até um Spoletto, bom, parece que vamos comer massa. 

- O que você quer pedir? - não respondo - Vou pedir macarrão com molho vermelho - continuo quieta - Porra, não vai falar merda nenhuma? 

- O que você tem pra falar comigo cara? Vai começar com a bipolaridade e me bater, depois um beijo? - cruzo os braços arqueando uma sombrancelha

- Você não entende que eu sinto que você me pertence? Que eu só fiz aquelas coisas com você porque eu sou um egoísta? E porque eu sou um completo dogado? - ele solta em disparada sem o uso de vírgulas

- Ainda bem que você assume, só não deve entender o que eu to passando - aponto o dedo na cara dele - Você me faz tremer e sentir medo ao mesmo tempo, toda vez que eu te vejo é um mistério, pois eu nunca sei o que vai acontecer. Eu sou uma completa idiota por estar aqui com uma pessoa que me bate - eu paro de repente.

- Você está aqui porque sente que eu te pertenço também - ele me encara e o macarrão chega.

Comemos e Justin pede a conta, depois que paga vamos em direção ao carro. Falo sobre a festa que tenho e ele afirma que também foi convidado, se oferecendo para me levar. 

- Julie vai passar em casa e vamos juntas, combinamos ontem - seguro meus braços. A festa vai ser tranquila, apenas alguns amigos sentados na lareira conversando.

- Vou te levar pra casa - ele fala abrindo a porta do carro e entrando. Mas então Madison, tava pensando que ele seria cavalheiro para abrir pra você, se toca. É o Justin.