My Luck is to Have You escrita por Miss A


Capítulo 2
Meu erro


Notas iniciais do capítulo

Olá! A fic voltou com comentários de duas leitoras lindas que já acompanhavam a antiga fic antes, a Re e a Mar. Muito obrigada e o segundo capítulo veio hoje pra vocês!
Boa Leitura!



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(...)

Elena saiu em direção ao carro de Damon puxando a maleta de cara fechada e sem muito animo. Damon a esperava encostado na traseira do Toyota de braços cruzados, calça jens, blusa preta e Ray-ban escuro no rosto, tão desanimado quanto a morena. Ele abriu o porta malas e jogou sem delicadeza a maleta, mais Elena não parecia se importar com nada.

– Onde mora a sua amiga loira? – Ele perguntou quando os dois já estavam dentro do carro.

– A quatro quarteirões daqui – ela respondeu depositando seus óculos escuros sobre o rosto, já passava das 9h30 e o sol já brilhava intenso sobre a cidade – Pode seguir, eu te guio até lá.

Caroline desceu de seu prédio animada e com um enorme sorriso no rosto. Damon cordialmente beijou sua mão direita e Elena pode ver pelo retrovisor que ela ficara ainda mais animada.

– Céus, dai-me paciência, dai-me paciência... – repetiu calmamente antes que os dois voltassem para o carro. Seriam três dias de viajem de New York até Mystic Falls. Poderiam ter ido de avião, o que não levaria mais de 60 minutos, mais Tess e Oliver deixaram bem claro que os três passariam certas três semanas lá contando a partir do dia 4, o exato dia em que iriam viajar e Damon sugeriu a ela que, ao invés de comprarem as passagens, colocassem combustível no carro, o que resultaria em menos três dias em Mystic Falls. Ok, não parecia a ideia mais brilhante do mundo, afinal, o que eram 3 dias a menos já que mesmo assim, ainda passariam 18 dias lá? Mais na hora, menos 3 dias sem precisar dar de encontro com Stefan ou sua tia Jenna ou quase toda a Mystic Falls pareceu a Elena a melhor ideia que escutou em anos. Mais uma coisa ainda lhe preocupava... A onde iriam ficar?

– Ai, amiga! – Caroline disse animada após entrar no carro – Nem acredito! Nem acredito que finalmente eu vou conhecer a cidade natal de vocês! – Elena apenas deu um sorriso sem graça e Damon nem a olhou – Credo, parece que vocês estão indo pra a forca... – Novamente o silencio se instalou sobre o carro.

– Damon, onde nós vamos ficar? – Ela perguntou mesmo sabendo que o mais provável era ele dizer “fique com a sua família, que eu fico com a minha” ou então “Quer pagar um quarto da pensão da Sra. Fell?”, mais ele não respondeu de imediato, demorou um tempo analisando as alternativas que tinham.

– Você disse que tem uma tia, não disse? – foi Caroline que falou, um tanto quanto sem entender o drama que era aquilo tudo – O mais normal é ficarmos com ela, não? – Elena balançou a cabeça em negativo.

– Não, eu não volto pra casa da Jenna, Caroline... Anda Damon, me dá uma resposta!

– Tem a mansão Salvatore – Ela revirou os olhos logo entendendo a piadinha dele. Sem o interromper, ele continuou em sua voz doce e com o maldito sorriso lateral - Você conhece, Elena... Muitos quartos, empregados, ex-sogra ciumenta, Stefan...

– Fala sério... – Elena bufou desviando o olhar na direção da janela.

– Fala sério digo eu – Caroline se pôs entre os bancos dos dois – Vocês não tem nem uma casa, sei lá... Um apartamento, um quartinho sequer na cidade de vocês?

– Tem a pousada da Sra. Fell, mais... – Elena fez uma careta. A única pousada da cidade e a dona tinha que ser uma super religiosa de 89 anos de idade que acordava os hospedes e os vizinhos com canções as 5h30 da manhã?

– Elena, tem a casa dos meus pais no centro da cidade... – Damon lembrou e ela o olhou de volta pensativa.

– A casa perto da praça e do Mystic Grill? – Ela perguntou mesmo já conhecendo.

– Sim... Ninguém mora lá a anos mais a minha mãe...

– Mantinha tudo impecavelmente limpo e arrumado... É, eu sei... Mais tem que pedir autorização a ela e sabe lá que horas nós vamos chegar e...

– Eu tenho uma cópia da chave e todas as outras estão em suas respectivas fechaduras... – ele lembrou debochando - Todos tínhamos a cópia da chave, até a minha prima Ana... Como você acha que você e o Stefan fugi... – Ele diria “Fugiam pra se encontrar escondidos lá” mais Elena lhe deu um beliscão no braço – Ai! Sua doida, eu to dirigindo! – Ele a olhou furioso, mais ela o encarou de volta e Caroline se perguntou como aqueles dois podiam ser amigos.

– Ok, Ok! Se eu puder ficar com vocês, ou melhor... Se eu conseguir aguentar vocês – Ela comentou ríspida fazendo os dois bufarem – Já temos um lugar pra ficar!

– Ótimo – ela resmungou virando a cara feia novamente em direção a janela.

– Ótimo – ele concordou de mal grado sem desviar o olhar da pista.

Pararam para almoçar mais ou menos ao meio dia em um restaurante de beira de estrada. Comeram rápido e levaram salgadinhos e dois litros de Coca-Cola para mordiscarem durante a viajem. As 21 horas fizeram outra parada para que pudessem jantar. Elena estava sem fome, mais Damon e Caroline pareciam nômades que a muito não viam uma suculenta carne. As 22 horas voltaram para a estrada e ela adormeceu de fones de ouvido pouco tempo depois no banco do carona.

Elena acordou com o som de buzinas do lado de fora do carro. Caroline era quem estava dirigido e Damon desmaiara no banco de trás.

– Bom dia, amiga! – ela lhe saudou com seu habitual sorriso no rosto. Elena poderia jurar que Caroline havia parado para dormir por oito horas, tomado um banho, se maquiado e feito chapinha no banco de trás, pois parecia impecável, enquanto ela pode constatar pelo espelho do retrovisor, que tinha os cabelos bagunçados, olheiras, rosto inchado e uma baita dor nas costas.

– Eu to horrível...

– Verdade – ouviu Damon resmungar do banco de trás a fazendo corar de vergonha.

– Por aqui deve ter um lugar pra gente parar e você se arrumar... Já estamos na divisa entre Pensilvânia e West Virginia...

– Mais já? – Elena perguntou assustada – Vocês voaram ou o que?

– 18h20, Elena...

– Você dormiu quase o dia inteiro... – Caroline completou a frase de Damon.

– Ai caramba... – Elena respondeu tapando o rosto com as duas mãos.

– Carol? – Damon chamou Caroline pelo apelido que quase ninguém usava, apenas os mais íntimos e Elena estranhou. Nem ela a chamava assim.

– Sim, querido? – “Querido?” Elena repetiu mentalmente, aquilo tava ficando estranho...

– Carol, por favor, procura uma pousada ou um hotel pra dormirmos hoje. Eu não vou aguentar esse banco por mais muito tempo... – Por favor? Mais que merda é essa? O Damon nunca pede por favor, pensou Elena um tanto irritada com aquilo.

Caroline encostou o carro na frente de uma pousada que ninguém fez questão de reparar o nome. Por incrível que parecesse, apenas um quarto estava vago e querendo ou não, alguém teria que dormir em um colchão no chão.

– Eu vou beber alguma coisa enquanto vocês se arrumam... Vocês querem que eu traga algo? – Damon perguntou as duas enquanto Elena procurava alguma roupa na maleta.

– Não – elas responderam em coro ao mesmo tempo em que Elena entrava no banheiro.

Em cerca de 30 minutos, Damon voltou com uma garrafa de whisky e três copos em mãos. Serviu as três mesmo em meio a um pequeno protesto da parte de Caroline, já que acordariam cedo.

Mesmo querendo
Eu não vou me enganar
Eu conheço os seus passos
Eu vejo os seus erros

– Eu nunca briguei com o meu pai – Caroline disse levantando com dificuldade a mão direita em que segurava o copo com bebida. Já havia mais de 2 horas que estavam bebendo e a segunda garrafa de whisky da noite já estava no final.

– Isso é fácil! – Elena disse em protesto, a voz embrulhada – Você não morava com ele!

– Tá, tá! Me pegou! – Ela confessou – Ok, eu... Tenho vontade de dormir com o Damon – ela admitiu fazendo Damon sorrir o mais maliciosamente possível depois de ingerir tanta bebida.

– Agora sim! – Elena comemorou a verdade batendo palmas.

– Levei o maior soco na cara da minha vida do Stefan – Damon admitiu tomando mais um gole da bebida.

– La vem falar do desgraçado... – Elena bufou alto tomando mais um gole.

– Por que? – Caroline se mostrou interessada pela história.

– Eu disse que levaria a Elena pra cama – admitiu fazendo Elena engasgar e cuspir o whisky pelo chão do quarto.

(...)

Já passava de 2 horas da manhã quando o Toyota prata chegou a Mystic Falls. A viajem havia sido silenciosa o caminho todo e parecia ter durado menos do que eles haviam planejado. Elena e Caroline acordaram quando Damon parou o carro em frente a casa dos Salvatore que havia falado. Mesmo escura e quieta, ela pode reconhecer o pedaço da cidade antes tão familiar, a praça, a farmácia, o Grill, a sorveteria e até a rua que levava direto pro Mystic Falls High School... Tudo exatamente como era...

– Achei a chave, vamos – Damon anunciou alguns minutos depois de ter parado. Lutando contra o impulso de se trancar naquele Toyota, Elena abriu a porta e seguiu para o porta-malas tirando dele a sua maleta por último, fechando o carro e seguindo atrás de Caroline e Damon. A casa estava toda iluminada, o que achou estranho, já que só as luzes da sacada costumavam ficar acesas.

– Damon eu acho que... – começou a falar quando Damon colocava a chave na fechadura mais Elena calou-se no momento que a porta foi aberta. Não tinha sido Damon quem a abrira, mais sim, a última pessoa que ela queria ver no mundo.

– Damon?! – Ela sentia que ainda reconheceria aquela voz a metros de distância. A resposta de Damon demorou a sair.

– Olá, irmão – Ele respondeu somente.

– Elena? – Ele perguntou baixo, mais ela não respondeu.

“Você diz não saber

O que houve de errado,

E o meu erro foi crer que estar ao seu lado bastaria...

Ah meu Deus, era tudo que eu queria...”

Elena fechou a porta da geladeira sem a menor delicadeza, o que causou um tremendo estrondo. Com a caixa de leite gelado em mãos, ela prendeu o riso quando viu Stefan a observar fazendo uma tímida careta de sobrancelha arqueada.

– Vamos tentar não dar mais prejuízos aos meus pais – ele disse em seu mais doce tom, rindo ao final. Os raios de sol que entravam pela janela da cozinha iluminavam o rosto dele o deixando ainda mais perfeito para ela. Ele depositou dois copos sobre o balcão de mármore para que ela os enchesse.

– Se está se referindo ao gnomo de jardim que eu tropecei lá atrás, saiba que a culpa é inteiramente sua...

– Ahh – ele disse tomando um gole do leito com um sorriso sorrateiro – Ta certo...

Era a primeira vez que iam juntos a casa do centro dos Salvatore e haviam faltado ao para isso. Provavelmente comentariam no outro dia que os dois haviam faltado pra ficar juntos mais eles não se importavam. Não passava das 09 horas da manhã e Elena, com os cabelos amarrotados, vestia apenas uma camisa dele por cima das roupas intimas.

– Se você não tivesse insistido em me mostrar tooooda a casa, nada disso teria acontecido...

– É aqui que eu quero morar, Elena – ele deixou o copo na bancada e seguiu para trás dela lhe abraçando – E eu quero morar com você – Stefan sussurrou ao seu ouvido.

– Elena? – Stefan repetia pela terceira vez quando finalmente ela voltou a si.

Era disso que tinha medo. De reviver memórias, de não conseguir ser forte o suficiente para encarar Stefan olho no olho, frente a frente quando fosse preciso, mais talvez o problema maior tenha sido ela ser pega de surpresa e totalmente desprevenida.

– Oi – foi o que ela conseguiu dizer na direção dele. Damon a encarava tenso, igualmente sem palavras culpando-se por aquela situação. Ela seguiu até ele, o segurando pelo braço por cima da jaqueta de couro preta – Vamos embora Damon, a casa ta ocupada.

– Espera! – Stefan disse, um tanto alto demais. Ela já puxava Damon em direção ao Toyota, mais parou. Sem se virar, esperou que ele continuasse, olhando a praça completamente deserta – Espera... Quer dizer... – Talvez o fato dele se atrapalhar com as palavras a tenha feito se virar na direção dele, ela não tinha certeza – Tem muitos quartos aqui... Eu... Se quiserem ficar, pelo menos pra passarem essa noite... – Ele parou e encarou Damon. Caroline permaneceu quieta enquanto ela pensava.

– Damon...

– Não vamos encontrar outro lugar as 2h40 da manhã – Damon olhou em seu relógio pra confirmar, e mesmo a casa sendo a escolha óbvia, esperou para que Elena desse sua resposta.

– Bom... Será que eu posso ir entrando logo? – Caroline perguntou um pouco envergonhada com toda aquela tensão no ar – Ta... Meio frio aqui...

– Vamos ficar – Elena disse soltando o braço de Damon e sem voltar a olhar Stefan – Essa noite – Ela completou com voz baixa.

Pouca coisa havia mudado e quase tudo permanecia no mesmo lugar. Tanto Damon quanto Elena rapidamente reconheceram o que havia sido acrescentado a velha sala, uma televisão de plasma, um hometiter e um console de Playstation acomodados em uma grande estante cheia de livros que, pelo que Elena notou, eram de Direito. Mais também haviam coisas faltando como o enorme relógio do século XIX que havia pertencido ao avó de Damon e Stefan, o enorme tapete dourado que recobria a maior parte da sala e as fotos e quadros dos primeiros Salvatores que chegaram a Mystic Falls.

– Bom, acho que lembram o caminho dos quartos... Estão todos arrumados... Menos o meu, o primeiro.

– Você tá morando aqui? – A voz de Damon soou alta, em um misto de raiva e surpresa. Elena também tinha essa dúvida e esperou pela resposta.

– Desde o segundo ano de faculdade – ele respondeu ao trancar a porta de entrada – Fui calouro da primeira turma de Direito da Universidade de Mystic Falls a cinco anos. Me formei final do ano passado. Grande parte dos nossos amigos ficou aqui na cidade...

– Sei... Anda Caroline, borá procurar um quarto pra dormir – ela disse passando por Caroline e indo em direção ao corredor.

– Mais que barulho todo é esse, Stefan? – Não era possível, aquilo só podia ser um pesadelo para Elena. Ela não queria, mais era impossível não acreditar no que seus olhos estavam vendo - Damon?

– Katherine?! – Damon gritou, a voz o mais descrente possível. “Só pode ser brincadeira” ele pensou – Você ta transando com a Katherine, Stefan?

– Mais era só o que faltava... – Elena bufou alto.

Elena voltou também! – ela disse na sua voz mais desdenhosa, direcionando seu pior olhar em direção a Elena.

– Pelo visto essa é a madrugada dos reencontros e eu to boiando aqui... Além disso, Damon, o quanto você sabe ser sutil, eim? – Caroline comentou fazendo Elena voltar seu olhar pra ela.

– Vem... Preciso dormir... Chega de Mystic Falls por hoje... – Disse Elena revirando os olhos. E puxando Caroline pelo braço, passou ao lado de Katherine feito uma bala em direção ao corredor de quartos.

Empurrou Caroline no segundo a direita. Como todos os outros ao qual Elena lembrava, este tinha uma cama de casal, um abajur, criado mudo, cômoda e era uma suíte. Elena encostou-se na parede tentando descansar e fugir de seus próprios pensamentos.

– Vem cá, Elena – Caroline recomeçou enquanto procurava roupas de dormir na mala – Quem é a quase sem roupa na sala? – Ela referia-se ao fato de Katherine vestir apenas uma blusa masculina que cobria somente parte de suas coxas…

– Katherine Pierce, ex-namorada do Damon e minha ex-inimiga de infância.

– Ex?

– É, Caroline... Sabe aquela coisa de sair de uma cidade, jogar tudo pro ar, começar uma vida nova, não guardar mágoas e rancor do passado... Essas coisas?

– Sim...

– Foi o que Damon e eu fizemos quando fomos embora.

– Elena – ela me olhou com seus produtos de higiene, suas roupas e toalha em mãos – Pela reação do Damon quando viu ela e pela sua desde que chegamos aqui, parece que não deu muito certo...

– Definitivamente – Elena concordou tristemente abrindo a porta e puxando a maleta para fora – Até mais tarde, Caroline.

A casa estava silenciosa, não havia nem sinal de Damon, Stefan ou Katherine, apenas silencio. Elena agradeceu por aquilo e seguiu para a porta ao lado do quarto de Caroline.

– Ahhhhhhhhhh! – Elena gritou em espanto tapando o mais rápido que pode os olhos com as mãos – Merda Damon! Se veste! Maldita cidade! Maldita cidade!

A sua frente um Damon completamente nu de costas para ela. Sentiu o coração acelerar e o rosto ficar quente, já havia visto Damon sem camisa e até visto parte de sua cueca uma vez quando ainda moravam juntos e ele insistiu em se despir na frente dela só para irritá-la, mais completamente sem roupa era a primeira vez. Virou de costas e puxou a porta o mais rápido que pode seguindo para o quarto ao lado.

O coração ainda batia forte quando ela fechou a porta.

– Meu Deus, Damon... Não, não, não, não, não! – ela repetiu para si mesma ao jogar a maleta em cima da cama e procurar desesperadamente por uma roupa e seus produtos de higiene – É o Damon! Seu melhor amigo! Droga, eu vi o Damon sem roupa! Eu vou ter que passar horas de baixo do chuveiro! O Damon nu! – Naquela hora sentiu raiva de si mesma por aquilo, sentiu raiva por ter achado Damon muito mais do que bonito naquele momento, mesmo já tendo pensado isso anos atrás – Eu sou louca...

(...)

Elena não sabia que horas havia conseguido dormir e nem que horas eram quando saiu do quarto pela manhã. Na cozinha, uma mesa de café da manhã estava posta farta e não havia nem sinal dos outros. Ela seguiu até lá se perguntando se era certo comer logo, se não seria melhor ir ao Grill, mais deteve-se ao sentir o cheiro de panqueca fresca, mamão e café novo.

– Ainda ama panqueca – Ela ouviu a voz de Stefan as suas costas. Já terminava sua panqueca e não o ouviu chegar.

– Ainda gosto de muitas coisas – disse somente.

– Seria muita pretensão perguntar se eu estou entre essas coisas? – ele perguntou a pegando de surpresa.

– Não está – ela respondeu rápido. Era a única resposta que julgou certa para aquele momento, mesmo não tendo certeza se aquilo era verdade. Não tinha certeza do que Stefan ainda poderia significar para ela.

– E o que ainda está na sua lista? – Ele perguntou sentando ao lado dela na mesa e se servindo de suco, tentando se mostrar indiferente a resposta que ela havia lhe dado.

– Damon – Damon? Foi isso mesmo que eu disse? Elena sua idiota!

Damon? – Stefan perguntou completamente descrente virando-se na direção dela. Não soube o que pensar quando encarou aqueles olhos verdes novamente. Ele estava ali, tão perto dela... O cara que foi o amor de sua vida...

– É... O Damon – Repetiu quando finalmente voltou a si. Levantou rápido da cadeira e seguiu com seu pires e a xícara em direção a pia.

– Quer dizer que são bons amigos ou...

– Estou dizendo que ele acabou sendo o melhor Salvatore pra mim – Merda! O que eu to dizendo?

Estão juntos? – Ele perguntou finalmente, sem se aguentar. Ela virou-se na direção dele enxugando as mãos no guardanapo.

– Você está com a Katherine, não está? – Ela falou ríspida.

– Ouviu irmão... – Era Damon que acabara de adentrar a cozinha fazendo Elena congelar sem saber o quanto da conversa ele havia escutado – Eu disse que levaria a Elena pra cama – Falou por fim, com seu sorriso lateral no rosto e um ar de vitória. Elena saiu em direção a porta da casa o mais rápido que pode. A praça já estava cheia de gente e muitos passavam em direção a seus afazeres pela rua. Ela encostou-se na sacada lateral olhando diretamente para o jardim lateral da Sra. Salvatore. Fechou os olhos procurando respirar ar puro.

– Elena?

– O que você quer mais, Stefan? – Ela perguntou ríspida virando em direção a ele.

– Eu não estou com a Katherine – ele falou a olhando nos olhos. Ela sentiu vontade de confessar que era só amiga de Damon, mesmo não sendo exatamente o oposto a isso que ela havia dito.

– Bom pra você.

– Elena...

– Eu não estou interessada na sua vida amorosa, Stefan.

– Elena me escuta, eu preciso dizer que...

– Dizer o que depois de todo esse tempo?

– Que eu nunca deixei de te amar.

Ela engoliu em seco tentando ao máximo impedir as lágrimas de caírem pelo seu rosto. Não sabia o que responder depois do que ele havia dito.

– Elena...

– Sai da minha frente, Stefan – ela disse passando por ele o mais rápido que pode em direção a praça. Precisava sair dali e tomar um ar ou quem sabe uma bebida forte...

Damon

Elena saiu correndo da cozinha quando eu falei que a levaria para cama. Não seu se ela ficou envergonhada ou outra coisa, mais, ela mesma havia começado aquilo. Pensei em ir atrás dela, mais Stefan foi mais rápido me pedindo para ficar, que ele havia começado aquilo e então ele terminaria, discurso torpe que nosso pai havia nos ensinado. Como não julguei ser grave a situação, deixei que ele fosse.

– Bom dia, Damon... – ouvi a voz de Katherine soar. Ela estava linda, como meu coração ainda insistia em lembrar que era, o cabelo penteado em cachos até abaixo dos ombros, regata simples com calça Skine delimitando cada parte de suas pernas, casaco e botas de couro pretas, a Katherine que sempre tirou minha atenção.

–Katherine... – Falei o mais indiferente a ela possível.

– Você desapareceu no mundo – O que ela queria a final? Me fazer lembrar do que me fez sair de Mystic Falls? Me tirar do sério? Isso não ia acontecer...

– E você anda frequentando a cama do meu irmão mais novo... – Ela quer jogar? Então vamos jogar.

– Você se importa com isso? – Ela disse enquanto passava manteiga em seu pão a minha frente.

– Talvez com o fato de você ser muito velha pro Stefan – Mastiguei um pedaço do meu pão enquanto ela me fuzilava com os olhos.

– Pela sua cara, amiga... Essa doeu... – A voz de Caroline ecoou pela cozinha. Olhei em sua direção e o sorriso que carregava com certeza irritaria mais ainda Katherine.

– Bom dia pra você também, cachinhos dourados – Katherine disse em sua voz mais debochada enquanto Caroline depositava um beijo em meu rosto – Então... Vocês são muito amigos?

– Você se importa com isso? – Eu repeti sua pergunta e ela sorriu sem se importar.

– Só estou testando...

– Testando? – perguntei sem entender.

– O quanto loiras são burras...

– Escuta aqui! – Caroline aumentou seu tom de voz, mais Katherine não se abalava facilmente e rapidamente a interrompeu.

– Dormiu com ele, não dormiu? – Caroline calou-se e Katherine sorriu debochando.

– Já chega, Katherine – a interrompi quando ela estava prestes a continuar e ela virou-se pra mim.

– Perdi o apetite – Katherine disse largando o pão sobre a mesa – Bem vinda a Mystic Falls, Miss Sunshine.

– Desculpe por isso – pedi a Caroline quando Katherine saiu. Ela balançou a cabeça e serviu-se de suco de laranja.

– A Elena já acordou? – Perguntou mudando de assunto.

– Já, esta lá na frente.

– Na verdade saiu em direção a praça... – Stefan disse quando voltou para a cozinha.

– Saiu? – Caroline perguntou alarmada – Como “Saiu”? Sozinha? Sem avisar?

– O que você disse pra ela, Stefan? – Elena nunca sairia assim sozinha se Stefan não a tivesse dito nada. A raiva começava a me subir a cabeça.

– A verdade...

– Que verdade?

– Que eu ainda gosto dela.

– Mais você é um idiota mesmo! – gritei me levantando da cadeira e seguindo em direção a porta da frente.

Eu, mais do que ninguém, sabia o quanto o termino com Stefan havia deixado Elena fragilizada. Quando ela chegou em Nova Iorque, com malas e sem nem um aviso prévio, eu logo percebi que algo estava errado.

Elena me odiava quando era menor e cresceu não gostando de mim. Ela e Stefan eram amiguinhos de infância e nossas famílias sempre se encontravam aos fins de semana, ela e ele dedicavam seu tempo as brincadeiras com outros da idade deles e eu, assim como os outros da minha idade, dedicávamos nosso tempo a lhes pregar peças, claro, eu pegava pesado especialmente com ela. Não que eu fosse tão mais velho que eles, apenas 4 anos.

O fato era que uma Elena, que eu não via a sei lá... Quatro anos? Acho que sim... Quatro anos, estava na porta do meu apartamento. Olhos inchados, cabelos presos em rabo de cavalo, blusa branca e calça jens... Sim, eu lembro até hoje. Perguntei “O que você está fazendo aqui?” e ela me respondeu “Será que por uma vez na sua vida você pode ser bom comigo e me deixar passar a noite aqui?”. É claro que eu disse sim.

O que seria somente uma noite acabou se tornando meses, e assim, nós acabamos morando por dois anos juntos. Com o tempo fomos nos entrosando e ao invés de implicar, eu brincava com ela e ela começou a confiar em mim, me contar segredos e sentimentos e assim, eu soube sobre a relação péssima que ela tinha com a tia desde que os pais morreram em um acidente de carro do qual ela se salvou quando tinha 12 anos, a dificuldade de deixar alguns amigos, o irmão Jeremy, as lembranças que tinha dos pais e o maldito pé na bunda que o meu irmão dera nela.

Mais eu não me abria com ela como ela fazia comigo, pra mim não era tão fácil... Era coisa minha, não que eu não confiasse em Elena, só que eu... Não sei explicar... A única pessoa que sabia tudo de mim, era minha prima Lexi, mais eu não a via a anos.

Liguei para o celular dela varias vezes e rodei por toda a praça por umas quatro vezes, mais nem sinal de Elena. Vi algumas pessoas conhecidas, mais ninguém me reconheceu, o que eu agradeci, pois só pensava em encontrar Elena. Descartei a possibilidade de estar visitando sua família, a casa da tia era o ultimo lugar que eu iria procurar, mais sem essa opção, eu estava perdido. Não saberia dizer quem seriam os antigos amigos de Elena, quando eu fui embora, Stefan e ela tinham 15 anos, provavelmente eu não os reconheceria assim... Decidi ir em direção ao Grill, se ela não estivesse lá, teria que recorrer ao Stefan.

Haviam poucas pessoas ali, no horário pós café da manhã o Grill ficava vazio. Sentei em um banco no balcão e esperei até que um atendente loiro viesse até mim e pedi um copo de whisky pra ver se eu conseguia pensar melhor.

– Quem é vivo sempre aparece – Aquela voz me era familiar e um sincero sorriso brotou em meu rosto. Virei na direção do banco ao meu lado

– Saltzman! – Saudei sincero. Nos abraçamos e ele chamou o barman loiro.

– Vulgo professor de história – o loiro disse.

– Matt, pode me trazer uma dose de whisky? – ele pediu e o outro balançou a cabeça.

– Matt? Dos Donovan? – Perguntei ligando o loiro a sua família.

– É... Aquele moleque cabeçudo que brincava com o seu irmão, lembra?

– E com a Elena... – lembrei sorrindo.

– Quem? – ele me perguntou sem entender.

– Elena – disse rápido – Elena Gilbert. Namorava o Stefan...

– A que escreveu um livro e foi morar em Nova Iorque?

– É... Ela veio comigo, Ric... Brigou com o meu irmão de manhã, ainda não voltou e estou procurando.

– Pronto professor – Donovan disse entregando o whisky a Alaric.

– Matt?

– Sim – ele me respondeu.

– Sou Damon Salvatore – me apresentei primeiro.

– Ahh, eu lembro de você – ele falou sorrindo – É o irmão do...

– Sim, sim, sou eu – o cortei – A Elena veio aqui?

– Elena? – ele perguntou sem entender fazendo uma careta.

– Elena Gilbert, sua amiga, devem ter estudado juntos...

– A namorada do Stefan – Alaric disse e ele finalmente lembrou. Ter que dizer que a Elena era namorada do Stefan já estava me dando nos nervos.

– Sério que a Elena ta aqui?! – Pela reação dele, toda a Mystic Falls saberia que tínhamos chego na cidade em menos de 20 minutos.

– Sim, mais sumiu. Preciso saber se você sabe se tem um lugar em que provavelmente ela iria se estivesse triste ou sei lá... Um lugar que ela ia quando morava aqui – ele parou pra pensar por um instante.

– Não sei... – Ótimo! Resmunguei comigo mesmo – Bom, talvez a Bonnie saiba...

– Bonnie?

– Sim, Bonnie era a melhor amiga da Elena... Foi a única pessoa pra quem a Elena disse que ia embora, então...

– Tá, e onde mora essa tal de Bonnie? – ele me deu o endereço e eu anotei mentalmente, era a rua em que Elena morava com os pais. Levantei rapidamente deixando o dinheiro da bebida em cima do balcão.

– Damon – Ric me chamou quando eu estava prestes a ir embora – Não acha que está exagerando? – Ele perguntou me fazendo para pra pensar – A Elena acabou de voltar... Ela deve estar com uma amiga...

– Elena e eu somos amigos, Ric – eu respondi fazendo Matt franzi as sobrancelhas – Eu sei que ela não esta bem e eu tenho que encontrá-la.

Segui em direção a casa que já não era mais dos Salvatore e sim do Stefan, entrei no meu carro e segui para a casa de Bonnie, ainda lembrava os nomes de cada rua daquela cidade.

– Oi – disse quando uma senhora de 60 e poucos anos atendeu – Bonnie está?

– E quem é você? – Ela perguntou preocupada.

– Damon Salvatore.

– O filho do Giuseppe e da Miranda Salvatore? – Pelo menos uma pessoa que não me ligou ao meu irmão.

– Sim – respondi somente, esperando que ela não me perguntasse mais nada e felizmente ela foi chamar a Bonnie.

– Damon, o irmão do...

– É, eu mesmo... – Fala sério – Você... Bom... Viu a Elena?

– Elena?

– Gilbert... Matt Donovan me disse que eram amigas.

– A Elena? A muito tempo que eu não vejo a Elena, por que?

– Porque ela está em Mystic Falls, brigou com o meu irmão e eu não consigo a encontrar.

– Sério? A Elena ta aqui?!

– Sim. Será que pode me ajudar? Sabe de um lugar onde ela iria ou que ela ia quando estava triste, ou sei lá... Feliz demais? – Perguntei isso porque, bom... Vai que a declaração de amor do Stefan a tenha deixado feliz... Como o Donovan, ela parou pra pensar.

– Elena sempre ia a ponte Wickery quando queria escrever ou pensar...

– A ponte? Na estrada da cidade?

– Sim...

– Ok, obrigada! – eu disse e sai em direção ao carro.

– Damon! – Bonnie gritou vindo em minha direção - Elena sempre visitava o tumulo dos pais...

– No cemitério?

– Sim – ela respondeu – Quando tinha duvidas, precisava de conselhos, quando estava triste ou feliz demais era até lá que ela ia. Há varias referencias no livro que escreveu e...

– Obrigado, Bonnie – eu disse abrindo a porta do carro.

– E Damon! – ela me chamou novamente – Diz pra ela que eu que eu ainda sinto falta da minha amiga. – Assenti entrando no carro e ela me observou sair. Segui em direção ao cemitério.

Entrei pelo portão o mais rápido que pude e então me dei conta que eu estava meio perdido ali. Fui ao enterro dos Gilbert mais isso já fazia muito tempo. Tentei me situar levando em consideração a velha capela ali presente e torcendo para estar certo, segui pela direita.

Encontrei Elena sentada observando o tumulo dos pais e senti talvez o maior alívio da minha vida. Ainda não entendia exatamente o por que da minha desesperada necessidade de encontrá-la mais eu tinha que ter certeza que Elena estava bem. Quando ela me viu, liberou a angustia dentro de si e chorou, então segui em sua direção e a abracei.

– Sempre que eu precisava, eu vinha aqui pra sonhar. Quando eu precisava de um colo, um obro amigo, eu pedia aqui – Sua voz falhou e eu esperei calado, dando a ela o tempo que precisava - Damon – ela disse baixo ao meu ouvido, pude sentir sua respiração quente – Como você sabia que eu...

– Você ainda tem amigos em Mystic Falls – sorri com aquilo. Elena era um doce, sempre fora... É claro que tinha amigos... Ela sorriu tímida, me soltando de seu aperto e enxugando as lagrimas do rosto – Anda, vamos tirar nossas coisas da casa do Stefan... – Falei a ajudando a levantar e seguimos juntos em direção ao carro.

– Obrigada por vir – ela murmurou ao meu lado e eu soube o porque da angustia que senti. Eu tinha medo que Elena precisasse de alguém, alguém pra lhe trazer do sonho ao mundo real.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam?
Próximo capitulo em breve!
Comentem :)