O Livro Da Bruxa escrita por Vega Sage


Capítulo 18
Limiar


Notas iniciais do capítulo

todos temos limite,mais o medo é o nosso proprio limite,podemos chamar de qualquer coisa mais é...Puro medo que nos impede de fazer as coisas extraordinarias na vida



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Assistimos a mais duas partidas,e,ao contrario do que havia dito,não participei de nenhuma delas.Não entrei no jogo porque estava apenas com a roupa do corpo,e seria bastante incomum entrar num partida de coleibol usando calças compridas e camisa.Além disso,minhas roupas ficariam suadas,e eu não teria como trocá-las.Pelo menos foi  esta a desculpa que usei para não participar.Mas,foi como ela tinha dito,podemos dar ao nosso medo o nome que quisermos,e ele continuará nos limitando da mesma forma.Agora sei que,se quisesse ter participado do jogo,minhas roupas não teriam sido obstáculo.Na verdade,faltou resgatar o espírito de criança que não se contenta em ficar apenas olhando as outras brincarem.Quando o calor se tornou mais ameno,a bruxa sugeriu um novo passeio.

-Que tal irmos ao porto?-perguntou.

-Você é a chefe da nossa excursão.Seu desejo é uma ordem-respondi.

Pegamos o carro e seguimos pela avenida em direção ao porto.

-Estou achando maravilhosa a nossa viagem...E tudo que estou aprendendo...-comentei,vacilando.

Ela levou a mão ao queixo e disse:

-Mas...

-Como?

-Pela sua entonação,você ia prosseguir com um “mas”,não é?-perguntou.

Ri de sua perspiscácia e balancei a cabeça em concordância.

-Mas-continuei-devo confessar que terei muita dificuldade de pôr em prática esses conhecimentos.

-Não sei por quê.Tudo de que precisa está o tempo todo diante de seus olhos.Você só não vê se não estiver procurando-comentou.

-Falar é fácil-murmurei.

-Quantos parafusos você se lembra de ter visto hoje?-Perguntou subitamente.

-Quanto o quê?!-exclamei.

-Você ouviu bem.Quantos parafusos você se lembra de ter visto hoje?-repetiu.

-Para ser sincero,nenhum-respondi.

-Você não viu nenhum porque nãos os estava procurando.Quando estiver,encontrará parafusos em todos os lugares.

Olhei para o painel do carros e imediatamente encontrei dois parafusos.

-Parafusos são muito comuns-desdenhei.

-As outras coisas podem exigir uma busca mais persistente.Todavia,se você não procurá-las,jamais as encontrará.Sem procura não há descoberta-sentenciou.

Fiquei pensando,em silêncio.

-Na natureza,existe um momento certo para tudo-continuou.-Se você pegar dois gravetos e esfregar um contra o outro,o atrito fará a temperatura aumentar.Se continuar esfregando,a temperatura subirá tanto que,em determinado instante,um deles começará a pegar fogo.A partir daí você não precisará mais esfregar,pois o fogo se manterá sozinho.

Ela retirou uma pequena agenda e uma caneta de sua sacola,escreveu algo e guardou-as novamente.

-A natureza mostra que temos de manter o esforço durante algum tempo,até o processo atingir seu limiar,depois ele se mantera por si mesmo-disse.

-Esfregar gravetos mentais...É uma boa metáfora-comentei.

-Você tem de iniciar sua busca conscientemente.Isso exige algum esforço,mas,se sustentá-lo até o limiar,tudo passará a acontecer sozinho.É uma lei natural-finalizou.

Pensei em situações nas quais relutei para aceitar no início,mas que depois passaram a fazer parte do meu dia a dia.

-É como escovar os dentes,não é?Quando somos crianças,nossos pais precisam nos obrigar a escovar os dentes.Depois passamos a fazê-lo espontaneamente e não conseguimos mais ficar sem escová-los-concluí.

-Escovar os dentes também é uma boa comparação-ela brincou.

-O problema são os tropeços no caminho-comentei.-É dificil manter uma condição nova por muito tempo.Veja o caso das dietas.Para emagrecer,basta comer um pouco menos todos os dias,mas pouquissimas pessoas conseguem fazê-lo.Somos muito fracos.

-Engano seu-discordou.-Somos muito fortes.O que nos aprisiona é a acomodação.

-Não sei se sou tão forte assim-confessei.

-Vou contar uma hisória que aconteceu quando eu era menina.Certa vez,um circo foi apresentar-se na cidade onde eu morava.Quando estava sendo montado,um leão fugiu da jaula e saiu pelas ruas da cidade.Nem preciso dizer sobre o pânico criado.Ao ver o leão,todos corriam em busca de um lugar seguro.

Ela fez uma pausa,esperando a cena se formar em minha mente.

-Na rua principal existia uma pequena relojoaria.Ela possuía apenas a porta de entrada e uma minuscula janela na parede do fundo.O dono era um homem sedentário;além disso,adorava comer e estava dezenas de quilos acima do peso ideal.

Comecei a imaginar como a hisória continuaria,

-Depois de percorrer diversos lugares,o leão chegou à rua principal e resolveu entrar na relojoaria.Calcule o susto que o pobre homem levou ao ficar frente a frente com a fera.Numa fração de segundo,ele subiu em sua mesa e saltou pela janela de trás,escapando ileso.Logoem seguida,o pessoal do circo conseguiu cercar o leão e levá-lo de volta à jaula.

-Pelo menos ele passeaou um pouco pela cidade-brinquei.

-De fato.

-E qual é a moral da história?

-Todos na cidade ficaram curiosos para saber como o relojoeiro gordo havia conseguido passar pela  estreita janela durante a fuga.Bastava olhar para perceber que era impossível alguem daquele tamanho passar por uma janela tão pequena.Para mostrar como tinha feito,o homem tentou repetir a façanha,mas não conseguiu passar nem uma perna.Até hoje permanece o misterio de como ele conseguiu sair por aquela janela.

-Faltou o leão para lhe dar estímulo-comentei.

-Sem dúvida.A partir daquele dia,percebi que somos capazes de proezas incriveis.Somos muito mais ortes,àgeis e inteligentes do que imaginamos.É a acomodação que nos restringe.Ficamos parados,acreditando que não temos capacidade para viver uma vida extraordinária-declarou.

-Espero não ter de encontrar um leão para descobrir minhas capacidades ocultas-gracejei.

-Não se preocupe,quase nem existem mais leões.Fica a seu critério desenvolver seus dons e desfrutar da vida.A natureza só torce por isso.

Ela se virou para mim e esperou nossos olhos se encontrarem.

-Preste atenção ao que vou lhe dizer.O paraíso é o lugar onde nossos sonhos se realizam.E ele pode ser aqui.Só depende de você

Permaneci em silêncio durante varios minutos,deixando a mensagem ecoar em minha mente.

-Fico cada vez mais surpreso com você-confessei.-Gostaria de saber mais sobre sua vida.Onde você nasceu,onde estudou,quias livros leu,tudo.

-Se vo^ce espera uma historia cheia de grandes emoções,esqueça.Minha historia é tão comum como a de todos.O passado não tem nunhuma importancia.É o que faremos daqui para frente que vale.Não pense na minha historia.Nem pense na sua historia.Concentre-se apenas no que fará a partir de agora para tornar sua vida especial.

-Vou tentar.

-Não existe tentar.É fazer ou não fazer.

-Eu farei.Prometo.

Continuei dirigindo,e não dissemos mais nada té chegarmos ao porto.Eu a admirava e desejava ser capaz de ver o mundo como ela.


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Notas finais do capítulo

Não deixe o medo tomar conta de voce,admita que ele esta contigo e siga em frente



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