Além da Meia-Noite escrita por viniciuskitahara


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente!
Então, não posso falar muito, porque estou de castigo e estou burlando-o. Por isso não pude, infelizmente, postar semana passada...
Eu resolvi que os capítulos não terão mais nomes... Quando eu tiver tempo, mudo o capítulo 1. E também respondo reviews.
Desculpem, mas não posso falar muito.
Espero que gostem.



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Anteriormente, em Além da Meia-Noite

Drew, Emily e Evelyn vão ao Reino dos Vampiros para salvar Trisha de uma macabra cerimônia de coroação da nova rainha, Anastasia.
O resgate não é bem sucedido: Emily é morta, e Trisha é mordida, de modo que não sabem se ela está se transformando em vampira ou então se está morta.
Enquanto rumam em direção à Floresta Negra, de trem, Evelyn começa a pensar em todas as coisas que aconteceram em sua vida, desde que ela abandonou Lilith e o Reino dos Demônios.

***

Depois de fugir do Inferno e recuperar a arma de Rafael, Evelyn procurou pela Amazona Allyah. Sua conversa com a líder dos Sagitários fora breve, mas esclarecedora.
Em pouco mais de dez minutos, a garota explicara-lhe tudo o que acontecera desde a última vez em que elas se viram, que fora, inclusive, a vez em que Allyah entregara-lhe o colar para fazer o pedido.
A Amazona dissera que interessara-se pelos dons da conjuradora não pelo fato de ela ser chave de uma profecia. Depois de explicar-lhe as regras básicas, como nunca desobedecer a um superior, seja tenente (os únicos que poderiam comandar missões) ou generais (que eram os braços direitos da Amazona), sempre honrar sua Senhora, obedecer às suas decisões e respeitar seus semelhantes. Não havia muita coisa diferente do que ela esperava ter de fazer.
Em seguida, Evelyn recitou um juramento:
- Juro ser devota da Amazona Allyah, a Patrona dos Sagitários, proteger a natureza, e aceito sua bênção.
Instantaneamente, a garota sentiu-se um pouquinho mais diferente. Era como se tudo continuasse igual, mas parte de sua percepção do mundo tivesse se alterado. Ela era capaz de calcular distâncias entre objetos instantaneamente, bem como a força que precisaria para lançar objetos com uma perfeição incrível. Dar-se conta daquilo era ainda mais surpreendente.
- Minha bênção te tornas uma exímia atiradora, Evelyn. Ela aumenta, concomitantemente, tua agilidade, tuas habilidades de esquiva, e tua destreza. Mas só funcionará enquanto tu fores fiel a mim.
Depois disso, Allyah puxou das suas costas um arco de prata, muitíssimo bem escupido e trabalhado, e entregou a ela, dizendo:
- Este era meu arco de caça. Seu nome era Arco Imortal, mas com a mudança de dono, mudará também seu apelido. Tu poderás escolher um novo.
A princípio, Evelyn não sabia que nome colocar em um arco. No entanto, com os acontecimentos vindouros, ela soube.
Certa vez, Eliot falara a ela sobre a existência de um vórtice nos jardins do Castelo dos Demônios. Vórtices eram espiralações de energia, e que aquele funcionava como um portal dupla-face: ele era realmente uma conexão para a Realidade, ao invés de um caminho só de ida. Levava a Paris.
O incubus levou-a para a Europa através dele mais tarde, Evelyn consultou o mapa dos portais, e viu a localização daquele vórtice e mostrou-lhe a capital francesa, como um verdadeiro guia turístico. Foi um dia inesquecível, fora que não tiveram tempo de visitar nem uma ínfima parcela da verdadeira Paris.
Depois, Eliot e Evelyn foram para uma casa próxima da ligação Reino dos Demônios-Paris, e disse que ele comprara a casa para os dois morarem.
A garota achara fantástica, e logo pediu permissão para Allyah para que, pelo menos durante um dia por semana, ela pudesse descansar e ir para a Realidade. A Amazona concedeu, contanto que o dia não atrapalhasse suas missões.
Dias depois, Eliot pediu-a em namoro, e ela aceitou. O incubus comprara um par de alianças de prata, selando o compromisso deles. A princípio, Evelyn pensou tratar-se de alianças de noivado, mas seria estranho não ter um namoro antes.
Para ter ainda mais tempo com Evelyn, Eliot abandonou formalmente seu cargo de conselheiro real e passou a adotar a casa em Paris como seu verdadeiro lar, apesar de viver também no Inferno. A garota regularmente falava que ele deveria deixar o Inferno e todos seus problemas, mas ela sabia o quão difícil seria para Eliot acostumar-se com a Realidade, desligando-se completamente de quem sempre fora. Deixou que a mudança fosse gradual, apesar de sentir uma espécie de ciúmes em não poder estar ao lado dele. Quem sabe aqueles fossem os mesmos ciúmes que Eliot sentia pelo fato da garota ter selado um contrato eterno com os Sagitários.
Foi quando estabeleceu sua moradia na França que ela resolveu apelidar seu arco, para relembrar-se de casa sempre. O nome era puramente uma brincadeira com os significados das palavras, já que era a única ligação real entre ambos. Chamou-o de Arco do Triunfo, para que, mesmo nas horas mais complicadas, ela se lembrasse da beleza de Paris, e de quem ela era.
- E também de seu namorado. - disse Eliot, quando Evelyn contou-lhe sobre o Arco do Triunfo.
A garota riu, e concordou:
- Sim, e de meu namorado. Só que a beleza de Paris é mais importante.
Evelyn beijou-o antes que ele pudesse contradizê-la.
Zachary também saíra do Inferno, mas não para uma residência fixa. Com o objetivo de conseguir pistas sobre quem eram as pessoas que perseguiram e assassinaram seus pais, ele começou uma jornada pela Irrealidade, e mandava regularmente os bilhetinhos para ela mais tarde, a garota soube que também para Alex. Evelyn sabia que o bruxo recebia verdadeiras cartas, longas como ela gostaria que as suas fossem, mas ele nunca deixara-a ler nenhuma.
Alex e Emma também oficializaram um namoro. A succubus, assim como Eliot, abandonou seu cargo de rainha cerca de quatro ciclos depois que Evelyn e Lilith brigaram, e saiu do Inferno. Alex e ela viviam viajando, tanto pela Irrealidade quanto pela Realidade. Eles sempre mandavam cartões-portais de suas viagens, e os lugares eram sempre fascinantes. Evelyn colecionava os postais, como um robbie: Aruba, Calcutá, Taiti, Cairo, Toronto Evelyn sentiu saudades de sua casa antiga, de sua vida antes mesmo de Vancouver -, Las Vegas, Fortaleza, Buenos Aires e as três cataratas mais famosas do mundo, Iguaçu, Vitória e Niagara.
Os cartões eram endereçados a Eliot e Evelyn, e chegavam uma vez por semana. No entanto, viam aos montes, cerca de três ou quatro de uma única vez. Na última semana, eles estiveram visitando o sudeste asiático: Bali, na Indonésia; Kuala Lumpur, na Malásia; e Cingapura.
- Fico feliz que Emma esteja bem de vida. Não é mais do que ela merece disse Eliot, ao receber os três últimos.
- Concordo disse Evelyn, com um sorriso triste ao lembrar de seus amigos.
Anexa aos cartões, veio uma carta. Evelyn abriu-a, e leu com ternura:

Queridos Eliot e Evelyn,
Desculpem-nos por não estarmos presentes recentemente. Acontece que, agora, com nossas vidas movimentadíssimas, mal tivemos tempo de falar com vocês.
No entanto, em agosto estaremos na Europa, e gostaríamos de saber se vocês querem encontrar-se conosco em algum restaurante da região deixamos a escolha para vocês, que já conhecem Paris melhor.
Estaremos aí do dia catorze ao dia vinte e um, principalmente devido ao aniversário de dezoito anos de Evelyn. Queríamos comemorá-lo de uma forma adequada, também para compensar nosso tempo ausentes.
Na folha anexa há uma lista de nossos destinos de viagem das próximas semanas, para mandarem a resposta ao local correto.
Abraços,
Alex e Emma.

Eliot logo enviou uma carta aceitando o convite deles. No entanto, ainda restava mais de um mês até que eles chegassem à França.
Todos os demônios e terrenos que Evelyn conhecia haviam perdido contato com a succubus Lilith. Eliot permanecia no Inferno, mas dissera-lhe que mesmo o Parlamento havia mudado.
Com a morte de Ashley e o fim do reinado de Emma, os demônios elegeram duas novas rainhas, Diana e Whitney, ambas aliadas fervorosas de Lilith. Basicamente, se antes a succubus enfrentava alguma oposição, agora elas haviam aumentado substancialmente, já que ela obtinha mais uma aliada.
Chelsea firmara uma aliança com outros demônios, a fim de impedir que Lilith detesse tanto poder. Reunira mais cinco aliados; contudo, Lilith possuía sete pessoas a seu lado, sendo maioria absoluta.
Com isso, ela deu início a um processo de reestruturação política do Inferno. Passara os comandos de todas as tropas para a general Lisa, tornando-a líder dos militares. Ela delegou o incubus Lucas para ser diplomata oficial dos demônios, consolidando ainda mais seu poder. Distribuindo cargos e criando leis, ela criou, no Inferno, uma situação favorável para que ela aumentasse gradativamente seu poder.
- Em outras palavras, ela ela auto-proclamou a Rainha do Inferno falou Eliot, desinteressado, certa vez em que a garota perguntara. Eles estavam deitado na cama, enquanto o incubus olhava pela janela do quarto, admirando a única coisa visível além das árvores e das casas próximas: a Torre Eiffel.
- E ninguém pôde impedi-la? - perguntou a garota.
- Ela já tinha muito poder. E, além de tudo, a confiança da maior parte dos demônios. Quando algumas pessoas notaram as mudanças, Lilith já fizera grande parte de seu esquema, elaborara sua grande estratégia. Devo admitir: ela foi muito...
Ele ia fazer um elogio grande, mas ao ver a expressão no rosto de Evelyn, interrompeu-se e completou sua frase:
- ardilosa.
Evelyn concordou, ainda que de má-vontade. Ela podia ser ingênua na época em que viveu no Inferno, mas ela tinha de concordar que Lilith era engenhosa. Extremamente engenhosa.
Depois disso, o assunto Lilith não foi mais mencionado por Eliot.
A vida de Evelyn passou, então, a resumir-se em duas coisas: os encontros semanais com o incubus e os treinos para ser uma Sagitária.
- Concentração é a chave de tudo falava Trisha, que era a professora de Evelyn e tantos outros, antes de ser capturada pelos vampiros. Talvez estivesse na função de general ensinar alguns truques aos mais novos Você tem boa postura, sabe atirar. Mas você precisa ter mais foco, mais clareza mental; acima de tudo, mirar mais e saber tensionar o arco do melhor modo possível. Você não precisa de tanta força para atirar tão perto.
Evelyn revirou os olhos, pensando no visual apavorante da general: delineador escuro e espesso, com sombras da cor roxa, cinza ou preta, que reforçavam suas olheiras fracas, fazendo-a parecer que tomara socos em ambos os olhos. Sua pele branca e suas mechas roxas confirmavam o visual macabro.
Perto. Ela estava a cem metros do alvo, e era Sagitária há pouco tempo. Cem metros é queima-roupa para mim, dissera Trisha. E, com uma belíssima postura e elegância, ela atirou uma flecha no círculo central.
A garota tentou seguir seu conselho. Livrou sua mente dos pensamentos, e tentou mirar o máximo possível no centro do alvo. Puxou levemente o fio que dava o impulso à flecha. Quando soltou, viu seu melhor resultado até o momento: contando a partir do centro, ela acertara a quarta faixa.
- Muito bom, Evelyn. Você está começando a acertar apenas no alvo ironizou Trisha, revirando os olhos e sorrindo, ao mesmo tempo.
- Foste boa parabenizou uma voz de pré-adolescente. Evelyn virou-se e viu a Amazona Allyah -, mas não o suficiente. A partir de hoje, tu terás aulas comigo.
Apesar do tom arrogante da Amazona, Evelyn lembrou-se de seu juramento. Concordou, e passou a ter aulas com ela a cada dois dias. Ela não era a única: de cada dez Sagitários inexperientes, nove tinham aulas com Allyah. Em pouco mais de cinco ciclos, ela notou uma boa melhora em sua mira.
E foi em um dia do Ciclo Solar Máximo que Allyah resolveu fazer um teste, onde eles atirariam três flechas no alvo. Quem fosse melhor, ganharia uma missão seria muitíssimo honroso fazê-lo. Evelyn mal sabia, na época, que seria libertar Trisha (que já havia sido sequestrada) dos vampiros. Por isso, deu seu melhor quando chegou sua vez.
A primeira flecha acertou terceira faixa. Regular. A segunda, foi direto para a quinta. Péssimo.
- Respires ordenou Allyah Lembres-te de que tu precisas de calma, paciência e disciplina mental.
Evelyn olhou atentamente para o círculo vermelho no centro do alvo. Segurava seu arco com a mão esquerda, enquanto segurava a flecha e tensionava a corda com a mão direta. Quando a soltou, a flecha percorreu sua trajetória até fincar-se perfeitamente no centro do alto. Ela recebeu aplausos da própria Allyah, assim como de alguns espectadores.
A garota fez uma mesura, incapaz de conter um sorriso no rosto.
- Espero que tu continues fiel a mim, Evelyn, independente da situação. Minha bênção só funciona enquanto você o fizer.
- Eu sempre serei fiel à senhora prometeu Evelyn.
Agora, estava feito. Ela fizera um contrato com a Amazona dos Sagitários, e, para sempre, seria uma. Allyah fez a somatória de todos os pontos, e, por algum milagre, a garota conseguira vencer todos os outros.
Se ela soubesse, por um breve instante, o peso que aquela vitória traria, jamais teria se esforçado para obtê-la.

Depois de viajarem a noite toda de trem, eles finalmente retornaram à Floresta Negra. Evelyn poderia muito bem ter usado seu mapa dos portais para abrir um, mas desde que a garota obtivera a arma, ela não contara a ninguém que o fizera. Por vezes, pensava em dizer a Eliot, mas ela ainda não sabia se seria a melhor decisão.
Quando chegaram à pequena estação, Drew levou Trisha nos braços, enquanto Evelyn verificava suas coisas. Levava na mochila uns poucos objetos pessoais, como o mapa, o comunicador de Lilith para falar com Eliot e as cartas de Zachary. Ela esperava receber alguma durante os próximos dias, porque o feiticeiro já não enviava há tempos.
- Quanto tempo ela levará até tornar-se uma vampira? - perguntou Drew, com a voz engrolada. Seu sotaque inglês influenciava parte da dificuldade da garota em compreendê-lo.
- Não sei respondeu Evelyn, sendo sincera Mas você não havia lido todas aquelas coisas sobre vampiros?
- Li respondeu Drew -, mas não consigo me lembrar do tempo de uma transformação. Creio que são algumas horas...
- Talvez tempo o suficiente para que os caninos cresçam sussurrou Evelyn, irônica.
Se Drew ouviu, ele não manifestou reação. Ele não era o melhor amigo de Trisha, mas gostava dela. Afinal, a feiticeira tinha uma personalidade bem forte, sendo que nunca gostava de obedecer a ordem alguma. Ela também era autoritária, e vivia isolada em seu canto. Em suas horas vagas, viajava à Realidade para assistir a concertos de punk rock. Trisha usava maquiagens pesadas quase o tempo todo, como seu delineador muito escuro e regularmente sombra roxa ou preta. Seus cabelos eram desfiados, mal-cortados, com mechas roxas. Seus olhos azuis eram deslocados em seu visual gótico, mas ela lançava olhares carregados de desprezo e fúria.
Emily, a bruxa que morrera, era, na verdade, a melhor amiga de Drew. Amiga não... Parecia, muitas vezes, que ele era o protetor de Emily, como se fosse seu padrinho. A perda dela devia ser extremamente dolorosa, quem sabe ainda mais se ele estivesse pensando que ele poderia ter feito algo para mudar a situação. Evelyn pensou em como seria se fosse ela na posição dele, e tivesse deixado, por exemplo, Zachary morrer em seu lugar. Estremeceu com a ideia.
O Sagitário já tinha vinte e três anos, enquanto Emily tinha dezesseis. Eles andavam muito juntos, sendo que alguns Sagitários achavam até que eles namoravam. No entanto, a relação deles não era passional, e sim fraternal.
Pouco tempo depois do desembarque, eles chegaram ao 5º Distrito, de Allyah. A Amazona estivera caçando quimeras com sua irmã mais jovem, Hisis, mas ela voltara para casa logo quando o dia clareou.
Logo que chegaram às terras dos renegados, Drew e Evelyn foram até o quartel-general dos Sagitários, que era um complexo de construções baixas compostas, basicamente, por duas áreas: a área de treinamento (também chamada de Arena) e a área de planejamento. Sempre que Allyah estava no quartel-general, ela ficava na área de treinamento, ajudando os Sagitários mais jovens a aprimorarem sua mira e seu uso do arco-e-flecha. No entanto, naquele dia, ela estava na área de planejamento de missões, e solicitara que eles ficassem sozinhos enquanto faziam um relatório da missão.
Drew e Evelyn entraram na sala aconchegante onde a Amazona estava. Havia alguns sofás velhos, com um tapete no centro, assim como uma mesinha, e uma lareira acesa. Não era mais o Inferno, onde sempre tentava-se manter um alto padrão em estilo medieval, mas era um lugar tão confortável quanto.
Allyah estava sentada em um dos sofás, com uma expressão enigmática. Evelyn observou-a pela enésima vez, novamente admirada: a Amazona tinha cabelos negros, presos com uma fita prateada em um rabo-de-cavalo. Seus olhos eram verdes, e sua pele branca repleta de sardas. Seus lábios eram finos, e ela aparentava ser uma garota entre os doze e quinze anos. Usava uma jaqueta preta vários números maior do que ela fora em Allyah que a garota inspirara-se -, calças jeans e um tênis branco. Ela olhava para o fogo da lareira, imponente.
- Senhora Allyah Drew fez uma mesura, e então depositou o corpo de Trisha em um sofá.
Evelyn também fez a reverência. Então, Allyah olhou para eles, como se estivesse esperando algo.
- Onde está Emily? - seu tom era educado, controlado.
- Infelizmente.. - começou Evelyn Nossa missão não deu tão certo assim. Emily sacrificou-se para que nós fugíssemos. Não havia como salvá-la.
Allyah assentiu, sua expressão ficando ainda mais indecifrável.
- Conversarei com meus tenentes para prepararem uma cerimônia para esta noite. E o que houve com a general Trisha?
- Ela foi mordida por um vampiro. Está em processo de transformação, Minha Senhora respondeu Evelyn, novamente.
- Mordida? Há quanto tempo, minha jovem?
- Noite passada, por volta da meia-noite. A Senhora sabe em quanto tempo ela demorará até despertar?
Allyah balançou a cabeça.
- Não, mas suponho que cerca de algumas horas. Ela já manifestou alguma reação?
- Não dessa vez, quem respondeu foi Drew Se eu não soubesse que a vampira não teve tempo de sugar seu sangue, acharia que ela está morta.
- Quanto tempo ela ficou mordendo o pescoço de Trisha?
- Segundos respondeu Evelyn Ela fez isso quando percebeu que não haveria escolha, mas tão logo a Rainha Anastasia mordeu-a, Drew atirou uma flecha nela, e Anastasia morreu.
Allyah foi para perto de Trisha. Tocou seu pescoço, na região onde estava a mordida, a testa dela. Colocou seu ouvido próximo ao nariz dela, colocou a mão sobre seu coração. Assim que examinou-a, falou:
- Não está morta. Despertará em algumas horas... Aparentemente, a jovem Anastasia mordeu-a para transformá-la em vampira, e não para matá-la. Ela salivou no ferimento, para que cicatrizasse e ela não morresse por hemorragia.
- O que acontece durante a transformação de um vampiro? - perguntou Evelyn.
- Inicialmente, o veneno dos vampiros se espalha pelo corpo. Quando chega ao coração, o veneno começa a reduzir seus batimentos, até que a concentração seja forte o bastante para pará-lo de vez. Quando isso acontece, todas suas células já estão impregnadas de veneno, o suficiente para que ela vire uma vampira. Depois, a vítima se vampiriza: seu coração parou de bater, então seu sangue para de circular, e suas células morrem pela falta de oxigênio. Ela já está gelada. Não obstante, se o ser mordido não tiver sangue para que o veneno termine de circular para todas as células, ela definitivamente morre. Se o veneno estiver fraco, ela adquire algumas características vampíricas, tornando-se uma espécie de híbrido, um semi-vampiro. Se o veneno for forte demais, ela também pode morrer pela alta concentração.
- E como saberemos se ela está transformando-se ou se o veneno era forte demais e matou-a?
Allyah fechou os olhos e passou a mão sobre o corpo dela.
- Creio que esteja transformando-se. Só teremos uma resposta definitiva quando despertar, o que depende da concentração do veneno. Se em uma semana ela continuar tão imóvel quanto agora, é porque ela morreu. Resumindo vossa missão, Emily morreu e Trisha foi mordida.
Evelyn assentiu.
- Foram duas tragédias falou Allyah No entanto, vós conseguistes manter-vos vivos, o que é melhor do que Hisis apostou. Evelyn, tu tens de treinar mais, portanto, estejas em uma hora na Arena. Eu hei de ajudar alguns novatos. Ultimamente, a quantidade deles vem aumentado.
A garota sentiu-se feliz por não ser mais novata. Pelo menos, não na visão da Amazona. Com a missão, ela passaria a ser considerada uma Sagitária normal.
- Com licença pediu a Amazona, enquanto se levantava e passava pela porta, indo embora.
Evelyn olhou para Drew. O feiticeiro tinha a uma expressão de quem estava bem fisicamente, mas não emocionalmente.
- Você está bem? - perguntou ela, por educação, não por curiosidade. Ela sabia a resposta.
- Estou disse ele, como ela esperava.
- Se Trisha acordar, chame-nos pediu a garota Talvez a transformação dela seja dolorosa demais, e ela fique atordoada ao acordar. Mais tarde perguntarei para a Senhora Allyah de que sangue ela se alimentará.
- Como assim? - perguntou Drew, confuso.
- Animal ou... Humano. Não sei até onde ela será dependente do tipo humano. Tenha cuidado, Drew. Ela pode não ser mais a mesma.
A conjuradora saiu da sala, também, dirigindo-se para a floresta, à procura de um local mais reservado. Pegou, no bolso da jaqueta, o mapa. Colocou o dedo na região onde estava, e sussurrou:
- Paris.
Uma membrana tremulou, e Evelyn atravessou-a. Era noite na cidade-luz, e ela admirou a magnífica Torre Eiffel brilhando dourada, com um holofote giratório sobre a cidade, como se fosse um farol. Mesmo após um mês vivendo naquele lugar tão especial, ela ainda ficava espantada com o quão incrível Paris poderia ser.
Livrando-se daqueles pensamentos, já que não tinha tanto tempo assim, ela pegou seu celular e discou um número conhecido.
- Evelyn? - chamou uma voz masculina agradável, que claramente não estava familiarizada ao uso do telefone.
- Eliot, sou eu confirmou a garota, com um suspiro.
- Olá, meu amor o incubus tentou parecer atraente, mas era fácil deduzir que ele ainda tinha problemas com a tecnologia humana.
- Estou sentindo sua falta falou ela, logo.
- Também estou confirmou o incubus, com um claro sorriso -, mas só esperava que você fosse voltar no domingo. Aconteceu alguma coisa no Reino dos Vampiros? - a voz dele ficou alarmada.
- Não! Eu estou bem... Mas uma companheira minha sacrificou-se por nós. E outra foi mordida por um vampiro, e está em processo de transformação... A propósito, quanto tempo isso dura?
- Hein?
- O processo de transformação em vampiro falou Evelyn, irritada por Eliot não estar prestando atenção.
Ele fez um muxoxo, enquanto pensava.
- Eu diria que um dia. Não sei ao certo. Os demônios não podem ser mordidos por vampiros. Só os terrenos e humanos normais podem, na verdade.
- Vou pedir para Allyah se posso ter uma folga na quarta-feira. Para compensar os últimos dias estressantes.
- Esse treino pesado não faz você sentir-se mal? - perguntou Eliot, preocupado.
- É apenas cansativo, mas suportável. Dessa vez, meu cansaço é puramente mental. Preciso descansar, nem que seja por um dia.
Eliot concordou.
- Espero que consiga. Estou com saudades de você falou ele.
- Não está realmente discordou Evelyn, com um sorriso no rosto Se estivesse, sairia do Inferno e de Paris, e passaríamos a viver juntos nas terras das Amazonas.
Eliot deu uma risadinha.
- Você mesma disse que precisava de uma conexão com a Realidade. Por isso eu comprei esta casa. De qualquer jeito, eu morando aí ou não, você treina todos os dias, a maior parte do tempo. Quem sabe quando você passar a treinar menos...
Houve uma pausa desconfortável.
- Também estou com saudades de você falou Evelyn, sentindo suas bochechas corarem.
- Então até mais, minha linda. Estou fazendo lasanha... Quero saber comida francesa quando você voltar.
- Eliot, querido, lasanha é comida italiana riu ela. Eliot tentando ser humano era um completo desastre. Evelyn lembrava-se de quando ele tentou subir de elevador, e apertou todos os botões de todos os andares. Era tão esperto na Irrealidade, mas tão... Deslocado na Realidade! - Até mais, mesmo assim.
Eliot riu, mandou um beijo e desligou. Pelo menos por um momento, queria sentir-se feliz e satisfeita, antes de ser obrigada a retornar à rotina pesada do treinamento com Allyah. A garota atravessou o portal, retornando à Irrealidade. Naquele mundo sobrenatural, não havia tecnologia alguma que funcionasse. Fechou o vórtice, para que ninguém mais pudesse usá-lo, e partiu em direção à Arena, torcendo para que a Amazona não pegasse tão pesado com ela devido à derrota.
Já estava quase chegando quando ela viu Drew, ofegante. O garoto suava anormalmente, e tinha uma expressão de pânico.
- Evelyn! Você viu Allyah?
- Ela está dando aulas na Arena... - começou a garota.
- Chame-a para mim, por favor. Rápido! - apressou ele, ao ver que ela ainda se mantinha paralisada.
- O que houve, Drew?!
O feiticeiro engoliu em seco, e então disse:
- Trisha acordou. Ela virou uma vampira.

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Notas finais do capítulo

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