– Que tal esse? – digo e lhe mostro um vestido de alça, bege e com 5 camadas de dobras.
– Muitas... dobras – virei o rosto paro o cabide para continuar buscando um.

A passado mais de um ano desde aquele dia...
Tudo foi tão... estranho.
E o mais estranho é que eu não me lembro de nada do que aconteceu enquanto eu estava inconsciente.
Apenas uma voz ... a voz de Guilherme, ainda que não estive vendo-o, eu sabia que estava lá.
Todos os dias, não saia do meu lado.
E depois que eu acordei, muito mesmo ainda.
Durante esses dois meses que estava no hospital, ficou comigo o tempo todo.
Exceto na parte da manhã para ir à escola, e ainda assim.
Alguns dias ele fugia e vinha me ver.
No começo não queria vê-lo, pois... Pelo o que aconteceu com Clarisse ...
Mas é um menino persistente.
Nos dias da semana ele vinha do colégio as 15h00 e somente ia embora as 10h00 ou 11h00 da noite.
Sextas e sábados ficava no meu quarto, cuidando de mim.
Ele foi tão insistente ...
Então eu finalmente decidi escutá-lo. Me disse o que realmente aconteceu naquele dia...
Eu tinha dito a mim mesma que não voltaria com ele.
Mas antes que ele pudesse terminar de contar tudo nos já estávamos nós beijando...
Foi tão mágico tudo a partir daquele dia.
Não desgrudava de mim nem por um segundo.
Ainda que Clarisse esteja no colégio, e me olhe com uma cara de querer me matar, não vai conseguir. Ele não vai conseguir.

– E este? – disse, lhe mostrando um outro vestido de alça e com apenas três camadas de dobras abaixo do quadril e num tom forte de rosa.
– Bonito. Mas... muito rosa. Eu não gosto de rosa – Eu neguei com a cabeça.
– Ok,– suspirei – vou continuar procurando– revirou os olhos e voltou para os vestidos como eu.

A madrinha de Guilherme vai se casar no sábado, e ele me pediu para acompanhá-lo.
Ou seja: Casamento = Vestido; Vestido = Compras; Compras = tédio para mim e Guilherme.
Por mais que se seja besta e ilógico, eu odeio fazer compras.
Mas devo fazer, só por causa de Guilherme. E ele gentilmente se ofereceu para me acompanhar, mais eu acho que ele se arrepende... muuuuuuuuuuuuito.

– E este? – ele disse me mostrando um vestido, tomara que cai, vermelho com umas bolinhas brancas.
– Muito ... infantil.
– Você está certa – Devolveu o vestido no seu lugar e continuou procurando.
– Desculpe te fazer passar por isso– eu disse.
– Não diga isso. Eu me ofereci.
– E se arrepende de ter feito.
– Claro que não.
– Claro que sim.
– E este?– Tirou um vestido amarelo, com um pequeno sinto na linha do quadril.
– Parece uma banana– Guilherme olhou para o vestido e suspirou.
– Ok me desculpe.
– Vai para casa amor. Eu vou ficar mais um pouco, para ver si eu encontro o famoso vestido– eu ri.
– Eu não vou deixar você sozinha – negou com a cabeça.
– Sim você vai. Vai agora.
– Não... vou continuar procurando– virou a cabeça para os cabides.
– Guilherme – virei seu rosto – vai para casa. Eu vou continuar procurando.
– Você tem certeza? Não tenho nenhum problema...
– Vai para casa ... se me deixar sozinha por algumas hora, não vai acabar o mundo, verdade?– Sorriu.
– Ok – me abraçou e juntou nossos lábios em um beijo - qualquer coisa me avise, OK?
– Eu aviso. Agora vai.
– Tchau, eu te amo.
– Eu também te amo – Sorriu e caminhou ate a entrada da loja.
– Aqui vou eu... – E continuei procurando por toda a loja o vestido...