Here Without You escrita por lawlie
- Com licença professor. – falou a Sra. Ivanovich invadindo a aula sobre leitura de partituras. – Eu preciso falar com a Srta. Uchiha na minha sala.
A garota se assustou com o chamado da diretora. Ela pensou que poderia ter problemas por causa das constantes desavenças com Renée e pelas fotos espalhadas pelos corredores da escola. A diretora andava rápido e Takari apenas tentava acompanhar seus passos apressados a ecoar pelo assoalho. Até que finalmente, elas chegam à sala. A mulher convida-a para entrar.
Takari percebe um cheiro de lavanda pela sala da diretora. Seus móveis eram em cor bege e havia esculturas grotescas por toda parte, que Takari achou totalmente desnecessárias. A mulher diz para que ela se sente na poltrona de tom grená.
- Sua família ligou hoje. – disse em tom pretensioso. – Eles estão requisitando que você vá visitá-los este fim de semana. Seu taxi estará te esperando na porta às cinco da tarde.
- Eu entendo.
- Eu vou ser clara, Srta. Uchiha. Eu espero que a sua ida para casa esclareça a respeito daquelas fotos no corredor. Quando voltar, eu não quero que aconteça mais nenhum problema do gênero. Você me compreende?
- Sim, senhora. – responde Takari. – Aquilo não vai acontecer de novo.
- Está dispensada.
Takari sai aliviada daquela sala de cheiro enjoativo e volta para a aula que estava tendo. Irma toda hora lançava-lhe olhares querendo saber o que aconteceu. Takari simplesmente murmurava que depois elas conversariam.
-x-
- Hey, você vai falar ou não? – perguntava Irma impaciente já no dormitório. Takari olhou para porta com medo que Renée entrasse. – Ela não vai voltar aqui. Ficou ensaiando. – disse a garota.
- Eu vou esse fim de semana visitar a família. – falou Takari.
- Só isso?! Você vai tirar aquela história a limpo, não é? Com o garoto...
- Está tudo acertado entre nós.
- Vocês vão se encontrar... Que lindo... – admirava-se Irma. – O amor mais puro que eu já vi... Quando você voltar eu quero saber de tudo, ok?
- Eu não vou voltar Irma. – falou Takari.
- Mas que diabos você está falando?
- Eu vou fugir com ele. – sussurrou Takari.
- Você ficou maluca! Você não pode fazer isso! Você vai fugir pra onde?
- Isto eu não posso te falar. E você não deve contar pra ninguém o que eu disse.
- Seu segredo está a salvo comigo. – falou Irma. – E você ainda continua louca!
-x-
A garota de cabelos castanhos andava desesperada parecendo procurar por alguém. Seus olhos estavam vermelhos de choro e ela estava completamente apavorada. De repente, ela avista a pessoa que procurava.
- Anko! – gritou.
- Kurenai, o que aconteceu? – perguntou a garota.
- Eu preciso de ajuda!- ela começou a chorar. – Venha comigo.
Kurenai arrasta Anko até o banheiro feminino. Chegando lá,seu choro se torna algo incontrolável.
- Mas o que aconteceu com você pra você estar assim? Foram seus pais? Um garoto?
A garota abaixou o olhar e mandou a amiga abrir sua bolsa.
- Um teste de gravidez? – se espanta Anko. – Você não está achando que está...
- Eu tenho quase certeza Anko! – gritou ela chorando ainda mais.
- Hey, não deve ser isso não...
- Anko, eu estou passando mal com náuseas e enjôos há muito tempo. Não consigo nem sentir o cheiro de comida alguma... E além do mais...
- Além do mais o quê, Kurenai?
- Está muito atrasada.
Anko a olha sério e assustada ao mesmo tempo.
- Você tem mesmo certeza disso Kurenai? Quer dizer, se você estiver grávida mesmo isso vai acabar com a sua vida...
- Eu sei... – ela começa a chorar novamente.
- Mas vocês são muito idiotas mesmo... – falava Anko. – Você e o Asuma não se preveniram?
Ela faz que não com a cabeça. Anko suspira, pega o teste e entrega-o para Kurenai.
- Vamos. Faça logo.
Kurenai a olha com os olhos muito vermelhos. Segura o teste na mão e entre em um dos boxes do banheiro. Dentro de poucos instantes ela sai e entrega o teste para Anko.
- Eu não vou agüentar olhar, Anko...
Anko espera um pouco até o resultado sair. Ela encara séria o teste e depois olha para Kurenai da mesma forma.
- Positivo. – diz ela. Kurenai cai em pranto. – Sinto muito.
- Anko... o que eu vou fazer da minha vida agora? Meus pais vão me expulsar... eu não vou poder ir para a faculdade... – chora ela.
- Você pode tirá-lo. – sugere Anko. Kurenai se assusta.
- Eu... eu...
- É a melhor forma de se resolver isso.
- Mas Anko, isso é um bebê... É uma vida.
- A decisão é sua Kurenai.
A garota abaixa a cabeça. Algum tempo passa até que ela se acalma. Anko começava a pensar a respeito da situação da amiga. Talvez ela pudesse conseguir o que queria com a oportunidade que Kurenai estava lhe proporcionando.
- Eu posso te ajudar, Kurenai. – disse Anko. – Se você quiser, você fala para os seus pais que vai para a minha casa e então eu te levo para a clínica.
- Eu ainda tenho que pensar, Anko...
- Mas eu ainda acho melhor você ir para minha casa hoje.
- Tudo bem. – ela faz uma pausa. – Anko, tem como você fazer um favor para mim?
- Claro.
- Você poderia dizer ao Asuma que eu estou esperando um filho dele? Eu não vou conseguir falar isso para ele...
- É você que deve falar com ele, Kurenai.
- Mas eu não consigo...
- Tudo bem. – diz Anko. – Eu quero te ajudar a resolver esse problema. Por que você não faz esse exame em um laboratório? Talvez esse teste de farmácia esteja errado.
- Eu não posso. Meu pai é médico e conhece a maioria dos laboratórios. Se alguém ver meu nome em um dos testes vai contar para ele.
- Use o meu. Nós vamos a um laboratório mais no centro da cidade. E depois você me entrega o exame no sábado para que eu entregue ao Asuma.
- Você faria isso por mim? – Kurenai se espanta. – Mas o exame vai estar no seu nome...
- Eu explicarei isso a ele, Kurenai. Não se preocupe. – falou Anko indo na direção da garota e a abraçando. – Nós vamos passar por isso juntas... Eu prometo que ficará tudo bem.
- Obrigada, Anko.
-x-
Kakashi estava quieto em seu quarto, olhando para o teto pensativo. Sakumo estava viajando e voltaria dentro de pouco tempo. O garoto ficava imaginando a reação do pai ao saber que ele estava disposto a abandonar tudo e seguir sua vida em Los Angeles.
Ele estava apostando que seu pai ficaria muito desapontado. Kakashi sabia que a idéia que Sakumo nutria sobre a faculdade era apenas um pretexto para que eles não ficassem tão distantes um do outro. Sakumo não precisava nem falar, mas Kakashi sabia que ele tinha medo de perder o filho. Por tanto tempo foram apenas os dois naquela casa... Tiveram momentos difíceis, tristes, mas os dias de alegria sempre marcaram a vida dos dois.
Sakumo viajava muito e desde que Kakashi se lembrava, o pai sempre dava um jeito de estar presente em sua vida. Eles gostavam de assistir hóquei no gelo e baseball nos fins de semana. E quando Sakumo inventava de cozinhar algo diferente, no fim eles sempre acabavam pedindo pizza.
Kakashi se sentia mal por isso. Às vezes parecia culpa, outras medo e saudade. Ele amava seu pai. Não queria deixá-lo sozinho. Mas o garoto sabia que precisava construir sua vida. Se ao menos seu pai tivesse uma pessoa com quem contar...
O garoto balançou a cabeça, tentando se livrar dos seus pensamentos. Mas Kakashi desejava bem no fundo que seu pai encontrasse uma companheira, uma mulher que o faria ser feliz novamente.
Kakashi respira fundo e escuta a campainha tocar. Ele desce as escadas desanimado para atender.
- E aí, Kashi?! – cumprimenta Asuma enquanto o garoto abre a porta.
- Ah, é você, Asuma... – diz frustrado.
- É lógico que sou eu! Quem mais seria? A Angelina Jolie?
- Idiota... – resmunga.
- Você tá mal humorado ou é impressão minha?
- Tô de boa.
- Não parece.
- Não, eu só tava preocupado com meu pai.
Asuma senta no sofá e coloca os pés na mesa de centro. Ele olha Kakashi ainda preocupado.
- Ele vai ficar bem. – diz o garoto acendendo o cigarro.
- Eu acho que ele vai ficar chateado ao saber que eu vou embora. Ou furioso. Não sei qual seria a reação dele.
- Ele vai compreender. Ele não é igual ao meu velho que me chutou de casa.
Kakashi sorri. Senta-se no sofá em frente ao amigo.
- Qual é a nova? – pergunta.
- A festa será no na casa de shows que fica a poucas quadras daqui. Eu achei que fazer a festa na casa de alguém ia dar muito trabalho, a final, nós precisamos de um palco maior que a sua garagem. Mas se você quiser emprestar sua casa, fique à vontade.
- Se eu emprestar a casa pra festa, vocês vão destruí-la e meu pai vai cortar minha cabeça fora.
- Isso é verdade. – os dois riem. Asuma o olha sério mais uma vez.
- Espero que você melhore Kakashi. Você tá muito pra baixo nesses últimos dias.
- Eu estou bem, Asuma.
- Você não é mais como antes. – falou o garoto. – Mas não se preocupe. Nada que uma música muito alta, garotas e cerveja não resolvam. – ele sorri.
- Obrigado, Asuma. – fala Kakashi. O Sarutobi se levanta.
- Tenho que ir Kashi. Espero você na casa de shows, amanhã às sete e meia. Não se atrase. – falou dirigindo-se até a porta. – Tenho que avisar os outros caras. Te cuida.
- Você também. – diz Kakashi se despedindo de Asuma.
-x-
O dia amanheceu um pouco mais aconchegante que o normal. O frio inverno perdurava sobre Middletown. Na cidade nevou por apenas poucos dias e Kakashi mal esperava ir para um lugar mais aquecido. O garoto teve dificuldades para dormir na noite anterior. Na verdade, ele não vinha dormindo bem há dias.
A manhã de sexta-feira deixava Kakashi inquieto. Ele estava ansioso com a festa ao anoitecer, e mais ansioso ainda com a presença de Takari. Ele ficava pensando por horas como ele iria reagir ao vê-la. Deveria abraçá-la, ou seria muito inconveniente? Acolheria Takari em seus braços? Ou se contentaria com um singelo aperto de mão?
O garoto ainda tinha dúvidas de como ele deveria se aproximar da Uchiha. Dentro de seu coração, ele sentia que deveria abraçá-la e beijá-la intensamente, mas às vezes ele tinha em si que Takari se assustaria com suas atitudes.
Kakashi suspira desconsolado e rola na cama, ainda não querendo sair debaixo daquelas cobertas quentes. Mas o telefone intermitente o obriga a levantar. Ele demora um pouco até atender, mas chega antes que a linha caísse.
- Alô.
- Kakashi?! É Mikoto.
- Bom dia, Sra. Uchiha. – diz ele um tanto surpreso.
- Ainda é cedo, mas eu não conseguiria esperar. A Takari está chegando nessa tarde. Ela irá se hospedar no Grand Hotel, perto do aeroporto. Eu gostaria de saber onde vocês vão se encontrar?
- Diga a ela para estar às oito da noite numa casa de shows próxima a minha casa. Estará acontecendo uma festa, nós vamos tocar ao vivo e eu gostaria que ela viesse.
- Ela irá. Me passe o endereço, que um taxi a deixará na porta.
- Claro. Eu gostaria de buscá-la, mas não vou poder.
- Não se preocupe, Kakashi. Só olhe para entrada da casa de shows quando o relógio marcar oito horas. Ela estará lá. Eu prometo.
- Obrigado, Mikoto. Obrigado...
O garoto informa a mulher mais detalhes a respeito da localização da casa de shows, agradece mais uma vez e desliga o telefone. Seu coração palpitante mal podia agüentar a hora em que ele veria Takari mais uma vez. Ele estava contente por ter alguém como Mikoto para ajeitar a vida dos dois e extremamente aliviado por saber que em breve eles estariam livres de Fugaku e da constante separação que insistia em reinar sobre eles.
O garoto de cabelos prateados sorriu mais uma vez e subiu depressa para o quarto para afinar sua guitarra. Nesta noite, Kakashi cantaria para Takari músicas que ela jamais esqueceria até que os primeiros raios de sol tocasse o rosto alvo da mulher de sua vida.
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