Here Without You escrita por lawlie


Capítulo 36
The Waiting.




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- Com licença professor. – falou a Sra. Ivanovich invadindo a aula sobre leitura de partituras. – Eu preciso falar com a Srta. Uchiha na minha sala.

 

A garota se assustou com o chamado da diretora. Ela pensou que poderia ter problemas por causa das constantes desavenças com Renée e pelas fotos espalhadas pelos corredores da escola. A diretora andava rápido e Takari apenas tentava acompanhar seus passos apressados a ecoar pelo assoalho. Até que finalmente, elas chegam à sala. A mulher convida-a para entrar.

 

Takari percebe um cheiro de lavanda pela sala da diretora. Seus móveis eram em cor bege e havia esculturas grotescas por toda parte, que Takari achou totalmente desnecessárias. A mulher diz para que ela se sente na poltrona de tom grená.

 

- Sua família ligou hoje. – disse em tom pretensioso. – Eles estão requisitando que você vá visitá-los este fim de semana. Seu taxi estará te esperando na porta às cinco da tarde.

 

- Eu entendo.

 

- Eu vou ser clara, Srta. Uchiha. Eu espero que a sua ida para casa esclareça a respeito daquelas fotos no corredor. Quando voltar, eu não quero que aconteça mais nenhum problema do gênero. Você me compreende?

 

- Sim, senhora. – responde Takari. – Aquilo não vai acontecer de novo.

 

- Está dispensada.

 

Takari sai aliviada daquela sala de cheiro enjoativo e volta para a aula que estava tendo. Irma toda hora lançava-lhe olhares querendo saber o que aconteceu. Takari simplesmente murmurava que depois elas conversariam.

 

-x-

 

- Hey, você vai falar ou não? – perguntava Irma impaciente já no dormitório. Takari olhou para porta com medo que Renée entrasse. – Ela não vai voltar aqui. Ficou ensaiando. – disse a garota.

 

- Eu vou esse fim de semana visitar a família. – falou Takari.

 

- Só isso?! Você vai tirar aquela história a limpo, não é? Com o garoto...

 

- Está tudo acertado entre nós.

 

- Vocês vão se encontrar... Que lindo... – admirava-se Irma. – O amor mais puro que eu já vi... Quando você voltar eu quero saber de tudo, ok?

 

- Eu não vou voltar Irma. – falou Takari.

 

- Mas que diabos você está falando?

 

- Eu vou fugir com ele. – sussurrou Takari.

 

- Você ficou maluca! Você não pode fazer isso! Você vai fugir pra onde?

 

- Isto eu não posso te falar. E você não deve contar pra ninguém o que eu disse.

 

- Seu segredo está a salvo comigo. – falou Irma. – E você ainda continua louca!

 

-x-

 

A garota de cabelos castanhos andava desesperada parecendo procurar por alguém. Seus olhos estavam vermelhos de choro e ela estava completamente apavorada. De repente, ela avista a pessoa que procurava.

 

- Anko! – gritou.

 

- Kurenai, o que aconteceu? – perguntou a garota.

 

- Eu preciso de ajuda!- ela começou a chorar. – Venha comigo.

 

Kurenai arrasta Anko até o banheiro feminino. Chegando lá,seu choro se torna algo incontrolável.

 

- Mas o que aconteceu com você pra você estar assim? Foram seus pais? Um garoto?

 

A garota abaixou o olhar e mandou a amiga abrir sua bolsa.

 

- Um teste de gravidez? – se espanta Anko. – Você não está achando que está...

 

- Eu tenho quase certeza Anko! – gritou ela chorando ainda mais.

 

- Hey, não deve ser isso não...

 

- Anko, eu estou passando mal com náuseas e enjôos há muito tempo. Não consigo nem sentir o cheiro de comida alguma... E além do mais...

 

- Além do mais o quê, Kurenai?

 

- Está muito atrasada.

 

Anko a olha sério e assustada ao mesmo tempo.

 

- Você tem mesmo certeza disso Kurenai? Quer dizer, se você estiver grávida mesmo isso vai acabar com a sua vida...

 

- Eu sei... – ela começa a chorar novamente.

 

- Mas vocês são muito idiotas mesmo... – falava Anko. – Você e o Asuma não se preveniram?

 

Ela faz que não com a cabeça. Anko suspira, pega o teste e entrega-o para Kurenai.

 

- Vamos. Faça logo.

 

Kurenai a olha com os olhos muito vermelhos. Segura o teste na mão e entre em um dos boxes do banheiro. Dentro de poucos instantes ela sai e entrega o teste para Anko.

 

- Eu não vou agüentar olhar, Anko...

 

Anko espera um pouco até o resultado sair. Ela encara séria o teste e depois olha para Kurenai da mesma forma.

 

- Positivo. – diz ela. Kurenai cai em pranto. – Sinto muito.

 

- Anko... o que eu vou fazer da minha vida agora? Meus pais vão me expulsar... eu não vou poder ir para a faculdade... – chora ela.

 

- Você pode tirá-lo. – sugere Anko. Kurenai se assusta.

 

- Eu... eu...

 

- É a melhor forma de se resolver isso.

 

- Mas Anko, isso é um bebê... É uma vida.

 

- A decisão é sua Kurenai.

 

A garota abaixa a cabeça. Algum tempo passa até que ela se acalma. Anko começava a pensar a respeito da situação da amiga. Talvez ela pudesse conseguir o que queria com a oportunidade que Kurenai estava lhe proporcionando.

 

- Eu posso te ajudar, Kurenai. – disse Anko. – Se você quiser, você fala para os seus pais que vai para a minha casa e então eu te levo para a clínica.

 

- Eu ainda tenho que pensar, Anko...

 

- Mas eu ainda acho melhor você ir para minha casa hoje.

 

- Tudo bem. – ela faz uma pausa. – Anko, tem como você fazer um favor para mim?

 

- Claro.

 

- Você poderia dizer ao Asuma que eu estou esperando um filho dele? Eu não vou conseguir falar isso para ele...

 

- É você que deve falar com ele, Kurenai.

 

- Mas eu não consigo...

 

- Tudo bem. – diz Anko. – Eu quero te ajudar a resolver esse problema. Por que você não faz esse exame em um laboratório? Talvez esse teste de farmácia esteja errado.

 

- Eu não posso. Meu pai é médico e conhece a maioria dos laboratórios. Se alguém ver meu nome em um dos testes vai contar para ele.

 

- Use o meu. Nós vamos a um laboratório mais no centro da cidade. E depois você me entrega o exame no sábado para que eu entregue ao Asuma.

 

- Você faria isso por mim? – Kurenai se espanta. – Mas o exame vai estar no seu nome...

 

- Eu explicarei isso a ele, Kurenai. Não se preocupe. – falou Anko indo na direção da garota e a abraçando. – Nós vamos passar por isso juntas... Eu prometo que ficará tudo bem.

 

- Obrigada, Anko.

 

-x-

 

Kakashi estava quieto em seu quarto, olhando para o teto pensativo. Sakumo estava viajando e voltaria dentro de pouco tempo. O garoto ficava imaginando a reação do pai ao saber que ele estava disposto a abandonar tudo e seguir sua vida em Los Angeles.

 

Ele estava apostando que seu pai ficaria muito desapontado. Kakashi sabia que a idéia que Sakumo nutria sobre a faculdade era apenas um pretexto para que eles não ficassem tão distantes um do outro. Sakumo não precisava nem falar, mas Kakashi sabia que ele tinha medo de perder o filho. Por tanto tempo foram apenas os dois naquela casa... Tiveram momentos difíceis, tristes, mas os dias de alegria sempre marcaram a vida dos dois.

 

Sakumo viajava muito e desde que Kakashi se lembrava, o pai sempre dava um jeito de estar presente em sua vida. Eles gostavam de assistir hóquei no gelo e baseball nos fins de semana. E quando Sakumo inventava de cozinhar algo diferente, no fim eles sempre acabavam pedindo pizza.

 

Kakashi se sentia mal por isso. Às vezes parecia culpa, outras medo e saudade. Ele amava seu pai. Não queria deixá-lo sozinho. Mas o garoto sabia que precisava construir sua vida. Se ao menos seu pai tivesse uma pessoa com quem contar...

 

O garoto balançou a cabeça, tentando se livrar dos seus pensamentos. Mas Kakashi desejava bem no fundo que seu pai encontrasse uma companheira, uma mulher que o faria ser feliz novamente.

 

Kakashi respira fundo e escuta a campainha tocar. Ele desce as escadas desanimado para atender.

 

- E aí, Kashi?! – cumprimenta Asuma enquanto o garoto abre a porta.

 

- Ah, é você, Asuma... – diz frustrado.

 

- É lógico que sou eu! Quem mais seria? A Angelina Jolie?

 

- Idiota... – resmunga.

 

- Você tá mal humorado ou é impressão minha?

 

- Tô de boa.

 

- Não parece.

 

- Não, eu só tava preocupado com meu pai.

 

Asuma senta no sofá e coloca os pés na mesa de centro. Ele olha Kakashi ainda preocupado.

 

- Ele vai ficar bem. – diz o garoto acendendo o cigarro.

 

- Eu acho que ele vai ficar chateado ao saber que eu vou embora. Ou furioso. Não sei qual seria a reação dele.

 

- Ele vai compreender. Ele não é igual ao meu velho que me chutou de casa.

 

Kakashi sorri. Senta-se no sofá em frente ao amigo.

 

- Qual é a nova? – pergunta.

 

- A festa será no na casa de shows que fica a poucas quadras daqui. Eu achei que fazer a festa na casa de alguém ia dar muito trabalho, a final, nós precisamos de um palco maior que a sua garagem. Mas se você quiser emprestar sua casa, fique à vontade.

 

- Se eu emprestar a casa pra festa, vocês vão destruí-la e meu pai vai cortar minha cabeça fora.

 

- Isso é verdade. – os dois riem. Asuma o olha sério mais uma vez.

 

- Espero que você melhore Kakashi. Você tá muito pra baixo nesses últimos dias.

 

- Eu estou bem, Asuma.

 

- Você não é mais como antes. – falou o garoto. – Mas não se preocupe. Nada que uma música muito alta, garotas e cerveja não resolvam. – ele sorri.

 

- Obrigado, Asuma. – fala Kakashi. O Sarutobi se levanta.

 

- Tenho que ir Kashi. Espero você na casa de shows, amanhã às sete e meia. Não se atrase. – falou dirigindo-se até a porta. – Tenho que avisar os outros caras. Te cuida.

 

- Você também. – diz Kakashi se despedindo de Asuma.

 

-x-

 

O dia amanheceu um pouco mais aconchegante que o normal. O frio inverno perdurava sobre Middletown. Na cidade nevou por apenas poucos dias e Kakashi mal esperava ir para um lugar mais aquecido. O garoto teve dificuldades para dormir na noite anterior. Na verdade, ele não vinha dormindo bem há dias.

 

A manhã de sexta-feira deixava Kakashi inquieto. Ele estava ansioso com a festa ao anoitecer, e mais ansioso ainda com a presença de Takari. Ele ficava pensando por horas como ele iria reagir ao vê-la. Deveria abraçá-la, ou seria muito inconveniente? Acolheria Takari em seus braços? Ou se contentaria com um singelo aperto de mão?

 

O garoto ainda tinha dúvidas de como ele deveria se aproximar da Uchiha. Dentro de seu coração, ele sentia que deveria abraçá-la e beijá-la intensamente, mas às vezes ele tinha em si que Takari se assustaria com suas atitudes.

 

Kakashi suspira desconsolado e rola na cama, ainda não querendo sair debaixo daquelas cobertas quentes. Mas o telefone intermitente o obriga a levantar. Ele demora um pouco até atender, mas chega antes que a linha caísse.

 

- Alô.

 

- Kakashi?! É Mikoto.

 

- Bom dia, Sra. Uchiha. – diz ele um tanto surpreso.

 

- Ainda é cedo, mas eu não conseguiria esperar. A Takari está chegando nessa tarde. Ela irá se hospedar no Grand Hotel, perto do aeroporto. Eu gostaria de saber onde vocês vão se encontrar?

 

- Diga a ela para estar às oito da noite numa casa de shows próxima a minha casa. Estará acontecendo uma festa, nós vamos tocar ao vivo e eu gostaria que ela viesse.

 

- Ela irá. Me passe o endereço, que um taxi a deixará na porta.

 

- Claro. Eu gostaria de buscá-la, mas não vou poder.

 

- Não se preocupe, Kakashi. Só olhe para entrada da casa de shows quando o relógio marcar oito horas. Ela estará lá. Eu prometo.

 

- Obrigado, Mikoto. Obrigado...

 

O garoto informa a mulher mais detalhes a respeito da localização da casa de shows, agradece mais uma vez e desliga o telefone. Seu coração palpitante mal podia agüentar a hora em que ele veria Takari mais uma vez. Ele estava contente por ter alguém como Mikoto para ajeitar a vida dos dois e extremamente aliviado por saber que em breve eles estariam livres de Fugaku e da constante separação que insistia em reinar sobre eles.

 

O garoto de cabelos prateados sorriu mais uma vez e subiu depressa para o quarto para afinar sua guitarra. Nesta noite, Kakashi cantaria para Takari músicas que ela jamais esqueceria até que os primeiros raios de sol tocasse o rosto alvo da mulher de sua vida.

 

 

 

 


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