Here Without You escrita por lawlie


Capítulo 23
Pulling the trigger - Parte II




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/32282/chapter/23

 

Fugaku entrou furioso novamente no quarto de Takari. Mikoto abraçava a garota que estava aos prantos. O Uchiha olhou com repugnância para o ato de afeto da esposa, como se fosse proibido realizar qualquer afeto sentimental por Takari.

 

- Você viu o que aconteceu, Takari? Sim. Você viu, sua bastarda imunda. – disse como se fosse para si mesmo.

 

- Fugaku. Eu te imploro. Não perturbe mais ela. Por favor... Ela está definhando... – murmurou Mikoto.

 

- Essa inútil só fica chorando pelos cantos. Você não está cansada de chorar não? Ele foi embora. Ele te largou sozinha de novo. E vai sempre te deixar. De novo... de novo... e de novo. – disse ele sorrindo como que se ele sentisse prazer ao ver cada lágrima cair daqueles olhos cansados.

 

- Por favor, Fugaku. – continuou Mikoto. – Ela já teve muito por hoje.

 

- Pois eu não acho, Mikoto! É melhor você calar a boca. Porque eu acho que o máximo que eu vi aqui hoje foi um espetáculo circense amador e ridículo.

 

- É o amor deles. – falou a esposa. Após ouvir tal palavra, Fugaku riu debochadamente e cético ao ápice.

 

- Vocês conseguem realmente me entreter com essas barbaridades. Ande! Levante daí, sua promíscua! – falou com repúdio olhando de cima para baixo.

 

A garota mal se moveu. Takari queria apenas ficar parada na sua clausura, esperando que algo ou alguém a despertasse dizendo que aquilo foi apenas um sonho ruim e que estava tudo bem agora.

 

Ela ergueu os olhos desesperados e encarou a expressão de indiferença e frieza de Fugaku. Qualquer humano com o mínimo de compaixão perceberia que a garota estava por um fio, tendo dificuldades até em querer respirar.

 

Fugaku olhou devastadoramente para a meia-irmã e soltou uma gargalhada macabra e sinistra. Até mesmo Mikoto se assustou com a repentina atitude do marido.

 

- Então você pretendia mesmo se matar com esse cortezinho ordinário em seus pulsos?

 

A garota não respondeu. Ficava olhando para o chão enquanto ouvia Fugaku destilar mais e mais seu veneno.

 

- Você vai me pagar caro, garota! Muito caro! – urrou Fugaku. Seu grito podia ser ouvido pela mansão toda.

                             

- Deixa ela, Fugaku! Eu te imploro! – suplicou mais uma vez a esposa.

 

Fugaku mandou mais uma vez a mulher calar a boca, pois já estava perdendo a paciência. Ele encara enojado para a meia irmã, em silêncio durante um bom tempo. Até que, finalmente, o Uchiha se recompôs e com seu melhor tom frio e seco se dirigiu bem próximo do rosto da garota e falou:

 

- Sua imunda. Levante-se já daí. Vamos ter uma conversa.

 

Os olhos de Takari se esbugalharam. Aquele humor de Fugaku era o que mais a assustava. O sarcasmo ameaçador significava que o Uchiha planejava realmente algo bastante nefasto e sórdido para Takari. A garota temia que ele lhe fizesse algum mal. E ela sabia perfeitamente que ele era capaz disso.

 

- O que você está esperando para se erguer daí? – disse ele mais uma vez. – Você é tão fraca ao ponto de não se sustentar mais acima do chão? Deve ser porque você deve repousar embaixo dele. Não é Takari?!

 

- Não zombe da morte, Fugaku. – pronunciou Takari em forma de muxoxo abafado pelos dentes cerrados. O meio-irmão soltou mais uma vez uma das suas gargalhadas aterrorizantes.

 

- Ande logo! Eu não estou de brincadeira! – bradou Fugaku novamente. O homem rudemente segura firme o braço de Takari e tenta erguê-la do chão.

 

- Me larga, seu canalha! – gritou Takari.

 

Fugaku pareceu não ouvir. Ainda segurando fortemente o braço da garota ele a coloca de pé com brutalidade. As roupas da garota estão completamente manchadas de sangue e o meio-irmão olha com nojo para a garota.

 

- Pra onde você vai levá-la?! – gritou Mikoto.

 

- Para uma conversa que ela jamais vai esquecer... – falou Fugaku sombriamente.

 

Fugaku foi arrastando Takari de forma violenta a fim de fazê-la sair do quarto. Chegando frente à porta, o homem a abre com um pontapé e empurra a garota para fora. Ela desequilibra e busca apoio na parede frontal do corredor. Ela encosta seu rosto no concreto amarelado e sente que necessitava morrer a qualquer momento. Mas não. Se ela fizesse isso, com certeza ele morreria também.

 

- Largue de se vangloriar de pena! Ande logo saia daí! – urrou Fugaku novamente a segurando pelo frio braço. No memento em que ele a retira do conforto da parede, ele nota que a mesma ficara manchada de rubro.

 

Fugaku olha com os olhos queimando em ódio para ela e grita mais uma vez:

 

- Veja só o que você fez!!! Sujou a parede da minha casa com esse seu sangue fétido!! Sua imunda devassa!!!

 

Takari não respondeu. Não tinha forças. Foi sendo arrastada novamente pela escada de mármore dos Uchiha, deixando para trás a marca disforme e rabiscada de seu sangue. Fugaku a arrastava pelos degraus e a cada passo, a garota achava que ia despencar daqueles degraus assassinos.

 

Chegando aos três últimos, o meio-irmão a empurra depressa, e a garota rola pelos degraus até repousar no chão. Com a queda, ela acaba cortando o supercílio e manchando mais ainda de sangue seu rosto.

 

- Não vá manchar meu carpete, sua pérfida! – urrou Fugaku. – Eu te colocaria pra fora dessa casa, sua esquálida! Mas eu sei que muitos me criticariam por isso!

 

- Você é a pessoa que eu mais odeio nessa minha vida miserável. – murmurou fracamente Takari do chão. – Eu realmente desejo sua morte, irmão! – agora ela dizia com sarcasmo, usando os mesmo artifícios de Fugaku na ênfase de suas palavras irônicas.

 

O homem olhou desafiador para a menina, com os olhos inexpressivos. Sua rispidez resumia-se numa linha que seus lábios haviam formado.

 

- Eu jamais fui seu irmão. – disse, olhando-a de cima para baixo. Nesse instante, Takari criou forças e pôs-se de pé. Ela ergue a cabeça e, mesmo estando desfigurada, tinha uma expressão imponente. Seus olhos não eram mais fracos. Seu rosto estava firme como de uma verdadeira mulher. Ela encarou profundamente o Uchiha. Não tinha mais medo. Era por ele que ela iria fazer isso. Era por ele que ela iria viver.

 

- Eu tenho nojo de você! – grunhiu Takari. Rapidamente, ela cospe sobre os pés de Fugaku, com a cara mais enojada impossível. Seu olhar era frio, duro, uma punição para quem antes estava acostumado para olhos tão sombrios e distantes.

 

O homem fechou a cara ainda mais. Olhou furioso para os pés e depois, num repente, Fugaku já colocara a firme mão no pescoço da menina. Ele estava sufocando Takari. Sua raiva fazia com que seus dedos apertassem cada vez mais a garganta da meia irmã.

 

Takari agonizava, tentando coletar o máximo de ar possível, sentindo-se abafada pela ação de Fugaku. Pelo que estava acontecendo, pela intensidade que ele apertava o pescoço dela. E Takari não duvidava que o Uchiha a matasse. O ódio que o homem sentia dela era imensurável e nesse ritmo ela já não encontrava mais jeito de como respirar.

 

Vagarosamente, ela sentia mais uma vez a vida ir escapando de seu corpo. Takari ia se aproximando da morte novamente. Ou como em algumas horas mais cedo, tanto como há alguns anos atrás se afogando em desejos suicidas.

 

- Fugaku! O que você está fazendo?! – gritou Mikoto do topo da escada. – Solte-a! Agora! Você está a machucando!

 

A mulher, desesperada, desceu as escadas correndo na direção dos dois. Fugaku viu o que estava fazendo e logo soltou o pescoço de Takari. A garota respira ofegante, tentando aumentar o ritmo de seus pulmões. Ela apalpa a garganta dolorida.

 

- Vá embora, Mikoto! – grita Fugaku.

 

- Não vou! Você estava matando-a! – gritou a mulher para o marido. Fugaku não pensa duas vezes e logo dá uma bofetada na face da esposa. Ela fraqueja, cambaleando.

 

A mulher olha assustada para o marido. Seus olhos negros se arregalaram. Uma lágrima percorreu de sua bochecha rubra.

 

- Por que, Fugaku? Por quê? – diz ela olhando fragilmente para o homem. Mikoto ainda chora, com a voz trêmula. – Por que você fez isso?

 

Takari olhou furiosa para o homem. Sua vontade era bater nele. Matá-lo. Alguém tão cruel assim não merecia viver.

 

- Porque Mikoto – começou a responder Fugaku. – Porque você não deve se meter se meter nos meus assuntos.

 

- VOCÊ É UM MONSTRO! – gritou Takari.

 

- Cale a boca, sua vagabunda! A nossa conversa ainda nem começou!

 

Fugaku se aproximou mais uma vez de Takari e a segurou pelo braço. E então, foi arrastando a garota rumo ao escritório. Mikoto foi ao seu encalço. Contudo, chegando à porta da sala do Uchiha, ele empurra Takari para dentro e fica na frente a impedir a esposa de entrar.

 

- Você não tem mais nada a fazer aqui, Mikoto. Vá cuidar dos seus filhos, que é a única coisa que você deve fazer nessa casa. – falou ríspido.

 

No memento em que Mikoto começou a abrir a boca para revidar, Fugaku entra no escritório e bate a porta à suas costas. A mulher escuta o som da maçaneta se trancando. Ela bate interruptamente na porta, clamando para que o marido abrisse. Em vão. O máximo que ela conseguira foi apenas mais uma ofensa de Fugaku, mandando-a embora.

 

- Bem. Aqui estamos nós. – falou baixo Fugaku.- Será mesmo que você irá conseguir prosseguir aqui bem em minha frente? – perguntou ele quase que para si mesmo.

 

Takari sentiu um calafrio percorrer-lhe a espinha. Não tinha idéia do que Fugaku estava preparando para ela.

 

- Será que você irá em frente? – perguntou ele novamente.

 

- O que você está querendo insinuar com isso? – gritou Takari batendo a mão sobre a mesa.

 

- Calma Taky-chan. – falou Fugaku, tentando projetar um sorriso. O homem a toca no rosto com as costas de sua mão. Os olhos da garota se enchem de pavor.

 

- Tire suas mãos de mim! – gritou ela batendo no braço do Uchiha. Ela se afasta mais ainda. – Me deixa sair daqui!!!!

 

- Você não irá sair, Takari! Não mesmo!

 

- O que você está pretendendo, seu canalha?! – gritou a garota.

 

- Eu apenas quero ver sua coragem. – disse ele, sentando-se em sua poltrona. – Você pode tornar as coisas mais fáceis, Takari. Sente-se aí e conversaremos. Ou, você pode torná-las mais difíceis...

 

A garota olha com a cara fechada para o Uchiha. Pelo visto, ele estava tentando planejar algo bem sórdido. Isso explica a gentileza falsa e repentina.

 

- É. Eu acho que você optou pelo modo difícil.

 

Eles permaneceram a se encarar durante algum tempo. Vagarosamente, o semblante de maldade foi tomando conta da face de Fugaku.

 

- SEUS DIAS ESTÃO CONTADOS!  - gritou ele levantando-se subitamente e parando frente a frente à garota.

 

Takari sentiu seu coração acelerar. Contudo, não ousou vacilar. Continuou encarando o rosto medonho do homem.

 

- Você sabe exatamente quem é aquele moleque que veio aqui hoje? – disse Fugaku.

 

- Não o trate assim! – gritou Takari.

 

- Trato como quiser. Ele é mais um imundo da sarjeta! Combina muito bem com você! – ele gargalhou. – Mas preste atenção no que eu irei te falar. Você não irá ficar com ele. Sabe por quê? Por que eu juro, que a partir de hoje, sua vida virou um verdadeiro inferno aqui nessa casa.

 

- Você não precisa me reportar isso. Eu sei disso desde o primeiro dia que eu fui deixada nessa maldita porta. – falou Takari.

 

- Takari... – diz ele gargalhando. – Você não é digna de carregar o sobrenome Uchiha. Você é uma desgraça para essa família. Uma maldita bastarda que apareceu! Se eu pudesse voltar no tempo eu teria obrigado aquela vadia que era sua mãe a abortar. Mas não...  ser “politicamente correto” não me deixou fazer isso...

 

- Lave essa sua boca imunda antes de falar assim da minha mãe! – bradou Takari.

 

- Você ainda a defende? – ele riu ainda mais. – Onde está sua mamãezinha agora Taky-chan? Onde ela está? Veja só! Ela foi embora! Nem ela te quis! Você amaldiçoou a vida dela. Pra onde sua mamãe foi? Será que ela morreu? Está nas ruas criminosas? No meio da devassidão? – Fugaku ria freneticamente. – Ela te deixou Takari! Foi embora e nunca mais vai voltar. A pobre orfanzinha que foi obrigada a morar com o irmão malvado... Você vai ter o mesmo triste fim da vagabunda da sua mãe!

 

- CALA A BOCA! – Takari tampara os ouvidos e começara a gritar e chorar. Não queria ouvir aquilo. Ele não tinha o direito de falar assim dela.

 

- Eu não vou me calar... – disse ele ficando sério. – Eu quero lhe mostrar quem você realmente é. Ou melhor. Quem você não é! Sabe aquele garoto? Como é mesmo o nome dele? O Hatake... Isso mesmo... Hatake. Aquilo é tudo uma encenação, sua burra! Você acha mesmo que ele te ama?!

 

- ELE ME AMA! AMA!!!! – repetiu freneticamente Takari. A garota agora estava encolhida no chão, completamente insana. Fugaku fora até ela.

 

- Mentira! – ele sorria ainda mais. – Ele se aproximou de você só porque descobriu o sobrenome Uchiha. E sabe por quê? Porque o pai dele foi demitido por mim... Mais um  gatuno miserável no olho da rua. E eles querem apenas se vingar de mim... É tudo parte de um plano Takari! Não seja idiota e ingênua! Eles acham que eu vou me abalar por sua causa?! – ele gargalha ainda mais alto – Por sua causa! Como se eu me importasse com uma bastarda!

 

O homem permanece gargalhando ainda mais. Takari se retorcia encolhida no chão frio.

 

- Por favor, Fugaku... pare... por... favor... – disse a menina com um fio de voz.

 

- Você está sozinha Takari. Completamente sozinha. Está tudo escuro... Você não tem ninguém nessa sua vidinha miserável. Todos te odeiam. Eu te odeio. A Mikoto te odeia. Você é apenas um fardo pra ela... Sua mãe te odeia. Meus pais te odiaram. O Teyatoki foi embora de casa por sua causa. A família Uchiha se desmoronou e foi culpa sua! Só sua! – ele aumentava a voz cada vez mais.

 

Takari parecia uma louca atirada no chão. Lágrimas escorriam freneticamente de seu rosto. Seus olhos estavam oblíquos e encaravam o nada. E ela apenas repetia.

 

- Estou sozinha... Está tão escuro...

 

- Ninguém nunca te amou Takari... Todos sonham em te ver morta. Todos queriam que você não existisse. E você ainda acredita que um cara como aquele iria se apaixonar por você... Faz-me rir.

 

- Kakashi... – disse amargurada mergulhada no veneno de Fugaku.

 

- E POR ISSO VOCÊ TENTOU SE MATAR?! – urrou Fugaku perdendo a paciência.  – SUA RIDÍCULA!!! EU CANSEI DESSA SUA PACIVIDADE! ERGA-SE JÁ DAÍ!!

 

Fugaku a erguia pelo braço mais uma vez e tentava colocá-la de pé.

 

- Me deixe ir em paz, Fugaku! – choramingava Takari.

 

- Você quer mesmo morrer?! – gritou o Uchiha.

 

- Só me deixe ir... para sempre...

 

- VOCÊ ACHA MESMO QUE FICANDO ENCOLHIDA AÍ NESSE CHÃO VAI TE LEVAR PARA O TÚMULO? – berrava Fugaku ainda tentando erguê-la. – VOCÊ ACHA QUE COM ESSE CORTE ORNINÁRIO VOCÊ IRIA MORRER?

 

O homem consegue levantar a garota. Ela fica apoiada na parede. Fugaku vai até sua mesa e abre uma gaveta. Encontra uma espécie de caixa de veludo preta. Ele a retira de dentro e coloca sobre a mesa.

 

- Vamos, aproxime-se. – disse ele sombriamente. – Aqui está seu destino. Se for isso mesmo que você deseja.

 

Ele abre a caixa. Algo metálico brilha lá de dentro. Parecia estar envolta em um tipo de pano. A garota anda em direção da mesa.

 

Fugaku empurra a caixa para ela. Takari olha dentro. Repousava ali, um revólver, apenas a sua espera para o gatilho ser puxado.

  

 

- Ande logo! É todo seu! – disse hostilmente Fugaku tirando a arma de dentro da caixa. A garota olha com os olhos assustados.

 

Fugaku alisa o revólver, olhando com desdém para a garota. Takari está ofegante, assustada demais. Ele seria capaz de fornecer até mesmo a bala que lhe perfuraria a cabeça e agiria depois com tamanha simplicidade em pensar que ela se matou? Será que ele seria incapaz de não sentir o mínimo de remorso pela tentativa de indução ao suicídio? Com certeza não. Isso nunca seria considerado um homicídio verdadeiro.

 

- Você terá mesmo coragem? Você vai morrer por causa do Hatake, não é mesmo? Você o ama, não é, Julieta de mentira?! – debochou ele.

 

- Eu sei que eu não agüento mais isso... Sei que não consigo suportar... E é a partir desse momento que esse revólver se torna algo tão atraente para mim. – disse Takari cabisbaixa, com os olhos fixos no chão. Lágrimas pingavam em seus pés.

 

- Que bom que você sabe disso, bastardazinha... – disse Fugaku se deliciando com o estado de Takari. – Tome!

 

Nesse momento, Fugaku se aproximou da garota e estendeu a arma em sua mão. Takari permaneceu a olhá-la durante algum tempo. De início hesitou em tocar o revólver. Mas depois, a pistola já encontrava em suas mãos.

 

Era pesada, composta por um metal gélido. Conseguia exalar a morte com mais destreza que a velha adaga que rasgara o pulso. Seu coração palpitava. Sua mente estava uma bagunça indecifrável e são nesses pequenos momentos de falha que os piores erros são cometidos.

 

Takari ficara extasiada, parada, sem ação alguma. Fugaku olhava tenso para ela. Não tinha olhar de preocupação. Sequer de medo. No fundo da negritude de seus olhos só havia espaço para vigor e satisfação, como se agora todos os problemas dele fossem se resolver apagando-se para sempre a memória da quase inexistente Uchiha bastarda.

 

“Vamos logo... Será que ela terá coragem? Ela não pode desistir... Não agora. Está tão perto. Tão perto de eu me livrar desse encosto para sempre.” Pensava o Uchiha tentando conter um sorriso de gratificação. “Puxe o gatilho logo! E essa vadia não mais irá existir... Parece que ela parou. Devo continuar com a pressão psicológica? Aaah devo sim.”

 

- Você fraquejou? – perguntou Fugaku friamente. – Sabia que você não seria capaz... – debochou ainda mais.

 

- Não duvide da minha coragem, Fugaku. – falou Takari sombriamente.

 

- Não era isso que você buscava durante todos esses anos? A morte? Você desistiu? Pensei que você fosse mais insistente... É melhor você decidir logo o que vai fazer. Porque uma coisa eu posso garantir: VOCÊ E AQUELE IMUNDO SÓ FICARÃO JUNTOS NO INFERNO!!!! – gritou Fugaku subitamente.

 

Os olhos de Takari se arregalaram. Orbitavam desordenadamente devido ao medo que sentia do meio-irmão, após tamanha explosão de fúria.

 

- EU JAMAIS DEIXAREI VOCÊS SE APROXIMAREM! NEM QUE EU TENHA QUE COLOCAR AQUELE RATINHO NA CADEIA! NEM QUE EU TENHA QUE TE TRANCAR NA CELA MAIS RECLUSA DE UM HOSPÍCIO NO FIM DO MUNDO! NEM QUE EU TENHA QUE EU MESMO MATAR OS DOIS! TAKARI!!! VOCÊS VÃO FICAR DISTANTES UM DO OUTRO! – berrava o homem, cuspindo cada palavra com ódio.

  

 

A garota abaixou a cabeça, mesmo estando agora em pé, cara a cara com Fugaku. Takari tinha medo de o irmão matá-la ali mesmo, caso ela não o fizesse. Mas esse medo ia desaparecendo lentamente, devido à decisão final da garota.

 

- EU JURO TAKARI!!! NEM QUE ISSO CUSTE MINHA VIDA, MAS EU NÃO VOU DEIXAR VOCÊ SE CASAREM! MAS SE EU FALHAR, ESCUTE BEM, ESTOU TE ROGANDO UMA PRAGA, A VIDA DE VOCÊS SERÁ UM INFERNO, SEUS DESCENDENTES SERÃO MISERÁVEIS E MORIBUNDOS!!! VOCÊ NUNCA SERÁ FELIZ!!! ESSE É O PREÇO QUE SE PAGA POR DESGRAÇAR UMA FAMÍLIA INTEIRA. ESSE É O PREÇO QUE VOCÊ PAGA POR ACABAR COM A MINHA FAMÍLIA!

 

Fez-se silêncio. O olhar de Fugaku perfurava Takari, e ela não tinha certeza se conseguiria encarar aquele ódio todo.

 

- Você veio ao mundo para morrer! Ninguém te quer aqui! Vá logo! Dispare seu último tiro. – continuou Fugaku agora retomando a voz mais baixa, mas ainda cheia de raiva. – Se você não fizer isso logo, Takari, eu te mandarei no primeiro vôo para Munique, num lugar que ninguém mais poderá te encontrar. E se aquele Hatake te procurar uma vez, apenas uma vez, eu irei matá-lo!

 

- Você não pode fazer isso! – gritou Takari subitamente. – Assassino!!!

 

- Então faça logo o que você está incumbida. Puxe logo o gatilho e vá direto para o inferno!

 

Takari não tinha medo de morrer. Seu maior medo era estar distante de Kakashi. Não suportava sequer pensar que o Uchiha pudesse fazer algum mal a seu eterno amado. E então, ela tomara sua decisão. Não havia mais volta. Resolveu prosseguir.

 

Lentamente, ela ergueu o braço, com o revólver empunhado. De forma triste, ela levanta o rosto. Olha para o meio-irmão ternamente, como se sentisse uma paz interior imensa. Ela sorri com os lábios formando uma linha avermelhada. Seu rosto não demonstrava dor nem tristeza. Era apenas uma alegria intrínseca se misturando à imagem de mártir provocada pelo sangue escorrendo em sua tez.

 

 

- Eu estou apenas tentando matar a dor... receio admitir que eu falhei na minha promessa, querido. Eu tentei, mas vejo que nós dois nunca ficaremos juntos. Nunca... pelo menos nesse mundo frio e reprimido. Pode parecer egoísmo de minha parte, mas eu não queria que você morresse comigo. Mas partir sozinha me assusta... Caso você não tiver coragem de me seguir, por favor, entenda que fiz isso por nós dois. Aproveite cada segundo da vida, como se eu estivesse ao seu lado. Vá ao litoral e veja o pôr-do-sol. Cante a minha música para as estrelas. E apenas reze. Reze para que eu não esteja pagando por meus pecados, vagando pelo mundo dos mortos como uma infeliz suicida. Eu tenho medo. Muito medo. Mas eu estou pensando em você. E isso me conforta, enche meu peito de alegria e de um sentimento que eu jamais sentira antes. Acho que isso é amor, querido. Eu te amo Hatake Kakashi.

 

Takari pronunciara essas últimas palavras, como se Kakashi estivesse ao seu lado, ouvindo... Mas ele não estava. O vento apagou sua bela declaração de adeus. Somente o maldito homem que ali estava ouvira sua confissão tão íntima, que seria esquecida para sempre.

 

A garota de belos e longos cabelos negros, pele pálida e olhos da cor do oceano abaixa o rosto. Leva o revólver até sua têmpora e o encosta simbolizando que em questão de segundos dispararia o gatilho. Ela fecha os olhos para tentar esquecer da dor. Seu braço tremula, mais ainda sim a arma permanece apontada. Takari suspira... Seu dedo começa a se mover prestes a finalizar sua vida com um tiro na cabeça.

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Here Without You" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.