2020. POV EMMA.

Eu não podia mais suportar os dias sem ela e misteriosamente Regina me procurou virtualmente. Conversamos por alguns dias, eu sei que ela ainda sente minha falta e me arrisco a pensar que pensa em mim eventualmente.

O que mais me surpreendeu foi quando ela me disse: "Depos de você, Emma, vieram várias outras, e nenhuma delas, nenhuma, chegou aos seus pés, mas com ela é diferente. Ela me lembra você em vários aspectos inclusive, ela faz com que eu me sinta segura com relação ao meu futuro."

Olhei para a cozinha e suspirei alto, infeliz. Eu sou infeliz, eu sempre fui infeliz nesses meus malditos 28 anos de existencia inútil, exceto, claro, pelos quase três anos que passamos juntas. Quando Regina estava comigo eu me sentia bem, até perdi o costume de me cortar por ela e larguei todas as tentativas frustradas de suicídio.

Eu me lembro da cara de decepção com a qual ela me olhou uma vez, quando viu meus cortes. Eu nunca mais me machuquei, em todos esses anos, eu nunca mais me permiti fazer algo assim por ela, com medo de que ela voltasse e eu a decepcionasse de novo. Eu não suportaria decepcioná-la novamente.

Regina tem esse jeito de entrar no coração das pessoas, sabe? De encantá-las com seu jeito. Regina cultivava todo mundo. Não conheci um ser vivo até hoje que não tenha caído em suas graças.

Talvez fosse seu sorriso, ou a forma como ela te olhava nos olhos, te desnudando até a alma, que chegava a constranger o quão fundo ela chegava. Eu esquecia do mundo com aqueles olhares. Eu me sentia tão viva e completa. Eu sempre soube que ela iria embora, um dia, que ela era muita areia para o meu caminhãozinho.

Então acabei chegando à minha maldita decisão: Toda história precisa de um ponto final, seja ele para o começo de um novo capítulo ou para dar um foda-se e mandar pra impressão de 1000 cópias que eu queimarei depois, imaginando que ela jamais leria uma linha do que eu escrevi sobre nós.

Descobri onde ela estava trabalhando, não fora difícil, já que Regina é a prefeita da cidade de Storybrooke hoje. Me arrumei da melhor forma possível, até brilho labial eu fiz questão de usar.

Chovia torrencialmente por aqui, em Storybrooke dava pequenas pancadas de chuva e parava, mas eu não me importei de tomar chuva por ela, jamais me importaria. Agua é algo tão irrisório perto do desespero de não tê-la nunca mais.

Esperei ansiosamente do outro lado da rua, esperando que ela saísse pela maldita porta, que ela viesse em minha direção e me virasse um belo tapa na cara ou chamasse a polícia e me colocasse ums restrição, por que, de alguma forma, eu merecia isso. Não devia ter ido até ali, era moralmente incorreto. Mas era o que eu precisava fazer, era a nossa ultima chance.

A verdade, é que eu nunca em minha vida fiquei tão malditamente nervosa como estava ali. Meu coração pulava na boca a cada pessoa que saía do prédio da prefeitura, depois de tantos anos eu até pensei que podia me confundir, que podia não reconhecê-la, e ela podia escapar por meus dedos.

Só conseguia pensar nisso. O tempo inteiro, as mais de duas horas que fiquei alí na esquina, esperando-a sair.