A Casa De Hades escrita por Renato


Capítulo 6
Capítulo 7 - Percy


Notas iniciais do capítulo

Mil perdões pela demora, tive imprevistos hoje.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/322624/chapter/6

Percy

Percy se abraçou com Annabeth e fechou os olhos, esperando a morte chegar. Quando chegarem ao fundo, ele caiu sobre alguma coisa que amorteceu sua queda. A criatura soltou um grunhido e foi puxada por uma coisa que Percy não conseguiu ver. O monstro arrastou Annabeth pelo pé, mas Percy sacou a espada e cortou a teia que os conectavam, libertando Annabeth.

– Onde estamos? – ele sussurrou para ela.

– No Tártaro, Cabeça de Alga. – ela sussurrou de volta.

Percy levantou sua espada que emitia um brilho fraco cor de bronze, servindo de lanterna.

Annabeth deu alguns passos e pegou duas coisas no chão e as levantou na altura do rosto. Era a adaga dela e o laptop de Dédalo. Ambos não pareciam danificados, apenas sujos.

Ao longe, alguma coisa não muito pacífica rugiu de ódio. Percy analisou o local. Era uma espécie de salão sem iluminação, com dois corredores muito escuros, que seguiam em direções opostas. O chão era de pedra e carregado com muita magia. Annabeth o abraçou e ele sentiu o coração dela pular. O rugido se tornava mais alto a cada momento.

– Temos que sair daqui. Você consegue andar? – ele perguntou.

– Sim, e você?

– Também. Acho melhor irmos por aqui. – Percy apontou para o lado contrário de onde vinham os rugidos.

– Vamos logo. – ela chamou.

Os dois correram, com faca e espada nas mãos. Percy iria continuar correndo até cair no fundo, mas Annabeth o puxou.

– Meus deuses. – ela exclamou.

Percy gelou. O lugar onde eles estavam era um dos menores buracos das paredes. O lugar tinha várias aberturas nas pedras, alguma com grades, onde os monstros rugiam ferozes. Outras estavam abertas, com monstros saindo e entrando. Vários deles gritavam entre si e começavam a lutar, até que um era derrotado e carregado para uma cela. Os vitoriosos desciam mais para o fundo onde brigavam mais e formavam grupos que desciam juntos.

– A parte mais sombria do Mundo Inferior, o lugar onde nenhum deus, nem semideus ousou entrar. – disse Annabeth, tremendo.

Percy olhou pra cima e teve vontade de desmaiar. Os monstros mais medonhos possíveis caiam constantemente no Tártaro, mas alguns eram capturados por coisas que pareciam uma mistura de língua com garras. Essas criaturas agarravam o monstro e o tragava para um buraco.

Assistir a tudo aquilo era torturante. Percy entendeu o que Nico sentiu quando entrou ali dentro. Qualquer um ficaria maluco se entrasse ali sozinho. Mas Percy tinha Annabeth, ele tinha que conseguir.

– E então, para onde vamos? – ela perguntou.

– Eu prometi a Nico que iriamos nos encontrar nas Portas da Morte. Ele vai levar os outros para Épiro.

– Então precisamos ir para lá também.

Então um monstro rugiu e apareceu ao lado deles. Agora que estavam próximos, Percy lembrou que já tinha escutado aquela criatura antes. Um deles estava no navio que ele destruiu, o Princesa Andrômeda.

– Um Drakon Aitheopian! – ele exclamou.

– GRRRAAURRR – o Drakon devolveu.

– Ele não parece muito feliz. – Annabeth disse.

Os dois se dividiram e atacaram pontos inversos do Drakon, que rugiu, mas de raiva, não de dor. Ele avançou contra Percy, que estava a 2 metros da borda do buraco. O Drakon se ergueu e avançou para abocanhar Percy, mas ele pulou para a esquerda e o golpeou no pescoço, impulsionando todo o seu peso no golpe.

O monstro tentou retornar, mas Annabeth o acertou entre os olhos com a adaga, fazendo ele se desequilibrar e cair no centro do Tártaro, onde uma língua-garra o pegou e arrastou para uma cela.

– E agora, pra onde vamos? – ela perguntou. – Não tem como descer isso ai.

– Então teremos que explorar aqui dentro.

Os dois seguiram de mãos dadas, como se estivessem fazendo um passeio em um parque e não numa prisão.

Eles seguiram pelo túnel até chegarem a uma bifurcação. Annabeth estremeceu quando pararam.

– O que houve? – Percy perguntou.

– Aqui é parecido com o local onde encontramos Jano, no Labirinto.

Percy se lembrava desse encontro. O deus Jano os encontrou no Labirinto e disse que Annabeth no futuro teria que fazer uma escolha. Essa escolha foi seguir a Marca de Atena, que resultou na queda deles naquele lugar sombrio.

– Acho que devemos ir pela direita. – ele disse.

– Eu estava pensando na esquerda. – ela devolveu.

Antes de chegarem a um acordo, uma pedra surgiu e tapou o caminho da direita. Percy tentou voltar, mas o caminho de onde eles vieram foi bloqueado. Ele golpeou a pedra, tentando parti-la, mas só causou alguns arranhões. Duas formas pesadas andavam em sua direção. Andavam não, elas trotavam e com velocidade. Percy ficou entre Annabeth e o túnel da esquerda, com a espada em mãos.

– Paz, nós não vamos machucar vocês. – um deles falou.

– Quem são vocês? – Percy perguntou.

As criaturas saíram das sombras e foram iluminadas com a luz de Contracorrente. Eles tinham o rosto e o tronco de um homem, mas a parte de baixo era de cavalo.

– Nós somos centauros, alguns dos Pôneis de Festa. – o segundo respondeu.

– O que vocês fazem aqui? – Annabeth questionou.

– Olha precisamos sair daqui, esse lugar não é seguro. Eu sou o Bill e ele é o Jon. – Bill apresentou rapidamente.

Um tremor percorreu o túnel. Bill olhou para Percy com um olhar de “eu avisei”.

– Vamos logo. – Percy disse.

Os centauros pegaram ele e Annabeth, colocaram em seus dorsos e correram pelo túnel.

Enquanto viajavam, Percy observou várias aberturas para o poço principal. Algumas celas estavam ocupadas por lestrigões, telquines e até karpoi.

Eles seguiram por túneis, bifurcações, caíram num buraco e derrotaram um lestrigão, para chegar a uma cela enorme, do tamanho de dez mansões de quatro andares. Lá dentro havia várias casas simples na área central, um depósito na esquerda, uma casa maior no norte e algumas armas e outras coisas bem afiadas na direita. O lugar era iluminado por algumas poucas tochas nas paredes e uma fogueira no centro das casas.

– Uau, uma vila dentro do Tártaro. – Annabeth exclamou.

– Nós a chamamos de Vila dos Arrependidos. É um refúgio pra aqueles seres que estão tentando se redimir de seus erros. A maioria são ciclopes, telquines e centauros que ficaram do lado errado. Alguns desistiram de ficar indo e voltando pelos mundos, resolveu ficar por aqui. E outros que não conseguem sair, como os Pégasos. A porta principal é quase impossível de passar.

Percy olhou para todos eles. Ciclopes e telquines estavam fazendo e arrumando as armas. Outros cozinhavam pedaços enormes de carne. Parecia um lugar calmo e pacífico, que não deveria estar dentro do Tártaro. Todos viviam alegres, mas carregavam suas mágoas e tristezas dentro de si, escondendo-as com sorrisos. Percy tomou uma decisão, nem pensou duas vezes.

– Nós vamos ajuda-los. – ele disse.

Annabeth o olhou nos olhos.

– Imaginei que nunca fosse dizer isso Cabeça de Alga.

Bill olhou pra eles.

– Como planejam fazer isso?

– Com a ajuda de nossos amigos. Nós temos um plano para escapar daqui. – disse Annabeth.

– Falem baixo, ninguém pode ouvir isso. – pediu Jon.

– Onde podemos conversar sobre o assunto? – Percy perguntou.

– Venham, vocês podem contar suas histórias na tenda do rei.

Percy e Annabeth seguiram os centauros até a maior das casas, que ficava no norte da vila. Alguns pégasos conversavam mentalmente e Percy se juntou a eles no caminho. Um deles até voou para o lado de Percy e acariciou gentilmente o braço dele. O pégaso era cor de caramelo, com uma crina marrom escura. Percy se lembrou de Blackjack, seu pégaso que estava em algum lugar da superfície. Sentiu saudades de casa e dos amigos, mas sabia que precisava continuar se quisesse sair dali. Tinha que se mostrar forte, pra ajudar a Annabeth.

Eles entraram na casa e Percy engoliu em seco. Ele tinha certeza de que conhecia aquele cara.

– Briareu!?

O centimano olhou, mas era diferente de Briareu. Ele era maior que o outro hecatônquiro, seus cabelos foram trançados e ele era pálido, mas com um tom arroxeado na pele.

– Não garoto, eu sou Giges, irmão de Briareu. E vocês quem são?

– Eu sou o Percy e ela é a Annabeth.

– Mestre, eles foram encontrados no túnel C-46. – disse Jon

– Então caíram no Tártaro pela entrada em Roma correto?

– Sim. – Percy respondeu.

– Eles sabem uma maneira de escaparmos daqui Mestre.

O centimano se aproximou.

– Nos conte a história de vocês, semideuses.

Percy contou tudo, de quando acordou na Casa do Lobo, até caírem no Tártaro. Giges era um bom ouvinte, ficou admirado quando Percy mencionou a luta contra Otis e Efialtes. Na parte sobre o plano de fuga, Giges franziu a testa.

– E esse plano dará certo? – ele perguntou.

– Temos quase certeza que sim. – Percy respondeu.

– Acho que vocês devem treinar e esperar aqui por um tempo. O caminho até lá é difícil pra aqueles que são do bem. Aquele lugar é carregado de uma magia negra sem fim.

– Então, vamos treinar aqui e armar um plano. – disse Annabeth.

Os três deram as mãos e fecharam o acordo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam? Aumentei um pouco pra compensar.
O próximo será especial, narrado pelo ponto de vista do Leo.