A Caçadora E O Vampiro escrita por Dory


Capítulo 4
Nova cidade, novas pessoas, nova vida...


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!!! Mais um capítulo para vocês...
Não sei o que pensar desse capítulo, tem vezes que ele me parece legal, mas tem vezes que ele me parece horrível... Ele vai tratar um pouco dos primeiros dias da Millie e do Mike na faculdade...
Espero que gostem!!!



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“Animada para o primeiro dia de aula?” perguntou Mike enquanto eu colocava café nas nossas canecas e as levava para a mesa da cozinha.

“Nem um pouco” falei, tomando um gole e queimando a língua no processo.

“Pra falar a verdade, nem eu” falou, me fazendo sorrir com sua expressão.

“Você sabe o que vai estudar?”

“Não, você sabe como o Dean é, ele sempre dá as informações pela metade para nos pegar de surpresa” falou, tomando um longo gole de café logo em seguida. Eu não sabia o que ia estudar tampouco e tinha que concordar, D sempre omitia certos detalhes da gente.

Terminamos de comer em silêncio. Levei as louças para a pia e lavei-as rapidamente, pegando minha mochila e indo em direção ao carro com Mike me acompanhando. A cidade era pequena – que surpresa – e a faculdade não ficava muito longe de casa. Pegamos a estrada principal que, infelizmente, era toda cercada por árvores altas e outras plantas verdes impossíveis de serem identificadas com o carro em movimento – não as reconheceria mesmo se as olhasse por horas, mas isso não vem ao caso.

A faculdade era grande e, como tudo nessa cidade, era rodeada pela floresta. O campus tinha cinco prédios de três andares cada, um centro esportivo, uma capela e uma praça de alimentação. Era um lugar grande demais para uma cidade pequena demais, mas, por ser uma faculdade reconhecida em todo o estado, muitas pessoas de outras cidades a frequentavam, o que disfarçava o fato de ser imensa para uma cidade microscópica.

Estacionamos o carro em uma vaga perto da portaria e caminhamos até o prédio principal para conseguirmos informações. Como esse seria o primeiro dia de aula, ninguém estranharia o fato de estarmos totalmente perdidos. Subimos um lance de escada e saímos em um corredor onde, atrás de um balcão, uma mulher idosa estava fazendo anotações. Ela tinha um rosto bonito para a idade, com poucas rugas, cabelos brancos e olhos claros. Vestia um moletom cinza e tênis pretos. Quando nos aproximamos, ela levantou a cabeça do caderno para nos olhar e sorriu.

“O que posso fazer por vocês?” perguntou simpaticamente.

“Queríamos saber nossa grade de horários” falei, sorrindo.

“Posso ver as carteirinhas de vocês?” pediu. Entreguei minha carteirinha de acesso à faculdade e Mike fez o mesmo.

Não demorou muito e ela nos entregou duas folhas de papel impressas com nossos horários, o nome do curso no qual estávamos inscritos estava escrito no topo da folha, no verso havia um mapa do campus. Fiquei surpresa ao olhar o que iria cursar. Letras, algo com o que estava familiarizada. Agradecemos e saímos para o ar frio de outono que tomava conta do campus.

“Eu estou cursando Advocacia, da pra acreditar?” comentou chocado.

“Eu vou estudar letras” falei, me sentindo mais animada do que pensei que fosse ficar com o fato de estar na faculdade.

“Se deu bem” respondeu mal-humorado “Você faz ideia de quantos livros chatos vou ter que ler?”

“Para de reclamar” falei, dando um soco em seu braço, rindo.

“Vamos chegar atrasados se não começarmos a andar” falou, ainda bravo com seu curso. Ri e comecei a andar em direção ao prédio B, vendo-o andar para o prédio G, que ficava do outro lado do campus.

A sala já estava quase cheia quando cheguei. Achei uma carteira vazia não muito no fundo da sala e me sentei, colocando minha bolsa no chão ao meu lado. Dei uma olhada rápida pela sala, tentando reconhecer algum rosto de meus novos colegas de classe. Quando estava para desistir, um rosto se destacou dos outros, não muito longe de onde estava sentada. Não tinha olhado muito para as fotos, não me sentia muito interessada por elas, mas aquele rosto eu tinha memorizado, o reconheceria em qualquer lugar, tinha certeza sobre isso. Ele se virou para me olhar, virei-me para frente novamente, me sentindo corar e tentando fazer meu coração parar de dar saltos em meu peito.

O professor entrou na sala e foi difícil de me concentrar, podia sentir aquele garoto me olhando, estava começando a me sentir desconfortável, não estava acostumada a ter esse tipo de atenção.

A aula demorou mais do que deveria, mas talvez fosse porque queria que aquele garoto parasse de me olhar – coisa que ele não fez até ouvirmos o sinal bater. Peguei meu horário para ver onde seria minha próxima aula, prédio A. Quando me levantei, pegando minha mochila, percebi que alguém passava pelo corredor ao meu lado. Ao vê-lo tão perto, meu coração voltou a ficar inquieto. Como ele pode ser tão bonito?, pensei encarando suas costas hipnotizada até ele sair da sala. Ele tinha ombros largos e musculosos, seu cabelo era de um castanho escuro quase preto e estava bagunçado, mas de um jeito que lhe caía bem.

Suspirei e saí da sala, lutando contra as emoções que se apoderavam de mim, emoções com as quais não estava acostumada a lidar. Talvez eu consiga ser normal afinal, pensei caminhando sentindo o vento frio de outono me atingir ao sair do prédio.

O dia se arrastou lentamente, não tinha certeza mas eu achava que havia conhecido – na verdade apenas visto – a maioria das pessoas com as quais teria que me “enturmar”. Quando cheguei de viajem no dia anterior, sabia que teria que pegar as fotos novamente porque no dia seguinte teria que ir para a faculdade, mas a vontade de trabalhar nesta missão parecia estar se escondendo de mim. Quando o sinal tocou, nos liberando para o almoço, Mike estava me esperando no lado de fora do prédio. Andamos até o refeitório silenciosamente, indo até uma das lanchonetes para comprar o almoço. Sentamos em uma mesa vazia longe das pessoas para que pudéssemos conversar sem sermos interrompidos e sem escutarem nossa conversa.

“Como foi seu dia?” perguntou Mike, dando uma mordida em seu croissant.

“Chato, mas nada com o qual não possa lidar.” tomei um gole do meu refrigerante “Como foi o seu?”

“Um pesadelo” revirou os olhos. “Conheceu alguém das fotos?”

“Eu vi alguns deles, mas não tenho certeza de que são realmente eles, não tentei decorar os rostos ainda” comentei, sabendo que ele não iria gostar.

“Você sabe que tem que olhar aquelas fotos, não sabe?” falou, seu tom de voz era de reprovação “Millie, essa missão é importante e vai render uma boa grana pra gente, o dinheiro já está quase acabando, você sabe disso.”

“Eu sei” suspirei, sentindo-me como uma criança que fez algo errado e estava levando um sermão “Não se preocupe, vou dar uma olhada depois, ainda temos bastante tempo para conseguirmos completar a primeira parte da missão. O D não deu um prazo pra gente, Mike” falei, tentando me explicar, não estava com humor para escutá-lo reclamar de minhas atitudes.

Terminamos de almoçar em silêncio. Estava admirada com a faixa etária das pessoas que estudavam ali, achava que seria a mais velha entre eles, mas não. A faculdade tinha uma longa lista de espera e, quando as pessoas conseguiam finalmente ingressar lá, já estavam com vinte e poucos anos, o que tornava as coisas um pouquinho mais fáceis para mim – apesar de achar que seria muito difícil mesmo assim, não era uma pessoa muito social.

As aulas seguintes foram chatas – as matérias eram interessantes, mas demorou muito para acabar, não via a hora de poder ir para casa e relaxar.

A última aula foi mais interessante, apesar de ter sido um grande choque quando o professor entrou na sala.

“Boa tarde” falou “Meu nome é Taylor Vincent e vou ser o professor de literatura de vocês” meu rosto estava em choque, meus olhos alarmados. Não acredito que D contratou Taylor para me vigiar, pensei estupefata. “Na aula de hoje vamos falar sobre um livro sobre o qual vocês já devem ter ouvido falar: Drácula” falou, sem olhar para a sala, tirando um livro de sua bolsa. Mostrou-o para a classe, finalmente olhando o ambiente a sua volta. “Espero que já tenham lido esse livro, se não, vão ter que se apressar para lê-lo, vamos trabalhar com ele essa semana”

Ele só pode estar brincando, estudar Drácula, um vampiro, enquanto ele é um caçador..., pensei, ficando cada vez mais estupefata e desconfiada com aquele homem de rosto sério.

“Alguém pode me dizer o que o dia 4 de Maio significa no livro?” perguntou, olhando a classe atentamente em busca de reações fora do comum enquanto se sentava em cima da mesa do professor. Ninguém se pronunciou. “Ninguém sabe?” perguntou debochado. Levantei a mão, tentando criar coragem para falar, percebi todas as cabeças na sala se virarem em minha direção. “Sim, senhorita...”

“Stewart” falei, tentando fazer minha voz permanecer estável, não era boa falando em público “O dia 4 de Maio é o dia de São Jorge, quando as forças das trevas tem mais força e influência no mundo real” terminei, chocada com a facilidade que tive para pronunciar estas palavras, mesmo com todos os olhares impressionados e intrigados que estava recebendo de meus colegas de classe.

“Muito bem, senhorita Stewart. O dia 4 de Maio era um dia muito temido pelos cidadãos daquela região...” sua palestra continuou por muito tempo, mas não consegui prestar muita atenção após perceber que aquele garoto que vira na primeira aula estava lá, me olhando do mesmo jeito que fizera anteriormente.

Não conseguia entender sua expressão e fingi estar interessada nas palavras de Taylor, me sentindo hiperventilar. Era incrível que ele conseguisse me fazer sentir assim com apenas um olhar.

Fiquei feliz ao entrar no Edge com Mike ao volante e não precisar me preocupar com olhares indesejados e um olhar específico que ainda não tinha certeza se era indesejado ou não. Com Mike tudo parecia simples e normal – tão normal quanto minha vida podia ser, pelo menos.

Ainda não estava acostumada com a casa nova, era mobiliada demais, grande demais para apenas duas pessoas, tinha aparência de antiga apesar de estar equipada com vários aparelhos de última geração, provavelmente havia sido reformada mantendo a aparência original. Cavalo dado não se olha os dentes.

As paredes eram brancas, tanto do lado interno como do lado esterno, o jardim, tanto o da frente como o dos fundos, era enfeitado com várias flores coloridas e era bem cuidado, como tudo na cidade. A sala de estar tinha um sofá de couro cor de chocolate, uma televisão de LED e um tapete vermelho com desenhos complexos que parecia antigo, apesar de bem conservado. A cozinha tinha azulejos brancos e piso de granito, os eletrodomésticos prateados conferiam ao lugar um ar moderno, diferentemente do resto da casa, um balcão de pedra dividia os dois ambientes. A sala de jantar tinha uma mesa de madeira escura com quatro cadeiras e um vaso com tulipas a enfeitava.

No segundo andar ficavam dois quartos. O que mais me surpreendeu foi o guarda-roupa, que estava cheio de roupas para mim, D tinha pensado em tudo, como sempre, porém não estava acostumada a ter várias roupas, mas diria que dessa vez ia ser necessário, não sabia quanto tempo ficaria nesta cidade.

“O que você acha que D está querendo que a gente faça?” perguntei a Mike durante o jantar.

“Não faço a menor ideia” respondeu, dando uma mordida na fatia de pizza que estava em suas mãos, sem tirar os olhos da TV. “Você tem alguma teoria?”

“Não, mas me sinto inquieta, não sei se é por causa da missão – que é totalmente diferente do que esperava – ou se é essa cidade” falei, também sem tirar os olhos da TV. Queria contar sobre o garoto das minhas aulas, mas não queria ter que responder a toneladas de perguntas que ele com certeza faria, então me calei.

Depois do jantar, Mike lavou a louça e eu peguei minha mochila e me sentei no sofá em frente a televisão para fazer as lições – apesar de ter sido o primeiro dia de aula, já estava lotada de lições e pesquisas. O telefone tocou e fui atender, apoiando-me no balcão da cozinha para atendê-lo.

“Por que você ainda não se enturmou?” perguntou o homem do outro lado da linha quando disse alô. Sabia que era D, não só pelo que falou, mas por sua voz, ele parecia estar bravo comigo.

“Oi para você também” respondi, me sentindo rude.

“Desculpe” murmurou “É só que o Taylor me falou que você não parecia ter se enturmado com ninguém. Fiquei preocupado, você sabe como essa missão é importante”

“Na verdade, não sei” falei honestamente, enquanto minhas suspeitas sobre a função de Taylor era confirmada “Olha D, para mim é muito difícil se enturmar com pessoas, mesmo sendo da mesma faixa etária que eu, não me apresse, tá legal?” respondi irritada.

“Desculpa, não era minha intenção” falou, pelo seu tom de voz parecia arrependido.

“Mais alguma crítica?” não pude evitar ser arrogante, não estava com humor para broncas.

“Não, só me mantenha informado, ok?”

“Certo” falei, desligando.

Fui para a cama cedo com o pretexto de querer relaxar de um dia cansativo de aula. Tomei um banho quente, que parecia queimar nos primeiros instantes, mas acabei relaxando conforme a água batia em meu corpo, causando calafrios esporádicos quando o vento que entrava pela janela tocava minha pele quente demais. Me enrolei em uma toalha e fui até o quarto colocar o pijama, me enfiando embaixo das cobertas rapidamente. Tirei da gaveta do criado-mudo o envelope que Dean me dera e analisei as fotos com mais interesse, me demorando mais do que deveria olhando para a foto do garoto que me olhara nas aulas.

Seu cabelo castanho escuro estava bagunçado – acho que era parte de seu visual habitual – seu rosto tinha traços suaves, seus lábios carnudos eram levemente rosados e seus olhos chocolate me olhavam com a mesma intensidade com a que me olharam hoje na faculdade. No verso da foto estava escrito seu nome: Mark Faelli.

Não percebi quando adormeci, mas ao acordar sua foto estava ao meu lado, me observando dormir. Devolvi a foto para o envelope e me levantei, nem um pouco animada para outro dia de estudos.

O segundo dia foi diferente, mas não muito. Mark continuava me olhando com a mesma expressão indecifrável em seu rosto e eu me setia desconfortável por causa disso. De novo ele não falou comigo. Na aula antes do almoço, a menina de cabelos loiros cacheados e olhos verdes, que coincidentemente se sentava atrás de mim e estava em uma das fotos do envelope, veio falar comigo quando o sinal tocou, liberando-nos para o almoço.

“Você é Camille Stewart, não é? Nós temos aula de literatura juntas no último período.” falou, sorrindo, mostrando dentes brancos perfeitos.

“Millie” corrigi, nunca gostei muito de Camille.

“Eu sou Alice Medina” falou, sem tirar o sorriso do rosto “Você quer se sentar com a gente no almoço?” perguntou enquanto duas garotas se aproximavam de nós.

“Claro” respondi, me lembrando de que tinha que me tornar amiga dela, apesar de ela não parecer o tipo de pessoa com o qual gostaria de conversar, ela pareci ser mimada, já era difícil lidar com pessoas no geral, mas pessoas mimadas só deixavam a minha situação ainda pior.

“Aquele cara que se sentou com você ontem... ele é seu irmão?” perguntou, seu rosto corando.

“Sim” falei, não queria explicar que não éramos irmãos de sangue, estava tentando evitar perguntas desnecessárias.

“Ele é bonito” olhou para o chão ao falar, sua face cada vez mais rosada.

“O nome dele é Mike, espero que não se importe se ele se sentar conosco” falei, sorrindo divertida ao assistir sua reação. Seus olhos estavam arregalados, a boca aberta para falar algo, mas não conseguia pensar em nada. Que infantil, revirei os olhos.

As duas meninas se aproximaram e fomos para o refeitório. Uma delas tinha a pele morena que eu tanto queria ter, era tão baixa quanto eu, cabelos lisos de um castanho muito escuro que emolduravam seu rosto em formato de coração, seus olhos amendoados eram gentis. A outra menina era pálida, talvez mais pálida do que eu – algo que achava impossível – tinha cabelos cor de cobre e olhos cor de mel, seu corpo era esbelto e tinha estatura mediana, parecia ser uma pessoa legal, seu rosto não transparecia nenhuma emoção, ela também estava nas fotografias do envelope.

Mike me esperava na porta do refeitório, recostado na parede tranquilamente. Percebi que, ao vê-lo, Alice corara ainda mais. Mike me olhou intrigado mas não falou nada e nos acompanhou até a fila do almoço. Nos sentamos em uma mesa no centro do refeitório. Enquanto comíamos, vários garotos vinham nos cumprimentar, mas não se demoravam, alegando que tinham que ir para o treino de futebol americano, o mais estranho era que me olhavam, me avaliando interessados, não estava acostumada com isso.

“Então, há quanto tempo vocês moram na cidade?” perguntou a morena olhando para mim.

“Nos mudamos esse final de semana”

“Vocês se mudaram por causa da faculdade?” perguntou a ruiva, olhando para Mike interessada, mas não pelo assunto.

“Sim” respondeu dando de ombros.

“De onde vocês vieram?” perguntou Alice, sem olhar para Mike ou para mim, fingindo estar interessada em sua comida.

“Viemos da Califórnia” respondi, tentando parecer convincente. Não era uma mentira completa, tínhamos vindo de lá, mesmo tendo passado apenas uma noite no lugar. Avistei Mark do outro lado do refeitório conversando com um homem alto de cabelos pretos. Acho que o encarava já que Alice percebeu meu olhar rapidamente.

“Mark” falou olhando-o “Ele é novo aqui na cidade também, se mudou ano passado”

“Ele não parece ter muitos amigos” reparei enquanto o homem se afastava de sua mesa.

“Ele se isola, ninguém sabe o por que, mas com certeza é por escolha própria” falou, encarando-o, felizmente ele parecia não ter percebido.

O almoço foi tranquilo, acabei me divertindo com Alice e suas amigas, que descobri se chamarem Sophie Steele – a garota morena - e Laureen Price – a ruiva. O resto do dia foi melhor, Sophie tinha aula de gramática comigo e Laureen de pedagogia. Na última aula estaríamos todas na mesma sala.

Caminhamos juntas para a sala de aula de Taylor, enquanto andávamos, elas comentavam sobre a aula de literatura que tivemos no dia anterior, pelo que elas falavam Taylor havia causado uma boa impressão contando sobre o Conde Drácula. Nos sentamos perto uma das outras, ao mesmo tempo perto de Mark que ainda me olhava, dessa vez parecia estar curioso, mas logo sua expressão voltou a ser indecifrável. Me perguntava qual seria seu problema, mas fiquei quieta tentando prestar atenção na continuação da palestra sobre Drácula.

“Nunca tinha visto Drácula por esse lado” falou Alice, se referindo a uma parte da aula da qual não havia prestado atenção ao sairmos do prédio, essa era uma matéria com a qual já estava muito acostumada, adorava ler e reler esse livro, mesmo sabendo que os vampiros não são exatamente como ele.

“Você vai à festa sábado?” me perguntou Laureen.

“Que festa?”

“A festa na cachoeira. É uma tradição, na primeira semana de aula todo mundo vai para a cachoeira à noite. Vai ser legal, cerveja de graça, meninos bonitos...” falou sorrindo com o pensamento. Sophie revirou os olhos rindo.

“Vocês deviam ir” falou, olhando-me sincera “Nós vamos se reunir na lanchonete para uma cerveja antes de irmos”

“Talvez eu vá” respondi.

“A gente se vê depois” falou Alice, as três se afastaram, me deixando sozinha com Mike.

“Você vai?” perguntou Mike enquanto íamos para o carro.

“Vou sim, vai ser uma boa oportunidade para conhecer as pessoas que D quer tanto que eu conheça” falei, revirando os olhos.

“De qual lanchonete elas estavam falando?”

“Da única lanchonete da cidade, é claro” falei com um tom de deboche na voz.

O resto da semana passou sem mudanças. D não me ligou mais, o que era um bom sinal, devia estar me saindo bem, ou ele não queria me apressar de novo. Por mais que não quisesse admitir, estava ansiosa para ir a festa, talvez ele estivesse lá...

Quando o sábado finalmente chegou, me sentia feliz. Eu podia me acostumar facilmente com tudo isso. Você está em uma missão Millie, se concentra, pensei, me tirando de meus devaneios, estava ficando difícil de ver minha vida nessa cidade como uma missão, me sentia bem , acho que poderia até tentar ser normal. Meu celular vibrou em cima do criado-mudo e corri para atendê-lo.

“Millie, sou eu” falou Alice do outro lado da linha. Sua voz melódica impossível de não reconhecer.

“Oi, Alice” falei, me jogando na cama sorrindo. Ser uma pessoa normal não é tão difícil assim, pensei animada.

“A gente vai se reunir na lanchonete às 7:00 p.m. para uma bebida antes da festa, você vai, né?” perguntou, tinha certeza de que fazia um biquinho esperando minha resposta.

“Claro, não perderia por nada” respondi, tomando coragem “Você sabe se o Mark vai?”

“Não sei, ele não me parece o tipo de cara que iria em uma festa dessas, mas quem sabe?” respondeu “Tem um amigo meu que queria te conhecer”

“Sério?” perguntei surpresa.

“Sim, o nome dele é Luke, ele está no segundo ano, joga no time de futebol da faculdade” falou divertindo-se com minha reação “Não se preocupe, ele é bonito, não vou te empurrar para ninguém feio, merece mais do que isso.”

“Você está querendo alguma coisa” afirmei, estranhando o excesso de elogios que estava recebendo.

“Bem, eu estava pensando... se você podia me dar uma ajuda com o seu irmão” falou hesitante.

“Vou ver o que posso fazer” falei rindo.

“Te vejo mais tarde” falou, desligando rapidamente envergonhada.

Depois de tomar um banho demorado, fui até meu armário achar uma roupa para vestir. Não sabia o que usar em uma ocasião dessas e acabei escolhendo um vestido preto, uma jaqueta de couro cinza e botas de salto e cano baixo de camurça cinza. Saí de casa apressada pegando minha bolsa preta que estava em cima do sofá, não queria me atrasar. Mike não me acompanhou, mas disse que iria para a festa mais tarde.

A lanchonete não ficava muito longe de casa, somente alguns quarteirões de distância. Ficava em uma esquina, na calçada ficavam algumas mesas de madeira que já estavam ocupadas, tinha grandes janelas nas laterais e no segundo andar tinha uma varanda pequena que circundava toda a extensão do prédio. O lado de dentro era rústico, tinha piso de madeira, mesas e cadeiras de madeira antigas e levemente acolchoadas com estofado de couro vermelho. Decidi me sentar no bar para esperar. Sentei em uma banqueta perto da porta, apoiando-me no balcão

“O que vai querer?” perguntou um homem loiro de olhos azuis, ele não podia ser muitos anos mais velho que eu, ele sorria maliciosamente.

“Uma cerveja, por favor” pedi, ele era bonito, seus olhos eram gentis e acolhedores. Ele trouxe meu pedido rapidamente e foi atender outra pessoa não muito longe dali.

Meu celular vibrou. Era uma mensagem de Alice, elas iam se atrasar. Suspirei, teria que esperar sozinha, considerei a ideia de puxar conversa com o barman, mas não era boa nisso.

“Posso me sentar?” perguntou uma voz suave e melodiosa. Me virei para ver o dono daquela voz. Senti meu rosto ferver enquanto minhas bochechas com certeza ficavam rosadas.

“C-claro” gaguejei, surpresa demais para formular uma frase melhor. Ele estava ali.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? podem ser sinceros...
Deixem um cometário e façam uma escritora feliz!!!



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