Nicole escrita por AnaBarrooos


Capítulo 2
Capítulo 1




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Sai do carro. Respirei fundo. Realmente, agora começaria meu inferno particular. Escola. Aula. Para quê tudo isso? Segundo a minha avó seria uma ótima chance de recomeço, mas na minha humilde opinião, é uma forma de piorar meu lado depressivo. Quer coisa pior do que ser julgada? Excluída? Estigmatizada como a pobre coitada da escola?

                É incrível como as noticias correm rápido nessa minúscula cidade. Eu já fui chamada de preguiçosa, masoquista, bruxa e outras coisas muito piores. Cidades do interior, sempre, carregam consigo velhas lendas e tradições que nunca, jamais, são quebradas. E, o pior disso, é que as pessoas acreditam nessas besteiras despropositadas. Acreditam na caças às bruxas e, se duvidar, em lobisomens. Faça-me o favor!

                Sabe, será que ninguém nunca ensinou a eles que encarar as pessoas é uma tremenda falta de educação? Não, eu acho que não pelo jeito como me olham, eles não devem ter nenhuma noção de bons modos. Credo!

                Andei indignada com o que me cercava. Prédios que mais pareciam casa. Paredes brancas manchadas pelo tempo. Árvores que cresceram, nitidamente, de forma aleatória. Muro feito de grades pretas com uma plaquinha com letras tortas e borradas em que se lia “Godric high school”. Aquilo era um caótico resumindo-se, portanto, a um centro de alienação, que claramente só servia para criar seres ainda mais depravados e antiquados quanto seus pais.

                - Ola, em que posso ajudar? – a recepcionista disse com um entusiasmo, que deveria servir para nós duas, porque, com toda certeza, eu não tinha nenhum. E, piorando a situação, a voz dela causava-me náuseas, parecia fingimento. Algo forçado e, mais uma vez, pude observar em seu olhar um sentimento de pena que estava deixando-me a beira de um ataque de pânico.

                - Oi – respondi secamente, sem a menos tentar camuflar meu contragosto por aquele ambiente que me sufocava. Eu não conseguiria ficar ali por muito tempo. – Vim pegar meus horários de aula e o mapa da escola – por mais que eu saiba que nenhum lugar minúsculo como esse precise de um mapa. Afinal de quantas maneira diferentes posso me perder aqui?, completei a frase em meus pensamentos.

                - Claro. Espere um minuto, querida – Era visível que ela percebeu que eu falaria somente o necessário. Assim de uma maneira curta e grossa. – Aqui – Ela entregou-me dois papeis. Olhei o referente ao horário instantaneamente. Droga! Aula de Educacao física! Eu tenho que arranjar alguma desculpa. Desmaiar, fingir torcer o pé, sei lá. Qualquer coisa era melhor que isso. Eu cortaria os pulsos se preciso fosse. Uma coisa eu tinha certeza: eu iria faltar essa aula de um jeito ou de outro.

                - Obrigada – disse enquanto virava-me em direção a porta.

                - Sejam Bem-vinda Godric High School – foram as ultimas palavras que a ouvi gritar enquanto sai pela porta. Como posso ser bem-vinda se todos me olham como algo exótico? Como posso me sentir em casa se sou, claramente, uma aberração dentro desse inferno.

                Continue avaliando o horário enquanto caminhava pelos corredores. Fisica. Sociologia. Educacao Fisica. Biologia. Ótimo, com exceção da aula de sociologia, o meu dia seria um completo fiasco. Nunca fui boa em nada que exigia cálculo, coordenação motora ou uma memória boa para nomes estranhos. Perfeito!

                A sala de aula conseguiu espantar-me mais do que a escola como um todo; Cadeiras pretas; Paredes desbotadas; Um quadro negro; Uma janela de ferro de frente para a porta; Turma cheia. Procurei pelo lugar mais afastado que pudesse encontrar. Otimo. Ultima cadeira fim da sala do lado esquerdo. Fundão meu lugar preferido.

                Lá quem sabe eu posso até tirar um cochilo ou quem sabe viajar para um lugar bem longe da sala de aula. Escrever no celular ou simplesmente desligar-me para o quê o professor falava. Sentei-me e fiquei com a mente bem distante até que um ser exótico, para não dizer nada pior entrou nada sala.  Baixo, parecendo que tinha barriga d’água, careca, com um óculos que parecia cobrir toda sua carranca e, pior, ainda era manco. Diante dessa cena, concentrei-me ao máximo para não rir daquele anão aleijado  do papai Noel. Agora, se duvidar, terei pesadelos na aula dele caso tente dormir!

                - Abram na pagina 50. – Credo, assim mesmo? Sem bom dia? Sem nem um oi? Olhando pelo lado positivo ele não pediria para os alunos novos se apresentarem. Tenho a nítida suspeita que eu, provavelmente, sou a única aluna nova, já que todos me conhecem, ou pensam que me conhecem, as apresentações são dispensáveis.

                Hidrostática?  Otimo, agora é oficial: Eu estou mais do que ferrada.

                Fui arrastada em meio a multidão que, assim como eu, desejavam desesperadamente sair daquela aula. Às duas horas anteriores tinham sido uma bela punição a todos, mas principalmente, para mim tinha sido um verdadeiro tormento. Tentei dormir, com muito afinco na aula de física, e quando retornei do meu pequeno cochilo me deparei com o anão esquisito encarando-me excessivamente e com uma carranca que mostrava que não toleraria aquela atitude na sua aula

                - Sabe turma, alguns alunos acham-se privilegiados por serem retratados como os pobres-coitados da cidade. Todavia, eu não entendo o porquê, então, desses alunos tão especiais estarem na minha humilde aula. Já que eu não sou tão qualificado para educar esses superdotados. E só estudei minha vida toda para isso mas, claro eles merecem coisas melhores. Afinal, eles devem ser tratados com bibelô já que são órfãos. – Quando acabou de falar, o que evidentemente foi direcionado especialmente para mim, encarou-me de um jeito que arrepiou a minha nuca. Tentei mostrar-me indiferente, por mais que, estivesse, agora, travando uma batalha intensa com as lagrimas que queria sair dos meus olhos. Não, eu não daria esse gostinho a ele. Nem a ele e nem a ninguém dessa sala. Se chorasse agora seria marcada, eternamente, como uma chorona. Eu não iria desmoronar, não aqui, não agora. Em casa, trancada na escuridão, sem ninguém para escutar meus soluços, lá sim, eu poderia desabar, mas aqui seria invicta.

                Respirei fundo, contei até dez e coloquei meu melhor sorriso no rosto. Eu tinha um lado sádico, ele nunca havia me servido para muita coisa, até hoje. Quando se deparou com o meu sorriso o gnomo distorcido de jardim teve o seu rosto irônico dissolvido e demonstrando uma nítida frustração. Ele esperava que eu agisse como uma menininha e corresse para o banheiro para chorar, mas eu não sou isso. O meu premio foi muito maior do que esperava, as lagrimas secaram e realmente me senti feliz ao ver a derrota estampada em seu rosto.

                Ao respirar fundo, depois que fui arrastada até o corredor, senti-me leve. Agora, era o momento de fugir dos meus tormentos. Sociologia. Por que eu gostava tanto? Sei lá, talvez por que representasse a busca da humanidade pela sociedade perfeita? Uma sociedade que nunca existiria independente do sistema político adotado. Lembro-me, claramente, de sempre achar idiota os debates sobre capitalismo versus socialismo, anarquismo versus comunismo. Nenhum desses sistemas jamais se mostrariam perfeitos, simplesmente, por serem idealizados por homens que são sempre sujeitos a erros e a atitudes egocêntricas.

                Entrei na sala e procurei sentar-me em algum lugar ao meio da sala. Eu não era do tipo que sentava bem na frente com os NERDs ou CDFs. Mas como essa era minha aula preferida não queria sentar-me no fundão. Eu não iria ter vontade de dormir, não iria viajar. Iria, pela primeira vez no dia, prestar atenção na aula.

                Logo depois que me sentei, entrou na sala uma mulher, aparentemente, com 40 e poucos anos. Tinha um cabelo escuro, baixa e com um cara sorridente. Ela puxou a cadeira para o meio da sala e sentou-se em frente aos alunos.

                - Bom dia, meu nome é Sophie Watson – ela disse demonstrando uma felicidade que, realmente, pareceu contaminar a sala como um todo. – Hoje, eu estava pensando em fazer um debate. Não sei se vocês têm lido alguns jornais ou se assistem noticiários, mas eu queria tratar de um assunto que vem sendo bem discutidos no momento. Alguém tem alguma idéia de assunto se trata?

                - Pena de morte. – um garoto loiro, sentado lá no fundão respondeu.

                - Muito bem, Alec. – Sra. Watson pareceu feliz, ao saber que pelo menos um aluno assistia a noticiários. Poderia muito bem ter estourado a terceira guerra mundial que, dentro da minha escuridão não teria percebido, absolutamente, nada. – Hoje, eu queria que vocês se posicionassem à favor ou contra essa medida. Organizem seus argumentos e em 20 minutos começaremos os debates.

                Eu, com toda certeza, seria contra tal medida. Por vários motivos, mas principalmente, por acreditar que ninguém, sob nenhuma circunstancia, tem o direito de tirar a vida de uma pessoa seja ela qual for. Sempre encarei a pena de morte, também, como uma forma de escapar de uma punição mais severa. O culpado deveria sofrer e, não ter o sofrimento terminado com a sua morte. A quem acredite, é claro, que um sofrimento maior estaria por vir depois da morte: o inferno. Eu discordo, como posso ter certeza de que isso realmente exista? Há, também, os condenados injustamente. Aqueles inocentes que são privados de sua liberdade, da sua família e a sua própria vida. Como é possível ter cem por cento de certeza de que o réu a realmente culpado?

                Organizei tudo que pensei num papel e me preparei para o debate. Amava isso, o turbilhão de idéias que preenchiam o meu cérebro. Os milhares de contra-argumentos que surgiam em minha mente para rebater os argumentos possíveis dos outros. Eu fui, desde pequena, ensinada a fazer isso. O clube de debates era meu maior orgulho e prazer.

                Um grupo pequeno sentado em uma mesa de circulo. Discutíamos o tema proposto para o debate, pesquisávamos argumentos, organizávamos a tese e pronto. Trabalho feito. Agora era só nós esperarmos a hora do debate. Como sentia falta daquilo, como sentia falta dos meus amigos. Eu sentia falta da minha vida!

                - Muito bem, acho que já deu tempo de todos terminarem seus rascunhos – disse a professora me tirando das minhas viagens ao passado. – Então, quem quer começar expondo sua opinião? – senti, instantaneamente que ninguém começaria. – Pois bem, eu começarei – era melhor mesmo a professora começar, antes que a sala adquirisse um silencio sepulcral. – Sei que poucos de vocês estão cientes do que é retratado pelo noticiário nos últimos dias, então, nada mais justo de que eu comece recontado os fatos.

                Ela levantou-se e foi para o centro da sala, sentou-se escorada em uma mesa vazia. Ali, com certeza, ela poderia observar a sala como um todo.

                - Willians Barns foi condenado à vinte anos atrás a pena de morte por ter cometido três homicídios duplamente qualificado e, na época, todas as pistas pareciam apontadas para ele como único culpado. Há um ano, no entanto, um advogado resolveu abrir o inquérito desse crime e pedir uma nova perícia já que, na época não existia exame de DNA. O resultado foi a absolvição do culpado que, no entanto, já sofreu a pena. Partiremos então desse ponto. Sim? – ela perguntou após a uma garota morena sentada ao meu lado levantar a mão.

                - Já descobriram quem foi o culpado?

                - Não, as provas que foram periciadas novamente são inconclusivas. A morte da família Trenks ainda é um mistério. – ela sorriu novamente para a turma – Ok, vamos voltar ao debate. Eu vou expor a minha opinião e depois vocês podem contra-argumentar. – Ela caminhou novamente a sua cadeira e sentou-se – Penso que, a pena de morte, assim como qualquer outra punição vem sujeita a falhas, no entanto, tem-se tornado eficiente em diversos locais, reduzindo a criminalidade. Em decorrência disso sou a favor dessa medida.

                - Mas, ao contrario dessa punição, as outras penas podem se reversíveis caso descubra alguma falha na investigação. – tomei coragem para argumentar. – Tendo como exemplo à prisão perpetua, a pessoa que é condenada injustamente pode ser absolvida, na pena de morte não se pode devolver a vida a quem já morreu.

                - Belo argumento senhorita...?

                - Walker, Nicole Walker. – apresentei-me e continue com o meu argumento  – A vida não pode ser tratada tão levianamente se comparada com a liberdade de ir e vir de uma pessoa. E seria, portanto, utópico falar que a justiça foi feita só porque o preso foi condenado à morte.

                A sala toda me encarava boquiaberta, eu não entedia muito bem o motivo para tal reação, mas atribui ao fato de que, provavelmente, eles não estariam acostumados com debates como eu estava. Eles, provavelmente, estariam acostumados a aceitar o que realmente é imposto pela mídia repetindo, portando, os mesmo argumentos. Esse momento mostrou-me claramente o processo de alienação presente nessas cidades pequenas.

                - Alguém discorda desse pensamento? – a professora perguntou tentando estimular mais aos outros alunos.

                - Eu – Alec levantou a mão. – Se não defende a pena de morte é a favor então da prisão perpetua como uma medida mais rígida e eficiente? – perguntou enquanto se inclinava sobre a cadeira para poder encarar-me.

                - Sim – respondi – Afinal, se pararmos e analisarmos a pena de morte não é o sistema mais eficiente do mundo. No meu ponto de vista, a pena de morte tornou-se uma forma de escapar de uma punição mais severa.

                - Acha que a morte torna-se uma válvula de escape? – Perguntou intrigado com o que havia falado. Era evidente que nós dois havíamos monopolizado o debate.

                - Claro que sim. A pessoa que morre ganha o direito de descansar. – disse friamente, essa idéia sempre fui imutável para mim.

                - Então você não acredita no céu ou inferno? – ele perguntou parecendo aturdido com a idéia que apresentei. Acho que ficou claro que não acredito no binômio céu-inferno. Era típica reação de uma cidade de interior, acreditar que quem fez coisas boas durante a vida teria o seu pedacinho no céu enquanto que quem fez coisas ruins teria um lugar no inferno, no purgatório, portanto, ficariam quem fosse indeciso, o típico em cima do muro. Mas um argumento invalidaria isso: O equilíbrio entre o bem e o mal, yin yang, ninguém é cem por cento bom ou ruim. Todos, temos que conviver com esses dois lados e escolher qual deles deixaremos prevalecer sobre o outro.

                - Não, eu não acredito – respondi de forma curta e direta. – E sim, eu sou ateia. Acredito apenas no que vejo. Mas essa não é a questão a ser discutida – sabia que se continuasse a responder esse questionamento eu entraria em um circulo vicioso de perguntas sobre a minha vida o que, realmente, não me levaria a lugar algum. - No caso de um psicopata, por exemplo, é obvio que a vida, para ele, não tem significado algum. A liberdade, por outro lado, torna-se importante para esse individuo, afinal, sem isso ele não poderia cometer mais crimes que tanto anseia.

                - Ótimo, suponhamos que a sua visão seja aceita pelo governo e a pena de morte seja substituída pela prisão perpetua, já imaginou o gasto que isso iria ter para os cofres públicos? – Tenho que admitir que esse, realmente, foi um bom argumento. Eu sabia que presos custam horrores ao governo, mas também havia o outro lado da moeda – Já pensou que isso iria causar a superlotação das prisões?

                - Talvez as pessoas pensassem mais antes de cometer algum crime, afinal ninguém quer perder a liberdade...

                - Eu discordo – ele interrompeu meu pensamento – ninguém quer perder a vida...

                Antes que ele pudesse terminar o seu raciocínio e eu contra-argumentar o sinal tocou. Fiquei assustada ao perceber que a aula tinha passado tão veloz e me frustrado ao lembrar que agora começaria o meu pior tormento: Educação física

                - Bem alunos, continuaremos esse debate na próxima aula. – Agora parecia, nitidamente, que a professora tinha se animado com o debate. E, pela primeira vez no dia, estava realmente animada com a escola.

                Durante todo o caminho até o ginásio fiquei pensando em como iria faltar essa aula. Qual seria a minha desculpa? Torcer o pé? Cólica? Desmaio? Qual dessas é a melhor? Eu odiava educação física muito mais do que odeio essa escola. Iria ser meu pesadelo em uma forma mais evoluída.

                Eu tinha oito anos quando fui obrigada a entrar no time de futebol, nem preciso mencionar que eu era uma péssima jogadora, não é? Mas, eu não tive escolha. Fui obrigada a realizar alguma prática esportiva se não, não teria pontos em educação física. Eu não tinha altura para vôlei, nado tão bem quanto um macaco prego e não tenho equilíbrio e, muito menos, ritmo para ser líder de torcida. Pronto, restou-me apenas o futebol, mas claro eu sempre ficava no banco. E, era assim que eu queria.

                Só que por uma peça do destino minha vida não seria tão fácil assim! Final entre Gangster – meu time -  United. Esse era o grande dia. Nada podia dar errado, nada. Exceto uma coisa: eu no campo jogando! Três atacantes contundidos, não havia mais ninguém. Só eu no banco encostado no lado mais esquerdo querendo ficar invisível até fim do jogo.

                Só faltavam 15 minutos. Não tinha como eu ser chamada. Dizia isso para mim mesma o tempo todo. Mas claro, por quê que eu tinha que abrir minha boca? O azar me alcançou nos dez minutos finais. A ultima atacante foi derrubada dois metros do gol e, como tudo por sempre piorar, eu era substituta.

                O jogo acabou de uma péssima maneira, cobrei um pênalti que tenho certeza que foi parar em algum lugar fora da superfície terrestre, bem próxima da lua. Depois disso, claro, postaram vídeos e mais vídeos na internet e fui expulsa, oficialmente do time.

                Senti uma pancada forte no rosto. Forte o suficiente para me tirar dos meus devaneios e arremessar-me contra o chão.


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Notas finais do capítulo

E ai? o que acharam?
Mandem reviews com a opiniao de vocês.
bjos até o proximo capitulo.



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