Oi. Meu nome é Thabata Van Matte e tenho 16 anos. Acho que é assim que começa um depoimento, não é? Devo citar onde estudo? Quem são meus pais? Isso faria alguma diferença? Porque o que estou prestes a lhe contar é um fato realmente sinistro e você provavelmente nunca vai acreditar. Acho que meus pais não interessam muito nesse caso. Pois então, só vou dizer uma vez e somente uma. Preste atenção:

Eu caí. Não como quando você tropeça no cadarço desamarrado, ou quando você se masturba assistindo pornô e fica tão excitado que cai da cadeira. Não.

Eu caí de uma escadaria.

Era final de tarde e eu havia ficado na escola até então para terminar um trabalho extenso que deveria ser entregado no dia seguinte. Mas também porque não queria ir pra casa.

Eu não gostava da minha casa.

Lembro-me que estava no quarto andar, onde ficava a biblioteca.  E onde há somente uma escadaria.Terminei meu trabalho, peguei minha bolsa e meu guarda-chuva verde e fui até as escadas no final do corredor.

Talvez minha mente esteja pregando uma peça, talvez não tenha sido isso mesmo que aconteceu. Mas eu senti mãos. Mãos que me empurraram escada abaixo e me empurraram para a minha suposta morte.

De alguma forma que jamais saberei explicar, o guarda-chuva verde escapuliu da minha mão e voou afrente do meu corpo, parando na posição perfeita antes de cair ao chão e rolar. Posição perfeita para acertar meu olho esquerdo, que antes era castanho, agora estava vermelho rubro.

Eu sei. Eu sei que isso é impossível de acreditar, afinal, eu posso não ser boa em matemática e principalmente estatística, mas sei que são incalculavelmente mínimas as chances do guarda-chuva ter acertado diretamente meu olho esquerdo

Mas aconteceu. E agora havia sangue por todo o lado. Em mim, nas escadas, no guarda-chuva verde.

Os otimistas poderiam até falar que o guarda-chuva verde agora lembrava uma melancia. Com as cores verde-limão e vermelho.

Se eu sobrevivi ao ocorrido? Então,