Eu olhei para My, ela parecia preocupada, essa coisa de enxergar almas em pencas, era horrível... Então My continuou

–Você esta muito conectada com as almas Kay, isso faz com que você as veja sem precisar atrai-las, é como se antes você tivesse que chamar, agora você consegue ver qualquer uma. – ela disse, eu não conseguia aguentar, queria que aquilo acabasse logo...

–Mylla, me ajuda por favor – disse despejando ainda mais lágrimas, lágrimas de dor, sofrimento e incerteza...

–Eu só posso fazer uma coisa pra te ajudar. – ela disse colocando sua mão sobre a minha, mesmo que eu não sentisse nada, fiquei mais confortável.

–O que?- a olhei

–Ficar longe de você, não te ver mais Kay – sua expressão se tornou triste, algo me dizia que além de um sofrimento pra mim seria pra ela também.

–Não, eu não vou abandonar uma das minhas únicas amigas eu não vou te abandonar.- comecei a tremer

–Você precisa- e ela desapareceu, eu queria ver ela de novo, continuando com as palhaçadas, os concelhos as zoações, eu não iria deixar Mylla Skalori, minha melhor amiga, desde o dia que me aparceu me dando um susto, lembro-me que as primeiras palavras dela foram “Ele é mais que um amigo pra você não é?” sim ele é respondi em minha mente, não podia suportar mais uma perda. Eu não consegui dormir, eu só chorava, chorava por ter visto a velha, chorava por causa do acontecimento na rua, chorava pela Mylla. E então eu sei que fiz errado mas chamei a minha mãe, foi difícil, eu não sabia o que estava acontecendo, eu já tinha tentado chamar minha mãe mas não havia dado nenhum sinal, porém hoje, naquela noite cheia de estrelas, nas qual eu era costumada ficar olhando com minha mãe, e como ela dizia “as pessoas que morrem viram estrelas” eu queria acreditar naquilo, mas a realidade me mostrou outra coisa.

–Filha não fale comigo- minha mãe havia aparecido em meu quarto.

–Mãe eu preciso de você, preciso dos seus concelhos! Só hoje!- disse chorando, então ela pareceu aceitar, sentou na beirada da minha cama, eu contei primeiramente sobre a senhora e ela pareceu mais assustada.

–Eu não acredito o que eu estou fazendo?!-ela disse

–Como assim?- perguntei não entendendo nada

–Eu não posso falar com você, depois você vai começar a enxergar as almas pecadoras, e sua vida será um inferno.

–Almas pecadoras? – perguntei, apesar de ter uma noção do que era.

–Sim as almas que cometeram algum tipo de pecado grave em suas vidas tem punição de vagar pelo mundo sem saber aonde ir, sem saber quem foi, ou os que estão fazendo, algumas são perigosas, outras se comportam como zumbis. – Ela me explicou, todos os músculos do meu corpo se enrijeceram, eu havia visto essas tais de almas pecadoras... Decidi contar a ela.

–Filha, não- ela parecia desesperada- eu tenho que parar de falar com você. É pro seu próprio bem.

Eu comecei a chorar Mylla tinha dado adeus e agora a única alma que eu queria de volta mais que tudo nessa vida, se negava em falar comigo.

–Não vá, eu preciso de você mãe- disse tentando toca-la, você prometeu, prometeu que íamos passear, fique aqui ao menos hoje.

– Você tem mais alguma coisa a me contar? – ela pareceu dar ombros pelo que eu disse, mas no fundo eu sei que ela não queria aquilo.

–Tenho – respirei fundo - eu e Ty estamos namorando – eu acho que era namorando e não “ficando” sim a muita diferença. Minha mãe abriu um sorriso, um sorriso que eu sentia saudades, o sorriso que fazia tudo melhorar.

–Viu filha, não esta tão ruim assim, eu já sabia aonde a amizade de vocês iria levar, ele é um ótimo garoto, ele é perfeito pra você- Ela dizia como se tudo fosse tão simples – Filha agora eu preciso ir, não pense isso como uma forma ruim, você de certa forma teve um privilégio, de poder falar comigo, a tantas pessoas que ao menos queriam um contato com um parente falecido e nem isso conseguem, veja isso por um lado bom e uma coisa que eu aprendi, ame as pessoas que realmente te amam e te façam bem fique ao lado delas, e nunca se torne uma pessoa egoísta, pois depois da morte a única coisa que você levará é a lembrança daqueles que te amam, eu te amo!- ela desapareceu, sim agora realmente ela havia desaparecido para sempre. Meu telefone tocou, tive vontade de recusar a chamada mas então lembrei “ame as pessoas que realmente te amam e te façam bem fique ao lado delas”.

–Oi Yla- era Ty

–Oi- disse com a voz fraca

–Você esta bem?

–Estou- menti

–Yla, você sabe que não me engana.

–Ty aconteceu tanta coisa, eu as perdi, eu estou sozinha no meio das almas ruins isso é o que me restou.

–Yla você ta muito mal, quer que eu vá ai?

–Não vou te incomodar.

–Só espera um pouco- e assim ele desligou

Era só Ty mesmo pra me confortar, meu dia foi um dos melhores e dos piores da minha vida, tanta coisa aconteceu hoje... Ouvi a campainha tocar, desci, meu tio estava no quarto com a madame Clarie (humm) mas Ty já tinha entrado, a porta estava aberta. Corri e abraçei, ele fez carinho em meu cabelo.

–O que aconteceu?- perguntou

–Desde que você foi embora? Muita coisa- disse

Subimos pro quarto, eu o contei tudo chorando muito, ele estava sentado do meu lado.

–Vem cá- então ele me puxou pra perto – Tenta dormir, você vai ficar bem ok?

–Eu não tenho certeza disso- disse num supiro.

–Eu tenho- ele disse tirando o cabelo do meu olho.

–Eu não vou conseguir dormir- disse a ele

–Eu só vou dormir depois de você

Eu não disse mais nada só fiquei ali, com ele, quieta, tentando processar tudo, eu acho que tinha passado uma meia hora

–Ty? Esta acordado?- nesse ponto eu tinha certeza que ele tinha dormido

–Eu não disse que só vou dormir depois de você?- ele disse, então sorri, um sorriso não dado faz tempo. Ouvi um grito de uma garotinha, então levantei em um susto e Ty fez o mesmo, saímos e a sala estava ligada. Eu olhei e vi uma menininha com uns 9 anos de idade de cabelos loiros cacheados na ponta olhos azuis, não tanto quanto os de Ty.

–Quem é você?- perguntei com medo que fosse uma alma, mas Ty também estava vendo.

–Abby, filha da Clarie- ela sorriu, e no mesmo instante Mylla apareceu.

–Mylla-eu a olhei sorrindo.

–Você foi a melhor amiga que eu já tive- então ela desapareceu sim isso foi uma despedida.

–Quem era aquela?- perguntou a garotinha, Será que ela viu Mylla?