O dia seguinte amanheceu bem chuvoso. Estava completamente desolada, acabada. Sentei-me na escada da varanda. Minha mãe já tinha chegado, após eu ter ligado para ela na noite anterior. Tinha me arrumado para ir ao enterro do meu pai. Mas apenas não queria ir. Acho que não conseguiria. Apenas não conseguiria. Minha mãe então veio em minha direção, sentou-se ao meu lado e então perguntou:

– Você está bem?

– Não posso fazer isto, mãe. – respondi.

– Olhe, você tem o direito de se isolar. Mas, por favor, não me faça ficar longe de você. – ela disse passando a mão em meu rosto.

– É o que faço, mãe. Afasto as pessoas. – disse olhando em seus olhos.    – Afastei o Edward também. – continuei.

– Não somos perfeitos, nenhum de nós. Cometemos erros, estragamos tudo... Mas perdoamos e continuamos em frente. Querida, ao menos você tem coragem de sentir. Sente tudo tão profundamente. Você se saiu ao seu pai. – ela disse olhando em meus olhos e passando a mão em meu rosto novamente.

Olhando em seus olhos, comecei a chorar. Logo passei a mão no rosto para limpar as lágrimas. Olhei para ela então disse:

– Ok.

Ela me deu a mão me ajudou a levantar da escada, aonde estava sentada, eu então a abracei e seguimos em direção ao carro.

Chegando na igreja, todos se sentaram. Os pais de Edward, Alice, Rosalie, minha mãe, Jacob, estavam lá. A cidade toda estava presente na cerimônia de enterro do meu pai. Chorando, eu então fui lá na frente, peguei o papel com o discurso que iria fazer. Mas antes de começar, Edward apareceu, e entrou na igreja. Naquele momento eu me surpreendi. Olhei, fiquei um pouco paralisada. Ele me olhou profundamente nos olhos, eu o olhei, logo em seguida voltei o olhar para o papel que tinha o meu discurso escrito. Ele então seguiu em direção aonde sua família estava sentada, e sentou-se ao lado deles.

Como não era muito boa com as palavras, resolvi me expressar tocando. Sentei no banquinho em frente ao piano da igreja e então toquei a música que meu pai estava compondo para mim, na noite em que ele morreu. Toquei e chorei junto. Era assim que eu conseguia me expressar. Era assim que eu me sentia no momento. A cada nota que eu tocava, era como estar ao lado de meu pai. Era como estar com ele. A música me lembrava ele. A música era o que ele mais amava, e se ele estivesse lá, naquele momento, teria ficado orgulhoso.

Terminei de tocar, me levantei do banquinho e me sentei ao lado da minha mãe e de meu irmão. O padre terminou a cerimônia e então todos saíram da igreja. Rosalie veio em minha direção e então disse:

– Bella, realmente sinto muito por sua perda.

Eu fiz um sinal positivo com a cabeça e ela foi embora. Alice veio em seguida, me deu um forte abraço e me agradeceu:

– Obrigada por tudo.

– Obrigada por vir. – agradeci.

– Claro. Eu realmente agradeço por tudo que fez.- ela respondeu sorrindo.

– Obrigada. – respondi também sorrindo.

Edward então se aproximou, olhou em meus olhos e então disse:

– Foi lindo o que você tocou.

– Era do papai, terminei para ele. – disse.

– Eu sei que ele gostou. – disse ele.

– Obrigada por vir, Edward. Significa muito para mim. – disse olhando profundamente em seus olhos.

O padre então me interrompeu e antes de Edward dizer qualquer coisa o padre disse:

– Bella, tem alguém que eu quero que você conheça. – ele disse colocando a mão em meu ombro.

Eu então olhei para Edward, me virei e o padre foi me conduzindo até o professor de piano do meu pai, Tommy. Era ele quem o padre queria que eu conhecesse. Indo em direção ao professor de piano de meu pai, eu virei, olhei para Edward, abri um leve sorriso, e continuei andando em direção a Tommy. Eu então o cumprimentei e quando olhei para trás novamente, Edward não estava mais lá. Terminada as despedidas e a cerimônia eu voltei para a casa de meu pai, para terminar de ajeitar as coisas nas caixas de mudança. Comecei a olhar para aquela casa vazia, e as lembranças me vieram a mente. Olhei para aquele retrato do meu pai, comigo e com meu irmão e lembrei de minha infância, de meus momentos bons, de tudo. Flashbacks vieram a minha mente.

Olhei pela janela e Edward estava na praia, em frente ao antigo ninho de tartarugas, observando o mar. Abri um imenso sorriso e então fui em direção a ele. Ele olhou para mim e disse:

– Bella, desculpe por tudo.

– Me desculpe também. Pessoas comentem erros, Edward. Até com pessoas que amamos. – eu disse sorrindo. – Decidi ir para Julliard! – continuei.

– Fiquei sabendo, muito bom! – ele disse sorrindo.

– Como está sua faculdade? – perguntei.

– É mesmo uma boa faculdade. Mas não acho que seja para mim. – ele deu um sorriso fofo olhando para mim.

– O que quer dizer? – eu disse sorrindo.

– Estou pensando em me transferir para a faculdade "Columbia" só no próximo semestre. Adoraria te ver cometendo mais erros. O que acha disso? – ele brincou abrindo um imenso sorriso.

Eu então corri em sua direção, pulei em seus braços e comecei a beijá-lo. Ele então me colocou em seu colo e ficamos ali, nos amando, nos beijando. Agora eu tinha mais um semestre com Edward, antes dele ir para a faculdade. Tinhamos muito do que aproveitar, tudo estava apenas começando. E agora eu tinha que seguir em frente. Eu tinha Edward ao meu lado,uma nova vida, e uma nova etapa para seguir em frente. Não precisava de mais nada.

FIM