O Diário De Uma Semideusa escrita por Freya Tallhart


Capítulo 10
Missão - Parte 3


Notas iniciais do capítulo

Diante daquele mar de preocupações que me rodeavam, eu senti que não importava mais nada. Eu estava diante do garoto que eu amava.
Eu estava diante do meu sol particular.



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Narrado por Kimberly 

Por trás de toda aquela fuligem, Dylan me encantava com sua beleza. Ficamos conversando durante a viagem de carro, enquanto Nico e Pietro se sentavam nos bancos da frente, e Lucy cuidava do braço esquerdo de Helen ao meu lado. 

O diabinho do meu subconsciente aparecia no meu ombro para me culpar do ferimento dela. Cadê o anjinho numa hora dessas?, pensei. A verdade era que eu já me sentia culpada por abandonar Ally desse jeito. Ela era tão nova! Como sobreviveria sem mim? Quem iria espantar os monstros que viviam embaixo da cama dela? Claro que, teoricamente falando, esse tipo de monstro não era o que devia preocupá-la no momento.

-Ei, Kimberly !? Ouviu o que eu disse? -Dylan me chamou, atrapalhando meus pensamentos.- Ainda está na Terra? -Ele riu.

-É Kim, e o que você disse?

-Eu perguntei como é o chalé de Afrodite naquele tal acampamento que você me falou.

-Ah, claro... O chalé de Afrodite...-Tentei me lembrar das poucas vezes em que reparei naquele chalé bizarro.- Ah sim, é bem "caprichado" o chalé. E é pintado em uma cor rosa pastel.

Ele franziu o cenho com minha revelação.

-Eca!

Eu ri, mas trinquei os dentes ao ouvir outro gemido de Helen.

Narrado por Helen

-Caramba Lucy, vai com calma!

Ela mordeu os lábios.

-Desculpa Helen, é que seu braço está bem machucado.

-É, eu já percebi isso, mas toma cuidado.

Rezei para nunca na minha vida ter que passar por isso novamente. De acordo com Lucy, o ciclope conseguiu não só quebrar o meu braço, como também parti-lo em alguns pedaços por dentro. Graças aos deuses tinha uma filha de Apolo para cuidar de mim com seus poderes medicinais.

-Está muito melhor! Quero dizer, os ossos ainda estão fracos mas estão no lugar. Acho que você devia tomar um pouco de ambrósia até ficar completamente curado.

Olhei para meu membro danificado, agora enfaixado, assumir um tom de roxo na minha pele pálida. Doía demais ainda, então resolvi seguir o conselho de Lucy.

-Pega a ambrósia na minha mochila. -Torci para que Gabe tivesse se lembrado disso. 

 Ela vasculhou embaixo do banco e encontrou minha mochila, remexeu até enfim localizar a ambrósia. Consumi um pouco e já me senti melhor, com a dor se dissipando.

-Fiz o melhor que pude. -Lucy disse.

-Eu sei, valeu mesmo, agora tá melhor.

Ela sorriu amigavelmente. Fiquei feliz por ter Lucy ali, eu a considerava minha amiga, e confiava nela. Retribuí o sorriso verdadeiramente. 

Ouvi Pietro e Nico discutindo na parte da frente do carro. Não estavam brigando, mas os dois discordavam um do outro. Prestei atenção ao que falavam.

-Temos que sair agora, Nico...

-Pietro, eu já disse não. O braço dela está ferido!

-Ela consegue andar. Escuta, não podemos andar normalmente pela cidade nesse carro amontoado de semideuses sem mandar sinais para eles, será muito pior se tivermos seis semideuses mortos do que uma semideusa ferida !

-Pietro tem razão. -Eu disse, trazendo os olhares para mim. Nico apenas me observava pelo retrovisor com uma expressão que dizia "Sério isso?". - Eu posso andar, não é nada demais.- Argumentei.

-Viu cara!? -Pietro falou.-Eu disse que ela podia. Vamos logo, pare esse carro.

-Helen, tem certeza? - Nico disse, mas já reduzia a velocidade.

-Claro que sim. -Eu disse, mas não sabia se estava pronta. A verdade é que eu me preocupava um pouco com Kim, mas depois do que eu vi do que ela é capaz, meu anseio de protegê-la deixou de ter prioridade. Agora eu estava envergonhada. Ela teve que me proteger, na verdade. 

Nico estacionou o carro ao lado do meio fio. A cidade estava quente e as famílias andavam pelas ruas sem nenhuma preocupação além das contas e dívidas. Por um momento invejei eles, por terem uma vida normal, como eu acreditava -há uma semana- possuir também. Sequei uma lágrima que caía no meu rosto usando o braço bom.

Lucy me ajudou a sair do carro e Nico ficou do meu lado. Sua pele estava fria e o corpo rígido de tensão. Dylan e Kim ainda papeavam alegremente enquanto saíam do carro. Lucy se juntou a Pietro e ele passou o braço na cintura perfeitamente emoldurada dela.

-Tem um clube de pôquer aqui perto, podemos acampar lá por hoje. - Dylan disse.- É fechado, mas eu tenho minhas passagens.- Ele deu um sorriso travesso.

-Vai ter que servir. -Pietro disse.- Leva a gente pra lá?

-É só me seguirem. -Ele respondeu. Em seguida, correu até um posto de gasolina e entrou em um beco, seguido por nós.

Eu corria sem problemas, só precisava segurar o braço esquerdo com cuidado enquanto acompanhava os outros.

Narrado por Lucy

Chegamos ao clube de pôquer e acendemos uma fogueira em uma área aberta atrás do clube.

O lugar era praticamente formado por grama um pouco mais alta que o normal, uma piscina cheia de folhas, e uma cabana de madeira onde ficavam guardados os produtos de limpeza -o que eu acredito que não usavam fazia muito tempo.

À medida que ia escurecendo o ar ficava mais gélido. Os outros já tinham ido dormir, e eu apreciava a lua sentada numa rocha um pouco sedimentada. O frio me cortava, mas eu não conseguia dormir, portanto não voltaria para a barraca tão cedo.

A leve voz familiar que eu amava me assustou um pouco, quando me chamou na escuridão, quebrando o silêncio.

-Sem sono Solzinho?

Virei-me para encarar Pietro.

-É que a noite está linda. -Menti, tentando não demonstrar a preocupação que me tomava.

Ele veio em minha direção e puxou minha mão, e me apertou contra seu peito. 

-Estou com frio. -Eu admiti.

No mesmo instante o toque das suas mãos sumiram e eu me arrependi de ter dito aquilo, mas depois eu percebi o porque da ação, ele estava tirando seu casaco. Ele colocou seu casaco de couro nos meus ombros.

-Você não deveria me dar seu casaco -eu disse- vai acabar tendo uma pneumonia! Eu ainda consigo me aquecer um pouco com meus poderes...

- Pode ficar com ele Lucy - ele me interrompeu, acariciando meus cabelos. – Existem outras formas de fugir do frio...

- E que formas são essas? – Perguntei.

Nessa hora, seus braços fortes entrelaçaram minha cintura e me jogaram contra a árvore mais próxima. Pietro colou seu corpo ao meu e beijou minha nuca de leve e rápido, deixando sua boca a alguns centímetros, o ar que saia da sua boca era quente e aconchegante.

- Você está sentindo a minha respiração? –Ele me perguntou.

- Sim. É quente, e a sensação é ótima...

- Eu te amo Lucy, assim como você ama o sol. Sabe quando você me disse que se sente em paz quando está deitada sob ele? – Perguntou ele. Assenti sem fôlego e ele continuou. – É assim que eu me sinto quando seus cabelos roçam o meu rosto, quando seus lábios encostam no meu... Mas principalmente quando sinto que você é minha e só minha, Solzinho.

Seus lábios voltaram para o meu pescoço, suas mãos praticamente dançavam pelo meu corpo, acariciando cada centímetro, e pela primeira vez senti que não havia nada em mim que ele não conhecia. Seus lábios foram subindo pelo meu pescoço, sua linga encostada na minha pele e assim ele foi subindo até chegar bem perto dos meus ouvidos.

- Você conhece o meu pior Lucy, e por isso vou sempre tentar te mostrar o meu melhor... Eu te amo como nunca amei ninguém, de uma forma que nunca achei que fosse possível amar!

- Eu também te amo Pietro... Muito! 

Minhas mãos já estavam nas costas dele, e apenas fiz força para que ele se aproximasse mais, se é que tinha mais espaço para ele invadir. Uma de suas pernas ficou entre as minhas e suas mãos continuavam acariciando meu corpo.

Seus lábios chegaram aos meus, enquanto uma de suas mãos seguravam o meu pescoço o outro ia descendo pelas minhas costas delicadamente até chegar ao bolso traseiro da minha calça jeans, que naquela hora, percebi que era meio justa demais. Mesmo beijando ele, dava pra ouvir ocasionalmente gemidos que vinha de sua garganta,... Ou seriam da minha?

Nossas línguas dançavam dentro da boca em uma perfeita sintonia. Estávamos naquele momento em que um beijo só não parecia o suficiente... Por mim,nuncapararia de beijar aquele garoto. Minhas mãos começaram, involuntariamente, a massagear as costas musculosas do menino que eu tanto amava. Minhas pernas tremiam, bambas. E a outra mão, a livre, mexia nos cabelos escuros dele.

Diante daquele mar de preocupações que me rodeavam, eu senti que não importava mais nada. Eu estava diante do garoto que eu amava. 

Eu estava diante do meu sol particular.


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Notas finais do capítulo

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