Depois de uma curta caminhada, chegamos no colégio. Faltava uns 20 minutos pra primeira aula começar, então todos estavam no pátio conversando. Gale e os mesmos garotos de sempre estavam em um canto, Finnick e Annie estavam em um canto, e Madge foi dar um abraço de urso no Cato. Fui em direção de Gale e lhe dei o beijo mais doce capaz de me convencer de que é ele que eu amo.

Esse agora seria o típico grupo de namoradinhos. Meninas e meninos, que antes ficavam separados, agora estão mais juntos do que nunca. Acho isso um pouco chato, porque quando as garotas ficam sozinhas em um grupo, é diferente. Elas podem conversar sobre coisas que meninos jamais entenderiam. Agora eu e as garotas temos de ouvir as babaquices, tipo: jogos de futebol, vídeo-games, e carros.

Peeta estava sozinho hoje. Clove conversava com as amigas, do outro lado do pátio, mas ele nem parecia ligar muito pra ela. Já a segunda, de vez em quando, olhava, tentando fazer ele perceber ela. Uma tentativa falhada, já que, ele estava mais interessado no que Finnick agora estava dizendo.

O sinal tocou. Todos se separaram e então entramos na sala. Era bom que os garotos fossem mais velhos do que a gente, afinal, seria ainda mais chato ter de ouvir suas besteiras mais a aula de física.

–Já que vocês parecem bastante agitados hoje, vou entregar uma folha e vocês vão resolver alguns exercícios. Podem fazer dupla, mas por favor, não arrasta carteira! - disse nossa professora, entregando as folhas.

Naturalmente, fiz dupla com a Madge. Ela parecia um pouco inquieta, mas resolvi não perguntar. Se ela quisesse que eu soubesse, ela me falaria.

–Então... Posso te perguntar uma coisa? - disse Madge, olhando seriamente para mim.

–Sim...

–Você tem alguma coisa... Alguma coisa com o meu irmão? - ela parecia bem sem graça. Tentei não parecer envergonhada, mas não consegui.

–Que bobeira, Madge! Eu e o seu irmão? De onde você tirou isso?

–Sei lá. O jeito como vocês dois agem quando estão perto... Quer dizer, eu ouvi aquela conversa na cozinha. E sempre quando eu falo seu nome em uma conversa com ele, ou o dele em uma conversa com você, vocês dois ficam estranhos. E ainda teve aquele abraço, e em como você ficou vermelha. - ela fez uma pausa. - Pode me falar, Katniss. Sou sua amiga, né? Não vou ficar brava.

Agora eu estava contra a parede. Se isso fosse antes de eu estar com Gale, eu diria que na minha casa, ou em um lugar mais reservado, eu contaria para ela, afinal, eu não teria nada a perder. Mas a questão é: o que eu contaria a ela? Que, no início, eu tinha uma queda por ele? E que agora ele me deixava incomodada? e que eu estava confusa? Pensei muito bem antes de dar qualquer resposta pra ela.

–Madge, não tenho absolutamente nada com o seu irmão. Ele só gosta de me encher o saco, é normal. Eu gosto do Gale, e ele tem a Clove. E é só.

–Tem certeza? - ela pareceu desconfiada.

–É claro. - eu sorri. - Vamos fazer logo isso agora.

E o resto do dia eu rezei pra ela não comentar nada a respeito, e graças a Deus, minhas preces foram atendidas.

Nós íamos, hoje, almoçar em um restaurante do centro. Era aniversário de um amigo dos garotos, e naturalmente, eramos obrigadas a ir.

Foi bastante chato. Eu, Madge, Annie e Johanna (que nós obrigamos a ir) ficamos no final da mesa, excluídas da conversa, apenas olhando umas para as outras, comendo, e indo no banheiro apenas pra reclamar. Eu, particularmente, não gostava muito desse tal garoto, e estava rezando pra tudo acabar logo.

Na hora de ir embora, todos fomos a pé. Eu e Gale fomos de mãos dadas, e estávamos combinando de ir no cinema naquela noite, pra compensar o almoço.

Meu irmão, que não desgrudava da gente, lamentava pelo carro quebrado. Finnick e Annie estavam rindo sobre algo, ou alguém. Johanna tinha ido pra casa, Peeta mandava alguma mensagem pra alguém e Madge e Cato andavam em silêncio.

–Vamos assistir um filme agora, na minha casa - eu disse a Gale.

–Por mim, tudo bem - ele disse, sorridente.

–Por mim também - interrompeu meu irmão. - Vou ver com vocês.

–Não, não vai - eu falei, revirando os olhos.

–Você ainda vai precisar de mim - disse ele, tentando parecer melancólico.

–Vou sobreviver.

Então nós chegamos em casa. Peeta também ficaria, já que ele e o meu irmão teriam de fazer trabalho. Eles sentaram na mesa da cozinha, e eu e Gale fomos pra sala. Começamos a assistir um filme, ou melhor, um romance. Chamava-se Ele Não Está Tão A Fim De Você, e ele era até legal, mas eu estava tão cansada, que dormi na metade do filme. Acordei abraçada com Gale, e ainda podia ouvir as vozes dos garotos na cozinha. Tentei pegar no sono de novo, mas não consegui.

Optei ficar ali mesmo. Eu me senti segura, protegida. Que, ele estando ali, estava tudo bem. E essa sensação era ótima.